quinta-feira, 15 de abril de 2021

Crítica – Time

 

Análise Crítica – Time

Review – Time
De início Time parece mais um daqueles documentários de denúncia sobre as injustiças do sistema penal dos Estados Unidos e como ele afeta mais duramente a população negra nos moldes de algo como A 13ª Emenda (2016). O filme até toca inevitavelmente nesses temas, mas é menos uma denúncia e mais sobre a vida de uma família ao longo do tempo.

O documentário segue Fox Rich, que há décadas luta para reverter a pena de prisão do marido Rob, condenado a 60 anos por assalto a mão armada sem direito a condicional, que Fox considera excessiva. Apesar da questão do encarceramento estar no cerne da narrativa, o que vemos é menos uma argumentação para nos convencer dos problemas do sistema prisional e mais sobre como Fox e seus filhos lidam com o fato de construírem uma família durante as duas últimas décadas nas quais Rob passou na prisão.

A narrativa não tenta suavizar ou romantizar o fato de que Rob é culpado, tendo de fato assaltado um banco ao lado da esposa e mais um parente, não pondo em questão de que ele deveria cumprir pena, mas apontando o excesso de uma pena tão longa e sendo negado condicional e outras benesses de presos na mesma situação. O foco principal, no entanto, é na família de Fox ao longo desses vinte anos, no modo como ela tenta manter a família unida, criar os filhos, lutar pela liberdade do marido e fazer as pazes com as consequências da decisão que ela e Rob tomaram décadas atrás.

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Crítica – Agente Duplo

 Análise Crítica – Agente Duplo


Este Agente Duplo é uma daquelas histórias em que a realidade se mostra tão inesperada quanto qualquer ficção. O documentário chileno dirigido por Maite Alberdi conta uma história de espionagem envolvendo idosos. Na trama, o detetive particular Romulo contrata Sergio, um senhor octagenário, para se infiltrar em um asilo de idosos e investigar se a mãe da cliente que contratou Romulo está sofrendo maus tratos no local.

Inicialmente o filme adota uma abordagem cômica conforme Romulo entrevista diferentes idosos para sua missão de espionagem e explica a natureza do trabalho e dos equipamentos (como óculos com câmera escondida) que terão de usar. Tudo soa como uma pastiche de filmes de investigação e espionagem, incluindo o fato do escritório de Romulo parecer algo saído de um antigo filme noir.

Conforme Sergio embarca em sua missão e chega ao asilo, no entanto, o filme ganha outros contornos e a personalidade afável e gentil do idoso acaba afastando-o um pouco da missão conforme ele começa a se aproximar das pessoas que moram no asilo e ouvir suas histórias. No asilo, Sergio é acompanhado por uma equipe de filmagem que está lá sob o pretexto de filmar um documentário sobre os idosos que vivem no local.

terça-feira, 13 de abril de 2021

Crítica – Esquadrão Trovão

 Análise Crítica – Esquadrão Trovão


Review – Esquadrão Trovão
Misturar comédia e super-heróis pode render coisas boas, principalmente quando você tem protagonistas como Melissa McCarthy e Octavia Spencer. Este Esquadrão Trovão, no entanto, consegue a proeza de não fazer nada funcionar, com um texto capenga, humor simplório e uma completa falta de ritmo. 

Na trama, o mundo é afetado por uma energia cósmica que causa alterações em partes da população, que desenvolvem poderes. Apenas pessoas com sociopatia são afetadas pela transformação, então todas as pessoas com superpoderes são vilões. Após perder os pais para um desses supervilões, Emily (Octavia Spencer) dedica a vida a encontrar um meio de derrotá-los. Ela se envolve na criação de uma fórmula para dar poderes a pessoas normais, mas Lydia (Melissa McCarthy), melhor amiga de Emily, acidentalmente toma a fórmula de superforça, restando a Emily ajudar a amiga a lidar com as novas habilidades ao mesmo tempo em que a própria Emily ganha poderes de invisibilidade.

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Crítica – Fuja

 Análise Crítica – Fuja


Review – Fuja
Produção original da Netflix, Fuja é basicamente uma mistura de Louca Obsessão (1990) com a primeira temporada de The Act (2019). A diferença é que ao invés de focar no que move esses personagens a essas condutas extremas, a narrativa foca mais em situações de tensão e construção de reviravoltas.

Na trama, Diane (Sarah Paulson) passa a vida inteira se dedicando a cuidar da filha, Chloe (Kiera Allen), que nasceu com diversos problemas de saúde. Apesar de tudo, Chloe cresceu para ser uma jovem inteligente, com prospecto de entrar em boas universidades. Aos poucos, no entanto, Chloe começa a suspeitar que a mãe esconde segredos dela.

Não é muito difícil antever as principais viradas da trama. É evidente desde a primeira fala de Diane sobre não sentir nada em relação da possibilidade de Chloe ir embora para ir para faculdade que Diane provavelmente irá tentar evitar que a filha saia de casa. Do mesmo modo, dado o controle que Diane exerce sobre a filha, é fácil suspeitar que ela talvez esteja mentindo sobre a saúde da garota. Quando questionamos se os problemas de Chloe são ou não reais, fica fácil antever a revelação a respeito do que aconteceu com o frágil bebê que Diane pariu no início do filme.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Crítica – Mussum: Um Filme do Cacildis

 

Análise Crítica – Mussum: Um Filme do Cacildis

Review – Mussum: Um Filme do Cacildis
Muitos lembram de Antônio Carlos Bernardes Gomes como o comediante Mussum do grupo Os Trapalhões, mas o artista também foi um prolífico compositor, sambista e várias outras coisas ao longo de sua vida. Este Mussum: Um Filme do Cacildis tenta dar conta da prolífica vida do artista, de suas relações pessoais, bem como seus desafios.

Com uma narração bem humorada por parte de Lázaro Ramos, o filme consegue manter o espírito de irreverência do seu biografado ao mesmo tempo que há um esforço genuíno de analisar sua trajetória. Apesar de seu trabalho com humor ao lado de Renato Aragão e Dedé Santana ser a parte mais lembrada por boa parte do público, a estrutura da narrativa vai focar mais no início da carreira artística de Mussum e seu trabalho com samba.

O documentário se vale de recursos tradicionais deste tipo de biografia, com entrevistas a amigos, colegas de trabalho ou familiares e também imagens de arquivo contendo apresentações de Mussum e algumas entrevistas dele no passado. Não fosse a narração jocosa seria algo convencional demais para um artista tão marcado pela irreverência, mesmo antes de sua incursão no humor.

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Crítica – Super Size Me 2: O Frango Nosso de Cada Dia

 

Análise Crítica – Super Size Me 2: O Frango Nosso de Cada Dia

Review – Super Size Me 2: O Frango Nosso de Cada Dia
O documentário Super Size Me: A Dieta do Palhaço (2004) fez sucesso por expor os malefícios da indústria do fast food, ainda que usasse alguns expedientes sensacionalistas para falar dos temas que eram centrais para sua discussão, em especial a decisão do diretor Morgan Spurlock em se submeter a comer McDonald’s por um mês inteiro para mostrar os malefícios à saúde. A questão é que já haviam estudos documentando isso, então a decisão do diretor parecia mais motivada para provocar choque do que para fins de pesquisa. Este Super Size Me 2: O Frango Nosso de Cada Dia volta a questionar a indústria do fast food, focando principalmente na indústria do frango.

Se no primeiro filme ele usava o dispositivo da dieta para enquadrar sua narrativa, aqui Morgan parte da ideia de criar sua própria rede de fast food para tentar entender como funciona essa indústria, desde a produção da carne até a organização dos restaurantes e como essa comida é apresentada em termos publicitários. Como no anterior, Spurlock apresenta algumas conclusões óbvias como se fossem grandes achados, em especial na noção de que as mensagens da publicidade existem para estimular o consumo e usam uma retórica de aliviar os malefícios dos alimentos ultraprocessados que vende. Alguém ainda tinha dúvida disso? Qualquer pessoa que vai a um fast food já deve ter percebido, por exemplo, que as imagens da comida sempre são mais atraentes do que a comida em si.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Crítica – Você Deveria Ter Partido

 Análise Crítica – Você Deveria Ter Partido

Review – Você Deveria Ter Partido
Centrado no relacionamento deteriorado de um casal, Você Deveria Ter Partido começa como um exame de um relacionamento erodido por mentiras, aos poucos, porém, vai entrando no reino do suspense e do terror para se tornar uma espécie de cópia sem graça de O Iluminado (1980). É aquele tipo de filme que parecia ter algo a dizer até resolver se conformar aos clichês do gênero.

Na trama, Theo (Kevin Bacon) é um ex-banqueiro marcado pelo trauma da morte da primeira esposa. Ele viaja com a filha e a atual esposa, a atriz Susanna (Amanda Seyfred), uma mulher mais jovem que ele, para alguns dias de férias em uma casa de campo no interior do País de Gales. Logicamente, nem tudo é o que parece e fenômenos estranhos começam a acontecer na casa.

Há um esforço genuíno da parte de Kevin Bacon em dotar Theo de complexidade, fazendo dele um sujeito marcado por dor e trauma, mas, ao mesmo tempo, cheio de inseguranças em relação a estar casado com uma mulher mais jovem, algo evidenciado quando ele vai visitá-la num set de filmagem e reage incomodado ao ser perguntado se é o pai de Susanna. Todos esses problemas fazem o protagonista agir com certa amargura e de maneira passivo-agressiva em relação à esposa, com uma desconfiança que nos deixa em dúvida se é apenas insegurança ou se há algo ali. É um personagem difícil de se conectar por se comportar de maneira tão desagradável a maior parte do tempo, mas Bacon dá sentimentos tão verdadeiros a ele que conseguimos enxergar a humanidade machucada dentro dessa personalidade tão complicada.

terça-feira, 6 de abril de 2021

Crítica – Meu Pai

Análise Crítica – Meu Pai

Review – Meu Pai
Dirigido por Florian Zeller a partir de uma peça de teatro que ele mesmo escreveu, Meu Pai é um retrato bem direto e seco sobre a dificuldade em lidar com um idoso com problemas neurológicos. Não há uma epifania aqui, uma catarse, apenas o reconhecimento da severidade da degradação mental e como isso afeta a pessoa e aqueles que o cercam. Talvez por isso não seja um filme fácil de assistir, já que somos duramente confrontados com a vida de uma pessoa em uma situação de grande fragilidade, mas nem por isso deixa de ser uma obra muito bem executada.

Na trama, Anthony (Anthony Hopkins) é um senhor idoso que está com extrema dificuldade de reter memórias ou de se situar no tempo e no espaço, muitas vezes confuso em relação a onde está, quando e quais são as pessoas à sua volta. Ele é cuidado pela filha, Anne (Olivia Colman), que o traz para a casa dela, já que ele não tem mais condições de ficar sozinho. Como Anthony já está muito esquecido, ele tem dificuldade de lidar e reconhecer as cuidadoras, o que deixa Anne sozinha em muitos momentos para cuidar dele. O marido de Anne, Paul (Rufus Sewell), começa a se ressentir da situação, já que Anne praticamente abre mão da própria vida para cuidar do pai.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Crítica – Tom & Jerry: O Filme

 Análise Crítica – Tom & Jerry: O Filme


Review – Tom & Jerry: O Filme
Faz tempo que Hollywood encontrou uma espécie de “formato” para trazer desenhos antigos para o cinema. Mistura-se animação com atores de verdade, coloca-se esses personagens para interagir com humanos em alguma trama genérica focada nesses personagens humanos e pronto, um desenho é trazido para os cinemas contemporâneos. Foi isso que aconteceu com Alvin e os Esquilos (2007), Zé Colmeia: O Filme (2010), Os Smurfs (2011) ou Pica-Pau: O Filme (2017), todos muito ruins e a maioria deles fracassos de público. Ainda assim, a indústria continua insistindo nessa fórmula neste Tom & Jerry: O Filme.

A trama é protagonizada por Kayla (Chloe Moretz), que conseguiu um emprego temporário em um hotel de luxo. Seu hotel está para ser o palco do casamento das celebridades Preeta (Pallavi Sharda) e Ben (Colin Jost) e o supervisor de Kayla, Terence (Michael Peña), pede que ela livre o hotel do rato que passou a morar no local, Jerry. Para conseguir espantar o rato, ela traz o gato Tom e assim espera salvar o emprego.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Crítica – Marvel’s Avengers (Playstation 5)

Análise Crítica – Marvel’s Avengers (Playstation 5)

Review – Marvel’s Avengers (Playstation 5)
Quando escrevi sobre o game Marvel’s Avengers mencionei que o jogo tinha uma boa campanha principal e um sistema de combate que te fazia sentir estar no controle de super-herói poderoso, mas seu multiplayer online pecava por uma repetição excessiva de conteúdos e missões, bem como um sistema de equipamentos desinteressante. Pois agora o jogo recebe uma versão dedicada aos consoles da nova geração (PS5 e Xbox Series S/X) junto com algumas adições de conteúdo (para todas as versões do jogo).

Então vale a pena retornar a Marvel’s Avengers? Bem, depende de como você se sente em relação ao jogo base, já que além do conteúdo adicional não muito em termos de reestruturar os elementos problemáticos que apontei no lançamento. A principal adição é a campanha Futuro Imperfeito centrada em Clint Barton, o Gavião Arqueiro. A narrativa mistura elementos de dois arcos do personagem nos quadrinhos, Minha Vida como Uma Arma, que mostrava ele vivendo num prédio em Nova Iorque com vizinhos pitorescos, e em Old Man Hawkeye que colocava o velho Clint em um futuro apocalíptico.