terça-feira, 24 de agosto de 2021

Crítica – Space Jam: Um Novo Legado

 

Análise Crítica – Space Jam: Um Novo Legado

Review – Space Jam: Um Novo Legado
Vamos ser sinceros, Space Jam: O Jogo do Século (1996) não era exatamente nenhum primor. Era um produto feito para capitalizar em cima da popularidade do astro do basquete Michael Jordan e a ideia inicial vinha de um comercial que o atleta tinha feito com o Pernalonga. Ainda assim, o filme sabia utilizar o carisma e popularidade do astro, bem como o humor anárquico dos Looney Tunes, para criar uma aventura divertida. O mesmo não pode ser dito deste Space Jam: Um Novo Legado, que parece não ter entendido o que fez o original funcionar tão bem e se perde em uma publicidade corporativa cínica.

A trama é protagonizada pelo jogador de basquete LeBron James (interpretando a si mesmo). Quando LeBron e o filho Dom (Cedric Joe) são sugados para dentro do servidor da Warner Bros, LeBron é desafiado para um jogo de basquete pelo maligno Al G. Ritmo (Don Cheadle), o algoritmo que gerencia todo o universo Warner. Se LeBron perder, ele viverá para sempre nos servidores e Al poderá usá-lo como bem entender. Para ganhar, LeBron precisará da ajuda de Pernalonga para formar um time, mas Al consegue colocar o filho de LeBron contra ele, complicando as coisas.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Crítica – Homem Onça

 

Análise Crítica – Homem Onça

Review – Homem Onça
É curioso como as privatizações de empresas estatais são um assunto circular no Brasil. Sempre que chegamos a um momento econômico de estagnação ou não muito favorável que sempre voltamos à conversa de que é preciso enxugar o Estado para sermos mais competitivos, mas, na prática, vemos poucos benefícios. Basta ver todas as medidas de austeridade e venda desde o governo Temer e como nenhuma delas sequer chegou perto de cumprir o prometido de ampliar empregos ou a renda do trabalhador.

Nesse sentido, Homem Onça olha para o passado para falar do presente, mas faz isso sem precisar a recorrer a metáforas óbvias uma exposição artificial de como as coisas estão iguais. Ele faz isso simplesmente pela nossa capacidade de reconhecermos as similaridades entre os eventos que o filme retrata e aquilo que vemos nos dias atuais.

A narrativa se passa em 1997 e o diretor Vinícius Reis se baseou na experiência que viu o pai passar durante a privatização da Vale. O protagonista é Pedro (Chico Diaz) que trabalha na estatal fictícia Gasbras com projetos ligados a sustentabilidade. Como a empresa está passando por um processo de privatização, Pedro é cada vez mais pressionado a reduzir sua equipe e lida com ameaças constantes de demissão apesar de seus projetos serem reconhecidos e premiados internacionalmente. Para lidar com a pressão, ele resolve voltar a sua cidade natal para espairecer e lá descobre que uma onça da região, que Pedro acreditava ter sido morta quando ele era criança, pode estar muito bem viva.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Rapsódias Revisitadas – Hedwig: Rock, Amor e Traição

 

Análise Crítica – Hedwig: Rock, Amor e Traição

Review Crítica – Hedwig: Rock, Amor e Traição
Quando foi lançado em 2001 Hedwig: Rock, Amor e Traição não foi exatamente um sucesso de público, mas com o passar do tempo foi ganhando seguidores e foi alçado ao status de cult, com fãs lotando sessões a meia-noite vestidos como os personagens. A popularidade da produção escrita, dirigida e estrelada por John Cameron Mitchell aumentou ainda mais graças à série Sex Education que tem um episódio da primeira temporada com os personagens indo para uma sessão do filme fantasiados como os personagens. A adoração ao filme não é sem motivos, já que ele conta com ótimas canções, personagens insólitos, senso de humor e um verdadeiro espírito punk.

A trama acompanha Hedwig (John Cameron Mitchell), cantora transgênero nascida na Alemanha Oriental e vocalista de uma banda de punk rock que está em turnê nos Estados Unidos. Em seus shows ela fala sobre sua trajetória e sobre o antigo amante que roubou suas músicas e agora faz sucesso como Tommy Gnosis (Michael Pitt).

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Crítica – Pray Away

 

Análise Crítica – Pray Away

Review – Pray Away
Já faz um tempo que se fala sobre o problema das chamadas “terapias de conversão” tratamentos fundamentados em um misto de religião e pseudociência que prometem mudar a sexualidade de uma pessoa para fazê-la se adequar a padrões heteronormativos. Em termos mais simples, é a chamada “cura gay”, sendo que ser gay sequer é considerado doença por entidades internacionais da área de saúde mental, então são métodos baseados em puro preconceito.

O documentário é centrado nos testemunhos de ex-lideranças da Exodus, uma das principais entidades que promoviam a terapia de conversão. Esses antigos líderes eram supostos “curados” que se tornaram porta-vozes da entidade, mas com o tempo viram que apenas estavam se submetendo (e submetendo outros) a tortura psicológica.

A narrativa faz um panorama histórico desses tipos de tratamento, mostrando como esses métodos iniciaram no final da década de 1970, surfando na onda de pânico que havia no período por conta do alastramento da AIDS. Aproveitando o medo de membros da comunidade LGBTQIA+ em se contaminarem com a doença, alguns grupos religiosos começaram a “vender” tratamentos baseados em oração e estudos da bíblia que prometiam fazer as pessoas mudarem e muita gente, com medo da AIDS, embarcou. Com o tempo essas entidades ganharam força e poder político, inclusive junto a legisladores e passaram a fazer lobby para bloquear leis de direitos civis para a população LGBTQIA+.

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Crítica – The White Lotus

 

Análise Crítica – The White Lotus

Parte história criminal, parte sátira social, o que mais atrai na série The White Lotus é o senso de humor ácido com o qual o roteirista e diretor Mike White observa as tensões de classe social que emergem em um resort de luxo no Havaí. Filmado em 2020 durante a pandemia, o elenco e equipe ficaram isolados no hotel que serviu de locação para a trama (que estava fechado e sem hóspedes por conta da pandemia) e assim foi possível fazer tudo com alguma segurança.

A trama segue um grupo de hóspedes de classe alta em um resort luxuoso no Havaí e as tensões que emergem entre eles e principalmente das interações entre hóspedes e funcionários do local. O casal em lua de mel Shane (Jake Lacy) e Rachel (Alexandra Daddario) não recebe a suíte que reservaram e Shane começa a atormentar o gerente do hotel, Armond (Murray Bartlett). A ricaça Tanya (Jennifer Coolidge) chega à ilha marcada pelo luto e disposta a despejar as cinzas da mãe no oceano, mas se apega aos conselhos e tratamentos de Belinda (Natasha Rothwell), dedicada massoterapeuta do hotel. Ao mesmo tempo, Armand tem que lidar com os caprichos de outros hóspedes ricos, o que coloca a estabilidade emocional e mental do gerente em xeque.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Crítica – Aqueles Que Me Desejam a Morte

 Análise Crítica – Aqueles Que Me Desejam a Morte


Review – Aqueles Que Me Desejam a Morte
O diretor Taylor Sheridan tem uma propensão para falar sobre personagens em situações limite em ambientes ermos. Em seu trabalho anterior como diretor, Terra Selvagem (2017), mostrava os ambientes gélidos do norte dos EUA em uma trama de investigação. Em A Qualquer Custo (2016), roteirizado por ele, acompanhávamos uma história nos desertos do oeste contemporâneo enquanto dois irmãos corriam para salvar uma propriedade da família. Neste Aqueles Que Me Desejam a Morte Sheridan olha para as florestas coníferas durante a temporada de incêndios florestais, mas, tal como acontecia nos dois filmes anteriormente citados, os seres humanos representam um perigo maior do que aqueles impostos pela natureza.

A trama acompanha o garoto Connor (Finn Little), que se embrenha em uma floresta depois que assassinos mataram seu pai. De posse das provas que o pai colheu contra uma organização criminosa, Connor encontra Hannah (Angelina Jolie), uma bombeira que está em uma torre de vigilância de plantão para o caso de incêndios florestais. Agora, Hannah vai ajudar o garoto a atravessar a floresta e entregar as provas à imprensa antes que os assassinos os alcancem.

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Crítica – A Barraca do Beijo 3

 

Análise Crítica – A Barraca do Beijo 3

Review – A Barraca do Beijo 3
Há uma cena em Billy Madison: O Herdeiro Bobalhão (1995) em que o diretor da escola, farto das baboseiras proferidas pelo protagonista, diz algo como: "Essa é uma das coisas mais insanamente idiotas que já ouvi. Em nenhum momento da sua fala incoerente e desconexa você esteve nem perto de algo que pudesse ser considerado um pensamento racional. Todos nesta sala agora estão mais burros por terem ouvido isso”. A frase pode servir como síntese para o horror que é a trilogia que se encerra neste A Barraca do Beijo 3, um produto tão atroz que considero ser uma punição divina para os males que a humanidade cometeu contra o planeta Terra.

A trama é mais uma vez centrada em Elle (Joey King) que (de novo) se vê no centro de uma disputa entre seu namorado Noah (Jacob Elordi) e Lee (Joel Courtney), irmão de Noah e melhor amigo de Elle. Acontece que Elle prometeu ir para a mesma faculdade que Lee, mas ela também foi aprovada pela mesma faculdade que Noah irá fazer, que é do outro lado do país. Agora ela precisa decidir para onde irá.

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Crítica – Jogo do Poder

 

Análise Crítica – Jogo do Poder

Review – Jogo do Poder
Com um conjunto de filmes voltado para questões políticas e sociais, o diretor Costa-Gavras mira agora na crise financeira da Grécia no início da década de 2010 e como, em 2015, o governo de esquerda liderado por Yanis Varoufakis conseguiu resistir às duras imposições de medidas de austeridade impostas pela União Europeia. A narrativa é baseada em um livro escrito pelo próprio Varoufakis e acompanha Yanis (Christos Loulis) do momento em que ele é eleito até o fim das duras negociações com o grupo europeu.

Gavras mostra como as lideranças europeias, principalmente a Alemanha pressionava a Grécia em aceitar duras medidas de austeridade fiscal com plena ciência de isso prejudicaria a economia do país no longo prazo. Medidas que diminuiriam o PIB da Grécia e ampliariam o abismo entre a produção e a dívida, deixando o país na mão dos credores internacionais.

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Crítica – Palavras que Borbulham Como Refrigerante

 

Análise Crítica – Palavras que Borbulham Como Refrigerante

Review – Palavras que Borbulham Como Refrigerante

Com uma excêntrica, ainda que formulaica trama de romance, este Palavras que Borbulham Como Refrigerante conquista por sua estética, especialmente o modo como usa cor, e a doçura com a qual conduz o relacionamento dos personagens. A trama é protagonizada por dois jovens introvertidos, Cerejinha é um garoto que constantemente usa fones de ouvido para se fechar do mundo e passa boa parte do tempo escrevendo haikus, já Sorrisinho é uma garota tímida que usa máscara para esconder o sorriso dentuço que tenta corrigir usando aparelho. Eles se encontram em um shopping e acidentalmente trocam o celular um do outro e acabam conversando para recuperar seus respectivos aparelhos, o que dá início a uma amizade que pode se tornar algo mais.

Narrativas românticas muitas vezes recorrem a uma estrutura de construção de oposições entre o casal protagonista, criando neles personalidades ou interesses opostos que servem para complementar os problemas ou falhas uns dos outros. Normalmente o enlace acontece justamente porque um tem o que o outro precisa para crescer enquanto pessoa, então é bem curioso que aqui a trama opte por dois personagens que sejam relativamente similares em seus problemas de introspecção.

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Crítica – O Esquadrão Suicida

 

Análise Crítica – O Esquadrão Suicida

Review – O Esquadrão Suicida
Depois da decepção que foi Esquadrão Suicida (2016), a Warner tenta retornar ao grupo de supervilões da DC com o diretor James Gunn (de Guardiões da Galáxia) à frente da equipe neste O Esquadrão Suicida e o resultado é anos luz melhor. Gunn traz sua hábil mistura entre senso de humor absurdo e desenvolvimento de personagem que tinha funcionado tão bem para os heróis galácticos da Marvel.

Na trama, Amanda Waller (Viola Davis) coloca mais uma vez o major Rick Flag (Joel Kinnaman) para liderar um grupo de supervilões em uma missão secreta e arriscada. Dessa vez a equipe composta por Arlequina (Margot Robbie), Sanguinário (Idris Elba) e tantos outros é enviada à ilha nação de Corto Maltese para derrubar o novo regime ditatorial do país e destruir a misteriosa arma biológica desenvolvida por eles.

Os membros da equipe foram tirados do fundo do baú da DC, sendo compostos por personagens do quinto escalão com habilidades bizarras, ridículas e nem sempre úteis como a do TDK (Nathan Fillion). Seria fácil reduzir tudo a comédia dada a natureza intrinsecamente patética desses sujeitos, mas Gunn consegue injetar humanidade neles, transformando-os em figuras trágicas, devastadas por trauma, perda e solidão.