É claro que Cole inicialmente rejeitará essa nova vida e tentará fugir, é claro que inicialmente todo o trabalho que o pai o obriga a fazer cuidado de animais parece muito duro, mas após algum tempo Cole irá entender o sentido de tudo aquilo e aprenderá a importância do trabalho e de construir algo com as próprias. É daqueles filmes que a gente sabe absolutamente tudo que vai acontecer, todas as batidas e reviravoltas, já nos primeiros minutos. Ainda assim ele funciona.
Isso porque há um olhar muito afetuoso para a comunidade que retrata. Ao invés de explorar a ambientação como algo apenas insólito ou pitoresco, há um cuidado genuíno em nos fazer entender o modo de vida daquelas pessoas, das escolhas que fazem e o porquê daquilo tudo ser importante para o grupo. Outro mérito é o trabalho de Caleb McLoughlin (o Lucas de Stranger Things) e de Idris Elba. Caleb vende bem o senso de inadequação e frustração de Cole, que sempre se sentiu abandonado pelo pai, enquanto Elba traz um charme áspero a Harp, um sujeito que passou por uma vida dura, mas que amadureceu com essas experiências e, ao modo dele, tenta cuidar da comunidade ao redor. Os melhores momentos do filme nascem justamente dos embates entre os dois, repletos de emoção intensa, em especial na cena em que Harp justifica a escolha do nome do filho.