quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Crítica – Maid

Análise Crítica – Maid

Review – Maid
Narrativas sobre mulheres reconstruindo a vida depois de fugirem de um cotidiano abusivo tem se tornado comuns. São histórias necessárias em um contexto em que discutimos cada vez mais sobre as estruturas machistas que governam a sociedade e, nesse sentido, é importante que a ficção também pense a respeito desses temas. A minissérie Maid certamente não faz nada em termos da trama que conta que já não tenha sido contado antes, mas o que lhe confere força é a complexidade que sua trama dá a seus personagens e a imersão que ela proporciona no universo sensível de sua protagonista.

A trama é baseada no livro autobiográfico de Stephanie Land e é centrada em Alex (Margaret Qualley) que vai com a filha de dois anos, Maddy (Rylea Nevaeh Whittet), para um abrigo de vítimas de violência doméstica fugindo do comportamento abusivo do marido Sean (Nick Robinson). Como ela dependia de Sean para tudo, Alex precisa arrumar um emprego para garantir habitação e poder manter a guarda da filha, assim ela começa a trabalhar como faxineira.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Crítica – Marighella

Análise Crítica – Marighella

Review – Marighella
Brasil nunca passou realmente à limpo o período da ditadura militar (assim como a escravidão também não foi, mas isso é conversa para outra ocasião). Querendo rapidamente fazer a transição para uma democracia com eleições diretas e com medo de melindrar os militares durante a transição, os crimes, horrores e excessos não foram plenamente expostos. Não demos o tempo para fazer a sociedade brasileira entender que era algo para nos envergonharmos (afinal os militares chegaram ao poder com apoio de parte da população e da imprensa) e que deveríamos ter “ódio e nojo” da ditadura como bem disse Ulysses Guimarães. Este Marighella, estreia de Wagner Moura como diretor, mostra a truculência e crueldade daqueles que estavam no poder durante este período, bem como a subserviência dos militares aos interesses dos Estados Unidos.

O filme conta a história real de Carlos Marighella (Seu Jorge), a partir da biografia escrita por Mário Magalhães. Marighella foi um intelectual, político e deputado que iniciou a Aliança Libertadora Nacional (ALN), grupo de luta armada contra a ditadura militar brasileira. As ações de Marighella e da ALN o tornam alvo do governo militar, que despacha o delegado Lúcio (Bruno Gagliasso) para detê-lo.

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Crítica – Marvel’s Guardians of the Galaxy

Análise Crítica – Marvel’s Guardians of the Galaxy

Review – Marvel’s Guardians of the Galaxy
Eu fiquei com um pé atrás com o anúncio deste Marvel’s Guardians of the Galaxy, afinal a incursão anterior da Square-Enix neste universo foi o problemático, ainda que divertido, Marvel’s Avengers, que tentava ser várias coisas ao mesmo tempo e não fazia nenhuma direito. Tudo bem que ele foi desenvolvido pela Crystal Dynamics (responsável pelos recentes Tomb Raider), enquanto que este novo jogo dos Guardiões da Galáxia estava sob a batuta da Eidos Montreal (que desenvolveu os recentes Deus Ex), mas ainda assim temi que a Square, que era a publisher, poderia interferir e repetir os mesmos problemas do game dos Vingadores. Felizmente isso não aconteceu e Marvel’s Guardians of the Galaxy é uma experiência concisa e focada em uma narrativa de um jogador, que mostra o valor desse tipo de experiência que a indústria parece disposta a não fazer a despeito de sucessos como God of War e Jedi Fallen Order.

Na trama, os Guardiões já estão juntos há algum tempo e tentam faturar alto ao capturarem e venderem um monstro poderoso para a temível Lady Hellbender. A missão dá errado e eles são pegos pela Tropa Nova, acidentalmente se colocando no caminho da Igreja da Verdade Universal e seus planos de dominação galáctica. Agora o grupo precisa se unir e superar as diferenças para salvar o universo.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Crítica – Ghostbusters: Mais Além

 

Análise Crítica – Ghostbusters: Mais Além

Review – Ghostbusters: Mais Além
Depois de uma tentativa de fazer um reboot da franquia com Caça-Fantasmas (2016), com novos personagens e uma nova continuidade, a Sony decide retornar ao universo dos filmes originais com este Ghostbusters: Mais Além. Dirigido por Jason Reitman, filho de Ivan Reitman, que dirigiu os dois primeiros filmes, essa nova tentativa de recomeçar funciona simultaneamente como uma continuação e reboot.

Na trama, Callie (Carrie Coon) descobre que o pai, com quem não tinha contato, morreu e deixou uma fazenda decrépita para ela no interior de Oklahoma. Ela se desloca para a propriedade com os filhos Trevor (Finn Wolfhard) e Phoebe (McKenna Grace), uma gênia precoce que não tem uma boa relação com a mãe. Lá Phoebe descobre antigos equipamentos científicos do avô revelando que ele foi um dos Caça-Fantasmas que livrou Nova Iorque de ameaças sobrenaturais na década de 80 e que estava ali para conter uma poderosa entidade que todos achavam ter eliminado.

A trama demora a engrenar com o mistério sobre o avô de Phoebe se alongando desnecessariamente quando a identidade dele é óbvia desde o início (e já estava nos trailers). Sim, eu entendo que há um esforço de construir a dinâmica familiar entre Phoebe e mãe, focando em como elas não conseguem se entender e Phoebe constantemente se sente sozinha e deslocada por ser tão diferente da mãe e do irmão. Ainda assim, fica a impressão que a narrativa demora em entregar revelações que são bem evidentes desde o início.

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Rapsódias Revisitadas – Duna (1984)

 

Análise Crítica – Duna (1984)

Review – Duna (1984)
Como falei no meu texto recente sobre Duna (2021), eu adoro o livro homônimo de Frank Herbert desde a primeira vez que o li ainda na adolescência. Lembro, ao terminar de ler, de ficar animado sabendo que já existia uma adaptação cinematográfica feita em 1984 e dirigida por ninguém menos que David Lynch. O estilo visual e o tipo de narrativa do diretor pareciam ideais para adaptar um romance que tem tantos elementos lisérgicos que chega a ser difícil pensar em transpor para o audiovisual uma narrativa que se passa dentro do fluxo de consciência do protagonista em muitos momentos. Duna (1984) tinha muito em seu favor e ainda assim deu errado, embora não tenha sido exatamente culpa de Lynch.

São notórias das brigas que Lynch teve com os produtores e estúdio durante as filmagens. De uma versão inicial previsto para quase cinco horas, algo que o estúdio considerava comercialmente inviável, o filme foi obrigatoriamente reduzido a meras duas horas, uma duração mais padrão para uma produção hollywoodiana. Isso significava cortes severos no que estava planejado e várias gambiarras narrativas para fazer a trama ter o mínimo de coesão.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Crítica – Young Justice: Outsiders

 

Análise Crítica – Young Justice: Outsiders

Review Crítica – Young Justice: Outsiders
Lançada em 2011 no Cartoon Network, Young Justice era uma das melhores séries animadas do universo DC. Era tão boa que foi uma surpresa quando a emissora anunciou o cancelamento da série depois de uma excelente segunda temporada que, por sinal, acabava com um gancho. Desde então os fãs pedem o retorno da série, mas isso só aconteceu em 2019 quando a Warner lançou um streaming exclusivo para produtos da DC e uma terceira temporada intitulada Young Justice: Outsiders foi lançada. O streaming não existe mais e seus produtos foram incorporados à HBO Max, sendo através dela que essa terceira temporada finalmente chega ao Brasil (junto com a estreia da quarta temporada).

Depois dos eventos do segundo ano, os membros sêniores da Liga da Justiça estão em missão no espaço tentando reparar a imagem da Terra e ajudar os planetas afetados. Em uma dessas missões eles descobrem meta-humanos da Terra empregados por vilões intergalácticos como escravos. Assim, cabe aos membros que ficaram no planeta, em especial aos heróis da Justiça Jovem, resolver a crise. O problema é que a ONU, agora liderada por Lex Luthor, limita a ação da Liga, então vários membros da Liga, jovens e experientes, deixam o posto para agir na ilegalidade e prender os traficantes de pessoas. A investigação da equipe secreta os leva à pequena nação da Markovia, na qual a jovem princesa Tara e o príncipe Brion foram sequestrados supostamente por terem o meta-gene.

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Crítica – Hypnotic

 

Análise Crítica – Hypnotic

Review – Hypnotic
Eu sou um verme. Eu não tenho amor próprio. Eu me odeio. Só isso pode explicar porque continuo a me sujeitar a assistir esses suspenses ruins produzidos pela Netflix. A essa altura eu já deveria saber que dificilmente encontrarei qualquer coisa além de algo tão ruim que me faz eu me contorcer em agonia só de lembrar. É exatamente o que acontece com este péssimo Hypnotic.

Jenn (Kate Siegel) acha que sua vida está estagnada e resolve ir a um hipnotista depois da indicação de uma amiga. Ela começa as sessões com o doutor Collin (Jason O’Mara), mas coisas estranhas começam a acontecer.

O primeiro problema é o quão óbvio fica desde o início que Collin é um completo psicopata desde a primeira cena em que ele aparece. Com uma voz forçosamente grave e olhos esbugalhados que não piscam, não há nenhuma sutileza na composição de Jason O’Mara para nos deixar em dúvida se os eventos que acometem a protagonista são algum distúrbio mental ou se provocados pelo próprio terapeuta. Não ajuda que o consultório dele seja feito com elementos que parecem o design descartado para um covil de vilão de filme do James Bond da década de 70, com direito a fortes luzes vermelhas piscando e um estilo futurista e opressivo.

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Crítica – Eternos

 

Análise Crítica – Eternos

Review – Eternos
Fui sem saber o que esperar deste Eternos. Sinceramente temi que fosse mais um filme de origem “padrão Marvel” sem nada digno de nota, mas a presença da diretora Chloe Zhao me deu alguma esperança que pudesse ser diferente. O resultado é algo que mal parece um filme da Marvel, o que é ótimo considerando que nos últimos anos o estúdio estava se apegando demais aos próprios clichês.

Na trama, os Eternos são um grupo de seres imortais e extremamente poderosos enviados pelos Celestiais para proteger a Terra dos Deviantes, seres cósmicos extremamente poderosos. Exceto para enfrentarem os Deviantes, os Eternos não devem se revelar ou interferir na vida dos humanos. Apesar de acreditarem que exterminaram todos os inimigos há séculos, Sersi (Gemma Chan) se surpreende ao ser atacada por um deles em Londres e resolve reunir o grupo para enfrentar a nova ameaça e parte em busca de Ajak (Salma Hayek), a líder da equipe.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Crítica – Peçanha Contra o Animal

 

Análise Crítica – Peçanha Contra o Animal

Review – Peçanha Contra o Animal
O sargento major tenente Peçanha (Antônio Tabet) é, provavelmente, um dos mais divertidos personagens recorrentes do Porta dos Fundos, constantemente fazendo graça em cima da conduta truculenta e estúpida da polícia e também de reacionários em geral. É claro, nem tudo que funciona em esquetes necessariamente vai funcionar em um filme narrativo no qual você precisa construir arcos para os personagens. Ainda assim estava curioso para conferir este Peçanha Contra o Animal e o resultado até que é divertido.

Na trama, Peçanha e seu parceiro Mesquita (Pedro Benevides) são incumbidos de encontrarem um misterioso serial killer que está matando uma pessoa por dia. A missão não agrada muito o policial, já que ele acha mais fácil simplesmente pegar uma pessoa aleatória e forçar uma confissão. Assim, o incompetente PM precisa dar um jeito de desvendar o crime.

O filme é consciente do próprio absurdo e das liberdades que toma com o devido processo investigativo, já na primeira fazendo Mesquita comentar que investigação é da alçada da Polícia Civil e Peçanha rapidamente comentando que em Nova Iguaçu a PM acumula as funções de todas as forças de segurança. A trama também brinca com muitos clichês de narrativas hollywoodianas do gênero, como a típica cena em que os personagens são obrigados a entregar a arma e o distintivo a um superior.

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Rapsódias Revisitadas – No Vale das Sombras

 

Análise Crítica – No Vale das Sombras

Review – No Vale das Sombras
Lançado em 2007, No Vale das Sombras é, em geral, uma narrativa investigativa bem típica, chamando atenção principalmente pela interpretação melancólica de Tommy Lee Jones e por suas ponderações a respeito da guerra e do ideal militarista americano. Claro, não é o primeiro e nem será o último a falar sobre o que acontece com os soldados que voltam da guerra ou mesmo se o país deveria se engajar em tantas guerras assim, mas a maneira como esses temas são construídos aqui é consistente o bastante para causar o devido impacto. Aviso que o texto contêm SPOILERS do filme.

Hank (Tommy Lee Jones) é um investigador aposentado da polícia do exército. Um dia ele recebe uma ligação da base militar em que o filho está lotado de que ele não se reportou de volta no período devido e a ação vai ser considerada como abandono de serviço. Hank decide então viajar até a base para entender o que está acontecendo e não demora para que encontrem o cadáver esquartejado de seu filho à beira de uma estrada. Agora Hank vai acompanhar a policial Emily (Charlize Theron) para tentar entender o que aconteceu.