É impossível dar conta da vida inteira de uma pessoa em uma
biografia. Não há como dar conta 100% de tudo que a pessoa é e foi,
principalmente em duas horas de duração de um filme. Assim, é inevitável fazer
recortes sobre certos aspectos da vida da pessoa biografada, escolher um
momento específico, uma relação específica, um aspecto específico da vida da
pessoa. Este Estados Unidos vs Billie
Holiday parece inicialmente ter um recorte bem definido do que quer mostrar
da vida da cantora de jazz, mas logo se perde em várias direções, o que
prejudica o filme.
A narrativa é focada na cantora Billie Holiday (Andra Day) e
na perseguição do governo dos Estados Unidos contra ela por conta da canção Strange Fruit, que narra de maneira
bastante gráfica os linchamentos cometidos contra pessoas negras no sul do
país. Como não podiam simplesmente censurá-la, tentam prendê-la pelo uso de
drogas e para isso usam o agente Jimmy Fletcher (Trevante Rhodes) para se
aproximar dela e coletar informações.
O letreiro inicial deixa claro que isso é um exame sobre a
perseguição do Estado contra a cantora por denunciar o racismo, no entanto, o
filme nunca foca apenas nisso, se dividindo em várias outras direções falando
dos relacionamentos afetivos da cantora, das dívidas e outros problemas. São
muitas digressões que pouco acrescentam à trama e tem pouco impacto no que
deveria ser o conflito principal.