sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Crítica – Tick, Tick...BOOM!

 

Análise Crítica – Tick, Tick...BOOM!

Review – Tick, Tick...BOOM!
Estreia de Lin Manuel Miranda como diretor, este Tick, Tick...BOOM! é uma biografia do compositor Jonathan Larson, responsável por Rent um dos musicais teatrais mais marcantes da década de 1990. Apesar de influente, Larson morreu jovem, antes da estreia de Rent e nunca viu o sucesso de seu trabalho.

A trama adapta o monólogo teatral homônimo escrito e protagonizado por Larson, com cenas do cotidiano do personagem mais ao estilo de uma biografia tradicional. A narrativa foca na tentativa de Larson (Andrew Garfield) em emplacar seu primeiro musical, Superbia, e a pressão que ele sente por estar prestes a fazer trinta anos e não ter encontrado o sucesso. Então acompanhamos o personagem em sua vida cotidiana com essas cenas intercaladas pelo personagem performando o espetáculo sobre esse período da vida dele, como se as cenas no teatro dessem ao espectador a perspectiva subjetiva do protagonista.

No papel seria um experimento interessante, com as cenas biográficas e as cenas do teatro dialogando constantemente. Uma oferecendo o universo interno e subjetivo do personagem e outra mostrando o universo externo a ele e como Larson se relacionava com as pessoas ao seu redor. Na prática, no entanto, as cenas biográficas tem pouco a fazer além de servir como mera ilustração ao monólogo teatral e musical do personagem. Ele diz algo no palco e entra uma cena ilustrando o que ele disse sem que essa cena ofereça ao espectador nenhuma nova informação em relação às cenas no palco.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Crítica – A Máfia dos Tigres: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – A Máfia dos Tigres: 2ª Temporada

Review – A Máfia dos Tigres: 2ª Temporada
A primeira temporada de A Máfia dos Tigres se tornou um fenômeno de audiência ao estrear durante o início do lockdown da pandemia. Todo mundo trancado em casa sem saber o que fazer e de repente surge essa série documental sobre sujeitos bizarros donos de zoológicos improvisados e uma denúncia sobre a falta de regulação dos EUA sobre a posse de animais silvestres. Parecia a distração perfeita para as incertezas pandêmicas. Mais de um ano depois a segunda temporada estreia na Netflix com a esperança de replicar o fenômeno e o resultado é muito ruim.

A primeira temporada tinha como eixo central as denúncias de precariedade, maus tratos e violações trabalhistas cometidas por uma série de donos de “zoológicos” de beira de estrada que lucravam em cima de animais silvestres. No meio do caminho a série se detinha sobre as maluquices e excentricidades desses indivíduos, mas ao menos havia um foco muito claro.

Essa segunda temporada é desprovida de foco ou de uma trama que unifique as histórias, partindo das tentativas de libertar Joe Exotic, depois falando sobre o sumiço do marido de Carole Baskin e sobre os problemas legais de Jeff Lowe, mas não há nada que una direito essas tramas, são uma série de histórias soltas. Mais que isso, os personagens que entram nessa temporada, já que os da anterior ou foram presos ou se recusam a falar, são completamente desinteressantes.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Crítica – Deserto Particular

 

Análise Crítica – Deserto Particular

Review – Deserto Particular
O título Deserto Particular reflete bem o estado dos dois protagonistas. Ambos presos a uma vida solitária, incapazes de viverem plenamente e sem perspectiva ao redor. Dirigido por Aly Muritiba (que recentemente conduziu a série documental O Caso Evandro), o filme foi o escolhido para representar o Brasil no Oscar 2022 e é um estudo sensível sobre identidade e a necessidade de conexão afetiva.

Na trama, Pedro (Antonio Saboia) é um policial passando por uma crise, depois que um episódio de agressão põe sua carreira em risco. Enfrentando punições disciplinares, sem salário e cuidando do pai que tem Alzheimer, Pedro é bastante solitário. A única pessoa com quem ele parece ter uma conexão é Sara (Pedro Fasanaro), uma mulher do interior da Bahia com quem ele se relaciona por mensagens. Quando Sara deixa de responder, Pedro decide dirigir de Curitiba até Juazeiro para encontrá-la.

A trama demora um pouco de engrenar, se estendendo muito no início em mostrar as dificuldades de Pedro em cuidar do pai ou nas minúcias das consequências da agressão que ele cometeu, inclusive estabelecendo prazos para as etapas do processo administrativo. A questão é que muitos desses elementos não repercutem no restante do filme. Eu entendo que o caso de agressão está ali para mostrar o beco sem saída profissional de Pedro e eventualmente mostrar o alcance da homofobia dele, do mesmo modo que o pai está ali para mostrar as raízes da masculinidade tóxica do protagonista. Ainda assim, se eu parasse de assistir o filme em seus primeiros trinta minutos, teria uma impressão completamente equivocada sobre o que ele trata, dada a atenção constante sobre a agressão e o pai.

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Jogamos o beta de The King of Fighters XV

 

Jogamos o beta de The King of Fighters XV

A franquia The King of Fighters foi uma parte grande da minha adolescência, com horas em fliperamas ou no primeiro Playstation jogando as várias versões anuais. Depois um longo hiato, a SNK trouxe de volta a série com The King of Fighters XIV que, confesso, joguei pouco. Tinha problemas, como um netcode ruim e visuais datados, mas era um bom recomeço. Agora, com The King of Fighters XV, a SNK promete refinar o que foi apresentado no game anterior e os trailers davam a entender que a desenvolvedora poderia cumprir a promessa com visuais melhores, lutas mais ágeis e online com rollback netcode.

Por conta de tantos elementos promissores, corri para jogar o beta aberto assim que foi anunciado e devo dizer que fiquei bastante empolgado para o produto final. O beta dá acesso a oito dos prometidos trinta e nove que farão parte da versão de lançamento. Entre os lutadores disponíveis estão alguns já presentes no game anterior como Kyo, Iori e o protagonista da atual narrativa, Shun’ei. Outros são personagens que retornam depois de um longo hiato, como Chizuru ou Shermie, e também uma nova lutadora, Dolores, que fará parte da equipe liderada por Isla, a rival de Shun’ei em KOF XV.

Experimentei um pouco cada, com personagens que retornam como Kyo e Iori trazendo elementos similares ao jogo anterior, mantendo muito da estrutura de combos e set ups de KOF XIV. Já os que não estavam presentes no game anterior trazem muitos golpes que me lembro, mas balanceados para o novo estilo de jogabilidade, enquanto que a novata Dolores consegue se integrar bem ao plantel de personagens e trazendo algum frescor com suas habilidades de terra e lama. Visualmente é um salto enorme em relação ao anterior, com cores mais vívidas, personagens mais expressivos, melhores texturas nas roupas e efeitos de partícula mais intensos.

É uma versão ainda mais refinada do jogo anterior e seu combate envolvendo equipes de três lutadores, mais ágil e com mais opções para o jogador se expressar e construir combos. Uma coisa que me incomodava em KOF XIV era a dependência de entrar em Max Mode para conseguir criar combos mais longos e poderosos. Aqui o Max Mode está presente, mas temos outras opções para estender combos. A primeira delas é o chamado Max Mode Quick, que quando ativado permite cancelar absolutamente qualquer movimento e deixa o oponente vulnerável para que o usuário continue seu combo.

Na prática funciona como a Roman Cancel de Guilty Gear e dá ampla possibilidade para o jogador ser criativo com seus combos ao invés de ficar preso a caminhos lineares como muitos jogos de luta recentes que tem uma grande preocupação com o balanceamento para o cenário competitivo de esports, algo que aconteceu com Mortal Kombat 11 ou Street Fighter V, ambos muito criticados pela estrutura muito restritiva de suas mecânicas (embora SFV tenha lidado com isso bem em suas temporadas posteriores com novas mecânicas ou a inserção de personagens como Rose e Oro).

A outra ferramenta são os especiais EX, que permitem o gasto de uma parte da barra de especial para uma versão amplificada dos golpes especiais do personagem, algo semelhante aos especiais EX de Street Fighter, Mortal Kombat ou Injustice. No game anterior essas versões amplificadas de golpes especiais só eram possíveis em Max Mode, então aqui temos mais versatilidade em seu uso. Os Shatters Strikes, por sua vez, funcionam de maneira similar aos Focus Attacks de Street Fighter IV, permitindo se proteger e contra-atacar os golpes dos adversários.

Outra coisa que chama atenção é o online e como funciona bem. Testei com partidas na mesma região que eu e com jogadores de outras áreas e tudo fluiu muito bem. A impressão em partidas na mesma região é que eu estava jogando com pessoas no mesmo console e não online. Mesmo com pessoas em outra região o máximo que acontecia era um pequeno tempo de carregamento para iniciar a luta e alguns ocasionais frames de atraso. O único problema que experimentei foi que em duas partidas fui desconectado com uma mensagem de erro antes da luta começar e não sei se isso foi alguma coisa do netcode do jogo ou da conexão do oponente.

Tive também um pequeno incômodo com o fato de que em 90% das partidas que joguei eu era colocado como segundo jogador (mesmo quando eu vinha de vitórias em partidas anteriores) e costumo preferir começar no lado do jogador 1. Não é nada que afete a performance, mas essa constância em começar no outro lado me fez até pensar que tinha algum tipo de configuração de preferência que eu não tinha feito, mas mexi em todos os menus e não encontrei nenhuma opção de definir o lado preferido. Não sei exatamente como o jogo organiza isso ou se todo mundo passou por essa situação, mas seria mais interessante variar um pouco mais o lado em que o jogador inicia. Outro elemento que senti falta no online é a possibilidade de reordenar seu time ao dar um rematch contra o mesmo jogador, já que ao fazer isso uma nova partida reinicia automaticamente sem dar chance para que ambos lutadores mudem a ordem dos times.

De todo modo, a experiência do beta de The King of Fighters XV mostra que o jogo será uma versão ainda mais refinada do game anterior, tanto em jogabilidade quanto na qualidade do online e me deixou bastante empolgado pelo produto final.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Rapsódias Revisitadas – A Família Addams

 

Crítica – A Família Addams

Review Crítica – A Família Addams (1991)
Lançado em 1991, A Família Addams não teve um percurso fácil até o lançamento. Os personagens criados por Charles Addams para uma tirinha de quadrinhos tinham encontrado sucesso em uma série de televisão na década de 60, mas não tinham aparecido na mídia por décadas. Barry Sonnenfeld, que até então nunca tinha dirigido nenhum filme, mas tinha ampla experiência como diretor de fotografia, tendo trabalhado em produções como Arizona Nunca Mais (1987), Harry & Sally: Feitos um Para o Outro (1989) ou Louca Obsessão (1990).

A produção

Sonnenfeld foi abordado pelo produtor Scott Rudin depois que nomes como Terry Gilliam e Tim Burton recusaram o projeto. Sonnenfeld leu o roteiro e não gostou, achou que tinha um humor muito próximo da série da década de 1960 e pouco dos cartuns de Charles Addams e argumentou com Rudin que o roteiro era ruim. Rudin aceitou as críticas como mais uma razão para Sonnenfeld aceitar o projeto, já que ele entendia bem os personagens e a produtora Orion aceitou a indicação de Sonnenfeld por confiar em Rudin.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Drops – Age of Calamity: Guardian of Rememberance

 

Análise Crítica – Age of Calamity: Guardian of Rememberance

Review – Age of Calamity: Guardian of Rememberance
Depois da decepção que foi a primeira expansão para Hyrule Warriors:Age of Calamity, a segunda expansão Guardian of Rememberance consegue evitar os problemas da DLC anterior, dando uma experiência que agrega tanto em termos de jogabilidade quanto de narrativa.

A história começa depois da campanha principal, com Purrah e Robbie consertando Terrako, o pequeno Guardião que veio do futuro, e descobrindo novos fragmentos de memória dele. As novas missões se situam dentro desses fragmentos de memória e ajudam a entender como Terrako viajou no tempo ou como Astor conseguiu o poder de Calamity Ganon. Algumas dessas memórias também exploram mais as ações dos pilotos das Bestas Divinas e suas contrapartes futuras, ampliando o desenvolvimento desses personagens que ficaram um pouco de lado na campanha principal, algo que apontei quando escrevi sobre o jogo base.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Crítica – Vingança & Castigo

 

Análise Crítica – Vingança & Castigo

Review – Vingança & Castigo
O faroeste (ou western) é um dos gêneros mais identificáveis da produção hollywoodiana. Suas tramas e sua mitologia se relacionam com o evento histórico da expansão dos Estados Unidos rumo à costa oeste e visam construir o entendimento do povo estadunidense como audaz, desbravador, capaz de domar o mais hostil dos ambientes graças à sua força e inteligência. Muitos filmes foram feitos a partir de figuras históricas reais como Wyatt Earp ou Doc Holiday.

O protagonismo do western, no entanto, sempre esteve nas mãos de pessoas brancas apesar do registro histórico também mostrar a presença importante de figuras negras como Bass Reeves. Ao fazer isso, a iconografia do gênero acaba dando a impressão de que apenas os brancos tinham as características ideais para prosperarem no velho oeste. Por isso a revisão feita neste Vingança & Castigo é tão importante, mostrando as histórias negras presentes neste momento histórico.

Apesar de se basear em figuras que existiram de verdade no período, a narrativa em si é ficcional. A narrativa acompanha o pistoleiro Nat Love (Jonathan Majors) em sua busca por vingança contra o criminoso Rufus Buck (Idris Elba), responsável pela morte da família de Nat. Tendo escapado da prisão recentemente e se reunido com seu perigoso bando, Rufus toma o controle de uma pequena cidade. Sabendo que não tem como enfrentar Rufus sozinho, Nat se reúne com um grupo de caçadores de recompensa liderados pelo xerife Bass Reeves (Delroy Lindo).

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Crítica – Querido Evan Hansen

 

Análise Crítica – Querido Evan Hansen

Review – Querido Evan Hansen
Filmes musicais estão normalmente associados à comédia, mas é perfeitamente possível que o gênero trate de temas mais pesados como suicídio e saúde mental sem parecer que está suavizando a gravidade dessas questões. Querido Evan Hansen, adaptação de um musical da Broadway de mesmo nome, tenta abordar exatamente esses temas, mas tem alguns problemas.

Evan (Ben Platt) é um adolescente tímido que sofre de depressão e ansiedade. Para lidar com isso, seu terapeuta sugere que ele escreva cartas para si mesmo na tentativa de colocar para fora seus sentimentos. Um dia ele acidentalmente imprime uma dessas cartas na escola, que é encontrada por Connor (Colton Ryan) que acha que Evan estava zombando dele. Dias depois Connor se suicida e a carta de Evan é a única coisa encontrada com ele fazendo todos acreditarem que aquela era a carta de suicídio de Connor e que ele e Evan eram amigos. Confrontado pelos pais de Connor, Evan não consegue dizer a verdade e confirma a mentira, que vai ganhando grandes proporções conforme a história se espalha e ele passa a apreciar o fato de finalmente ser notado e ter amigos.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Crítica – Alerta Vermelho

 

Análise Crítica – Alerta Vermelho

Review – Alerta Vermelho
Hollywood às vezes cai no erro de achar que basta juntar vários astros que estão em alta num mesmo filme para multiplicar seus ganhos. A história mostra que isso nem sempre dá certo, como no esquecível A Mexicana (2001) que reuniu Brad Pitt e Julia Roberts ou no fraco Passageiros (2016) que juntou Chris Pratt e Jennifer Lawrence. Alerta Vermelho é o mais novo lembrete que nem sempre uma quantidade grande de astros de alta visibilidade equaciona em um bom filme.

Na trama, o agente do FBI John Hartley (Dwayne “The Rock” Johnson) se une ao ladrão Nolan Booth (Ryan Reynolds) para tentar capturar a Bispo (Gal Gadot), a mais elusiva ladra do mundo. A dupla corre contra o tempo para recuperar três valiosos ovos adornados de joias que pertenceram à Cleópatra e que Bispo deseja roubar. É uma trama simples, feita para justificar viagens ao redor do mundo, perseguições e diálogos ferinos entre os personagens, mas nem tudo sai como deveria.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Crítica – Mario Party Superstars

 Análise Crítica – Mario Party Superstars


Review – Mario Party Superstars
Já faz algum tempo que os games da franquia Mario Party não agradam os fãs. Os problemas começaram em Mario Party 9 no Nintendo Wii, quando a navegação no tabuleiro foi reformulada para que todos os personagens andassem juntos em um carro, o que tirava muito da dimensão estratégica. Os problemas continuaram em Mario Party 10 no WiiU e apesar da Nintendo tentar reformular muita coisa em Super Mario Party no Nintendo Switch as coisas não melhoraram muito. Pois com este Mario Party Superstars a Nintendo tenta colocar a franquia de volta aos trilhos ao literalmente retornar ao passado, trazendo ao Switch tabuleiros dos três primeiros jogos no Nintendo 64 e cerca de 100 minigames selecionados entre os melhores da série.

O jogo traz cinco tabuleiros, cada um com seu próprio nível de dificuldade e estratégia, direto dos três primeiros jogos. Logicamente algumas mecânicas foram reajustadas para melhor balanceamento e para comportar algumas mecânicas como o uso de itens que não estavam presentes nos tabuleiros do primeiro Mario Party. A progressão é similar ao dos games clássicos, quatro jogadores em um tabuleiro competem para conseguir moedas e comprar estrelas para ganhar a partida. Cada tabuleiro tem também algumas mecânicas próprias, como a ilha do Yoshi, que permite trocar Toadette (que vende as estrelas) de lugar com Bowser, o laser gigante de Espaçolândia que remove moedas de quem estiver em seu caminho ou a complexa dinâmica entre dia e noite em Medolândia.