quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Drops – O Culpado

 


Confesso que não assisti Culpa (2018), produção dinamarquesa que serve de base para este O Culpado, produzido pela Netflix, então não tenho como oferecer uma comparação entre o original e o remake. A trama acompanha Joe (Jake Gyllenhaal) um policial que foi rebaixado de seu posto e agora atende as chamadas de emergência. Durante um plantão Joe recebe a ligação de uma mulher que foi sequestrada e começa a tentar ajudar.

Toda a história é contada do ponto de vista de Joe, sentado em sua mesa tentando resolver a situação por telefone para informar corretamente as autoridades. O filme consegue criar um clima de urgência e claustrofobia, nos colocando sob o olhar de alguém que quer ajudar, mas está limitado pela distância física. O trabalho de Jake Gyllenhaal, em cena praticamente durante todo o filme, consegue dar a medida do desespero e da urgência do personagem, bem como nos deixa perceber que há algo de pessoal na natureza como ele se entrega a esse caso e até viola protocolos.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Crítica – Kevin Can F**k Himself: Primeira Temporada

 

Análise Crítica – Kevin Can F**k Himself: Primeira Temporada

Review – Kevin Can F**k Himself: Primeira Temporada
Existem inúmeras sitcoms e filmes centrados em um homem imaturo, levemente fora de forma, que está sempre envolvido em esquemas para conseguir dinheiro fácil ou aprontando alguma confusão com as pessoas ao redor por conta de sua conduta imatura. Normalmente esse personagem, além de uma turma de amigos aloprados, tem uma namorada ou esposa muito bonita que sofre com as maluquices dele, mas nunca tem espaço na narrativa além de expressões exasperadas e um olhar de desaprovação. Adam Sandler faz bastante esse tipo de personagem, assim como Kevin James em séries tipo The King of Queens ou Kevin Can Wait. É provavelmente desta última que Kevin Can F**k Himself tira o seu título ao tentar mostrar esse tipo de história da perspectiva da esposa e como viver com uma pessoa assim seria realisticamente um pesadelo e um tormento.

A trama acompanha Allison (Annie Murphy), a esposa do aparvalhado Kevin (Eric Petersen), que sempre arranja confusão e cria esquemas ridículos que obrigam Allison a lidar com as constantes idiotices do marido. A gota d’água chega quando Allison vê a chance de finalmente comprar sua casa dos sonhos, mas descobre que Kevin torrou todas as economias do casal. Sabendo não seria possível simplesmente se divorciar de Kevin por causa da imaturidade possessiva dele, Allison decide tomar o controle de sua vida de alguma maneira.

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Crítica – G.I Joe Origens: Snake Eyes

 

Análise Crítica – G.I Joe Origens: Snake Eyes

Review – G.I Joe Origens: Snake Eyes
Em um dado momento deste G.I Joe Origens: Snake Eyes a personagem Baronesa (Ursula Corberó, a Tokio de La Casa de Papel) diz “foda-se isso” e vai embora para nunca mais voltar. É uma reação apropriada para qualquer um que pense em assistir uma produção tão sem graça que falha nos elementos mais básicos de um filme de ação mesmo quando tem um elenco com talentosos artistas marciais.

A narrativa conta o passado de Snake Eyes (Henry Golding), que viu o pai ser assassinado quando era criança e passou a vida em busca de vingança. Ele recebe uma oportunidade de descobrir o passado quando o misterioso Kenta (Takehiro Hira) promete revelar a identidade do assassino se Snake conseguir se infiltrar no misterioso clã ninja Arashikage e roubar uma valiosa joia deles. Para tal, Snake deve se aproximar e obter a lealdade de Tommy (Andrew Koji), o atual herdeiro do clã.

Enquanto personagem, o principal atrativo de Snake Eyes sempre foi a aura de mistério ao redor dele, já que nunca víamos seu rosto nem ouvíamos sua voz por conta do voto de silêncio que ele tinha feito. Assim, contar a origem do personagem não é necessariamente uma boa ideia por desfazer aquilo que o tornava interessante. Claro, uma história bem contada poderia dar ainda mais impacto ao porquê de tanto mistério, mas não é o caso aqui.

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Crítica – Intrusion

 Análise Crítica – Intrusion


Review – Intrusion
Na prática, Intrusion é mais um daqueles suspenses de invasão domiciliar que a Netflix lança a cada dois ou três meses como Mentiras Perigosas (2020) ou Vende-se Esta Casa (2018) e que em geral são muito ruins e eu inexplicavelmente continuo a assistir (provavelmente por puro masoquismo). Na prática Intrusion até poderia render algo bacana, mas o resultado é completamente esquecível.

A trama é protagonizada pelo casal Meera (Freida Pinto) e Henry (Logan Marshall-Green) que se muda para uma pequena cidade do interior em busca de uma vida mais tranquila depois que os problemas de saúde de Meera quase devastaram o casal. Um dia a casa deles é invadida por criminosos e Henry acaba matando os invasores com uma arma que tinha escondida. O evento deixa Meera fragilizada e ela busca entender o que os invasores queriam, já que eles estavam levando pouca coisa da casa. Aos poucos ela descobre ligações inesperadas com esses criminosos.

Os primeiros minutos conseguem criar um clima de tensão e insegurança conforme Meera se entrega à paranoia de temer novas ameaças e se sente fragilizada depois de ter a casa invadida. Quando a protagonista encontra a correspondência do marido na casa de um dos suspeitos, no entanto, as coisas começam a dar uma guinada para pior.

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Crítica – Um Ninho Para Dois

 Análise Crítica – Um Ninho Para Dois


Review – Um Ninho Para Dois
O luto pela perda de um ente querido não é fácil. O luto pela perda de um filho pequeno provavelmente é ainda mais difícil. É sobre isso que este Um Ninho Para Dois tenta tratar misturando drama e comédia, embora essa mescla não funcione como deveria.

A trama é focada no casal Lilly (Melissa McCarthy) e Jack (Chris O’Dowd) que está passando por dificuldades depois do falecimento da filha ainda bebê. Lilly tenta seguir com o trabalho, enquanto Jack está internado em uma clínica depois de uma tentativa de suicídio. Lilly tenta ocupar o tempo plantando uma horta em seu quintal, mas começa a ter problemas quando um estorninho, um pássaro bastante territorial, começa a “morar” em uma das árvores do quintal, atacando Lilly sempre que ela se aproxima da horta.

O elenco é o ponto forte do filme. Melissa McCarthy já tinha mostrado habilidade para o drama no subestimado Poderia Me Perdoar? (2018) e aqui volta a exibir seu alcance dramático. Com um olhar perdido, Lilly é uma mulher à deriva, que não sabe como tocar a vida depois da perda e dos traumas que isso infligiu no marido. Os esforços dela em seguir adiante mostram que ela não deu o devido tempo ao luto, como que querendo pular as etapas, algo visível na cena em que ela tenta desesperadamente remover as marcas do berço no carpete, esperando que a ausência de marcas torne mais fácil aceitar a partida da filha.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Crítica – Cry Macho: O Caminho Para Redenção

 Análise Crítica – Cry Macho: O Caminho Para Redenção


Review – Cry Macho: O Caminho Para Redenção
É curioso que este Cry Macho: O Caminho Para Redenção seja simultaneamente muito arrastado, parando subitamente o desenvolvimento da trama principal e seus temas, e muito apressado ao levar seus personagens a conclusões que não soam plenamente construídas. O filme segue a tendência dos últimos anos da produção de Clint Eastwood em refletir sobre os Estados Unidos e sobre o imaginário do país, aqui especificamente ele pondera sobre ideais de “hombridade” e comunidade.

Na trama, Mike (Clint Eastwood) é um ex-peão de rodeio e criador de cavalos que aceita o pedido de um amigo, Howard (Dwight Yoakam), para ir até o México trazer de volta o filho dele, Rafo (Eduardo Minett), que vive sob a guarda da mãe alcoólatra. A jornada no México não é fácil, já que Rafo inicialmente não quer acompanhar Mike, a mãe do garoto coloca pessoas atrás deles e Howard parece ter motivos ocultos para querer o filho de volta.

Indicado pelo fato de Rafo ter um galo de briga chamado Macho, a relação entre Mike o garoto vai se construindo ao redor da ideia de representação de masculinidade. Para Rafo, ser valente, bruto e brigar são os atributos que envolver ser “macho”, são os elementos constitutivos de ser homem e desempenhar bem a função masculina na sociedade. Mike, aos poucos, vai mostrando ao garoto que nada disso faz um homem ou um vaqueiro, mas agir de maneira correta, sincera, cuidar da comunidade, estar em comunhão com o mundo a sua volta e com os próprios sentimentos, tudo é mais importante do que ser brabo ou qualquer outra coisa similar.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Crítica – A Menina Que Matou os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais

 

Análise Crítica – A Menina Que Matou os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais

A produção dos filmes que narram o assassinato brutal cometido por Suzane Von Richthofen e Daniel Cravinhos não teve um percurso fácil para chegar às telas. Cercado de controvérsia por contar a história de um crime real que chocou o Brasil, a produção chegou a ser falsamente acusada de estar dando dinheiro para a patricida (Suzane não recebeu nada e o filme é baseado no livro de Ilana Casoy). A decisão de dividir a história em dois filmes (A Menina Que Matou os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais) também teve sua parcela de controvérsia, com muitos achando que era um expediente para vender mais ingressos e não necessariamente traçar um panorama mais amplo. Pois bem, agora os dois filmes estão disponíveis em streaming e é possível conferi-los.

Como são experiências “complementares” (explicarei as aspas mais adiante) farei um texto só sobre os dois filmes. Primeiro vou falar de maneira geral sobre ambos, depois entrarei em especificidades sobre cada um, já que são experiências relativamente diferentes. A Menina Que Matou os Pais se baseia na versão de Daniel Cravinhos (Leonardo Bittencourt) sobre os fatos, fazendo a responsabilidade do crime cair mais sobre Suzane (Carla Diaz), enquanto que O Menino Que Matou Meus Pais apresenta a versão de Suzane, incriminando mais Daniel.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Crítica – Caminhos da Memória

 

Análise Crítica – Caminhos da Memória

Review – Caminhos da Memória
Ao lado de Jonathan Nolan, Lisa Joy explorou temas de memória, identidade e narrativa ao longo da série Westworld. Neste Caminhos da Memória, dirigido e escrito por ela, Joy volta a explorar todas essas ideias, mas sem o mesmo sucesso.

A trama se passa no futuro, numa Miami parcialmente inundada Nick (Hugh Jackman) ganha dinheiro usando um dispositivo que faz as pessoas reviverem memórias e, com o mundo em caos, o mercado para escapismo nostálgico está em alta. A vida de Nick muda quando ele é visitado pela misteriosa Mae (Rebecca Ferguson) e os dois vivem um romance até que Mae desaparece misteriosamente. Agora, Nick decide vasculhar a própria memória para encontrar pistas a respeito do paradeiro da amada.

É uma trama que remete muito ao noir, com um protagonista amargurado e cínico perambulando por uma metrópole decadente e corrompida em busca de uma mulher misteriosa. O desencanto, as profundas desigualdades que o noir tanto tratava estão aqui também. O futuro mostrado pela trama, de uma Miami tomada pelas águas por conta da mudança climática com uma pequena elite vivendo as áreas secas cercada por represas e diques enquanto a população vive ao sabor das marés talvez esteja mais próximo do que estamos imaginando. As paisagens inundadas da arquitetura art decó de Miami combinadas à iluminação cheia de tons de neon e aparatos futuristas rende uma espécie de Waterworld (1995) cyberpunk.

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Rapsódias Revisitadas – Questão de Honra

 Crítica – Questão de Honra


Review – Questão de Honra
Confesso que até hoje nunca tinha assistido Questão de Honra, originalmente lançado em 1992, apesar da clássica cena do interrogatório entre Tom Cruise e Jack Nicholson já ter sido citada e parodiada à exaustão. Tampouco sabia que o texto fora escrito por Aaron Sorkin, baseado numa peça escrita por ele mesmo. O texto é, de fato, marcado pelos diálogos ágeis de Sorkin e é também uma ponderação sobre o papel dos militares, o que significa honra e a banalidade do mal.

A trama é protagonizada pelo advogado da marinha Daniel Kaffee (Tom Cruise), inteligente, mas inexperiente no tribunal e mais disposto a fazer acordos do que ir a julgamento, Kaffee parece escolhido a dedo para encerrar o mais rápido possível o processo de dois soldados acusados de matar um colega de farda na base de Guantánamo em Cuba. A tenente Joanne Calloway (Demi Moore), que lidera a corregedoria das forças armadas, desconfia que a ação não foi dos dois soldados, mas dos superiores da base e pressiona Kaffee a investigar mais a fundo, principalmente por conta da conduta autoritária do coronel Jessep (Jack Nicholson), o responsável pela base.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Drops – Como Hackear Seu Chefe

 

Análise Crítica – Como Hackear Seu Chefe

Review – Como Hackear Seu Chefe
Com uma narrativa toda contada a partir de uma tela de computador e tentando reproduzir a lógica do trabalho remoto, a comédia Como Hackear Seu Chefe tem boas sacadas em como lidar com as limitações de contar uma história desta maneira e uma criatividade para situações cômicas. A trama é bem básica, Victor (Victor Lamoglia) fica bêbado depois de uma noite comemorando o aniversário e envia um e-mail comprometedor para o chefe. Agora, com a ajuda dos colegas João (Esdras Saturnino) e Mariana (Thati Lopes), ele precisa invadir a conta de e-mail do chefe e deletar o conteúdo antes que seja tarde demais.

O texto é criativo em criar situações absurdas, como João fazendo shows eróticos imitando Silvio Santos para pagar um hacker ou Victor delirando sob efeito dos gases tóxicos de dedetização. Também tem algumas boas sacadas em relação ao trabalho remoto, como funcionários usando apps de mensagem para falar mal do chefe durante uma reunião remota, pessoas esquecendo o microfone desligado na hora de falar ou aquele colega que não sabe muito de tecnologia e é sempre pego fazendo ou falando coisas inapropriadas (toda a participação de Nuno Leal Maia é impagável).