sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Drops – Bob Ross: Alegria, Traição e Ganância

 

Análise Crítica – Bob Ross: Alegria, Traição e Ganância

Review – Bob Ross: Alegria, Traição e Ganância
O pintor Bob Ross ficou mundialmente famoso por seu programa de televisão em que ele ensinava técnicas simples de pintura enquanto fazia um quadro em tempo real para que o espectador ver seu processo. Por trás desse profissional alegre, no entanto, haviam muitos problemas na relação com os sócios que geriam sua empresa e é sobre isso que o documentário Bob Ross: Alegria Traição e Ganância vai tratar.

Recorrendo a entrevistas com o filho de Bob Ross, amigos e colegas de trabalho, bem como imagens de arquivo, a narrativa tenta contar a trajetória do pintor e das tensões com os gestores de sua empresa, o casal Kowalski. Ocasionalmente o filme usa pinturas ao estilo das que Ross fazia para ilustrar alguns testemunhos, mas é algo que acontece muito pouco para ter impacto e o resto do documentário segue o padrão típico de entrevista e arquivo.

A narrativa tenta mostrar como o casal Kowalski foi, de certa forma, responsável pela construção midiática em torno de Ross, mas, ao mesmo tempo, também tiraram tudo do pintor, controlando o nome e a imagem dele mesmo depois da sua morte e sem dar um tostão para a família de Ross. É uma história que choca pelo contraste entre a natureza calma e otimista de Ross e a falta de escrúpulos dos gestores da empresa para com ele, no entanto, a narrativa nunca entrega a intriga e tensão que promete, muito pelo fato de ter um escopo limitado de testemunhas. Muitos envolvidos se recusaram a falar com a produção com medo de retaliação dos Kowalski e os próprios também não aparecem e sem esse embate a tentativa de construção de conflito da trama não se concretiza.

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Crítica – A Jornada de Vivo

 

Análise Crítica – A Jornada de Vivo

Review – A Jornada de Vivo
Produzido pela Sony Animation e distribuído pela Netflix, A Jornada de Vivo é aquele tipo de animação infantil que tem a mesma trama que já vimos em dezenas de outros produtos similares. A produção, no entanto, charme o bastante para funcionar como uma diversão sem compromisso graças à energia de seus números musicais.

A narrativa é protagonizada pelo jupará Vivo (voz de Lin Manuel Miranda) que vive em Cuba com o músico Andrés e juntos fazem shows de rua. Quando Andrés morre depois de receber uma carta de seu antigo amor Marta (voz de Gloria Stefan) chamando-o para um show em Miami, Vivo decide ir para os Estados Unidos entregar a Marta a canção que Andrés compôs para ele. Para alcançar o seu destino, ele terá ajuda de Gabi, sobrinha-neta de Andrés que mora nos EUA e vem a Cuba com a mãe para o funeral de Andrés.

Vivo e Gabi fazem a típica dupla de opostos que não se dá bem, mas que juntos aprenderão a cooperar e perceberão que um tem muito a ensinar ao outro. É o tipo de dinâmica que já conseguimos deduzir com poucos minutos de projeção e cujos desdobramentos e reviravoltas são fáceis de antever.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Crítica – The Chair: 1ª Temporada

 

Análise Crítica – The Chair: 1ª Temporada

Review – The Chair: 1ª Temporada
O universo acadêmico é extremamente apropriado para uma narrativa cômica de ficção graças à burocracia Kafkiana, as vaidades fúteis, o ativismo estudantil que muitas vezes passa do ponto, enfim, elementos propícios à exploração do absurdo. Ainda assim a ficção audiovisual pouco explora esse tipo de universo, com poucas produções na minha memória, como o filme israelense Nota de Rodapé (2013). Por isso fiquei bem curioso para conferir esta primeira temporada de The Chair e como ela tenta construir comédia e drama em uma história sobre o meio acadêmico.

A narrativa é protagonizada por Ji-Yoon (Sandra Oh) a primeira mulher a se tornar chefe do departamento de inglês de uma prestigiosa universidade. O cargo, no entanto, vem com vários problemas, já que ela enfrenta pressão do reitor para aumentar o número de matrículas ou terá de convencer os professores mais antigos (que tem menos alunos) a se aposentarem. Ao mesmo tempo ela precisa lidar com uma crise com os estudantes quando um professor, Bill (Jay Duplass), faz uma brincadeira infeliz em sala de aula e começa a ser hostilizado.

terça-feira, 31 de agosto de 2021

Crítica – Monster Hunter

 

Análise Crítica – Monster Hunter

Review - Monster Hunter
É impressionante como Monster Hunter pega um jogo de videogame sobre caçar monstros gigantes com armas absurdas e consegue tornar isso tão entediante. Muito vem das escolhas de tornar esse universo e personagens coadjuvantes em seu próprio filme, mas no cerne está um problema que tem sido comum em Hollywood nos últimos anos: o de que tudo precisa virar uma franquia com múltiplas continuações.

Por conta disso produzem algo cuja história não se desenvolve, o universo é frouxamente construído e há pouca ou nenhuma conclusão para trama, tudo pela promessa de que vão haver mais filmes. Isso deu problemas para Animais Fantásticos (a despeito da bilheteria razoável) e afundou Warcraft (2016) ou o recente Mortal Kombat (2021) tornando-os em produtos que pareciam trailers estendidos sem unidade narrativa. O mesmo sentimento está presente aqui em Monster Hunter.

Na trama, a comandante Artemis (Milla Jovovich) e sua tropa são pegos em uma estranha tempestade durante uma missão e são transportados para um mundo repleto de monstros gigantes. Lá eles são auxiliados pelo Caçador (Tony Jaa) e precisam descobrir como voltar para o mundo deles.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Crítica – Val

 

Análise Crítica – Val

Review – Val
O ator Val Kilmer teve um grande momento de estrelato nos anos 80 e 90 protagonizando filmes como Top Gun (1986), Tombstone (1993) ou Batman Eternamente (1995), mas com o tempo ele começou a se afastar de grandes produções. Uma série de fracassos combinados com a fama de que ele era difícil de trabalhar foram colocando o ator longe de Hollywood. Quando ele parecia ensaiar um grande retorno descobriu um câncer de garganta que o deixou sem voz e limitou suas possibilidades de atuar. É uma trajetória complexa e que o próprio ator analisa com um corajoso desprendimento neste Val, documentário de cunho autobiográfico do ator.

A narrativa é relativamente linear acompanhando a história de Kilmer desde a infância em uma narração que é feita por um dos filhos do ator a partir de um texto escrito pelo próprio Val Kilmer. Em paralelo com essas rememorações, acompanhamos o cotidiano presente do ator, conforme ele faz turnês por eventos e convenções como sua principal fonte de renda.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Rapsódias Revisitadas – Juízo

 

Análise Crítica – Juízo

Review – Juízo
A cineasta Maria Augusta Ramos já tinha retratado o funcionamento do sistema de justiça criminal brasileiro quando fez Justiça (2004). Três anos depois, em 2007, ela retornou ao judiciário brasileiro em Juízo, desta vez explorando como o sistema lida com os menores infratores. Assim como em seu trabalho anterior, e também em produtos posteriores como Morro dos Prazeres (2013), a diretora segue com uma abordagem de documentário observacional, acompanhando os eventos com o mínimo de intervenção possível enquanto registra o cotidiano das audiências desses menores no fórum e nas fundações de acolhimento.

Filmar eventos com menores infratores traz algumas limitações que a diretora precisa contornar. A maior delas é não poder mostrar os rostos nem qualquer elemento que revele as identidades desses jovens. Por conta disso, quando mostra as audiências, sempre que precisa cortar para a fala dos jovens, ela recorre a reconstituições. Todo o resto da audiência como as juízas, pais, defensores e advogados são os sujeitos reais filmados no momento em que esses procedimentos aconteciam, mas os jovens que vemos nas cenas são atores que pertencem as comunidades nas quais os infratores reais viviam e encenam as falas dadas pelos sujeitos reais.

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Crítica – Marvel’s Avengers: War For Wakanda

 

Análise Crítica – Marvel’s Avengers: War For Wakanda

Review – Marvel’s Avengers: War For Wakanda
Não dá para dizer que Marvel’s Avengers teve um lançamento suave. Embora apresentasse uma ótima campanha single player, o jogo se perdia em um componente online com pouco conteúdo, missões repetitivas e um sistema de progressão de equipamentos entediante. As primeiras expansões envolvendo Kate Bishop e o Gavião Arqueiro davam mais personagens e boas histórias, mas traziam pouca variedade em termos de novos inimigos e mecânicas. Nesse sentido, War For Wakanda, a maior das três expansões até aqui, representa um passo na direção certa, oferecendo novos inimigos, mecânicas e ambientes.

A trama começa quando T’Challa detecta a invasão de Ulysses Klaue e seu grupo de mercenários a Wakanda. Klaue quer roubar o vibranium do país, mas os equipamentos dele causam instabilidade no minério o que cria vários problemas. O Pantera Negra parte para conter a invasão e logo recebe os demais Vingadores a Wakanda, que vieram pedir ajuda ao rei para lidar com os problemas de instabilidade do vibranium que afetam o mundo inteiro. Assim, os Vingadores auxiliam o Pantera a lidar com Klaue para recrutar a ajuda dele. O T’Challa encontrado aqui é diferente do jovem monarca dos filmes da Marvel, sendo um rei mais experiente e confiante que já ganhou o respeito de seu povo e se beneficiando da dublagem poderosa de Christopher Judge (que fez o Kratos no último God of War) que confere autoridade e imponência ao Pantera.

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Crítica – Velozes & Furiosos 9

 

Análise Crítica – Velozes & Furiosos 9

Review – Velozes & Furiosos 9
A franquia Velozes & Furiosos já abraçou o absurdo faz tempo, mas mesmo numa série de filmes cujo maior compromisso é a ação exagerada é preciso estabelecer algum limite, caso contrário, mesmo no regime de absurdo, fica difícil embarcar no universo proposto pela narrativa. Velozes & Furiosos 9 sofre exatamente desse problema e nem me refiro à tão comentada cena em que eles usam um carro para ir para o espaço e sim algumas escolhas da narrativa e soam forçadas ao ponto em que deixamos de nos importar.

Na trama, Dom (Vin Diesel) e seus aliados recebem um chamado de socorro do Sr. Ninguém (Kurt Russell). De início Dom não quer se envolver, já que prefere viver em paz com Letty (Michelle Rodriguez) e o filho, mas tudo muda quando ele descobre que Jakob (John Cena), seu irmão mais novo de quem se afastou há anos, estava envolvido no ataque, Dom resolve sair da aposentadoria. A busca os leva a uma corrida para encontrar um dispositivo que poderia literalmente hackear qualquer aparelho do planeta e evitar que isso caia em mãos erradas.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

Crítica – Space Jam: Um Novo Legado

 

Análise Crítica – Space Jam: Um Novo Legado

Review – Space Jam: Um Novo Legado
Vamos ser sinceros, Space Jam: O Jogo do Século (1996) não era exatamente nenhum primor. Era um produto feito para capitalizar em cima da popularidade do astro do basquete Michael Jordan e a ideia inicial vinha de um comercial que o atleta tinha feito com o Pernalonga. Ainda assim, o filme sabia utilizar o carisma e popularidade do astro, bem como o humor anárquico dos Looney Tunes, para criar uma aventura divertida. O mesmo não pode ser dito deste Space Jam: Um Novo Legado, que parece não ter entendido o que fez o original funcionar tão bem e se perde em uma publicidade corporativa cínica.

A trama é protagonizada pelo jogador de basquete LeBron James (interpretando a si mesmo). Quando LeBron e o filho Dom (Cedric Joe) são sugados para dentro do servidor da Warner Bros, LeBron é desafiado para um jogo de basquete pelo maligno Al G. Ritmo (Don Cheadle), o algoritmo que gerencia todo o universo Warner. Se LeBron perder, ele viverá para sempre nos servidores e Al poderá usá-lo como bem entender. Para ganhar, LeBron precisará da ajuda de Pernalonga para formar um time, mas Al consegue colocar o filho de LeBron contra ele, complicando as coisas.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Crítica – Homem Onça

 

Análise Crítica – Homem Onça

Review – Homem Onça
É curioso como as privatizações de empresas estatais são um assunto circular no Brasil. Sempre que chegamos a um momento econômico de estagnação ou não muito favorável que sempre voltamos à conversa de que é preciso enxugar o Estado para sermos mais competitivos, mas, na prática, vemos poucos benefícios. Basta ver todas as medidas de austeridade e venda desde o governo Temer e como nenhuma delas sequer chegou perto de cumprir o prometido de ampliar empregos ou a renda do trabalhador.

Nesse sentido, Homem Onça olha para o passado para falar do presente, mas faz isso sem precisar a recorrer a metáforas óbvias uma exposição artificial de como as coisas estão iguais. Ele faz isso simplesmente pela nossa capacidade de reconhecermos as similaridades entre os eventos que o filme retrata e aquilo que vemos nos dias atuais.

A narrativa se passa em 1997 e o diretor Vinícius Reis se baseou na experiência que viu o pai passar durante a privatização da Vale. O protagonista é Pedro (Chico Diaz) que trabalha na estatal fictícia Gasbras com projetos ligados a sustentabilidade. Como a empresa está passando por um processo de privatização, Pedro é cada vez mais pressionado a reduzir sua equipe e lida com ameaças constantes de demissão apesar de seus projetos serem reconhecidos e premiados internacionalmente. Para lidar com a pressão, ele resolve voltar a sua cidade natal para espairecer e lá descobre que uma onça da região, que Pedro acreditava ter sido morta quando ele era criança, pode estar muito bem viva.