quarta-feira, 9 de junho de 2021

Crítica – Virtua Fighter 5: Ultimate Showdown

 

Análise Crítica – Virtua Fighter 5: Ultimate Showdown

Review – Virtua Fighter 5: Ultimate Showdown
Tive pouco contato com a franquia Virtua Fighter. Lembro brevemente de ter jogado os dois primeiros jogos em fliperama e o péssimo port do primeiro jogo para Mega Drive. Sempre fui mais interessado em jogos de luta 2D como Street Fighter, The King of Fighters ou Mortal Kombat, então nunca fui muito de jogar esses games 3D como Virtua Fighter ou Tekken. No entanto, fiquei curioso para conferir essa tentativa da Sega em reviver sua franquia de luta com este Virtua Fighter 5: Ultimate Showdown, uma espécie de remaster de Virtua Fighter 5: Final Showdown originalmente lançado há quase 12 anos atrás.

Os gráficos e modelos de personagem foram refeitos da Dragon Engine, motor gráfico usado na série Yakuza. Os personagens ganharam mais detalhamento e texturas, aproximando-os da qualidade de um game contemporâneo e toda a interface foi refeita também para melhorar a qualidade visual. Efeitos de luz e saturação de cor foram melhorados e soam mais realistas. Os cenários, por sua vez, receberam melhorias, mas não tem tanta qualidade quanto os modelos dos personagens e mostram um pouco a idade.

terça-feira, 8 de junho de 2021

Rapsódias Revisitadas – Coração de Cavaleiro

 

Crítica – Coração de Cavaleiro

Review – Coração de Cavaleiro
Lançado em 2001, Coração de Cavaleiro ajudou a sedimentar o ator Heath Ledger como um astro de Hollywood. Ele já vinha do sucesso modesto da comédia adolescente Dez Coisas que Eu Odeio em Você (1999) e aqui ele mostrou que poderia carregar uma produção de grande orçamento, já que apesar da recepção morna da crítica da época, o filme se saiu relativamente bem na bilheteria para ser considerado um sucesso financeiro. É curioso pensar que a crítica não deu muita bola para ele em seu lançamento considerando o quanto ele foi reprisado tanto em canais a cabo quanto na tv aberta, sendo aquele tipo de filme que é tão carismático que a gente sempre assiste um pouco quando vemos que está passando.

Dirigido e escrito por Brian Helgeland, que vinha de uma vitória do Oscar melhor roteiro adaptado por Los Angeles: Cidade Probida (1997), a trama se passa na Inglaterra medieval e segue o jovem escudeiro William (Heath Ledger), que toma o lugar de seu suserano falecido e resolve participar das competições de justa da nobreza em busca de glória e dinheiro como cavaleiro. Ao lado dele estão os escudeiros  Wat (Alan Tudyk) e Roland (Mark Addy), o arauto Geoffrey Saucer (Paul Bettany) e a ferreira Kate (Laura Fraser). Em sua jornada rumo à glória William encontra um rival no conde Adhemar (Rufus Sewell) e se apaixona pela bela Jocelyn (Shannyn Sossamon).

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Drops – Synchronic

 

Análise Crítica – Synchronic

Review – Synchronic
Filmes sobre viagem no tempo existem de monte, mas a maneira com a qual Sychronic constrói sua trama de viagem no tempo chama atenção pelo modo singular com o qual tudo flui. A narrativa é centrada em Steve (Anthony Mackie) e Dennis (Jamie Dornan), dois paramédicos trabalhando na cidade de Nova Orleans. Aos poucos a dupla começa a receber chamados para ocorrências estranhas, muitas dela soando fisicamente impossíveis ou cujas vítimas não conseguem explicar. Conforme o número de ocorrências aumenta, eles percebem que esses eventos estão conectados com uma estranha droga sintética que mexe na maneira com a qual as pessoas experimentam o tempo.

A narrativa cria um competente clima de suspense conforme inicialmente nos apresenta às ocorrências estranhas com as quais os personagens se defrontam. Acerta também no clima convincente entre os dois protagonistas, parceiros de anos que se conhecem tão bem que sabem perceber os problemas e falhas do outro apenas com um olhar. O problema é que quando a trama parecia engrenar, a partir do momento em que Steve consegue a tal droga, a trama demora um pouco de desenvolver para que o personagem vá aos poucos explicando como funciona a questão do deslocamento temporal.

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Rapsódias Revisitadas – Morte em Veneza

 Análise Crítica – Morte em Veneza


Review – Morte em Veneza
Revendo Morte em Veneza, de Luchino Visconti, me surpreendi com o quanto alguns de seus temas soam terrivelmente atuais para os tempos pandêmicos em que vivemos. O filme também traz algumas reflexões sobre arte, beleza e permanência que, de certa forma, são atemporais.

A trama adapta um romance escrito por Thomas Mann. Sendo situada na virada do século XIX para o século XX, a narrativa é centrada na figura de Gustav von Aschenbach (Dirk Bogarde) um pianista em meio a uma crise criativa, afetiva e de saúde. Para lidar com seus problemas Gustav viaja a um resort em Veneza e lá se encanta pela beleza do garoto Tadzio (Bjorn Andresen) e passa a segui-lo. Ao mesmo tempo, o músico começa a desconfiar que os funcionários do hotel talvez não estejam sendo sinceros quanto a severidade da epidemia de cólera que se espalha pela cidade.

A fixação de Gustav por Tadzio é sempre enquadrada em uma chave mais platônica e idealizada, nunca sexual. O interesse do músico é o da contemplação dessa beleza que emerge naturalmente do garoto, uma beleza que ele sempre tentou transmitir através de sua música, mas teve dificuldade. A trama pondera sobre a relação entre a beleza e o desgaste do tempo. Se a beleza nas artes requer trabalho, ela ao menos sobrevive a passagem do tempo. Por outro lado a beleza física de Tadzio emerge dele naturalmente, no entanto, é algo fugidio que se desgastará com tempo. As andanças de Gustav pela cidade para observar o garoto servem, portanto, como uma metáfora para a natureza fugaz da beleza.

quinta-feira, 3 de junho de 2021

Crítica – Master of None: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – Master of None: 3ª Temporada

Review – Master of None: 3ª Temporada
Depois de um longo hiato causado, dentre outras coisas, por acusações de assédio sexual contra o criador e protagonista Aziz Ansari, a série Master of None retorna com um foco renovado. Ao invés de Dev (Aziz Ansari), a trama dessa terceira temporada é centrada em Denise (Lena Waithe) e na relação dela com a esposa. Não significa que Ansari tenha sido colocado em escanteio, além de Dev ainda aparecer ocasionalmente, o ator dirigiu os cinco episódios da temporada que foram escritos com a Lena Waithe.

A trama parece se passar anos depois da segunda temporada. Denise é uma escritora de sucesso e vive com a esposa, Alicia (Naomi Ackie) em uma idílica casa de campo. A protagonista está tentando escrever seu segundo livro, mas encontra problemas para desenvolver a escrita. Ao mesmo tempo, Alicia insiste que é hora delas terem um filho, algo que Denise não embarca completamente.

O subtítulo original desta terceira temporada, Moments in Love, dá a tônica do que veremos ao longo dos cinco episódios, uma coletânea de momentos em uma relação afetiva com todos os complicadores, problemas e incoerências que as pessoas exibem em uma relação. São tramas relativamente contidas na intimidade das personagens, dentro de suas casas e com poucos coadjuvantes além do casal protagonista. Imagino que muitas decisões derivaram do fato de que toda a temporada foi filmada ano passado e por questões de segurança em virtude da pandemia mantiveram o elenco razoavelmente pequeno.

A pandemia parece também guiar as escolhas estéticas de Ansari ao longo da temporada, optando por takes mais longos, com uma câmera estática e a meia distância dos personagens provavelmente para diminuir o numero de pessoas necessárias no set caso resolvesse filmar com múltiplas câmeras em constante movimentação. Mesmo que pareçam decisões pragmáticas e motivadas por razões extra-fílmicas, esses elementos fazem sentido dentro da narrativa e do olhar que Ansari e Waithe construíram para a jornada de suas personagens. É como se a dupla tivesse pensado na melhor maneira de contar uma história impactante e consistente com os elementos que tinham em mãos.

A distância da câmera em relação às personagens dá a impressão de que somos observadores distantes desse cotidiano afetivo, quase como voyeurs entrando na intimidade alheia, embarcando no universo pessoal dessas personagens. Os longos takes, com poucos cortes, contribuem para uma impressão de naturalismo, construindo a impressão de que estamos vendo tudo aquilo conforme se desenrola, como em um documentário observacional, evidenciando o trabalho do elenco, em especial das duas atrizes principais, em transmitir esse sentimento de que aquelas pessoas tem uma conexão longeva, um afeto e um conhecimento da conduta da outra.

A trama olha para a complexidade do relacionamento das personagens e dos desequilíbrios que existem entre elas. Quando começamos a temporada Denise ainda surfa na onda do sucesso de seu primeiro livro enquanto Alicia está no meio de uma transição profissional, iniciando como designer de interiores. Nesse sentido, o desinteresse de Denise em ter filhos naquele momento vem, em parte, da vontade de querer continuar aprimorando a carreira. Alicia vê na maternidade um meio de construir algo para si naquela relação, saindo do papel de coadjuvante, da cônjuge que apoia a esposa bem-sucedida, uma função que fica claramente definida na entrevista que Denise dá no início do primeiro episódio.

Os conflitos nascem justamente da incapacidade delas em tentarem observar as coisas pela ótica da outra. Denise vê as necessidades de Alicia como caprichos e Alicia vê o foco de Denise na carreira como desinteresse na relação. Com isso, ao invés de dialogarem e se entenderem, as duas se afastam ainda mais e a relação vai se erodindo até o inevitável.

Ao longo da temporada a posição das duas se inverte, com Denise lidando não apenas com o fracasso da relação, mas de seus projetos como escritora, tendo que reavaliar as escolhas que tomou até então. Em paralelo Alicia vai atrás do sonho de ser mãe e apesar dos percalços, incluindo estruturas homofóbicas dos sistemas de saúde, vai adquirindo sucesso em suas empreitadas. Essa inversão nas vidas delas da a ambas perspectiva para analisar o passado da relação das duas, algo que vemos no episódio final.

O desfecho da temporada é, ao mesmo tempo, uma culminância natural do arco das duas e uma resolução um pouco covarde já que a trama não faz as personagens se comprometerem com nada em relação à situação da vida delas naquele momento. Acompanhamos as duas passando um final de semana da casa em que moraram, agora sendo alugada via aplicativos, e descobrimos que elas tem se encontrado regularmente apesar de ambas já terem se casado e tido filhos com outras pessoas.

Fica evidente o quanto elas se sentem confortáveis juntas e apreciam uma a outra, principalmente agora que o tempo lhes deu entendimento sobre o que aconteceu. Trabalhando em um emprego que odeia apenas para pagar as contas e sustentar a nova família, Denise entende melhor Alicia e o sentimento de estar se anulando para manter uma relação. Alicia por sua vez, tendo encontrado sucesso profissional entende agora o foco de Denise em querer dedicar ainda mais tempo ao trabalho para continuar subindo a novos patamares.

Apesar de alcançarem um nível mais profundo de diálogo e conforto do que com suas próprias cônjuges, a temporada termina sem que isso implique em qualquer mudança de direção para as duas, que parecem, naquele momento, em manter essa relação extraconjugal em um “não lugar”, reduzindo-a a uma mera fuga do cotidiano. Em nenhum momento as personagens parecem ponderar que um cotidiano que as instiga a fugir constantemente talvez não seja tão saudável assim.

Em uma inesperada terceira temporada que tenta fazer o melhor com as limitações de filmar durante uma pandemia, Master of None faz um exame sensível e intimista sobre um relacionamento conturbado.

 

Nota: 8/10


Trailer

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Crítica – Godzilla vs Kong

 

Análise Crítica – Godzilla vs Kong

Review – Godzilla vs Kong
Depois de três filmes (Godzilla, Kong: A Ilha da Caveira e Godzilla 2: Rei dos Monstros) construindo o universo de monstros e preparando terreno para o embate entre os dois famosos monstros gigantes do cinema neste Godzilla vs Kong. Eles mostram que aprenderam algumas lições com os filmes anteriores, embora ainda insistam em repetir alguns dos problemas.

Na trama, Godzilla começa estranhamente a atacar cidades humanas e as pessoas começam a pensar na criatura, que até então protegia o mundo de outros monstros, como uma ameaça. O aumento da agressividade do réptil atômico preocupa a pesquisadora Ilene (Rebecca Hall), que supervisiona o Kong na Ilha da Caveira e teme que Godzilla o ataque. Ao mesmo tempo, Madison (Millie Bobby Brown) desconfia que haja um motivo para os ataques de Godzilla, que não seja apenas agressividade irracional e decide investigar os eventos.

terça-feira, 1 de junho de 2021

Crítica – Vanquish

 Análise Crítica – Vanquish

Review – Vanquish
Não fosse a presença de atores conhecidos do cinemão hollywoodiano, eu seria capaz de dizer que este Vanquish é era um filme amador por conta de suas múltiplas inaptidões técnicas e artísticas. No entanto, sabendo que foi feito por profissionais, é só um produto incompetente em todos os níveis que não serve nem como comédia acidental.

Na trama, Vicky (Ruby Rose) é uma ex-traficante de drogas que trabalha como cuidadora do policial aposentado e paraplégico Damon (Morgan Freeman). Um dia Damon revela a Vicky que ele controla um império de corrupção e drogas e precisa de alguém para recolher o dinheiro de seus negócios antes que o FBI descubra os locais. Vicky inicialmente recusa, mas Damon pega a filha dela de refém e assim a personagem precisa fazer o que ele quer.

É curioso que ao invés de dar logo de uma vez os cinco locais em que quer que Vicky recolha o dinheiro, Damon dá um local por vez, fazendo ela retornar à casa dele com o dinheiro antes de informar o local seguinte. Porque fazer isso ao invés de dar os cinco locais de vez? Não sei. Faria mais sentido, já que ele está correndo contra o tempo, do que fazer Vicky perder tempo indo e voltando, mas o filme nunca dá uma razão consistente para essa escolha do personagem.

segunda-feira, 31 de maio de 2021

Crítica – Cruella

 

Análise Crítica – Cruella

Review – Cruella
Não estava lá muito empolgado para este Cruella, tentativa da Disney de contar a origem da vilã de 101 Dálmatas (1961), que chegou a ser interpretada nos cinemas por Glenn Close. Meu principal temor é que fizessem com a vilã o mesmo que fizeram como Malévola nos filmes estrelados por Angelina Jolie, removendo a maldade da personagem e tratando-a mais como uma vítima incompreendida do que alguém que se regozija na própria maldade. Felizmente isso não acontece tanto aqui, com o filme conseguindo manter a natureza implacável de Cruella ao mesmo tempo em que nos dá razões para torcer por ela.

A trama se passa na década de 60 e segue a jovem Cruella (Emma Stone) vivendo de pequenos golpes ao lado dos amigos Gaspar (Joel Fry) e Horácio (Paul Walter Hauser) até conseguir uma oportunidade de trabalhar na butique mais luxuosa de Londres, a que vende as roupas da Baronesa (Emma Thompson), a mais importante estilista do país. Querendo se tornar uma designer de moda, Cruella começa a trabalhar para a Baronesa, mas logo descobre informações surpreendentes sobre seu passado.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Rapsódias Revisitadas – Tony Manero

 

Análise Crítica – Tony Manero

Review – Tony Manero
Misturar ditadura militar chilena com o icônico personagem de John Travolta em Os Embalos de Sábado à Noite (1977) parece algo que não faz sentido. Afinal, que relações podem ser estabelecidas entre esse personagem dançarino e um período brutal da história latino-americana? Para o diretor Pablo Larraín, responsável por este Tony Manero, a resposta é que se pode usar o personagem de Travolta para fazer uma poderosa metáfora sobre a ditadura chilena.

A trama se passa durante a ditadura militar chilena e é centrada em Raúl (Alfredo Castro), um pequeno criminoso de meia-idade que vive na periferia de Santiago e é completamente obcecado pelo filme Os Embalos de Sábado à Noite. Raúl deseja participar de um concurso de sósias de Tony Manero em um programa de televisão local e para isso quer construir uma performance e uma caracterização mais parecida possível com o personagem de Travolta.

A obsessão de Raúl com o filme o torna extremamente violento contra qualquer um que se coloque em seu caminho. Isso fica evidente, por exemplo, quando o cinema em que ele vai repetidas vezes assistir o filme de John Travolta tira a película de cartaz e a substitui por Grease: Nos Tempos da Brilhantina (1978). Quando isso acontece, Raúl vai até a sala de projeção e brutalmente espanca o projecionista. Em outro momento, o protagonista segue uma idosa até a casa dela para matá-la e roubar sua televisão a cores.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Crítica – Army of the Dead: Invasão à Las Vegas

Análise Crítica – Army of the Dead: Invasão à Las Vegas


Review Crítica – Army of the Dead: Invasão à Las Vegas

A ideia de um filme de roubo em meio a um apocalipse zumbi parece sob medida para um divertido blockbuster de ação que deixe o espectador entretido por algum tempo. Em tese Army of the Dead: Invasão à Las Vegas deveria ser isso, mas se alonga mais do que deveria considerando seu fiapo de trama ao ponto de ficar maçante.

Na trama, a cidade de Las Vegas e parte do estado de Nevada foram isoladas depois de um surto zumbi infestou a cidade. O governo planeja lançar em poucos dias uma bomba nuclear na região para resolver o problema. Em meio a isso está Scott (Dave Bautista) um dos poucos a ter enfrentado o início da infestação e ter saído com vida da cidade. Scott é procurado pelo bilionário Tanaka (Hiroyuki Sanada) como uma proposta lucrativa: recuperar 200 milhões guardados em um cofre subterrâneo no hotel-cassino de sua propriedade em Las Vegas aproveitando a desocupação das fronteiras da área de quarentena para penetrar na região, recuperar o dinheiro e sair antes do bombardeio.