quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Crítica – Grande Tubarão Branco

 

Análise Crítica – Grande Tubarão Branco

Review – Grande Tubarão Branco
Este Grande Tubarão Branco é daqueles filmes ruins que sequer consegue divertir com sua podreira. É incompetente em praticamente todos os níveis, mas não de um jeito engraçado, o que torna acompanhar seus dolorosos noventa minutos em um entediante exercício de paciência.

Na trama, o casal Charlie (Aaron Jakubenko) e Kaz (Katrina Bowden) trabalham levando turistas em ilhas próximas via hidroavião ao lado do funcionário Benny (Te Kohe Tuhaka). Um dia, eles levam o casal japonês Jo (Tim Kano) e Michelle (Kimie Tsukakoshi) para uma praia remota. Lá, o avião é atacado por um grande tubarão e acaba afundando, agora os cinco estão à deriva em um bote salva-vidas sem recursos ou rastreador e precisam sobreviver.

Alguns filmes conseguiram muito bem construir narrativas tensas ao redor da premissa de estar no meio do mar cercado por um (ou mais de um) tubarão, como Águas Rasas (2016), mas Grande Tubarão Branco faz isso pessimamente. Charlie e Kaz até convencem como um casal que está há muito tempo junto, mas todo o resto de personagens varia entre o inexpressivo e o caricato, com Benny e Jo sempre descambando para um exagero patético.

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Crítica – Sex Education: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – Sex Education: 3ª Temporada

Review – Sex Education: 3ª Temporada
A segunda temporada de Sex Education fazia um bom trabalho de expandir o universo da série e desenvolver outros personagens secundários da escola. Esta terceira temporada vai na mesma direção ampliando ainda mais nosso entendimento sobre esses indivíduos e a discussão sobre o lugar do sexo no ambiente educacional.

Depois os eventos da temporada anterior, Moordale ficou marcada como “a escola do sexo”, em virtude disso, a escola recebe uma nova diretora, Hope (Jemima Kirke), que é pressionada pelo comitê gestor para reverter a imagem da instituição. Ao mesmo tempo, os aluno retornam às aulas com novidades depois das férias. Otis (Asa Butterfield) está envolvido com Ruby (Mimi Keene), a menina mais popular do colégio. Enquanto isso, Eric (Ncuti Gatwa) segue com Adam (Connor Swindells), Maeve (Emma Mackey) se aproxima de Isaac (George Robinson) sem saber que ele apagou uma importante mensagem de Otis e Jean (Gillian Anderson) resolve contar a Jakob (Mikael Persbrandt) que está grávida.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Crítica – Good Girls: 4ª Temporada

 

Análise Crítica – Good Girls: 4ª Temporada

Review – Good Girls: 4ª Temporada
O terceiro ano de Good Girls melhorava o desenvolvimento do trio principal e apontava rumos interessantes para a série, ainda que não reparasse os principais problemas. Este quarto ano, lamentavelmente o último por conta do inesperado cancelamento da série, não tem os méritos do anterior e volta a cair nas mesmas inconsistências e tramas pouco convincentes.

A narrativa segue onde o ano anterior parou, com Beth (Christina Hendricks) mais uma vez na mira de agentes federais. Pressionada, ela faz um acordo para entregar Rio (Manny Montana) e quem quer que esteja acima dele, mas Rio também pressiona Beth com provas contra ela. Assim, Beth precisa manobrar entre Rio e os federais para salvar a si mesma, a família, Annie (Mae Whitman) e Ruby (Retta).

O principal problema continua a ser a inconsistência das personagens. Beth é extremamente ardilosa, capaz enganar Rio e os federais, isto é até o roteiro decidir que ela não é e colocá-la para agir como uma completa imbecil. Isso fica evidente quando ela vai na casa de Rio com uma escuta e ao desconfiar que Rio sabe que ela está gravando tudo, ela tenta se livrar da escuta. Apesar de entrar no banheiro, ela não pensa em dar descarga no dispositivo ou mesmo enfiá-lo no fundo de uma lixeira, mas tenta esconder o aparelho atrás de uma pilha de livros onde qualquer um, mesmo acidentalmente conseguiria encontrar. O mesmo acontece com o plano dela de juntar dinheiro e fugir para outro estado. Ora, Dean (Matthew Lillard) está em liberdade condicional e é monitorado pelo governo, quanto tempo ela acha que conseguiria fugir com quatro crianças e um marido procurado? É um plano ingênuo e insustentável a longo prazo.

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Drops – Amizade de Férias

 

Crítica – Amizade de Férias

Review – Amizade de Férias
Os primeiros minutos deste Amizade de Férias parecem nos colocar diante de uma comédia caótica sobre pessoas perdendo a cabeça durante as férias. Não seria a primeira do tipo e não é difícil prever que ao final o casal certinho Marcus (Lil Rel Howery) e Emily (Yvonne Orji) vai aprender a se soltar mais enquanto que o aloprado casal Ron (John Cena) e Kyla (Meredith Hagner) vai aprender a ser mais responsável.

O problema é que lá pela metade da projeção, a trama decide abandonar o cenário de férias para focar no casamento de Marcus com Emily e as tentativas de Marcus em impressionar o sogro que não o acha digno de Emily. Assim, a narrativa meio que vira um Entrando Numa Fria (2000) genérico, já que o sogro nunca tem um motivo minimamente construído para detestar Marcus e o casal Ron e Kyla acaba relegado a um elemento de caos nessa tentativa de Marcus em impressionar o sogro.

A trama se desenvolve cheia de inconsistências, com os sogros de Marcus adorando o jeito inconveniente de Ron e Kyla em um instante, apenas para se chocarem com a conduta absurda deles em outro, como se eles mudassem de atitude e personalidade a cada cena por pura exigência de roteiro. Considerando que o roteiro tem seis pessoas creditadas nele, é possível que essas inconsistências venham do alto número de mãos interferindo no texto e as coisas acabam desconjuntadas.

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Crítica – The Voyeurs

 

Análise Crítica – The Voyeurs

Review – The Voyeurs
O cinema é um meio expressivo que se vale do prazer escopofílico de vermos histórias sobre dramas pessoas, terrores inimagináveis, aventuras audazes e várias outras emoções do conforto de nossa poltrona. Quando assistimos um filme temos um olhar que é muitas vezes onipresente, vendo tudo, julgando todos como se fossemos uma divindade observando toda uma cosmologia se desenvolvendo diante dos nossos olhos. Muitos filmes inclusive já refletiram sobre o prazer visual de observar outros e dos problemas quando ficamos sob observação, com Janela Indiscreta (1954) sendo o mais famoso deles. Este The Voyeurs funciona como uma mistura de Janela Indiscreta com Dublê de Corpo (1984) e alguns episódios de Black Mirror. O todo, no entanto, é menor que a soma das partes.

A trama acompanha o casal Pippa (Sydney Sweeney) e Thomas (Justice Smith), que se muda para um novo apartamento e começa a observar a rotina do casal no apartamento da frente, Seb (Ben Hardy) e Julia (Natasha Liu Bordizzo). Com o tempo, Pippa e Thomas ficam cada vez mais envolvidos com a rotina do outro casal, principalmente quando descobrem os segredos e traições que guardam um do outro.

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Crítica – Doutor Gama

 

Análise Crítica – Doutor Gama

Review – Doutor Gama
Na minha época de colégio, quando estudávamos a abolição da escravatura, tudo parecia um gesto magnânimo da Princesa Isabel. Concebemos os séculos de escravidão como um período aparentemente pacífico, como se os escravos aceitassem tranquilamente essa condição subalterna, quando na realidade revoltas eram mais comuns do que os relatos oficiais nos fazem crer. Nesse sentido, a existência de filmes como este Doutor Gama é importante para expandir o entendimento do público a respeito desse período e como havia uma constante luta da população negra, pela força ou meios legais, para tentar emancipar seu povo.

A trama acompanha a história real de Luiz Gama (Cesar Mello), advogado negro que trabalhava para libertar escravos. A narrativa o segue desde a infância, quando foi injustamente vendido como escravo apesar de ter nascido livre, até a idade adulta quando decide defender um jovem escravo acusado de matar o seu senhor.

Cesar Mello consegue trazer uma personalidade magnética e um discurso apaixonado para Gama, tornando crível a capacidade do advogado em argumentar e convencer brancos donos de fazenda da chaga que era a escravidão e da injustiça que isso representa ao povo negro. Nesse sentido, o filme acerta em mostrar as injustiças e sofrimento aos quais os escravos são submetidos, sem reduzir isso a um espetáculo de violência e miséria. Do mesmo modo, acerta em mostrar Gama como um sujeito autônomo, capaz de cuidar de si mesmo sem precisar ser constantemente resgatado por brancos, algo muito comum nas narrativas sobre superação de preconceitos no Brasil.

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Crítica – Kate

 

Análise Crítica – Kate

Review – Kate
Estrelado por Mary Elizabeth Winstead, este Kate é aquele típico filme de ação com trama de vingança. Ao menos consegue entregar cenas de ação envolventes e estilizadas e personagens carismáticos, ainda que presos aos lugares comuns do gênero.

Na trama, Kate (Mary Elizabeth Winstead) é uma assassina que está em missão no Japão para matar os líderes de uma grande família da yakuza. Esta seria sua última missão, mas quando está prestes a matar seu último alvo Kate passa mal e descobre que foi envenenada com um isótopo radioativo. Agora Kate decide buscar vingança contra aqueles que praticamente a condenaram a morte, correndo contra o tempo antes que morra pela contaminação radioativa.

Kate é o arquétipo da assassina que adquire consciência e resolve questionar as ordens, se engajando em uma jornada de reparação pelo sangue derramado. Do mesmo modo, a trama é uma jornada de vingança bem batida e até mesmo a reviravolta ao final que envolve o mentor de Kate, Varrick (Woody Harrelson), é relativamente previsível. Ainda assim, Winstead é competente em trazer o arrependimento de Kate, o desespero pela morte iminente e a raiva que move sua vingança. A atriz também consegue construir um laço sincero com a garota Ani (Miku Patricia Martineau), filha de um alto membro da yakuza e que fica sob a proteção de Kate. Assim, mesmo com a dinâmica manjada da assassina durona e a criança espevitada, a relação das duas tem personalidade o bastante para envolver.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Crítica – Quanto Vale?

 

Análise Crítica – Quanto Vale?

Review – Quanto Vale?
Medir uma vida humana, aferir valor a ela, não é fácil independente da perspectiva que se adote. Ainda assim, há ocasiões em que isso precisa ser feito, uma delas é no âmbito jurídico para calcular indenizações em relação a pessoas que morreram ou tiveram severas sequelas por conta de algum evento. Este Quanto Vale? aborda essa questão a partir da história real do cálculo das indenizações para as famílias das pessoas mortas e feridas durante os atentados do 11 de setembro.

A narrativa é protagonizada por Ken (Michael Keaton), um advogado especialista em processos de danos que é nomeado pelo governo dos Estados Unidos para negociar as indenizações as serem pagas por conta do 11 de setembro. Lidando com inúmeros casos, com diferentes histórias e circunstâncias, Ken precisa definir os critérios da indenização. De início ele cria uma fórmula geral para calcular os rendimentos de todos, mas uma das lideranças das famílias, Charles Wolf (Stanley Tucci), chama atenção de que a fórmula não atende as necessidades específicas de cada um.

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Lixo Extraordinário – Capcom Fighting Evolution


Análise Crítica – Capcom Fighting Evolution

Review – Capcom Fighting Evolution
Eu costumo falar sobre filmes lendários por sua ruindade nesta coluna, mas hoje decidi ampliar um pouco do escopo e falar também sobre games marcados pela sua ruindade e pelas consequências causadas em suas desenvolvedoras. O escolhido foi Capcom Fighting Evolution, lançado em 2004 para Xbox e Playstation 2, sendo considerado o pior jogo de luta da Capcom. Tão ruim, na verdade, que provocou um hiato de alguns anos na produção de jogos de luta da desenvolvedora que só reergueu o gênero entre suas produções ao lançar Street Fighter IV em 2008.

Em 2004 as coisas não estavam boas para games de luta. O gênero estava em um período de transição por conta do fim da maioria dos fliperamas e as possibilidades de jogar online ainda não tinham a velocidade e precisão que o gênero requisitava. Street Fighter III: 3rd Strike, de 1999, tinha sido o último game da franquia principal da Capcom. A SNK, responsável por The King of Fighters, estava em processo de falência. Mortal Kombat não estava se saindo muito bem em sua transição para o 3D. Apenas algumas séries (a maioria de combates tridimensionais) como Tekken ou Soul Calibur ainda seguiam, embora não estivessem exatamente vendendo em quantidades impressionanentes.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Rapsódias Revisitadas – Alemanha, Ano Zero

 

Análise – Alemanha, Ano Zero

Review – Alemanha, Ano Zero
Lançado em 1948, Alemanha, Ano Zero é o último da trilogia da Segunda Guerra Mundial feita por Roberto Rossellini. Nos dois filmes anteriores, Roma, Cidade Aberta (1945) e Paisá (1946), Rossellini se voltou para a Itália durante o nazi-fascismo e imediatamente pós-guerra. Neste terceiro, o diretor mira seu olhar na Alemanha pós-guerra, a devastação do país e o desamparo dos cidadãos.

A trama é protagonizada por Edmund (Edmund Kohler) um garoto que tenta encontrar maneiras de ajudar financeiramente a família depois que o pai adoece e o irmão mais velho teme procurar emprego e ser preso por ter servido no exército nazista embora tivesse sido obrigado a servir as forças armadas. Assim, Edmund vaga por uma cidade em ruínas até encontrar um antigo professor de sua escola (que também era um membro do partido nazista). O professor tenta estimular Edmund mas os conselhos dele são em direção de atitudes danosas para o garoto e para a família.