segunda-feira, 28 de junho de 2021

Crítica – First Cow: A Primeira Vaca da América

 

Análise Crítica – First Cow: A Primeira Vaca da América

Review – First Cow: A Primeira Vaca da América
De certa forma eu poderia dizer que este First Cow: A Primeira Vaca da América é um western. Pode parecer estranho usar esse gênero para falar de uma história sobre um padeiro que faz doces com leite roubado, mas a narrativa traz muitos elementos típicos do western desde sua ambientação durante a expansão para o oeste dos EUA (embora aqui focado nas áreas mais noroeste ao invés das regiões mais ao sudoeste) a temas como civilização versus barbárie e os mitos fundadores da sociedade do país, em especial a ideia de meritocracia e esforço individual.

A trama é centrada em Cookie (John Magaro), um padeiro de formação que acompanha um grupo de caçadores de pele no norte do Oregon para tentar fazer dinheiro com o comércio de peles durante a expansão ao oeste dos Estados Unidos. Durante a viagem ele conhece o chinês King Liu (Orion Lee) e ambos acabam se tornando amigos. Quando King descobre o talento de Cookie para fazer doces, ele sugere ao amigo que roubem leite da vaca (a primeira e única da região) do chefe do entreposto comercial em que moram para fazerem doces e venderem a preço alto já que ninguém ali seria capaz de vender algo semelhante.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Crítica – Lupin: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – Lupin 2ª Temporada

Review – Lupin 2ª Temporada
A primeira temporada de Lupin acabou com um tenso gancho que me deixou ansioso pelo que viria a seguir. Esta segunda parte cumpre o que promete ao entregar uma tensa disputa entre Assane (Omar Sy) e Pellegrini (Hervé Pierre) que leva a astúcia do protagonista ao limite.

A narrativa começa no ponto em que a primeira parte parou, com Raoul (Etan Simon) sendo sequestrado por um capanga de Pellegrini e Assane tentando localizá-lo. Na empreitada o ladrão acaba contando com a ajuda do policial Guedira (Soufiane Guerrab) que estava seguindo Assane no trem. A partir disso o protagonista entende que se não derrubar Pellegrini de uma vez por todas sua família será sempre alvo do empresário inescrupuloso.

Essa segunda temporada tem um ritmo mais ágil e mais movimentado que o primeiro ano por conta do crescente de tensões entre herói e vilão. A narrativa é competente em estabelecer ambos como oponentes formidáveis, sempre tentando antecipar os passos do adversário para pegá-lo de surpresa. Se a temporada anterior forçava algumas situações em que Assane agia de uma maneira ingênua que era contrária à sua personalidade apenas para dar aos vilões algum momento de vantagem, aqui as situações em que ele se vê acuado pelos inimigos soam mais críveis como os ardis de uma mente que entendeu as vulnerabilidades do protagonista.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Crítica – Em Um Bairro de Nova York

 Análise Crítica – Em Um Bairro de Nova York


Review – Em Um Bairro de Nova York
Fui conhecer o trabalho de Lin-Manuel Miranda como criador de musicais da Broadway no excelente Hamilton, peça que retratava a vida de Alexander Hamilton, primeiro ministro da fazenda dos EUA, como uma espécie de ópera rap protagonizada por elenco todo composto por negros, latinos e asiáticos. Antes de Hamilton, porém, Miranda já tinha feito outros musicais, um deles foi In The Heights, que foi adaptado para os cinemas neste Em Um Bairro de Nova York.

A trama é centrada em Usnavi (Anthony Ramos), um jovem filho de imigrantes dominicanos que tem uma pequena mercearia em Washington Heights na periferia de Nova York. Usnavi sonha em voltar para a República Dominicana, de onde partiu ainda bem pequeno enquanto que seus vizinhos também lidam com os sonhos e as dificuldades do local, especialmente com o aumento da especulação imobiliária que dá início a um processo de gentrificação do bairro.

É um exame afetuoso e enérgico do que significa ser um imigrante latino-americano ou caribenho nos Estados Unidos, celebrando a força e união dessa comunidade ao mesmo tempo em que reconhece as dificuldades experimentadas por um imigrante no país. De um lado há o olhar sobre o sonho de uma vida melhor, a crença de que em um novo país é possível tornar sonhos realidade e, ao mesmo tempo, se manter fiel às suas raízes. De outro há o reconhecimento dos Estados Unidos como um país racista, que trata imigrante como indivíduos de segunda categoria ou de maneira desumana. De uma política e estrutura de poder que existe para manter essas pessoas pobres e marginalizadas.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Crítica – Em Guerra com o Vovô

Análise Crítica – Em Guerra com o Vovô

Review – Em Guerra com o Vovô
Certas decisões têm consequências severas e acabam causando dano às pessoas a nossa volta ou a nós mesmos. De certa forma essa é a moral deste Em Guerra com o Vovô, mas também se aplica à carreira de Robert De Niro, que depois de um divórcio custoso, aparentemente está precisando trabalhar em porcarias como Tirando o Atraso (2016) e esse filme para pagar os boletos no fim do mês. É uma pena, considerando o talento de De Niro, embora ele não seja o único desperdiçado aqui, já que nomes tarimbados Uma Thurman, Cheech Marin e Jane Seymour também participam dessa bomba.

Na trama, Ed (Robert De Niro) é um idoso que mora sozinho depois da morte da esposa. Quando ele machuca o joelho em um supermercado, a filha dele, Sally (Uma Thurman), resolve levar Ed para morar com ela. Com poucos cômodos, Sally coloca Ed no quarto do filho caçula, Peter (Oakes Fegley), mudando Peter para o sótão da casa. Peter não fica feliz com a decisão e decide declarar guerra ao avô, infernizando ele até que ele decida ir embora, mas Ed não está disposto a deixar barato as pegadinhas do neto.

terça-feira, 22 de junho de 2021

Crítica - Selva Trágica

Análise Crítica - Selva Trágica

Review - Selva Trágica
O realismo fantástico é bem comum na literatura latino-americana e o cinema dos países dessa região constantemente bebe nessa fonte. Este Selva Trágica, co-produção entre México, Colômbia e França, se vale de uma estrutura de realismo fantástico para contar um história que dialoga com a mitologia maia.

Na trama, Agnes (Indira Rubie Andrewin) é uma mulher que foge de um casamento arranjado atravessando a fronteira de Belize para o México se embrenhando na selva maia. Enquanto é caçada por homens britânicos, Agnes encontra um grupo de seringueiros fazendo goma a partir da seiva das árvores. Ela se refugia com eles tentando evadir seus perseguidores, mas coisas estranhas começam a acontecer e a jovem demonstra ser mais do que apenas uma mulher indefesa.

A maneira como a diretora Yulene Olaizola filma a selva confere um clima de mistério ao lugar ao mesmo tempo em que dá a ele uma dimensão esplendorosa e presta reverência à imensidão verde do lugar. Ela olha para essas paisagens e eventos sem pressa, com a trama se desenvolvendo em um ritmo bem deliberado, mas provida de uma atmosfera de estranhamento e deslumbre sempre presente. Essa reverência à natureza e a noção de que talvez o homem não deveria interferir tanto nela é reforçada pelas narrações no idioma maia que intercalam algumas cenas. Essas narrações contam a história de Xtabay, uma espécie de espírito da floresta de aparência feminina que atrai os homens e os faz se perderem pela selva.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Rapsódias Revisitadas - O Que Se Move

 

Análise Crítica - O Que Se Move

Review - O Que Se Move
O filme musical é normalmente associado a histórias de romance e a um certo otimismo por conta das inúmeras produções do gênero na Hollywood clássica. Isso não significa que não existam musicais sobre histórias trágicas e dolorosas, Dançando no Escuro (2000), Lars Von Trier, é um bom exemplo disso, mas há poucos nessa seara. Este O Que Se Move, dirigido por Caetano Gotardo, de certa forma se encaixa nesse uso do formato musical para contar histórias de dor e perda.

Ele se divide em três histórias de mães que perderam seus filhos em circunstâncias bastante dolorosas. Na primeira história há um suicídio, na segunda um bebê é esquecido no carro e na terceira uma mãe reencontra o filho que tinha perdido há dezessete anos. São tramas marcadas por dores e afetos intensos movendo essas personagens e os números musicais ajudam a pontuar os sentimentos que atravessam esses indivíduos.

sexta-feira, 18 de junho de 2021

Crítica – DBZ Kakarot: Trunks o Guerreiro da Esperança

 Análise Crítica – DBZ Kakarot: Trunks o Guerreiro da Esperança


Review – DBZ Kakarot: Trunks o Guerreiro da Esperança
Depois de mais de um ano e meio de lançado Dragon Ball Z Kakarot finalmente entrega o último DLC de seu passe de temporada. Seria possível pensar que o atraso foi por conta da pandemia e, em certo grau, talvez tenha sido, mas é importante lembrar que entre além das duas expansões planejadas o jogo também inseriu um inexplicável multiplayer online na forma de um card game que ninguém pediu nem precisava. Deslocar recursos para esse modo provavelmente ajudou no atraso deste Trunks: O Guerreiro da Esperança que, como tinha sido dito, oferece um conteúdo maior do que os dois episódios anteriores.

As duas primeiras expansões iam além de DBZ e traziam histórias de Dragon Ball Super, adaptando os dois primeiros arcos. Imaginei que a última expansão seguiria essa tendência adaptando o arco de Zamasu e o Trunks do futuro, mas o que estava reservado era a história de outro Trunks do futuro. A nova expansão nos coloca de volta nas tramas de Dragon Ball Z contando sobre o futuro em que os Androides 17 e 18 destruíram o mundo e Trunks foi o último guerreiro Z que restou. A trama então acompanha os esforços de Trunks em sobreviver e lidar com a ameaça e surpreende ao contar a história deste Trunks para além da derrota de Cell.

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Crítica - Awake

 

Análise Crítica - Awake

Resenha Crítica - Awake
A despeito do título e da temática sobre pessoas despertas, Awake é um filme extremamente sonolento. É um daqueles casos em que alguém pensou uma premissa curiosa sem a menor ideia de como desenvolvê-la em algo interessante achando que essa premissa sozinha seria capaz de carregar o filme. Não é.

Na trama, Um evento eletromagnético queima todos os aparelhos eletrônicos e deixa as pessoas incapazes de dormirem. Isso tem consequências apocalípticas, já que o corpo humano não consegue sobreviver durante muitos dias sem sono. A ex-militar Jill (Gina Rodriguez) tenta manter a família em segurança, principalmente a filha Matilda (Ariana Greenblatt), que parece ser uma das poucas pessoas capazes de dormir. O caos que toma a humanidade, no entanto, torna isso mais difícil.

A narrativa estabelece algumas regras sobre como as pessoas se comportariam depois de um período prolongado sem dormir, mas nunca explica como a família principal consegue se manter minimamente lúcida mesmo depois de dias se passarem e praticamente todas as outras pessoas que encontram se tornaram irracionais e violentas. A impressão é que isso acontece por pura necessidade de roteiro, já que se eles também sucumbissem rápido à irracionalidade, o filme não duraria tanto.

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Crítica – Sweet Tooth

Análise Crítica – Sweet Tooth


Review – Sweet Tooth
Eu já tinha ouvido falar dos quadrinhos de Sweet Tooth, de Jeff Lemire, que falava sobre um garoto metade humano e metade cervo em um mundo devastado por uma epidemia viral. Nunca li os quadrinhos, mas fiquei curioso para conferir a série de mesmo nome da Netflix baseada nos quadrinhos de Lemire.

A trama segue Gus (Christian Convery), um garoto metade humano e metade cervo que vive isolado com o pai, Richard (Will Forte), em uma cabana da floresta depois que um vírus dizimou os humanos. Ao mesmo tempo em que o vírus surgiu, híbridos entre humanos e animais começaram a nascer, fazendo muitas pessoas acharem que os híbridos foram os responsáveis pelo vírus. Depois da morte do pai, Gus decide cruzar o país em busca da mãe e para isso consegue a ajuda de Jepp (Nonso Anozie) que o protege dos perigos desse mundo hostil e de pessoas como o general Abbot (Neil Sandilands, fazendo seu melhor cosplay de Dr. Robotnik) que capturam híbridos para usá-los como cobaias para uma possível cura do vírus.

terça-feira, 15 de junho de 2021

Crítica – Final Fantasy VII Remake: Intermission

 

Análise Crítica – Final Fantasy VII Remake: Intermission

Review – Final Fantasy VII Remake: Intermission
Havia uma imensa expectativa em Final Fantasy VII Remake. Era um jogo esperado há muitos anos, que sofreu atrasos na produção, com uma escolha polêmica (ainda que relativamente compreensível para manter toda a trama do original) de dividir em episódios (embora a falta de clareza em termos de quantos serão é preocupante), além mudanças no gameplay e outros elementos davam motivos para se preocupar. Felizmente o jogo não era apenas um excelente remake, mas um excelente game por si só, que redefinia todo o universo construído e aprofundava os personagens, justificando a divisão em episódios, ainda que o final vire uma bagunça desnecessária.

Pois quase um ano depois o jogo ganha uma versão para as novas gerações em Final Fantasy VII Remake Intergrade que traz melhorias gráficas, como iluminação dinâmica, efeitos de névoa e partícula melhorados e tempos de carregamento mais rápido. Além disso, traz uma expansão que é exclusiva para a nova geração em Final Fantasy VII Remake: Intermission, uma história curta protagonizada pela ninja Yuffie, que no jogo original aparecia só mais adiante na trama e era uma personagem opcional.