Estrelado pelo Noah Schnapp de Stranger Things e dirigido pelo
brasileiro Fernando Grostein, Abe é
uma típica história de amadurecimento e um jovem tentando encontrar seu lugar
no mundo. É também um filme que almeja tratar de conflitos entre povos e
resolução de diferenças, mas não se sai muito bem nisso.
Filho de um pai palestino e uma
mãe judia, Abe (Noah Schnapp) parece desagradar os vários lados de sua família
a cada decisão que toma. Se ele se aproxima de algum dos avós, os outros acham
que está errado. Se ele pensa em ser muçulmano ou judeu, o pai de Abe, que é
ateu, acha que ele está errado. Solitário, sem amigos e sob constante pressão
da família que briga o tempo todo, Abe se refugia na culinária e na ideia de
fusão gastronômica como um meio de harmonizar diferentes identidades. Para
aprender sobre isso, Abe se aproxima de Chico (Seu Jorge), um chef brasileiro
que se especializa nesse tipo de gastronomia.
O longa acerta ao falar do valor
cultural e social da gastronomia. Comer não é apenas uma necessidade física, é
um meio de expressão, onde exibimos nossa cultura, onde nos integramos a nossas
comunidades. É também uma maneira de reunir pessoas, de mostrar nosso afeto e
cuidado com aqueles que nos cercam. Como todo filme sobre comida, temos imagens
suntuosas de pratos criativos que nos deixam com água na boca (menos o acarajé
gourmetizado que Chico dá a Abe no início do filme, como baiano me senti
ofendido por aquilo sequer ter sido chamado de acarajé).