quarta-feira, 19 de maio de 2021

Crítica – A Mulher na Janela

 

Resenha Crítica – A Mulher na Janela

Review – A Mulher na Janela
Dirigido por Joe Wright, este A Mulher na Janela mira em ser uma espécie de Janela Indiscreta (1954) contemporâneo, mas o resultado decepciona em relação à filmografia do diretor e fica mais próximo de tentativas desastrosas de suspense psicológico como A Cor da Noite (1994).

A trama acompanha Anna (Amy Adams) uma mulher agorafóbica que mora em Nova Iorque e há anos não sai de casa por conta de um trauma passado. A rotina dela muda com a chegada de novos vizinhos na casa da frente, cuja relação parece conturbada. O garoto, Ethan (Fred Hechinger), parece ter medo do pai, Alistair (Gary Oldman). Um dia Anna vê a esposa de Alistair, Jane (Julianne Moore), ser aparentemente esfaqueada por ele, mas quando denuncia à polícia, o vizinho mostra que a esposa está viva e bem, mas a mulher que aparece como Jane (Jennifer Jason Leigh) é bem diferente da que Anna conheceu. Assim, a mulher tenta descobrir o que está acontecendo.

O primeiro problema é a unidimensionalidade e histrionismo dos personagens. Apesar de Joe Wright conduzir tudo como um suspense sério e estilizado, todo mundo se comporta como se estivesse em um suspense B exagerado. Fred Hechinger pesa tanto a mão na composição de “jovem desequilibrado” que vira uma caricatura ridícula prejudicada por diálogos bizarros como aquele em que ele comenta sobre línguas de gato. Já Gary Oldman se limita a gritar o tempo todo e nem é aquela histeria divertida que o ator já apresentou em filmes como O Profissional (1994) quando interpretou um policial constantemente drogado, aqui soa despropositadamente excessivo.

terça-feira, 18 de maio de 2021

Crítica – Mortal Kombat

 Análise Crítica – Mortal Kombat


Review – Mortal Kombat
Eu estava empolgado por essa nova versão de Mortal Kombat nos cinemas. Ainda considero Mortal Kombat: O Filme (1995) uma das melhores adaptações de games para os cinemas, sendo fiel ao espírito dos jogos mesmo sem apresentar a violência extrema deles, um detalhe que só me dei conta quando reparei que a nova versão teria classificação indicativa alta por conta da violência e o filme de 1995 tinha uma classificação etária mais baixa. Mais do que trazer os brutais fatalities, o novo filme parecia entender e respeitar a construção de mitologia e universo que os games faziam em seus últimos exemplares. Tudo dava a entender que poderia ser muito bom, mas ao assistir o filme o único sentimento é o de decepção.

A trama apresenta Cole Young (Lewis Tan), um lutador decadente de MMA. Quando ele é visitado pelo major Jax Briggs (Mehcad Brooks), Cole descobre que a marca de nascença em forma de dragão que ele possui é na verdade uma marca que designa os lutadores escolhidos para defender a Terra em um torneio interdimensional chamado Mortal Kombat. Os adversários vem do lugar conhecido como Extoterra e são liderados pelo feiticeiro Shang Tsung (Chin Han) que estão a uma vitória de conseguirem invadir nosso planeta.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Crítica – Depois a Louca Sou Eu

 

Análise Crítica – Depois a Louca Sou Eu

Review – Depois a Louca Sou Eu
Tentando falar sobre questões sérias como transtornos de ansiedade de maneira acessível, Depois a Louca Sou Eu consegue apresentar o tema com leveza sem, no entanto, parecer menosprezá-lo. A trama é centrada em Dani (Debóra Falabella), que desde muito pequena sofre com problemas de ansiedade. Ao chegar na fase adulta, ela tenta diferentes meios de lidar com seus problemas, mas descobre que não há maneira fácil de conviver com isso.

O texto acerta em construir uma abordagem bem humorada sem, em geral, transformar o problema da personagem no principal alvo das piadas ou em um atributo que a torne patética. Digo em geral porque em alguns momentos, o humor parece se direcionar para nos mostrar a conduta de Dani sob uma ótica de ridículo, o que compromete a ideia de tentar fazer o público ter empatia por quem sofre desses problemas.

Ainda assim, o material reconhece as dificuldades em conviver com o problema e como cada tratamento ou medicação, apesar de resolver certos aspectos da questão, criam outros efeitos colaterais. O humor também mira em algumas pseudociências e tratamentos “alternativos” que prometem muito mais do que são capazes de cumprir e existem para arrancar dinheiro de pessoas desesperadas por algum tipo de cura.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Drops – O Informante

 Análise Crítica – O Informante


Review  – O Informante
Este O Informante é daqueles filmes que é bem executado, mas não faz nada que já não tenhamos visto em outras produções do gênero. A trama gira em torno de um pequeno criminoso, Koslow (Joel Kinnaman), que é transformado em informante por Wilcox (Rosamund Pike), uma agente do FBI. A missão de Koslow é se aproximar de um chefão da máfia polonesa, mas ação é estragada pela presença de um policial de Nova Iorque infiltrado na gangue que é descoberto acidentalmente por Koslow. Com o policial morto, a única maneira de Koslow manter o disfarce é aceitando ir para a prisão e assumir o tráfico dos poloneses dentro do presídio.

A operação se complica quando Grens (Common), um colega do policial morto, começa a investigar o caso, ameaçando a operação do FBI. Wilcox é colocada em um dilema entre se proteger e se desconectar de Koslow para não ser responsabilizada pela morte do policial ou manter a operação e proteger o infiltrado e a família dele. Ao mesmo tempo, o chefe de Wilcox, Montgomery (Clive Owen) quer que ela entregue Koslow a uma facção criminosa rival para que ele seja morto e apague as provas de que o FBI estava envolvido com a morte de um policial.

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Crítica – Últimas Notícias de Yuba County

 

Análise Crítica – Últimas Notícias de Yuba County

Review – Últimas Notícias de Yuba County
É difícil olhar para esse Últimas Notícias de Yuba County e não pensar na filmografia dos irmãos Coen, especialmente Fargo (1996) por conta de também ser um filme que transita entre vários gêneros e também contar a história de uma pessoa aparentemente comum que se envolve em um crime e desencadeia uma série de fatos bizarros. A questão é que enquanto o filme dos Coen usava isso para falar como não temos nenhum controle sobre as nossas vidas ou os laços caóticos que unem as vidas das pessoas, aqui o diretor Tate Taylor tem pouco a dizer sobre as ideias que sua narrativa apresenta.

Sue Buttons (Allison Jenney) é uma mulher classe média frustrada e desesperada por atenção. No dia do seu aniversário Sue descobre que o marido, Karl (Matthew Modine), a estava traindo e Karl tem um infarto fulminante no momento em que é descoberto. Ao invés de ter que explicar a morte do marido para as autoridades, Sue simplesmente decide ocultar o cadáver e avisar a polícia que ele desapareceu. O que ela não sabia é que Karl usava o trabalho dele em um banco para lavar dinheiro para criminosos e tinha roubado 3 milhões dele, o que torna Sue um alvo dos gângsteres Ray (Clifton Collins Jr.) e Mina (Awkwafina).

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Drops – Pesadelo nas Alturas

 Análise Crítica– Pesadelo nas Alturas

Review – Pesadelo nas Alturas
Um casal de ex-namorados está a caminho de um casamento em uma pequena ilha paradisíaca, mas o piloto do pequeno avião tem um infarto fulminante e os dois precisam manejar a aeronave em segurança mesmo com uma tempestade a caminho. Poderia até render um suspense envolvente se conseguisse trabalhar com habilidade suas situações de tensão, o problema é que isso nunca acontece.

A cena em que o piloto interpretado por Keith David tem um ataque cardíaco é o único momento realmente tenso da narrativa. De resto o filme tem tantas situações tão absurdas e fora da realidade que ao invés de nos deixar em suspense elas apenas me provocaram risos. Praticamente todas as cenas em um dos dois escala para fora do avião causariam desequilíbrio em uma aeronave tão pequena e provavelmente tornariam mais difícil se manter no ar. O mesmo pode ser dito da porta ficar aberta, já que a resistência do ar aumentaria o consumo de combustível.

terça-feira, 11 de maio de 2021

Crítica – Vozes e Vultos

 

Análise Crítica – Vozes e Vultos

Review – Vozes e Vultos
Partindo de uma típica premissa de casa assombrada, Vozes e Vultos tenta inserir vários outros elementos em sua trama, como um drama conjugal e uma ponderação metafísica sobre arte e espiritualidade. O problema é que a trama tem dificuldade de costurar tudo isso junto, com alguns elementos não funcionando.

A trama se passa na década de oitenta e segue o casal Catherine (Amanda Seyfried) e George Claire (James Norton). Quando George consegue uma vaga de professor em uma universidade no interior, o casal e sua filha pequena deixam suas vidas em Nova Iorque para viver em uma casa de campo perto de onde George trabalha. Enquanto George dá aula Catherine fica em casa trabalhando com suas pinturas, mas aos poucos vai percebendo fenômenos estranhos na casa.

Desde o início há um clima de estranhamento, de que há algo errado embora não saibamos exatamente o que é. Apesar de abusar de sustos súbitos gratuitos, como barulhos altos e outras estratégias batidas, a narrativa é bem sucedida em uma atmosfera de suspense por conta da animosidade crescente entre o casal principal. Catherine está descontente com a mudança, recorrendo a tiradas passivo-agressivas para mostrar seu desprezo e escondendo seu comportamento bulimico. Já George é o pior. Ele mente e trai a esposa constantemente, mantendo um caso com a jovem Willis (Natalia Dyer), além de tratar todos ao seu redor da maneira mais babaca possível.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Crítica – O Legado de Júpiter

 Análise Crítica – O Legado de Júpiter

Review – O Legado de Júpiter
Apesar de nunca ter lido, já tinha ouvido falar do quadrinho O Legado de Júpiter escrito por Mark Millar e desenhado por Frank Quitely, e fiquei curioso com o anúncio de que a Netflix faria uma série baseada nele. Em essência é uma história sobre conflitos geracionais e questões morais, no entanto essa primeira temporada apenas toca na superfície de alguns desses elementos.

Na trama, Sheldon (Josh Duhamel) é um homem que, ao lado de outras cinco pessoas, ganhou super-poderes na década de 1930, se tornando o poderoso Utópico. Nos dias de hoje, um pouco mais velho, mas longe de aparentar seus mais de 100 anos, o herói se preocupa em manter seu estrito código de não interferir na sociedade e não matar, valores que ele também tenta passar para seus filhos, Brendon (Andrew Horton), que tenta seguir os passos do pai e ser herói, e Chloe (Elena Kampuris), que apesar dos poderes tem pouco contato com a família e vive como supermodelo. Durante uma batalha contra o vilão Estrela Negra (Tyler Mane), Brendon decide matar o inimigo para salvar os pais e vingar a morte de outros heróis na batalha. A decisão incomoda o Utópico e cria um conflito entre ele e o filho sobre a aplicabilidade do código que os rege.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Drops – À Espreita do Mal

 

Análise Crítica – À Espreita do Mal

Review – À Espreita do Mal
Este À Espreita do Mal é aquele tipo de suspense que parece mais preocupado em concatenar reviravoltas do que efetivamente contar uma história envolvente. Existem algumas boas ideias em sua trama, mas em geral não são muito bem aproveitadas e se perdem em meio a várias escolhas que pouco fazem para tornar as múltiplas ideias em um todo coeso.

A trama é focada na família de Jackie (Helen Hunt), que está passando por um momento de crise. Jackie está se separando do marido, o policial Greg (Jon Tenney), depois de tê-lo traído. Connor (Judah Lewis), o filho adolescente do casal, não recebe bem a informação e fenômenos estranhos começam a acontecer na casa. Ao mesmo tempo, Greg investiga uma série de sequestros de crianças.

A trama do sequestro inicialmente parece não se conectar com a trama da casa e demora a se encontrar com o resto dos conflitos do filme. O fluxo da trama é prejudicado pela montagem cheia de cortes abruptos que propositalmente omite informações do espectador apenas para depois inserir a revelação do que de fato acontecia na casa. O expediente acaba soando mais desonesto do que capaz de evocar tensão. Ainda assim, a noção de que os eventos estranhos da casa não eram fruto de algo sobrenatural e sim de phrogging é uma boa reversão de expectativas.

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Crítica – Minari: Em Busca da Felicidade

 

Análise Crítica – Minari: Em Busca da Felicidade

Review – Minari: Em Busca da Felicidade
Ao tratar da imigração de uma família coreana para o interior dos Estados Unidos na década de oitenta imaginei que Minari: Em Busca da Felicidade fosse apenas repetir o que outros filmes sobre imigração falam. Pensei que fosse ser um filme sobre o preconceito contra imigrantes ou as barreiras que esses imigrantes encontram num país que não necessariamente os quer lá. Não é isso que o filme trata, preferindo focar na sensação de deslocamento, na incerteza de começar uma vida nova em um lugar tão distante de tudo que lhe é familiar e os conflitos geracionais de uma família com pais e avós que ainda se lembram do modo de vida e cultura do país natal e filhos pequenos que se identificam mais facilmente com o novo lar.

A narrativa foca na família de Jacob (Steve Yeun), que se muda para uma propriedade rural no interior do Arkansas na década de oitenta. Junto com ele estão a esposa Monica (Yeri Han) e os filhos Anne (Noel Cho) e David (Alan Kim). Jacob e Monica começam a trabalhar em uma granja, mas em paralelo Jacob tenta começar uma plantação de vegetais coreanos para criar um negócio próprio.