segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Crítica – Ghostbusters: Mais Além

 

Análise Crítica – Ghostbusters: Mais Além

Review – Ghostbusters: Mais Além
Depois de uma tentativa de fazer um reboot da franquia com Caça-Fantasmas (2016), com novos personagens e uma nova continuidade, a Sony decide retornar ao universo dos filmes originais com este Ghostbusters: Mais Além. Dirigido por Jason Reitman, filho de Ivan Reitman, que dirigiu os dois primeiros filmes, essa nova tentativa de recomeçar funciona simultaneamente como uma continuação e reboot.

Na trama, Callie (Carrie Coon) descobre que o pai, com quem não tinha contato, morreu e deixou uma fazenda decrépita para ela no interior de Oklahoma. Ela se desloca para a propriedade com os filhos Trevor (Finn Wolfhard) e Phoebe (McKenna Grace), uma gênia precoce que não tem uma boa relação com a mãe. Lá Phoebe descobre antigos equipamentos científicos do avô revelando que ele foi um dos Caça-Fantasmas que livrou Nova Iorque de ameaças sobrenaturais na década de 80 e que estava ali para conter uma poderosa entidade que todos achavam ter eliminado.

A trama demora a engrenar com o mistério sobre o avô de Phoebe se alongando desnecessariamente quando a identidade dele é óbvia desde o início (e já estava nos trailers). Sim, eu entendo que há um esforço de construir a dinâmica familiar entre Phoebe e mãe, focando em como elas não conseguem se entender e Phoebe constantemente se sente sozinha e deslocada por ser tão diferente da mãe e do irmão. Ainda assim, fica a impressão que a narrativa demora em entregar revelações que são bem evidentes desde o início.

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Rapsódias Revisitadas – Duna (1984)

 

Análise Crítica – Duna (1984)

Review – Duna (1984)
Como falei no meu texto recente sobre Duna (2021), eu adoro o livro homônimo de Frank Herbert desde a primeira vez que o li ainda na adolescência. Lembro, ao terminar de ler, de ficar animado sabendo que já existia uma adaptação cinematográfica feita em 1984 e dirigida por ninguém menos que David Lynch. O estilo visual e o tipo de narrativa do diretor pareciam ideais para adaptar um romance que tem tantos elementos lisérgicos que chega a ser difícil pensar em transpor para o audiovisual uma narrativa que se passa dentro do fluxo de consciência do protagonista em muitos momentos. Duna (1984) tinha muito em seu favor e ainda assim deu errado, embora não tenha sido exatamente culpa de Lynch.

São notórias das brigas que Lynch teve com os produtores e estúdio durante as filmagens. De uma versão inicial previsto para quase cinco horas, algo que o estúdio considerava comercialmente inviável, o filme foi obrigatoriamente reduzido a meras duas horas, uma duração mais padrão para uma produção hollywoodiana. Isso significava cortes severos no que estava planejado e várias gambiarras narrativas para fazer a trama ter o mínimo de coesão.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Crítica – Young Justice: Outsiders

 

Análise Crítica – Young Justice: Outsiders

Review Crítica – Young Justice: Outsiders
Lançada em 2011 no Cartoon Network, Young Justice era uma das melhores séries animadas do universo DC. Era tão boa que foi uma surpresa quando a emissora anunciou o cancelamento da série depois de uma excelente segunda temporada que, por sinal, acabava com um gancho. Desde então os fãs pedem o retorno da série, mas isso só aconteceu em 2019 quando a Warner lançou um streaming exclusivo para produtos da DC e uma terceira temporada intitulada Young Justice: Outsiders foi lançada. O streaming não existe mais e seus produtos foram incorporados à HBO Max, sendo através dela que essa terceira temporada finalmente chega ao Brasil (junto com a estreia da quarta temporada).

Depois dos eventos do segundo ano, os membros sêniores da Liga da Justiça estão em missão no espaço tentando reparar a imagem da Terra e ajudar os planetas afetados. Em uma dessas missões eles descobrem meta-humanos da Terra empregados por vilões intergalácticos como escravos. Assim, cabe aos membros que ficaram no planeta, em especial aos heróis da Justiça Jovem, resolver a crise. O problema é que a ONU, agora liderada por Lex Luthor, limita a ação da Liga, então vários membros da Liga, jovens e experientes, deixam o posto para agir na ilegalidade e prender os traficantes de pessoas. A investigação da equipe secreta os leva à pequena nação da Markovia, na qual a jovem princesa Tara e o príncipe Brion foram sequestrados supostamente por terem o meta-gene.

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Crítica – Hypnotic

 

Análise Crítica – Hypnotic

Review – Hypnotic
Eu sou um verme. Eu não tenho amor próprio. Eu me odeio. Só isso pode explicar porque continuo a me sujeitar a assistir esses suspenses ruins produzidos pela Netflix. A essa altura eu já deveria saber que dificilmente encontrarei qualquer coisa além de algo tão ruim que me faz eu me contorcer em agonia só de lembrar. É exatamente o que acontece com este péssimo Hypnotic.

Jenn (Kate Siegel) acha que sua vida está estagnada e resolve ir a um hipnotista depois da indicação de uma amiga. Ela começa as sessões com o doutor Collin (Jason O’Mara), mas coisas estranhas começam a acontecer.

O primeiro problema é o quão óbvio fica desde o início que Collin é um completo psicopata desde a primeira cena em que ele aparece. Com uma voz forçosamente grave e olhos esbugalhados que não piscam, não há nenhuma sutileza na composição de Jason O’Mara para nos deixar em dúvida se os eventos que acometem a protagonista são algum distúrbio mental ou se provocados pelo próprio terapeuta. Não ajuda que o consultório dele seja feito com elementos que parecem o design descartado para um covil de vilão de filme do James Bond da década de 70, com direito a fortes luzes vermelhas piscando e um estilo futurista e opressivo.

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Crítica – Eternos

 

Análise Crítica – Eternos

Review – Eternos
Fui sem saber o que esperar deste Eternos. Sinceramente temi que fosse mais um filme de origem “padrão Marvel” sem nada digno de nota, mas a presença da diretora Chloe Zhao me deu alguma esperança que pudesse ser diferente. O resultado é algo que mal parece um filme da Marvel, o que é ótimo considerando que nos últimos anos o estúdio estava se apegando demais aos próprios clichês.

Na trama, os Eternos são um grupo de seres imortais e extremamente poderosos enviados pelos Celestiais para proteger a Terra dos Deviantes, seres cósmicos extremamente poderosos. Exceto para enfrentarem os Deviantes, os Eternos não devem se revelar ou interferir na vida dos humanos. Apesar de acreditarem que exterminaram todos os inimigos há séculos, Sersi (Gemma Chan) se surpreende ao ser atacada por um deles em Londres e resolve reunir o grupo para enfrentar a nova ameaça e parte em busca de Ajak (Salma Hayek), a líder da equipe.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Crítica – Peçanha Contra o Animal

 

Análise Crítica – Peçanha Contra o Animal

Review – Peçanha Contra o Animal
O sargento major tenente Peçanha (Antônio Tabet) é, provavelmente, um dos mais divertidos personagens recorrentes do Porta dos Fundos, constantemente fazendo graça em cima da conduta truculenta e estúpida da polícia e também de reacionários em geral. É claro, nem tudo que funciona em esquetes necessariamente vai funcionar em um filme narrativo no qual você precisa construir arcos para os personagens. Ainda assim estava curioso para conferir este Peçanha Contra o Animal e o resultado até que é divertido.

Na trama, Peçanha e seu parceiro Mesquita (Pedro Benevides) são incumbidos de encontrarem um misterioso serial killer que está matando uma pessoa por dia. A missão não agrada muito o policial, já que ele acha mais fácil simplesmente pegar uma pessoa aleatória e forçar uma confissão. Assim, o incompetente PM precisa dar um jeito de desvendar o crime.

O filme é consciente do próprio absurdo e das liberdades que toma com o devido processo investigativo, já na primeira fazendo Mesquita comentar que investigação é da alçada da Polícia Civil e Peçanha rapidamente comentando que em Nova Iguaçu a PM acumula as funções de todas as forças de segurança. A trama também brinca com muitos clichês de narrativas hollywoodianas do gênero, como a típica cena em que os personagens são obrigados a entregar a arma e o distintivo a um superior.

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Rapsódias Revisitadas – No Vale das Sombras

 

Análise Crítica – No Vale das Sombras

Review – No Vale das Sombras
Lançado em 2007, No Vale das Sombras é, em geral, uma narrativa investigativa bem típica, chamando atenção principalmente pela interpretação melancólica de Tommy Lee Jones e por suas ponderações a respeito da guerra e do ideal militarista americano. Claro, não é o primeiro e nem será o último a falar sobre o que acontece com os soldados que voltam da guerra ou mesmo se o país deveria se engajar em tantas guerras assim, mas a maneira como esses temas são construídos aqui é consistente o bastante para causar o devido impacto. Aviso que o texto contêm SPOILERS do filme.

Hank (Tommy Lee Jones) é um investigador aposentado da polícia do exército. Um dia ele recebe uma ligação da base militar em que o filho está lotado de que ele não se reportou de volta no período devido e a ação vai ser considerada como abandono de serviço. Hank decide então viajar até a base para entender o que está acontecendo e não demora para que encontrem o cadáver esquartejado de seu filho à beira de uma estrada. Agora Hank vai acompanhar a policial Emily (Charlize Theron) para tentar entender o que aconteceu.

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Crítica – Sob Pressão: 4ª Temporada

Análise Crítica – Sob Pressão: 4ª Temporada

 

Review – Sob Pressão: 4ª Temporada
Depois de um hiato no ano passado por conta da pandemia que rendeu o especial de dois episódios Sob Pressão: Plantão Covid, a série Sob Pressão retorna para uma quarta temporada propriamente dita. Apesar de reconhecer a pandemia ainda em curso, essa quarta temporada foca em um hospital que atende casos diversos, evitando focar apenas na pandemia e falando de outras questões que envolvem a saúde pública e a sociedade brasileira.

Depois da experiência em um hospital de campanha, Evandro (Júlio Andrade) e Carolina (Marjorie Estiano) retornam aos plantões tradicionais no Hospital Edith de Magalhães. Além da rotina corrida do hospital, o casal precisa lidar com o retorno de Diana (Ana Flávia Cavalcanti), que revela que teve um filho com Evandro. Diana acaba desaparecendo e deixando o bebê com Evandro e Carolina, que precisam readaptar a rotina.

Como de costume ao longo da série, os casos abordados a cada episódio retratam problemas de saúde recorrentes na população, tentando mostrar os problemas sociais que muitas vezes causam tudo isso. Como a violência urbana que faz inocentes serem vítimas de bala perdida, a rotina de trabalho precarizada de entregadores de aplicativo que não lhes dá tempo para cuidados de saúde ou qualquer coisa além de trabalho ou o racismo que causa um trote violento na universidade contra um jovem negro.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Crítica – As Passageiras

 

Análise Crítica – As Passageiras

Review – As Passageiras
Pela sinopse e pelos trailers, As Passageiras prometia ser uma divertida mistura entre horror, ação e comédia. Com isso em mente fui assistir esperando algo que ao menos funcionasse como entretenimento bacana, mas o produto final, embora tenha alguns bons elementos, não diverte como deveria.

Na trama, Benny (Jorge Lendeborg Jr) substitui o irmão por uma noite em seu trabalho como motorista. Nesta noite específica ele precisa levar duas mulheres, Blaire (Debby Ryan) e Zoe (Lucy Fry), para uma série de festas. Rapidamente Benny descobre que as duas são vampiras e estão em uma missão de eliminar os chefes de todos os territórios de Los Angeles para que o vampiro Victor (Alfie Allen) domine a cidade sozinho. A ação viola uma antiga trégua entre vampiros e humanos, fazendo de Benny e suas duas passageiras alvos de vampiros rivais e também humanos caçadores de monstros.

Apesar da trama se estruturar com uma intensa corrida contra o tempo, o filme nunca consegue transmitir essa sensação de movimento. Toda vez que a trama parece se acelerar e engatar na urgência que o texto sugere, tudo cessa subitamente com os personagens parando para se esconder, dando início a longos diálogos expositivos que tentam explicar a complicada política que rege a conduta de vampiros e humanos naquele universo.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Crítica – Duna

Análise Crítica – Duna


Review – Duna
Eu lembro quando li Duna ainda no início do ensino médio em 2003. Fiquei impressionado como uma narrativa escrita em 1965 podia dizer tanto sobre o mundo em que eu vivia naquele momento. Guerras travadas em países desérticos em prol de uma substância essencial para o transporte. Grupos de fanáticos religiosos emergindo desses locais declarando guerra santa aos invasores. A trama de ambientalismo, messianismo, intriga política e dominação religiosa criada por Frank Herbert parecia ter feito exatamente o que se espera de uma boa ficção-científica: ter vislumbrado o futuro.

Só depois de já ter lido o livro que conheci a adaptação para o cinema de 1984 dirigida por David Lynch e fiquei extremamente decepcionado (houve também uma série de televisão que é muito ruim), Então quando foi anunciada uma nova adaptação feita por Denis Villeneuve, que já tinha trazido um novo vigor a Blade Runner em Blade Runner 2049 (2017), fiquei animado por um filme que finalmente fizesse justiça à obra de Frank Herbert e o diretor entrega exatamente isso. Sim, muitos elementos da narrativa soam batidos para um olhar contemporâneo, mas isso acontece mais porque Duna foi uma obra extremamente influente e consumimos várias narrativas influenciadas por ele do que por um trabalho sem personalidade ou derivativo.