quarta-feira, 28 de julho de 2021

Crítica – Mestres do Universo: Salvando Etérnia

 

Análise Crítica – Mestres do Universo: Salvando Etérnia

Review – Mestres do Universo: Salvando Etérnia
É surpreendente o quanto esta primeira temporada de Mestres do Universo: Salvando Etérnia funciona bem. Considerando que a animação original do He-Man foi criada apenas para divulgar e dar visibilidade a uma linha de bonecos, ver que isso chegou até aqui capaz de gerar uma narrativa com personagens tão bem construídos e um universo tão coeso é um feito admirável. Aqui o mérito provavelmente cai sobre os ombros do produtor e roteirista Kevin Smith, que sempre demonstrou afeto por esse universo e aqui constrói uma trama que nunca se resume a mero fanservice ou um apelo raso à nostalgia, preferindo ir além do que produções anteriores estabeleceram sobre este mundo.

Na trama o Esqueleto lança um ataque derradeiro ao Castelo de Grayskull para obter o poder mágico em seu núcleo. Durante a batalha o núcleo é destruído, junto com a Espada do Poder que permitia o príncipe Adam se transformar em He-Man, praticamente acabando com a magia de Etérnia. Agora os heróis e vilões que sobreviveram precisam se unir para restaurar a Espada do Poder e trazer a magia de volta antes que o planeta definhe por completo.

terça-feira, 27 de julho de 2021

Crítica – O Homem Água

Análise Crítica – O Homem Água

Review – O Homem Água
Estreia do ator David Oyelowo como diretor, este O Homem Água remete a aventuras juvenis oitentistas como Conta Comigo (1986) ou Os Goonies (1985) acompanhando jovens protagonistas em uma jornada em que aprenderão sobre as agruras da vida e sairão amadurecidos. Não reinventa a roda, mas é sincero o bastante para funcionar.

A trama é protagonizada pelo jovem Gunner (Lonnie Chavis), um garoto criativo e cheio de imaginação, mas que tem uma relação difícil com o pai, Amos (David Oyelowo). Quando a mãe de Gunner, Mary (Rosario Dawson), descobre que tem câncer e começa a piorar por conta da doença, o garoto se recusa a aceitar que pode perder a mãe. Gunner então lembra da lenda local do Homem Água, um espírito que mora na floresta e seria capaz de trazer os mortos de volta. Assim, acompanhado de Jo (Amiah Miller), uma garota que supostamente viu a criatura, Gunner vai tentar achar um meio de impedir a morte da mãe.

É relativamente previsível, com as principais reviravoltas sendo facílimas de antecipar (é óbvio que Jo estava mentindo sobre a origem de sua cicatriz no pescoço, é evidente que o elemento sobrenatural não é exatamente real, etc) para qualquer um familiar com esse tipo de filme. Apesar disso, há sentimento e personalidade para conseguir nos manter interessados na jornada de Gunner.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Crítica – Os Pequenos Vestígios

 

Análise Crítica – Os Pequenos Vestígios

Review – Os Pequenos Vestígios
É curioso que o título e a fala do protagonista deste Os Pequenos Vestígios falem sobre a importância de prestar atenção nos pequenos detalhes já que a trama e o desenvolvimento dos personagens é apoiada nos maiores lugares comuns de narrativas policiais com pouco detalhamento ou nuance para as situações ou indivíduos. Mesmo quando tenta virar do avesso alguns elementos típicos do gênero próximo ao final, nada funciona como deveria.

A trama se passa em 1990, Deacon (Denzel Washington) é um policial que foi transferido para o interior da Califórnia depois que uma investigação deu errado. Ele volta a Los Angeles para realizar uma burocrática coleta de provas, mas acaba conhecendo o jovem e obstinado detetive Jimmy (Rami Malek) que está caçando um serial killer e se envolve na investigação dele. A busca leva a dupla ao estranho Albert Sparma (Jared Leto), que pode ser o culpado.

É a clássica estrutura de um veterano cínico e calejado com um parceiro mais jovem e idealista que já foi tão explorado nesse tipo de narrativa e o diretor e roteirista John Lee Hancock não consegue fazer nada de interessante com esses dois personagens além de seguir os clichês dos arquétipos aos quais eles estão conectados. Há uma tentativa de fazer uma releitura do movimento noir da década de 1940, com um universo de violência e desencanto, no entanto, durante boa parte do filme Hancock faz pouco além de reproduzir elementos de outrora ao mesmo tempo que conduz tudo como se reinventasse a roda, ignorando que produtos como Los Angeles: Cidade Proibida (1997) ou Cidade dos Sonhos (2001) já tinham feito releituras do noir bem mais interessantes décadas atrás.

sábado, 24 de julho de 2021

Rapsódias Revisitadas – Castlevania: Symphony of the Night

 

Análise – Castlevania: Symphony of the Night

Review – Castlevania: Symphony of the Night
Quando eu joguei Castlevania: Symphony of the Night pela primeira vez no Playstation original eu não tinha muito vínculo com a franquia de vampiros da Konami. Eu tinha jogado brevemente Castlevania: Dracula X para Super Nintendo e Castlevania 64 para Nintendo 64 e isso era todo contato que eu tinha até então. Fui atraído por SotN por conta da estrutura mais aberta e pelas mecânicas de RPG que permitiam subir de nível, adquirir equipamentos, magias e adicionavam um componente estratégico à ação. O resultado é uma excelente aventura 2D que me fez ser fã de Castlevania. Desde então já perdi as contas de quantas vezes joguei ele do início ao fim e já o comprei de novo em pelo menos outros dois consoles, a versão emulada disponível no Playstation 3 pela linha PSClassics e a recente coleção Castlevania Requiem que saiu para Playstation 4 contendo Castlevania Rondo of Blood e Symphony of the Night.

A trama funciona como uma continuação de Rondo of Blood. O caçador de vampiros Richter Belmont desaparece depois de derrotar Drácula, mas algum tempo depois o castelo do vampiro reaparece e Alucard, filho de Drácula, vai ao local para investigar e deter as criaturas da noite que emanam no local. Lá ele encontra outras criaturas que trabalham com o pai, bem como uma inesperada aliada em Maria Renard, que tinha cruzado o caminho de Richter durante os eventos de Rondo of Blood.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Crítica – Resident Evil: No Escuro Absoluto

 

Análise Crítica – Resident Evil: No Escuro Absoluto

Review – Resident Evil: No Escuro Absoluto
Apesar de longeva no universo dos games, a franquia Resident Evil não teve lá muita sorte em termos de adaptações audiovisuais. Sejam nos malfadados filmes dirigidos pelo Paul W.S Anderson, sejam nos longas animados que não conseguiam equilibrar o misto de seriedade e galhofa que os melhores jogos fazem tão bem. Esta série animada Resident Evil: No Escuro Absoluto se sai melhor nesses aspectos.

Na trama, Leon Kennedy é um agente federal que tenta desvendar um surto de zumbis na Casa Branca e como isso pode estar conectado nas operações militares do pequeno pais Panamistão anos atrás. Ao mesmo tempo, Claire Redfield está trabalhando em uma ONG que tenta reconstruir o Panamistão depois da guerra e esbarra com a possível ocultação do uso de armas biológicas durante o conflito armado na região.

A trama acerta no clima de conspiração constante, como se os personagens fossem enredados num esquema tão grande que talvez não consigam fazer sentido de tudo que está havendo ao redor deles. Eventualmente toda a trama conspiratória acaba soando mais rocambolesca que necessário, mas isso faz parte da natureza de filme B da franquia Resident Evil, na qual tudo precisa ser grandiloquente e exagerado. Aqui, no entanto, essa estrutura de uma conspiração mega mirabolante nunca se coloca no caminho da construção da tensão ou do suspense.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Crítica – Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio

 

Análise Crítica – Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio

Review – Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio
Os dois primeiros Invocação do Mal acertavam na construção de uma atmosfera de tensão e no senso de coesão espacial das casas em que ocorriam os fenômenos sobrenaturais investigados pelos protagonistas. Este Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio tenta levar a franquia adiante sem o diretor James Wan, mas o resultado é algo que sequer consegue criar qualquer clima de temor.

Na trama, o casal Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) está prestes a realizar um exorcismo em uma criança. O ritual é bem sucedido, mas ninguém percebe que a entidade deixou o corpo do garoto para possuir o jovem Arne (Ruari O’Connor), namorado da irmã do menino. Ed é o único a notar esse acontecimento, mas é acometido por um infarto e não consegue avisar ninguém até acordar dias depois num hospital, até aí é tarde demais, já que um Arne possuído começou a matar pessoas e agora os Warren precisam provar a possessão para evitar que Arne seja condenado à morte.

terça-feira, 20 de julho de 2021

Crítica – Let Them All Talk

 

Análise Crítica – Let Them All Talk

Review – Let Them All Talk
Desde que retornou da autoimposta “aposentadoria” o diretor Steven Soderbergh tem se interessado em projetos que de algum modo apresentem algum tipo de desafio logístico ele. Seja em tentar distribuir por conta própria como em Logan Lucky (2017), seja o esforço de uma série interativa não linear em Mosaic (2018), o desafio de filmar com celulares em Distúrbio (2018) ou em High Flying Bird (2019) ou de realizar toda a filmagem de um longa-metragem no tempo de uma viagem de navio entre Estados Unidos e Inglaterra como acontece neste Let Them All Talk, produção original da HBO Max.

A trama é protagonizada pela escritora Alice (Meryl Streep). Obsessiva e perfeccionista com o seu trabalho, ela está enfrentando problemas na escrita de seu livro mais recente. Com uma nova editora, Karen (Gemma Chan), que insiste em checar o progresso dela, Alice aceita a sugestão de viajar de navio para receber um prêmio na Inglaterra. Na viagem ela é acompanhada pelo sobrinho Tyler (Lucas Hedges) e pelas amigas Susan (Dianne Wiest) e Roberta (Candice Bergen), com quem Alice parece ter uma relação conflituosa por conta de problemas no passado.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Crítica – Eu Nunca..: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – Eu Nunca..: 2ª Temporada

Review – Eu Nunca..: 2ª Temporada
A primeira temporada de Eu Nunca... foi uma grata surpresa. Apesar de não sair do tipo de histórias que normalmente encontramos em comédias adolescentes, a trama envolvia pela complexidade de suas personagens, que evitavam os clichês do gênero, e o modo como conseguia observar a conduta de sua protagonista sem romantizá-la ou reduzi-la a uma mocinha sofrida.

Esse segundo ano começa no ponto em que o anterior acabou, com Devi (Maitreyi Ramakrishnan) beijando Ben (Jaren Lewison) depois de jogar as cinzas do pai no mar. Agora, tendo conquistado tanto Ben quanto o garoto popular Paxton (Darren Barnet), Devi precisa tomar uma decisão quanto a quem quer ficar, mas a personalidade impetuosa da garota a faz tentar ficar com os dois ao mesmo tempo, o que, obviamente, tem tudo para dar errado.

Mais uma vez é o tipo de trama que é extremamente comum em histórias sobre adolescentes colegiais nos Estados Unidos, mas tudo é conduzido com uma personalidade tão singular e com uma riqueza no desenvolvimento dessas personagens que é difícil resistir a eles. Há um senso palpável de consequência para as ações de Devi, que causam problemas para ela mesma e as pessoas ao seu redor.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Crítica – CrossCode

 Análise Crítica – CrossCode


Review – CrossCode
O que primeiro chamou minha atenção para este CrossCode foi o visual, com uma bela pixel art que remetia a RPGs de 16 bits como Phantasy Star, além de uma jogabilidade que misturava exploração, resolução de quebra-cabeças e combate em tempo real, algo mais próximo dos antigos exemplares da franquia Zelda. Tendo jogado ele, devo dizer que o visual realmente encanta, mas muitas ideias de gameplay não se desenvolvem tão bem quanto deveriam.

A trama se passa em um MMO futurístico e o jogador controla Lea, uma jogadora que perdeu a memória e ficou com a mente presa em seu avatar do jogo depois que algo misterioso aconteceu com ela. Lea agora precisa completar a campanha do jogo para tentar recuperar as memórias. De início parece o clichê do protagonista desmemoriado, mas me surpreendi com a construção eficiente do drama e do mistério. A protagonista realmente sofre com a perda de sua identidade e o temor de que talvez esteja presa dentro desse universo.

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Crítica – Loki

 Análise Crítica – Loki


Resenha Crítica – Loki
Se WandaVision serviu para abrir mais as portas para as possíveis loucuras do lado mágico da Marvel e o multiverso que vinha com ele, a série Loki escancara ainda mais o interesse da Marvel em explorar a ideia de multiverso e ter sido como o arco compartilhado para os próximos filmes e série.

A trama começa referenciando alguns eventos de Vingadores: Ultimato (2018) quando Loki (Tom Hiddleston) escapa dos Vingadores usando o Cubo Cósmico. Isso representa um desvio da linha do tempo principal, que previa Loki sendo preso em Asgard, então a Agência de Variância Temporal, ou AVT, vai atrás de Loki para “podá-lo” da linha temporal e a ramificação que sua fuga representa. Ao invés disso, Loki acaba sendo recrutado pelo agente Mobius (Owen Wilson) para ajudar na caçada de outra variante que está causando caos na linha do tempo.

Chama atenção o design dos escritórios da AVT que parece uma espécie de escritório burocrático dos anos 50 com tons futuristas, dando a impressão de algo familiar, mas com uma camada de estranhamento. A ideia da AVT encarar toda a bizarrice de seu trabalho cotidiano como um mera função burocrática, a exemplo das gavetas cheias de joias do infinito, é também reforçado nas condutas daqueles que trabalham ali como Mobius. O agente temporal e Loki formam uma sincera dinâmica cômica com os modos secos do fleuma burocrático de Mobius contrastando com a personalidade ególatra e grandiloquente de Loki.