Havia uma imensa expectativa em Final Fantasy VII Remake. Era um jogo
esperado há muitos anos, que sofreu atrasos na produção, com uma escolha
polêmica (ainda que relativamente compreensível para manter toda a trama do
original) de dividir em episódios (embora a falta de clareza em termos de
quantos serão é preocupante), além mudanças no gameplay e outros elementos
davam motivos para se preocupar. Felizmente o jogo não era apenas um excelente
remake, mas um excelente game por si só, que redefinia todo o universo
construído e aprofundava os personagens, justificando a divisão em episódios,
ainda que o final vire uma bagunça desnecessária.
Pois quase um ano depois o jogo
ganha uma versão para as novas gerações em Final
Fantasy VII Remake Intergrade que traz melhorias gráficas, como iluminação
dinâmica, efeitos de névoa e partícula melhorados e tempos de carregamento mais
rápido. Além disso, traz uma expansão que é exclusiva para a nova geração em Final Fantasy VII Remake: Intermission,
uma história curta protagonizada pela ninja Yuffie, que no jogo original
aparecia só mais adiante na trama e era uma personagem opcional.
Este Amonite é levemente baseado na história real da paleontóloga Mary
Anning. Digo levemente porque não há confirmação histórica do relacionamento
entre ela e Charlotte Murchinson ainda que seja amplamente falado que as duas
tiveram um relacionamento amoroso.
A trama se passa na Inglaterra do
século XIX, Mary (Kate Winslet) é uma prolífica paleontóloga que é subestimada
dentro do seu campo de atividade. Um dia ela é visitada por Roderick (James
McArdle), que paga Mary por um tour guiadopela praia na qual ela escava fósseis.
É aí que ela conhece Charlotte (Saoirse Ronan), esposa de Roderick com quem tem
uma relação fria e desprovida de afeto. Roderick parte em uma expedição e deixa
Charlotte, que está com problemas de saúde, aos cuidados de Amy. Aos poucos as
duas começam a se aproximar e o que era companheirismo vai dando lugar ao
romance.
A trama evidencia bem a solidão
dessas duas personagens. Ambas mulheres carentes, que se sentem invisíveis,
desvalorizadas e isso ajuda a entender a razão da forte conexõe que é
construída entre as duas, como se elas se reconhecessem na solidão da outra e
reparar isso na outra fosse reparar seus próprios problemas.
Eu já tinha ouvido falar bastante
do podcast Projeto Humanos: O Caso
Evandro do jornalista Ivan Mizanzuk sobre o escabroso caso do assassinato
de um garoto no interior do Paraná na década de 1990 e a investigação
labiríntica e problemática que se seguiu sobre caso. Entretanto nunca parei
para ouvi-lo, mesmo interessado na história real que ele contava. Então quando foi
anunciado que O Caso Evandro viraria
uma série documental na Globoplay com direção de Aly Muritiba, fiquei
imediatamente interessado.
A série aborda o caso real do
desaparecimento do garoto Evandro Caetano no interior do Paraná da década de 90.
O corpo dele foi encontrado mutilado dias depois em um matagal próximo e as
suspeitas é que tinham sido usado em um ritual de magia negra. O caso toma
atenção da mídia, principalmente quando testemunhas apontam a família do então
prefeito como envolvida no caso. Aos poucos, no entanto, surgem provas que a
história não é aquilo que imaginávamos.
Estruturalmente a série segue o
padrão de documentários de crimes reais que já vimos antes, com entrevistas,
imagens de arquivo e reconstituições com atores. Ainda assim, a narrativa
envolve pelo ritmo de tensão e suspense que Muritiba imprime nos eventos bem
como pela própria natureza surpreendente e pouco usual dos eventos narrados, um
daqueles casos em que a realidade se mostra mais bizarra que qualquer ficção.
Eu assisti todas as temporadas da
série clássica de Sailor Moon na
época em que passaram no Cartoon Network, então fiquei curioso quando a Netflix
anunciou o longa Sailor Moon Eternal,
que seria dividido em duas partes. Fiquei um pouco preocupado quando soube que
esses dois filmes de oitenta minutos fariam parte do cânone da recente Sailor Moon Crystal, remake da série que
era mais fiel ao mangá eliminando os fillers.
Especificamente Sailor Moon Eternal
contaria o quarto arco da história das guerreiras planetárias, correspondendo à
temporada Sailor Moon Super S na
série original (que consistia de 39 episódios) e obviamente temi que o
resultado fosse ser uma bagunça incompreensível.
Na trama, Chibiusa, uma
descendente da protagonista Usagi vinda do futuro, está prestes a voltar para
seu tempo de origem, quando o misterioso Dead Moon Circus chega à Terra criando
uma onda de energia que a impede de viajar no tempo. Usagi e as demais Sailors
decidem investigar o estranho circo, descobrindo que elas servem à misteriosa
rainha Nehelenia que veio à Terra roubar o lendário cristal dourado. Ao mesmo
tempo, Chibiusa começa a ter visões envolvendo um Pégaso que pode ser a chave
para derrotarem esses novos inimigos.
Tive pouco contato com a franquia
Virtua Fighter. Lembro brevemente de
ter jogado os dois primeiros jogos em fliperama e o péssimo port do primeiro
jogo para Mega Drive. Sempre fui mais interessado em jogos de luta 2D como Street Fighter, The King of Fighters ou Mortal
Kombat, então nunca fui muito de jogar esses games 3D como Virtua Fighter ou Tekken. No entanto,
fiquei curioso para conferir essa tentativa da Sega em reviver sua franquia de
luta com este Virtua Fighter 5: Ultimate
Showdown, uma espécie de remaster de Virtua
Fighter 5: Final Showdown originalmente lançado há quase 12 anos atrás.
Os gráficos e modelos de
personagem foram refeitos da Dragon Engine, motor gráfico usado na série Yakuza. Os personagens ganharam mais
detalhamento e texturas, aproximando-os da qualidade de um game contemporâneo e
toda a interface foi refeita também para melhorar a qualidade visual. Efeitos
de luz e saturação de cor foram melhorados e soam mais realistas. Os cenários,
por sua vez, receberam melhorias, mas não tem tanta qualidade quanto os modelos
dos personagens e mostram um pouco a idade.
Lançado em 2001, Coração de Cavaleiro ajudou a sedimentar
o ator Heath Ledger como um astro de Hollywood. Ele já vinha do sucesso modesto
da comédia adolescente Dez Coisas que Eu
Odeio em Você (1999) e aqui ele mostrou que poderia carregar uma produção
de grande orçamento, já que apesar da recepção morna da crítica da época, o
filme se saiu relativamente bem na bilheteria para ser considerado um sucesso
financeiro. É curioso pensar que a crítica não deu muita bola para ele em seu
lançamento considerando o quanto ele foi reprisado tanto em canais a cabo
quanto na tv aberta, sendo aquele tipo de filme que é tão carismático que a
gente sempre assiste um pouco quando vemos que está passando.
Dirigido e escrito por Brian
Helgeland, que vinha de uma vitória do Oscar melhor roteiro adaptado por Los Angeles: Cidade Probida (1997), a
trama se passa na Inglaterra medieval e segue o jovem escudeiro William (Heath
Ledger), que toma o lugar de seu suserano falecido e resolve participar das
competições de justa da nobreza em busca de glória e dinheiro como cavaleiro. Ao
lado dele estão os escudeirosWat (Alan
Tudyk) e Roland (Mark Addy), o arauto Geoffrey Saucer (Paul Bettany) e a ferreira Kate (Laura
Fraser). Em sua jornada rumo à glória William encontra um rival no conde
Adhemar (Rufus Sewell) e se apaixona pela bela Jocelyn (Shannyn Sossamon).
Filmes sobre viagem no tempo
existem de monte, mas a maneira com a qual Sychronic
constrói sua trama de viagem no tempo chama atenção pelo modo singular com o
qual tudo flui. A narrativa é centrada em Steve (Anthony Mackie) e Dennis
(Jamie Dornan), dois paramédicos trabalhando na cidade de Nova Orleans. Aos
poucos a dupla começa a receber chamados para ocorrências estranhas, muitas
dela soando fisicamente impossíveis ou cujas vítimas não conseguem explicar.
Conforme o número de ocorrências aumenta, eles percebem que esses eventos estão
conectados com uma estranha droga sintética que mexe na maneira com a qual as
pessoas experimentam o tempo.
A narrativa cria um competente
clima de suspense conforme inicialmente nos apresenta às ocorrências estranhas
com as quais os personagens se defrontam. Acerta também no clima convincente
entre os dois protagonistas, parceiros de anos que se conhecem tão bem que
sabem perceber os problemas e falhas do outro apenas com um olhar. O problema é
que quando a trama parecia engrenar, a partir do momento em que Steve consegue
a tal droga, a trama demora um pouco de desenvolver para que o personagem vá
aos poucos explicando como funciona a questão do deslocamento temporal.
Revendo Morte em Veneza, de Luchino Visconti, me surpreendi com o quanto
alguns de seus temas soam terrivelmente atuais para os tempos pandêmicos em que
vivemos. O filme também traz algumas reflexões sobre arte, beleza e permanência
que, de certa forma, são atemporais.
A trama adapta um romance escrito
por Thomas Mann. Sendo situada na virada do século XIX para o século XX, a
narrativa é centrada na figura de Gustav von Aschenbach (Dirk Bogarde) um
pianista em meio a uma crise criativa, afetiva e de saúde. Para lidar com seus
problemas Gustav viaja a um resort em Veneza e lá se encanta pela beleza do
garoto Tadzio (Bjorn Andresen) e passa a segui-lo. Ao mesmo tempo, o músico
começa a desconfiar que os funcionários do hotel talvez não estejam sendo
sinceros quanto a severidade da epidemia de cólera que se espalha pela cidade.
A fixação de Gustav por Tadzio é
sempre enquadrada em uma chave mais platônica e idealizada, nunca sexual. O
interesse do músico é o da contemplação dessa beleza que emerge naturalmente do
garoto, uma beleza que ele sempre tentou transmitir através de sua música, mas
teve dificuldade. A trama pondera sobre a relação entre a beleza e o desgaste
do tempo. Se a beleza nas artes requer trabalho, ela ao menos sobrevive a
passagem do tempo. Por outro lado a beleza física de Tadzio emerge dele
naturalmente, no entanto, é algo fugidio que se desgastará com tempo. As
andanças de Gustav pela cidade para observar o garoto servem, portanto, como
uma metáfora para a natureza fugaz da beleza.
Depois de um longo hiato causado,
dentre outras coisas, por acusações de assédio sexual contra o criador e
protagonista Aziz Ansari, a série Master of None retorna com um foco renovado. Ao invés de Dev (Aziz Ansari), a
trama dessa terceira temporada é centrada em Denise (Lena Waithe) e na relação
dela com a esposa. Não significa que Ansari tenha sido colocado em escanteio,
além de Dev ainda aparecer ocasionalmente, o ator dirigiu os cinco episódios da
temporada que foram escritos com a Lena Waithe.
A trama parece se passar anos
depois da segunda temporada. Denise é uma escritora de sucesso e vive com a
esposa, Alicia (Naomi Ackie) em uma idílica casa de campo. A protagonista está
tentando escrever seu segundo livro, mas encontra problemas para desenvolver a
escrita. Ao mesmo tempo, Alicia insiste que é hora delas terem um filho, algo
que Denise não embarca completamente.
O subtítulo original desta
terceira temporada, Moments in Love,
dá a tônica do que veremos ao longo dos cinco episódios, uma coletânea de
momentos em uma relação afetiva com todos os complicadores, problemas e
incoerências que as pessoas exibem em uma relação. São tramas relativamente
contidas na intimidade das personagens, dentro de suas casas e com poucos
coadjuvantes além do casal protagonista. Imagino que muitas decisões derivaram
do fato de que toda a temporada foi filmada ano passado e por questões de
segurança em virtude da pandemia mantiveram o elenco razoavelmente pequeno.
A pandemia parece também guiar as
escolhas estéticas de Ansari ao longo da temporada, optando por takes mais
longos, com uma câmera estática e a meia distância dos personagens
provavelmente para diminuir o numero de pessoas necessárias no set caso
resolvesse filmar com múltiplas câmeras em constante movimentação. Mesmo que
pareçam decisões pragmáticas e motivadas por razões extra-fílmicas, esses
elementos fazem sentido dentro da narrativa e do olhar que Ansari e Waithe
construíram para a jornada de suas personagens. É como se a dupla tivesse
pensado na melhor maneira de contar uma história impactante e consistente com
os elementos que tinham em mãos.
A distância da câmera em relação
às personagens dá a impressão de que somos observadores distantes desse
cotidiano afetivo, quase como voyeurs entrando
na intimidade alheia, embarcando no universo pessoal dessas personagens. Os
longos takes, com poucos cortes, contribuem para uma impressão de naturalismo,
construindo a impressão de que estamos vendo tudo aquilo conforme se desenrola,
como em um documentário observacional, evidenciando o trabalho do elenco, em
especial das duas atrizes principais, em transmitir esse sentimento de que
aquelas pessoas tem uma conexão longeva, um afeto e um conhecimento da conduta
da outra.
A trama olha para a complexidade
do relacionamento das personagens e dos desequilíbrios que existem entre elas.
Quando começamos a temporada Denise ainda surfa na onda do sucesso de seu
primeiro livro enquanto Alicia está no meio de uma transição profissional, iniciando
como designer de interiores. Nesse sentido, o desinteresse de Denise em ter
filhos naquele momento vem, em parte, da vontade de querer continuar
aprimorando a carreira. Alicia vê na maternidade um meio de construir algo para
si naquela relação, saindo do papel de coadjuvante, da cônjuge que apoia a
esposa bem-sucedida, uma função que fica claramente definida na entrevista que
Denise dá no início do primeiro episódio.
Os conflitos nascem justamente da
incapacidade delas em tentarem observar as coisas pela ótica da outra. Denise
vê as necessidades de Alicia como caprichos e Alicia vê o foco de Denise na
carreira como desinteresse na relação. Com isso, ao invés de dialogarem e se
entenderem, as duas se afastam ainda mais e a relação vai se erodindo até o
inevitável.
Ao longo da temporada a posição
das duas se inverte, com Denise lidando não apenas com o fracasso da relação,
mas de seus projetos como escritora, tendo que reavaliar as escolhas que tomou
até então. Em paralelo Alicia vai atrás do sonho de ser mãe e apesar dos
percalços, incluindo estruturas homofóbicas dos sistemas de saúde, vai
adquirindo sucesso em suas empreitadas. Essa inversão nas vidas delas da a
ambas perspectiva para analisar o passado da relação das duas, algo que vemos
no episódio final.
O desfecho da temporada é, ao
mesmo tempo, uma culminância natural do arco das duas e uma resolução um pouco
covarde já que a trama não faz as personagens se comprometerem com nada em
relação à situação da vida delas naquele momento. Acompanhamos as duas passando
um final de semana da casa em que moraram, agora sendo alugada via aplicativos,
e descobrimos que elas tem se encontrado regularmente apesar de ambas já terem
se casado e tido filhos com outras pessoas.
Fica evidente o quanto elas se
sentem confortáveis juntas e apreciam uma a outra, principalmente agora que o
tempo lhes deu entendimento sobre o que aconteceu. Trabalhando em um emprego
que odeia apenas para pagar as contas e sustentar a nova família, Denise
entende melhor Alicia e o sentimento de estar se anulando para manter uma
relação. Alicia por sua vez, tendo encontrado sucesso profissional entende
agora o foco de Denise em querer dedicar ainda mais tempo ao trabalho para
continuar subindo a novos patamares.
Apesar de alcançarem um nível mais profundo de
diálogo e conforto do que com suas próprias cônjuges, a temporada termina sem
que isso implique em qualquer mudança de direção para as duas, que parecem,
naquele momento, em manter essa relação extraconjugal em um “não lugar”, reduzindo-a
a uma mera fuga do cotidiano. Em nenhum momento as personagens parecem ponderar
que um cotidiano que as instiga a fugir constantemente talvez não seja tão
saudável assim.
Em uma inesperada terceira
temporada que tenta fazer o melhor com as limitações de filmar durante uma
pandemia, Master of None faz um exame
sensível e intimista sobre um relacionamento conturbado.
Depois de três filmes (Godzilla, Kong: A Ilha da Caveirae Godzilla 2: Rei dos Monstros)
construindo o universo de monstros e preparando terreno para o embate entre os
dois famosos monstros gigantes do cinema neste Godzilla vs Kong. Eles mostram que aprenderam algumas lições com os
filmes anteriores, embora ainda insistam em repetir alguns dos problemas.
Na trama, Godzilla começa
estranhamente a atacar cidades humanas e as pessoas começam a pensar na
criatura, que até então protegia o mundo de outros monstros, como uma ameaça. O
aumento da agressividade do réptil atômico preocupa a pesquisadora Ilene
(Rebecca Hall), que supervisiona o Kong na Ilha da Caveira e teme que Godzilla
o ataque. Ao mesmo tempo, Madison (Millie Bobby Brown) desconfia que haja um
motivo para os ataques de Godzilla, que não seja apenas agressividade
irracional e decide investigar os eventos.