Fui conhecer o trabalho de Lin-Manuel
Miranda como criador de musicais da Broadway no excelente Hamilton, peça que retratava a vida de Alexander Hamilton, primeiro
ministro da fazenda dos EUA, como uma espécie de ópera rap protagonizada por
elenco todo composto por negros, latinos e asiáticos. Antes de Hamilton, porém, Miranda já tinha feito
outros musicais, um deles foi In The
Heights, que foi adaptado para os cinemas neste Em Um Bairro de Nova York.
A trama é centrada em Usnavi
(Anthony Ramos), um jovem filho de imigrantes dominicanos que tem uma pequena
mercearia em Washington Heights na periferia de Nova York. Usnavi sonha em
voltar para a República Dominicana, de onde partiu ainda bem pequeno enquanto
que seus vizinhos também lidam com os sonhos e as dificuldades do local,
especialmente com o aumento da especulação imobiliária que dá início a um
processo de gentrificação do bairro.
É um exame afetuoso e enérgico do
que significa ser um imigrante latino-americano ou caribenho nos Estados
Unidos, celebrando a força e união dessa comunidade ao mesmo tempo em que
reconhece as dificuldades experimentadas por um imigrante no país. De um lado
há o olhar sobre o sonho de uma vida melhor, a crença de que em um novo país é
possível tornar sonhos realidade e, ao mesmo tempo, se manter fiel às suas
raízes. De outro há o reconhecimento dos Estados Unidos como um país racista,
que trata imigrante como indivíduos de segunda categoria ou de maneira
desumana. De uma política e estrutura de poder que existe para manter essas
pessoas pobres e marginalizadas.