De início imaginei que o título
deste Judas e o Messias Negro operava
em uma grande hipérbole, mas, de fato, a trama do informante que entregou um
dos principais líderes dos Panteras Negras em troca de dinheiro lembra a
jornada de Judas entregando seu messias por um punhado de moedas.
Baseada em fatos reais, a
narrativa acompanha Bill O’Neal (Lakeith Stanfield), um pequeno criminoso que é
pego pelo FBI e é transformado em informante, sendo mandado para se infiltrar
nos Panteras Negras e vigiar Fred Hampton (Daniel Kaluuya), líder da filial de
Illinois do partido. A história é contada pela estrutura típica do infiltrado
que se aproxima demais daquele que devia investigar, perde um pouco de sua
perspectiva e fica em dúvida sobre a missão, mas o desenvolvimento dos
personagens tem nuance o suficiente para envolver.
A narrativa capta bem o momento
de instabilidade social da década de 1960 conforme diferentes movimentos
sociais, como os movimentos negros, passaram a lutar por igualdade e direitos
civis. Muitos desses movimentos, como os Panteras Negras, eram tratados como
grandes ameaças à ordem pública pelas autoridades federais, temendo um levante
da população menos favorecida.