sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Rapsódias Revisitadas – Juízo

 

Análise Crítica – Juízo

Review – Juízo
A cineasta Maria Augusta Ramos já tinha retratado o funcionamento do sistema de justiça criminal brasileiro quando fez Justiça (2004). Três anos depois, em 2007, ela retornou ao judiciário brasileiro em Juízo, desta vez explorando como o sistema lida com os menores infratores. Assim como em seu trabalho anterior, e também em produtos posteriores como Morro dos Prazeres (2013), a diretora segue com uma abordagem de documentário observacional, acompanhando os eventos com o mínimo de intervenção possível enquanto registra o cotidiano das audiências desses menores no fórum e nas fundações de acolhimento.

Filmar eventos com menores infratores traz algumas limitações que a diretora precisa contornar. A maior delas é não poder mostrar os rostos nem qualquer elemento que revele as identidades desses jovens. Por conta disso, quando mostra as audiências, sempre que precisa cortar para a fala dos jovens, ela recorre a reconstituições. Todo o resto da audiência como as juízas, pais, defensores e advogados são os sujeitos reais filmados no momento em que esses procedimentos aconteciam, mas os jovens que vemos nas cenas são atores que pertencem as comunidades nas quais os infratores reais viviam e encenam as falas dadas pelos sujeitos reais.

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Crítica – Marvel’s Avengers: War For Wakanda

 

Análise Crítica – Marvel’s Avengers: War For Wakanda

Review – Marvel’s Avengers: War For Wakanda
Não dá para dizer que Marvel’s Avengers teve um lançamento suave. Embora apresentasse uma ótima campanha single player, o jogo se perdia em um componente online com pouco conteúdo, missões repetitivas e um sistema de progressão de equipamentos entediante. As primeiras expansões envolvendo Kate Bishop e o Gavião Arqueiro davam mais personagens e boas histórias, mas traziam pouca variedade em termos de novos inimigos e mecânicas. Nesse sentido, War For Wakanda, a maior das três expansões até aqui, representa um passo na direção certa, oferecendo novos inimigos, mecânicas e ambientes.

A trama começa quando T’Challa detecta a invasão de Ulysses Klaue e seu grupo de mercenários a Wakanda. Klaue quer roubar o vibranium do país, mas os equipamentos dele causam instabilidade no minério o que cria vários problemas. O Pantera Negra parte para conter a invasão e logo recebe os demais Vingadores a Wakanda, que vieram pedir ajuda ao rei para lidar com os problemas de instabilidade do vibranium que afetam o mundo inteiro. Assim, os Vingadores auxiliam o Pantera a lidar com Klaue para recrutar a ajuda dele. O T’Challa encontrado aqui é diferente do jovem monarca dos filmes da Marvel, sendo um rei mais experiente e confiante que já ganhou o respeito de seu povo e se beneficiando da dublagem poderosa de Christopher Judge (que fez o Kratos no último God of War) que confere autoridade e imponência ao Pantera.

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Crítica – Velozes & Furiosos 9

 

Análise Crítica – Velozes & Furiosos 9

Review – Velozes & Furiosos 9
A franquia Velozes & Furiosos já abraçou o absurdo faz tempo, mas mesmo numa série de filmes cujo maior compromisso é a ação exagerada é preciso estabelecer algum limite, caso contrário, mesmo no regime de absurdo, fica difícil embarcar no universo proposto pela narrativa. Velozes & Furiosos 9 sofre exatamente desse problema e nem me refiro à tão comentada cena em que eles usam um carro para ir para o espaço e sim algumas escolhas da narrativa e soam forçadas ao ponto em que deixamos de nos importar.

Na trama, Dom (Vin Diesel) e seus aliados recebem um chamado de socorro do Sr. Ninguém (Kurt Russell). De início Dom não quer se envolver, já que prefere viver em paz com Letty (Michelle Rodriguez) e o filho, mas tudo muda quando ele descobre que Jakob (John Cena), seu irmão mais novo de quem se afastou há anos, estava envolvido no ataque, Dom resolve sair da aposentadoria. A busca os leva a uma corrida para encontrar um dispositivo que poderia literalmente hackear qualquer aparelho do planeta e evitar que isso caia em mãos erradas.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

Crítica – Space Jam: Um Novo Legado

 

Análise Crítica – Space Jam: Um Novo Legado

Review – Space Jam: Um Novo Legado
Vamos ser sinceros, Space Jam: O Jogo do Século (1996) não era exatamente nenhum primor. Era um produto feito para capitalizar em cima da popularidade do astro do basquete Michael Jordan e a ideia inicial vinha de um comercial que o atleta tinha feito com o Pernalonga. Ainda assim, o filme sabia utilizar o carisma e popularidade do astro, bem como o humor anárquico dos Looney Tunes, para criar uma aventura divertida. O mesmo não pode ser dito deste Space Jam: Um Novo Legado, que parece não ter entendido o que fez o original funcionar tão bem e se perde em uma publicidade corporativa cínica.

A trama é protagonizada pelo jogador de basquete LeBron James (interpretando a si mesmo). Quando LeBron e o filho Dom (Cedric Joe) são sugados para dentro do servidor da Warner Bros, LeBron é desafiado para um jogo de basquete pelo maligno Al G. Ritmo (Don Cheadle), o algoritmo que gerencia todo o universo Warner. Se LeBron perder, ele viverá para sempre nos servidores e Al poderá usá-lo como bem entender. Para ganhar, LeBron precisará da ajuda de Pernalonga para formar um time, mas Al consegue colocar o filho de LeBron contra ele, complicando as coisas.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Crítica – Homem Onça

 

Análise Crítica – Homem Onça

Review – Homem Onça
É curioso como as privatizações de empresas estatais são um assunto circular no Brasil. Sempre que chegamos a um momento econômico de estagnação ou não muito favorável que sempre voltamos à conversa de que é preciso enxugar o Estado para sermos mais competitivos, mas, na prática, vemos poucos benefícios. Basta ver todas as medidas de austeridade e venda desde o governo Temer e como nenhuma delas sequer chegou perto de cumprir o prometido de ampliar empregos ou a renda do trabalhador.

Nesse sentido, Homem Onça olha para o passado para falar do presente, mas faz isso sem precisar a recorrer a metáforas óbvias uma exposição artificial de como as coisas estão iguais. Ele faz isso simplesmente pela nossa capacidade de reconhecermos as similaridades entre os eventos que o filme retrata e aquilo que vemos nos dias atuais.

A narrativa se passa em 1997 e o diretor Vinícius Reis se baseou na experiência que viu o pai passar durante a privatização da Vale. O protagonista é Pedro (Chico Diaz) que trabalha na estatal fictícia Gasbras com projetos ligados a sustentabilidade. Como a empresa está passando por um processo de privatização, Pedro é cada vez mais pressionado a reduzir sua equipe e lida com ameaças constantes de demissão apesar de seus projetos serem reconhecidos e premiados internacionalmente. Para lidar com a pressão, ele resolve voltar a sua cidade natal para espairecer e lá descobre que uma onça da região, que Pedro acreditava ter sido morta quando ele era criança, pode estar muito bem viva.

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Rapsódias Revisitadas – Hedwig: Rock, Amor e Traição

 

Análise Crítica – Hedwig: Rock, Amor e Traição

Review Crítica – Hedwig: Rock, Amor e Traição
Quando foi lançado em 2001 Hedwig: Rock, Amor e Traição não foi exatamente um sucesso de público, mas com o passar do tempo foi ganhando seguidores e foi alçado ao status de cult, com fãs lotando sessões a meia-noite vestidos como os personagens. A popularidade da produção escrita, dirigida e estrelada por John Cameron Mitchell aumentou ainda mais graças à série Sex Education que tem um episódio da primeira temporada com os personagens indo para uma sessão do filme fantasiados como os personagens. A adoração ao filme não é sem motivos, já que ele conta com ótimas canções, personagens insólitos, senso de humor e um verdadeiro espírito punk.

A trama acompanha Hedwig (John Cameron Mitchell), cantora transgênero nascida na Alemanha Oriental e vocalista de uma banda de punk rock que está em turnê nos Estados Unidos. Em seus shows ela fala sobre sua trajetória e sobre o antigo amante que roubou suas músicas e agora faz sucesso como Tommy Gnosis (Michael Pitt).

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Crítica – Pray Away

 

Análise Crítica – Pray Away

Review – Pray Away
Já faz um tempo que se fala sobre o problema das chamadas “terapias de conversão” tratamentos fundamentados em um misto de religião e pseudociência que prometem mudar a sexualidade de uma pessoa para fazê-la se adequar a padrões heteronormativos. Em termos mais simples, é a chamada “cura gay”, sendo que ser gay sequer é considerado doença por entidades internacionais da área de saúde mental, então são métodos baseados em puro preconceito.

O documentário é centrado nos testemunhos de ex-lideranças da Exodus, uma das principais entidades que promoviam a terapia de conversão. Esses antigos líderes eram supostos “curados” que se tornaram porta-vozes da entidade, mas com o tempo viram que apenas estavam se submetendo (e submetendo outros) a tortura psicológica.

A narrativa faz um panorama histórico desses tipos de tratamento, mostrando como esses métodos iniciaram no final da década de 1970, surfando na onda de pânico que havia no período por conta do alastramento da AIDS. Aproveitando o medo de membros da comunidade LGBTQIA+ em se contaminarem com a doença, alguns grupos religiosos começaram a “vender” tratamentos baseados em oração e estudos da bíblia que prometiam fazer as pessoas mudarem e muita gente, com medo da AIDS, embarcou. Com o tempo essas entidades ganharam força e poder político, inclusive junto a legisladores e passaram a fazer lobby para bloquear leis de direitos civis para a população LGBTQIA+.

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Crítica – The White Lotus

 

Análise Crítica – The White Lotus

Parte história criminal, parte sátira social, o que mais atrai na série The White Lotus é o senso de humor ácido com o qual o roteirista e diretor Mike White observa as tensões de classe social que emergem em um resort de luxo no Havaí. Filmado em 2020 durante a pandemia, o elenco e equipe ficaram isolados no hotel que serviu de locação para a trama (que estava fechado e sem hóspedes por conta da pandemia) e assim foi possível fazer tudo com alguma segurança.

A trama segue um grupo de hóspedes de classe alta em um resort luxuoso no Havaí e as tensões que emergem entre eles e principalmente das interações entre hóspedes e funcionários do local. O casal em lua de mel Shane (Jake Lacy) e Rachel (Alexandra Daddario) não recebe a suíte que reservaram e Shane começa a atormentar o gerente do hotel, Armond (Murray Bartlett). A ricaça Tanya (Jennifer Coolidge) chega à ilha marcada pelo luto e disposta a despejar as cinzas da mãe no oceano, mas se apega aos conselhos e tratamentos de Belinda (Natasha Rothwell), dedicada massoterapeuta do hotel. Ao mesmo tempo, Armand tem que lidar com os caprichos de outros hóspedes ricos, o que coloca a estabilidade emocional e mental do gerente em xeque.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Crítica – Aqueles Que Me Desejam a Morte

 Análise Crítica – Aqueles Que Me Desejam a Morte


Review – Aqueles Que Me Desejam a Morte
O diretor Taylor Sheridan tem uma propensão para falar sobre personagens em situações limite em ambientes ermos. Em seu trabalho anterior como diretor, Terra Selvagem (2017), mostrava os ambientes gélidos do norte dos EUA em uma trama de investigação. Em A Qualquer Custo (2016), roteirizado por ele, acompanhávamos uma história nos desertos do oeste contemporâneo enquanto dois irmãos corriam para salvar uma propriedade da família. Neste Aqueles Que Me Desejam a Morte Sheridan olha para as florestas coníferas durante a temporada de incêndios florestais, mas, tal como acontecia nos dois filmes anteriormente citados, os seres humanos representam um perigo maior do que aqueles impostos pela natureza.

A trama acompanha o garoto Connor (Finn Little), que se embrenha em uma floresta depois que assassinos mataram seu pai. De posse das provas que o pai colheu contra uma organização criminosa, Connor encontra Hannah (Angelina Jolie), uma bombeira que está em uma torre de vigilância de plantão para o caso de incêndios florestais. Agora, Hannah vai ajudar o garoto a atravessar a floresta e entregar as provas à imprensa antes que os assassinos os alcancem.

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Crítica – A Barraca do Beijo 3

 

Análise Crítica – A Barraca do Beijo 3

Review – A Barraca do Beijo 3
Há uma cena em Billy Madison: O Herdeiro Bobalhão (1995) em que o diretor da escola, farto das baboseiras proferidas pelo protagonista, diz algo como: "Essa é uma das coisas mais insanamente idiotas que já ouvi. Em nenhum momento da sua fala incoerente e desconexa você esteve nem perto de algo que pudesse ser considerado um pensamento racional. Todos nesta sala agora estão mais burros por terem ouvido isso”. A frase pode servir como síntese para o horror que é a trilogia que se encerra neste A Barraca do Beijo 3, um produto tão atroz que considero ser uma punição divina para os males que a humanidade cometeu contra o planeta Terra.

A trama é mais uma vez centrada em Elle (Joey King) que (de novo) se vê no centro de uma disputa entre seu namorado Noah (Jacob Elordi) e Lee (Joel Courtney), irmão de Noah e melhor amigo de Elle. Acontece que Elle prometeu ir para a mesma faculdade que Lee, mas ela também foi aprovada pela mesma faculdade que Noah irá fazer, que é do outro lado do país. Agora ela precisa decidir para onde irá.