quarta-feira, 7 de julho de 2021

Drops – America: The Motion Picture

 

Análise Crítica – America: The Motion Picture

Review – America: The Motion Picture
Já imaginaram se a história da guerra de independência dos Estados Unidos fosse contada como um filme de ação explosivo ao estilo das produções dirigidas por Michael Bay ou da franquia Velozes e Furiosos? É exatamente isso que faz este America: The Motion Picture uma sátira histórica que lembra um pouco a série Drunk History.

A trama acompanha George Washington (voz de Channing Tatum) em sua cruzada para libertar os EUA da tirania do Rei Jaime (Simon Pegg) da Inglaterra. Ele é acompanhado por um Samuel Adams (Jason Mantzoukas) amante de cerveja e pela inventora Thomas Edison (Olivia Munn), além de outros companheiros ao longo da viagem.

O design da animação é bem criativo ao tentar mesclar elementos históricos da guerra revolucionária estadunidense com outros mais contemporâneos, como o fato de Washington portar motosserras ou que as corridas de cavalos aconteçam a noite com animais pintados de neon e mulheres de biquíni ao estilo dos rachas de Velozes e Furiosos. O traidor Benedict Arnold (Andy Samberg) usa uma roupa que é metade azul (cor dos revolucionários) e metade vermelha (cor dos britânicos) para representar a duplicidade de seu comportamento.

terça-feira, 6 de julho de 2021

Crítica – A Guerra do Amanhã

 Análise Crítica – A Guerra do Amanhã


Review – A Guerra do Amanhã
Este A Guerra do Amanhã é um daqueles filmes que até poderia render um blockbuster de ação divertido se não levasse tão a sério sua premissa aloprada e trama recheada de clichês. Do jeito que está, no entanto, é uma bagunça quase incoerente que nunca consegue ir além dos vários lugares-comuns que reúne em suas desnecessárias duas horas e vinte de duração.

A trama se passa no final do ano de 2022 quando uma tropa de soldados do futuro avisa a humanidade que em 30 anos uma invasão alienígena praticamente dizimará a nossa espécie e eles voltaram ao passado para recrutar pessoas do nosso tempo para lutarem na guerra. Quase um ano depois, o número de mortos do presente é enorme e ainda não há sinal de que a guerra do futuro seja vencida. Sem mais militares para enviarem, os governos começam a convocar civis e Dan (Chris Pratt), um ex-militar e professor de biologia, é um dos selecionados para irem para o futuro lutar contra a espécie invasora chamada de “garras brancas”.

Já de início a trama não parece fazer muito sentido. Se eles podem voltar ao passado, porque não tentar dar informações para evitar a guerra? Aproveitar a quantidade maior de recursos do passado para pesquisar mais sobre as criaturas invasoras, desenvolver melhores armas ou outras coisas parece uma estratégia mais eficiente do que chamar pessoas para morrerem no futuro. Tudo bem que a comandante (Yvonne Strahovski) eventualmente revela querer ajudar o passado ao invés de salvar o futuro, mas porque não revelar isso para as pessoas do passado logo de início? Talvez a solução viesse mais cedo para o futuro, inclusive.

segunda-feira, 5 de julho de 2021

Crítica – Meu Amigo Bussunda

 Análise Crítica – Meu Amigo Bussunda

Eu lembro bem do impacto que foi saber do falecimento do humorista Bussunda em 2006. Ele estava na Alemanha com outros membros da trupe do Casseta & Planeta cobrindo a Copa do Mundo e morreu por conta de um infarto. Foi um choque, o grupo estava no auge e Bussunda era o principal rosto da equipe de comediantes. A impressão é que depois da morte do humorista o grupo e a comédia que eles produziam nunca mais foi o mesmo. Dirigida por Claudio Manoel, parceiro de Bussunda no Casseta & Planeta, série documental Meu Amigo Bussunda é uma afetuosa homenagem ao humorista ao mesmo tempo em que reconta a trajetória dele.

Dividida em quatro episódios, a minissérie vai desde a juventude de Claudio Besserman, nome real de Bussunda, até os últimos momentos dele na Alemanha. Estruturalmente não sai muito do traçado dos documentários biográficos brasileiros com entrevistas e imagens de arquivo, mas exibe uma pesquisa ampla tanto na quantidade de entrevistados quando no acervo de arquivo que usa para ilustrar a vida do biografado. Também recorre a uma narração irreverente e breves momentos animados ou com bricolagens de imagens como fez Mussum: Um Filme do Cacildis (2018).

sexta-feira, 2 de julho de 2021

Rapsódias Revisitadas – Justiça

 

Análise Crítica – Justiça

Review – Justiça
Lançado em 2004, o documentário Justiça tenta fazer um retrato amplo do sistema de justiça criminal brasileiro acompanhando o cotidiano de acusados, juízes, defensores públicos e suas respectivas famílias. Todo filmado com um viés de documentário observativo, a câmera da diretora Maria Augusta Ramos funciona como uma proverbial “mosca na parede”, observando a situação, sem, no entanto, interagir com os sujeitos filmados ou fazer sua presença ser vista ou ouvida ao longo do filme. Dessa postura também decorrem poucas intervenções de pós-produção, sem música extra-diegética, sem narrações e visualmente a única intervenção são algumas cartelas de texto com o nome dos personagens principais.

É um estilo derivado do movimento do cinema direto estadunidense da década de 1960 encabeçado por realizadores como os irmãos Maysles ou D.A Pennebeker em filmes como Bob Dylan: Don’t Look Back (1967) ou Caixeiro Viajante (1969). A ideia por trás desse modo de fazer documentários buscava intervir o mínimo possível na realidade filmada, mostrando esses trechos do mundo real tal qual aconteceram, nos fazendo ver a vida das pessoas no momento em que elas a vivem.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Lixo Extraordinário – Meninas Malvadas 2

 

Análise Crítica – Meninas Malvadas 2

Review – Meninas Malvadas 2
Lançado em 2004, Meninas Malvadas foi praticamente um clássico instantâneo subvertendo os clichês de comédias adolescentes ao criticar as divisões em panelinhas e o modo como essas tramas só servem para alimentar a noção problemática de rivalidade feminina e que mulheres não conseguem ser amigas. Sete anos depois foi feita uma continuação sem ninguém da equipe criativa do original ou do elenco (apenas Tim Meadows retornou como o diretor da escola) e o resultado é algo digno desta coluna sobre o que há de pior no cinema.

A narrativa é protagonizada por Jo (Meaghan Martin), uma garota que constantemente muda de escola por conta do pai ser um mecânico da NASCAR. Chegando em sua nova escola, na qual terminará o ensino médio, ela pretende não chamar atenção para si enquanto espera para entrar na faculdade. O problema é que Jo acaba se aproximando Abby (Jennifer Stone), uma garota que é alvo constante do grupo de garotas populares da escola lideradas por Mandi (Maiara Walsh). Assim, Jo acaba se unindo a Abby para derrubar as meninas malvadas da escola.

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Crítica – Luca

 

Análise Crítica – Luca

Review – Luca
Quando escrevi sobre Soul (2020) mencionei a tradição da Pixar de pegar temas complexos e trazer discussões profundas sobre eles sem abrir mão da acessibilidade para um público amplo, inclusive para um público infantil. Falei também que, no caso de Soul, a discussão sobre vida, encontrar um propósito e aproveitar o tempo que temos era diluída pelo meio do filme que abandonava boa parte de seus temas para investir no humor do protagonista transformado em gato. Pois algo similar acontece neste Luca, que até tem metáforas bem construídas para falar sobre preconceito e autoaceitação, mas se perde em um miolo entediante.

A trama acompanha Luca, uma jovem criatura marinha que tem curiosidade em saber como é a vida na superfície. Um dia ele acidentalmente sai da água e descobre que assume uma forma humana quando não está molhado e decide explorar o mundo humano ao lado de Alberto, também um garoto monstro marinho que deseja se aventurar no mundo humano. O problema é que os humanos odeiam as criaturas marinhas, então eles precisam ter muito cuidado para não serem descobertos.

terça-feira, 29 de junho de 2021

Crítica – À Segunda Vista

 Análise Crítica – À Segunda Vista


Review – À Segunda Vista
Eu perdi a conta de quantas vezes vi e dei risada com o esquete Lying Brian da comediante Iliza Shlesinger. Em seu stand up, Iliza tinha um momento em que narrava a história de ter conhecido um homem chamado Brian durante um voo e acabou ficando amiga dele, uma amizade que se tornou namoro até que ela descobriu que tudo a respeito da vida dele, o fato de cuidar da mãe doente de câncer, de ser formado em uma universidade de prestígio ou trabalhar com fundos de investimento, tudo era uma completa fabricação. A história em si já é absurda o bastante por si só e a maneira como Iliza a contava tornava tudo ainda mais engraçado, então fiquei curioso quando soube que ela adaptaria isso em um filme neste À Segunda Vista.

Na trama, Andrea (Iliza Shlesinger) é uma comediante que sente que a carreira está estagnando. Um dia ela conhece Dennis (Ryan Hansen) em um voo e apesar dele não ser exatamente um sujeito atraente e ser um pouco esquisito, Andrea se aproxima dele por conta do jeito gentil e sincero do rapaz, eventualmente se apaixonando por ele. O problema é que as histórias que Dennis conta sobre si nunca soam convincentes e aos poucos Andrea e a melhor amiga Margot (Margaret Cho) começam a desconfiar que talvez haja algo errado com Dennis.

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Crítica – First Cow: A Primeira Vaca da América

 

Análise Crítica – First Cow: A Primeira Vaca da América

Review – First Cow: A Primeira Vaca da América
De certa forma eu poderia dizer que este First Cow: A Primeira Vaca da América é um western. Pode parecer estranho usar esse gênero para falar de uma história sobre um padeiro que faz doces com leite roubado, mas a narrativa traz muitos elementos típicos do western desde sua ambientação durante a expansão para o oeste dos EUA (embora aqui focado nas áreas mais noroeste ao invés das regiões mais ao sudoeste) a temas como civilização versus barbárie e os mitos fundadores da sociedade do país, em especial a ideia de meritocracia e esforço individual.

A trama é centrada em Cookie (John Magaro), um padeiro de formação que acompanha um grupo de caçadores de pele no norte do Oregon para tentar fazer dinheiro com o comércio de peles durante a expansão ao oeste dos Estados Unidos. Durante a viagem ele conhece o chinês King Liu (Orion Lee) e ambos acabam se tornando amigos. Quando King descobre o talento de Cookie para fazer doces, ele sugere ao amigo que roubem leite da vaca (a primeira e única da região) do chefe do entreposto comercial em que moram para fazerem doces e venderem a preço alto já que ninguém ali seria capaz de vender algo semelhante.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Crítica – Lupin: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – Lupin 2ª Temporada

Review – Lupin 2ª Temporada
A primeira temporada de Lupin acabou com um tenso gancho que me deixou ansioso pelo que viria a seguir. Esta segunda parte cumpre o que promete ao entregar uma tensa disputa entre Assane (Omar Sy) e Pellegrini (Hervé Pierre) que leva a astúcia do protagonista ao limite.

A narrativa começa no ponto em que a primeira parte parou, com Raoul (Etan Simon) sendo sequestrado por um capanga de Pellegrini e Assane tentando localizá-lo. Na empreitada o ladrão acaba contando com a ajuda do policial Guedira (Soufiane Guerrab) que estava seguindo Assane no trem. A partir disso o protagonista entende que se não derrubar Pellegrini de uma vez por todas sua família será sempre alvo do empresário inescrupuloso.

Essa segunda temporada tem um ritmo mais ágil e mais movimentado que o primeiro ano por conta do crescente de tensões entre herói e vilão. A narrativa é competente em estabelecer ambos como oponentes formidáveis, sempre tentando antecipar os passos do adversário para pegá-lo de surpresa. Se a temporada anterior forçava algumas situações em que Assane agia de uma maneira ingênua que era contrária à sua personalidade apenas para dar aos vilões algum momento de vantagem, aqui as situações em que ele se vê acuado pelos inimigos soam mais críveis como os ardis de uma mente que entendeu as vulnerabilidades do protagonista.

quinta-feira, 24 de junho de 2021

Crítica – Em Um Bairro de Nova York

 Análise Crítica – Em Um Bairro de Nova York


Review – Em Um Bairro de Nova York
Fui conhecer o trabalho de Lin-Manuel Miranda como criador de musicais da Broadway no excelente Hamilton, peça que retratava a vida de Alexander Hamilton, primeiro ministro da fazenda dos EUA, como uma espécie de ópera rap protagonizada por elenco todo composto por negros, latinos e asiáticos. Antes de Hamilton, porém, Miranda já tinha feito outros musicais, um deles foi In The Heights, que foi adaptado para os cinemas neste Em Um Bairro de Nova York.

A trama é centrada em Usnavi (Anthony Ramos), um jovem filho de imigrantes dominicanos que tem uma pequena mercearia em Washington Heights na periferia de Nova York. Usnavi sonha em voltar para a República Dominicana, de onde partiu ainda bem pequeno enquanto que seus vizinhos também lidam com os sonhos e as dificuldades do local, especialmente com o aumento da especulação imobiliária que dá início a um processo de gentrificação do bairro.

É um exame afetuoso e enérgico do que significa ser um imigrante latino-americano ou caribenho nos Estados Unidos, celebrando a força e união dessa comunidade ao mesmo tempo em que reconhece as dificuldades experimentadas por um imigrante no país. De um lado há o olhar sobre o sonho de uma vida melhor, a crença de que em um novo país é possível tornar sonhos realidade e, ao mesmo tempo, se manter fiel às suas raízes. De outro há o reconhecimento dos Estados Unidos como um país racista, que trata imigrante como indivíduos de segunda categoria ou de maneira desumana. De uma política e estrutura de poder que existe para manter essas pessoas pobres e marginalizadas.