terça-feira, 22 de junho de 2021

Crítica - Selva Trágica

Análise Crítica - Selva Trágica

Review - Selva Trágica
O realismo fantástico é bem comum na literatura latino-americana e o cinema dos países dessa região constantemente bebe nessa fonte. Este Selva Trágica, co-produção entre México, Colômbia e França, se vale de uma estrutura de realismo fantástico para contar um história que dialoga com a mitologia maia.

Na trama, Agnes (Indira Rubie Andrewin) é uma mulher que foge de um casamento arranjado atravessando a fronteira de Belize para o México se embrenhando na selva maia. Enquanto é caçada por homens britânicos, Agnes encontra um grupo de seringueiros fazendo goma a partir da seiva das árvores. Ela se refugia com eles tentando evadir seus perseguidores, mas coisas estranhas começam a acontecer e a jovem demonstra ser mais do que apenas uma mulher indefesa.

A maneira como a diretora Yulene Olaizola filma a selva confere um clima de mistério ao lugar ao mesmo tempo em que dá a ele uma dimensão esplendorosa e presta reverência à imensidão verde do lugar. Ela olha para essas paisagens e eventos sem pressa, com a trama se desenvolvendo em um ritmo bem deliberado, mas provida de uma atmosfera de estranhamento e deslumbre sempre presente. Essa reverência à natureza e a noção de que talvez o homem não deveria interferir tanto nela é reforçada pelas narrações no idioma maia que intercalam algumas cenas. Essas narrações contam a história de Xtabay, uma espécie de espírito da floresta de aparência feminina que atrai os homens e os faz se perderem pela selva.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Rapsódias Revisitadas - O Que Se Move

 

Análise Crítica - O Que Se Move

Review - O Que Se Move
O filme musical é normalmente associado a histórias de romance e a um certo otimismo por conta das inúmeras produções do gênero na Hollywood clássica. Isso não significa que não existam musicais sobre histórias trágicas e dolorosas, Dançando no Escuro (2000), Lars Von Trier, é um bom exemplo disso, mas há poucos nessa seara. Este O Que Se Move, dirigido por Caetano Gotardo, de certa forma se encaixa nesse uso do formato musical para contar histórias de dor e perda.

Ele se divide em três histórias de mães que perderam seus filhos em circunstâncias bastante dolorosas. Na primeira história há um suicídio, na segunda um bebê é esquecido no carro e na terceira uma mãe reencontra o filho que tinha perdido há dezessete anos. São tramas marcadas por dores e afetos intensos movendo essas personagens e os números musicais ajudam a pontuar os sentimentos que atravessam esses indivíduos.

sexta-feira, 18 de junho de 2021

Crítica – DBZ Kakarot: Trunks o Guerreiro da Esperança

 Análise Crítica – DBZ Kakarot: Trunks o Guerreiro da Esperança


Review – DBZ Kakarot: Trunks o Guerreiro da Esperança
Depois de mais de um ano e meio de lançado Dragon Ball Z Kakarot finalmente entrega o último DLC de seu passe de temporada. Seria possível pensar que o atraso foi por conta da pandemia e, em certo grau, talvez tenha sido, mas é importante lembrar que entre além das duas expansões planejadas o jogo também inseriu um inexplicável multiplayer online na forma de um card game que ninguém pediu nem precisava. Deslocar recursos para esse modo provavelmente ajudou no atraso deste Trunks: O Guerreiro da Esperança que, como tinha sido dito, oferece um conteúdo maior do que os dois episódios anteriores.

As duas primeiras expansões iam além de DBZ e traziam histórias de Dragon Ball Super, adaptando os dois primeiros arcos. Imaginei que a última expansão seguiria essa tendência adaptando o arco de Zamasu e o Trunks do futuro, mas o que estava reservado era a história de outro Trunks do futuro. A nova expansão nos coloca de volta nas tramas de Dragon Ball Z contando sobre o futuro em que os Androides 17 e 18 destruíram o mundo e Trunks foi o último guerreiro Z que restou. A trama então acompanha os esforços de Trunks em sobreviver e lidar com a ameaça e surpreende ao contar a história deste Trunks para além da derrota de Cell.

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Crítica - Awake

 

Análise Crítica - Awake

Resenha Crítica - Awake
A despeito do título e da temática sobre pessoas despertas, Awake é um filme extremamente sonolento. É um daqueles casos em que alguém pensou uma premissa curiosa sem a menor ideia de como desenvolvê-la em algo interessante achando que essa premissa sozinha seria capaz de carregar o filme. Não é.

Na trama, Um evento eletromagnético queima todos os aparelhos eletrônicos e deixa as pessoas incapazes de dormirem. Isso tem consequências apocalípticas, já que o corpo humano não consegue sobreviver durante muitos dias sem sono. A ex-militar Jill (Gina Rodriguez) tenta manter a família em segurança, principalmente a filha Matilda (Ariana Greenblatt), que parece ser uma das poucas pessoas capazes de dormir. O caos que toma a humanidade, no entanto, torna isso mais difícil.

A narrativa estabelece algumas regras sobre como as pessoas se comportariam depois de um período prolongado sem dormir, mas nunca explica como a família principal consegue se manter minimamente lúcida mesmo depois de dias se passarem e praticamente todas as outras pessoas que encontram se tornaram irracionais e violentas. A impressão é que isso acontece por pura necessidade de roteiro, já que se eles também sucumbissem rápido à irracionalidade, o filme não duraria tanto.

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Crítica – Sweet Tooth

Análise Crítica – Sweet Tooth


Review – Sweet Tooth
Eu já tinha ouvido falar dos quadrinhos de Sweet Tooth, de Jeff Lemire, que falava sobre um garoto metade humano e metade cervo em um mundo devastado por uma epidemia viral. Nunca li os quadrinhos, mas fiquei curioso para conferir a série de mesmo nome da Netflix baseada nos quadrinhos de Lemire.

A trama segue Gus (Christian Convery), um garoto metade humano e metade cervo que vive isolado com o pai, Richard (Will Forte), em uma cabana da floresta depois que um vírus dizimou os humanos. Ao mesmo tempo em que o vírus surgiu, híbridos entre humanos e animais começaram a nascer, fazendo muitas pessoas acharem que os híbridos foram os responsáveis pelo vírus. Depois da morte do pai, Gus decide cruzar o país em busca da mãe e para isso consegue a ajuda de Jepp (Nonso Anozie) que o protege dos perigos desse mundo hostil e de pessoas como o general Abbot (Neil Sandilands, fazendo seu melhor cosplay de Dr. Robotnik) que capturam híbridos para usá-los como cobaias para uma possível cura do vírus.

terça-feira, 15 de junho de 2021

Crítica – Final Fantasy VII Remake: Intermission

 

Análise Crítica – Final Fantasy VII Remake: Intermission

Review – Final Fantasy VII Remake: Intermission
Havia uma imensa expectativa em Final Fantasy VII Remake. Era um jogo esperado há muitos anos, que sofreu atrasos na produção, com uma escolha polêmica (ainda que relativamente compreensível para manter toda a trama do original) de dividir em episódios (embora a falta de clareza em termos de quantos serão é preocupante), além mudanças no gameplay e outros elementos davam motivos para se preocupar. Felizmente o jogo não era apenas um excelente remake, mas um excelente game por si só, que redefinia todo o universo construído e aprofundava os personagens, justificando a divisão em episódios, ainda que o final vire uma bagunça desnecessária.

Pois quase um ano depois o jogo ganha uma versão para as novas gerações em Final Fantasy VII Remake Intergrade que traz melhorias gráficas, como iluminação dinâmica, efeitos de névoa e partícula melhorados e tempos de carregamento mais rápido. Além disso, traz uma expansão que é exclusiva para a nova geração em Final Fantasy VII Remake: Intermission, uma história curta protagonizada pela ninja Yuffie, que no jogo original aparecia só mais adiante na trama e era uma personagem opcional.

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Crítica – Amonite

 

Análise Crítica – Ammonite

Review – Ammonite
Este Amonite é levemente baseado na história real da paleontóloga Mary Anning. Digo levemente porque não há confirmação histórica do relacionamento entre ela e Charlotte Murchinson ainda que seja amplamente falado que as duas tiveram um relacionamento amoroso.

A trama se passa na Inglaterra do século XIX, Mary (Kate Winslet) é uma prolífica paleontóloga que é subestimada dentro do seu campo de atividade. Um dia ela é visitada por Roderick (James McArdle), que paga Mary por um tour guiado pela praia na qual ela escava fósseis. É aí que ela conhece Charlotte (Saoirse Ronan), esposa de Roderick com quem tem uma relação fria e desprovida de afeto. Roderick parte em uma expedição e deixa Charlotte, que está com problemas de saúde, aos cuidados de Amy. Aos poucos as duas começam a se aproximar e o que era companheirismo vai dando lugar ao romance.

A trama evidencia bem a solidão dessas duas personagens. Ambas mulheres carentes, que se sentem invisíveis, desvalorizadas e isso ajuda a entender a razão da forte conexõe que é construída entre as duas, como se elas se reconhecessem na solidão da outra e reparar isso na outra fosse reparar seus próprios problemas.

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Crítica – O Caso Evandro

 

Análise Crítica – O Caso Evandro

Review – O Caso Evandro
Eu já tinha ouvido falar bastante do podcast Projeto Humanos: O Caso Evandro do jornalista Ivan Mizanzuk sobre o escabroso caso do assassinato de um garoto no interior do Paraná na década de 1990 e a investigação labiríntica e problemática que se seguiu sobre caso. Entretanto nunca parei para ouvi-lo, mesmo interessado na história real que ele contava. Então quando foi anunciado que O Caso Evandro viraria uma série documental na Globoplay com direção de Aly Muritiba, fiquei imediatamente interessado.

A série aborda o caso real do desaparecimento do garoto Evandro Caetano no interior do Paraná da década de 90. O corpo dele foi encontrado mutilado dias depois em um matagal próximo e as suspeitas é que tinham sido usado em um ritual de magia negra. O caso toma atenção da mídia, principalmente quando testemunhas apontam a família do então prefeito como envolvida no caso. Aos poucos, no entanto, surgem provas que a história não é aquilo que imaginávamos.

Estruturalmente a série segue o padrão de documentários de crimes reais que já vimos antes, com entrevistas, imagens de arquivo e reconstituições com atores. Ainda assim, a narrativa envolve pelo ritmo de tensão e suspense que Muritiba imprime nos eventos bem como pela própria natureza surpreendente e pouco usual dos eventos narrados, um daqueles casos em que a realidade se mostra mais bizarra que qualquer ficção.

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Crítica – Sailor Moon Eternal

 

Análise Crítica – Sailor Moon Eternal


Review – Sailor Moon Eternal
Eu assisti todas as temporadas da série clássica de Sailor Moon na época em que passaram no Cartoon Network, então fiquei curioso quando a Netflix anunciou o longa Sailor Moon Eternal, que seria dividido em duas partes. Fiquei um pouco preocupado quando soube que esses dois filmes de oitenta minutos fariam parte do cânone da recente Sailor Moon Crystal, remake da série que era mais fiel ao mangá eliminando os fillers. Especificamente Sailor Moon Eternal contaria o quarto arco da história das guerreiras planetárias, correspondendo à temporada Sailor Moon Super S na série original (que consistia de 39 episódios) e obviamente temi que o resultado fosse ser uma bagunça incompreensível.

Na trama, Chibiusa, uma descendente da protagonista Usagi vinda do futuro, está prestes a voltar para seu tempo de origem, quando o misterioso Dead Moon Circus chega à Terra criando uma onda de energia que a impede de viajar no tempo. Usagi e as demais Sailors decidem investigar o estranho circo, descobrindo que elas servem à misteriosa rainha Nehelenia que veio à Terra roubar o lendário cristal dourado. Ao mesmo tempo, Chibiusa começa a ter visões envolvendo um Pégaso que pode ser a chave para derrotarem esses novos inimigos.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Crítica – Virtua Fighter 5: Ultimate Showdown

 

Análise Crítica – Virtua Fighter 5: Ultimate Showdown

Review – Virtua Fighter 5: Ultimate Showdown
Tive pouco contato com a franquia Virtua Fighter. Lembro brevemente de ter jogado os dois primeiros jogos em fliperama e o péssimo port do primeiro jogo para Mega Drive. Sempre fui mais interessado em jogos de luta 2D como Street Fighter, The King of Fighters ou Mortal Kombat, então nunca fui muito de jogar esses games 3D como Virtua Fighter ou Tekken. No entanto, fiquei curioso para conferir essa tentativa da Sega em reviver sua franquia de luta com este Virtua Fighter 5: Ultimate Showdown, uma espécie de remaster de Virtua Fighter 5: Final Showdown originalmente lançado há quase 12 anos atrás.

Os gráficos e modelos de personagem foram refeitos da Dragon Engine, motor gráfico usado na série Yakuza. Os personagens ganharam mais detalhamento e texturas, aproximando-os da qualidade de um game contemporâneo e toda a interface foi refeita também para melhorar a qualidade visual. Efeitos de luz e saturação de cor foram melhorados e soam mais realistas. Os cenários, por sua vez, receberam melhorias, mas não tem tanta qualidade quanto os modelos dos personagens e mostram um pouco a idade.