segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Crítica – Identidade

 

Análise Crítica – Identidade

Review – Identidade
Há uma quantidade enorme de filmes que usam fotografia em preto e branco ou uma taxa de aspecto 4:3 para parecerem mais “artísticos” ou meramente referenciar o cinema de outrora. Na maioria dos casos é um floreio estilístico que pouco acrescenta ao produto final. Neste Identidade, no entanto, é essencial para a discussão sobre colorismo e identidade que o filme tenta construir.

Estreia da atriz Rebecca Hall como diretora, a trama adapta um romance de Nella Larsen, e acompanha Irene (Tessa Thompson), uma mulher negra na Nova Iorque de 1920. Um dia Irene reencontra uma amiga de infância, Clare (Ruth Negga), e descobre que ela vive se passando por branca, inclusive tendo casado com um homem branco fazendo ele acreditar que ela era branca.

O reencontro desperta emoções em ambas. De um lado Irene, que assim como Clare tem uma pele mais clara e conseguiria se passar como branca, se sente incomodada com a possibilidade de esconder quem é, embora se sinta atraída pelas facilidades e segurança de uma vida de branca. Por outro lado, Clare vê em Irene um refúgio, uma possibilidade de ser ela mesma integralmente sem precisar fingir ou temer ser descoberta.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Crítica – Venom: Tempo de Carnificina

 

Análise Crítica – Venom: Tempo de Carnificina

Review – Venom: Tempo de Carnificina
O primeiro Venom (2018) não era lá grande coisa, mas encerrava com um gancho para continuação que talvez rendesse algo melhorzinho por conta da presença do serial killer Cletus Kasady. Pois bem, este Venom: Tempo de Carnificina tenta pegar o gancho final do primeiro e não faz nada de muito interessante.

Na trama, Eddie Brock (Tom Hardy) consegue uma entrevista exclusive com o serial killer Cletus Kasady (Woody Harrelson), mas durante a conversa Brock é mordido por Kasady, que fica com o pedaço do simbionte de Eddie. Usando o novo simbionte para se tornar o perigoso Carnificina, Cletus foge da cadeia e começa a causar destruição por onde passa. Cabe a Eddie Brock e ao simbionte Venom deter a nova ameaça.

De cara incomoda como a relação entre Brock e Venom parece estagnada em relação aos eventos do filme anterior. No final do primeiro Brock parecia ter aceito a condição de “protetor letal” permitindo que Venom devorasse bandidos. Aqui, no entanto, tudo parece ter voltado à estaca zero, com o filme dando a desculpa de que as autoridades ainda estavam à procura do simbionte por causa dos eventos do filme anterior, sendo que nada disso tinha sido dito no final do primeiro filme quando Eddie deixa Venom devorar um assaltante. Assim, ao invés de mover adiante a relação dos personagens, tudo soa estagnado, repetindo o que já tinha sido feito no primeiro filme, sendo que o primeiro filme não é exatamente bom.

Muitos defeitos do anterior também retornam, como o fato de que o texto não consegue fazer Eddie soar como um competente repórter investigativo. Porque inicialmente ele recusaria uma exclusiva com um serial killer? Porque ele aceitaria publicar uma fala de Cletus que claramente é uma mensagem cifrada sendo que isso poderia ser um código para que crimes fossem cometidos em nome dele? É um tipo de coisa que deveria passar pela cabeça de um jornalista experiente, mas Brock continua a agir como um amador estúpido.

Do mesmo modo, a relação entre Venom e Eddie continua sendo apresentada mais como uma espécie de comédia romântica e menos como um sujeito lidando com um parasita alienígena querendo controlar seu corpo. Ao fazer Venom engraçadinho, o filme diminui a capacidade intimidadora da criatura como um predador voraz e letal, impedindo que Venom seja aqui a presença imponente que o texto visa construir.

Qualquer um que já tenha assistido Assassinos por Natureza (1994) sabe que Woody Harrelson é perfeitamente capaz de fazer um serial killer caipira cruzando o país ao lado de um interesse romântico igualmente letal. A escalação dele como Cletus Kasady seria um acerto fácil, no entanto, não funciona por conta de um texto que não sabe fazer com o personagem. Kasady muda de personalidade o tempo todo, uma hora sendo enquadrado como um completo lunático e sádico, um psicopata cruel que busca destruição e dor. Em outros momentos o filme tenta transformar Cletus em uma vítima das circunstâncias, um coitado solitário e incompreendido que se tornou violento por causa dos abusos que sofreu e só queria ser amado. Essas duas abordagens entram em conflito uma com a outra e o personagem acaba soando vazio.

Não ajuda que o roteiro tenha uma série de incoerências e elementos mal explicados ou desenvolvidos. Porque, por exemplo, Cletus só queria dar entrevista para Eddie? O filme nunca dá uma justificativa crível para isso e soa mais como algo que acontece porque precisa acontecer para mover a trama. Do mesmo modo, porque exatamente o simbionte Carnificina precisa matar Venom? É estabelecido desde o início que Carnificina é naturalmente mais poderoso que Venom, então qual a razão dessa obsessão em matar o “pai”? Porque Venom fica assustado ao ver Carnificina pela primeira vez, explicando que é por ele ser vermelho? Qual o motivo do inimigo ser um simbionte vermelho afetar tanto Venom?

A ação abusa de névoa e espaços mal iluminados, provavelmente para facilitar os efeitos especiais que criam as criaturas, mas assim como no anterior são escolhas que tornam tudo incomodamente escuro. As lutas entre simbiontes continuam parecendo que duas manchas de tinta foram jogadas em uma folha de papel. São menos confusas que o filme anterior por causa das cores mais díspares entre as criaturas, entretanto não empolgam como deveriam. Parte do motivo da ação não empolgar é que o filme nos diz o tempo todo como esses seres são monstros carniceiros devoradores de gente, porém nunca vemos essa violência e brutalidade nas cenas de ação, já que o filme tem classificação indicativa baixa e não pode mostrar nada muito explícito.

Não esperava nada de Venom: Tempo de Carnificina e ainda assim o filme conseguiu decepcionar sendo pior que o primeiro em praticamente tudo.

 

Nota: 3/10


Trailer

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Crítica – Anônimo

 

Análise Crítica – Anônimo

Review – Anônimo
Escrito por Derek Kolstad, responsável pelos roteiros dos filmes do John Wick, este Anônimo pode ser resumido como uma espécie de “John Wick tiozão”, já que tem muitas características similares com os filmes protagonizados por Keanu Reeves, ainda que este aqui penda também um pouco para o humor. Na trama, Hutch (Bob Odenkirk) é um pacato homem de meia idade que trabalha como contador e vive uma tranquila vida suburbana com a esposa e os filhos. Um dia Hutch vê um grupo de homens assediando uma mulher dentro durante uma viagem de ônibus e decide interferir, espancando brutalmente todos os envolvidos. O problema é que um desses homens era irmão de um poderoso chefe da máfia russa, Yulian (Aleksey Serebryakov), colocando Hutch e sua família como alvo. O que os russos não sabem é que Hutch tem um passado secreto e que não é tão inofensivo quanto parece.

Assim como De Volta ao Jogo (2014), primeiro filme do John Wick, o filme inicialmente se estrutura ao redor do que parece ser uma típica trama de vingança quando a casa de Hutch é invadida por ladrões, mas logo se mostra uma história sobre um sujeito que segurou os impulsos homicidas por tempo demais e agora está mais do que disposto a ir para guerra por qualquer razão. É também um filme de ação sem muitas firulas em termos de narrativa indo direto ao ponto de conflito entre Hutch e os russos e usando isso para criar boas cenas de ação.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Crítica – Mestres do Universo Salvando Etérnia: Parte 2

 

Análise Crítica – Mestres do Universo Salvando Etérnia: Parte 2

Review Crítica – Mestres do Universo Salvando Etérnia: Parte 2
A primeira parte de Mestres do Universo: Salvando Etérnia era muito melhor do que tinha qualquer direito de ser. Explorava as relações entre os personagens principais e como anos de batalhas entre He-Man e o Esqueleto afetaram os vários heróis e vilões da série. Essa segunda parte tinha a difícil missão de manter o mesmo nível e também dar conta satisfatoriamente o surpreendente ganho da primeira parte.

Essa segunda parte começa do ponto em que a anterior parou. Esqueleto consegue a Espada do Poder e se transforma em uma versão mais poderosa de si. Maligna toma o lugar da Feiticeira no Castelo de Grayskull e o príncipe Adam está gravemente ferido depois de um ataque do Esqueleto. Os heróis devem se reagrupar e decidir como lidar com essa versão mais poderosa  do Esqueleto ao mesmo tempo em que uma novas crises surgem.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Crítica – Cowboy Bebop

 

Review – Cowboy Bebop

Análise Crítica – Cowboy Bebop
Cowboy Bebop é um dos meus animes preferidos. Tinha uma ambientação singular que misturava sci-fi com western, film noir e filmes de kung fu embalado por uma marcante trilha sonora de jazz. Por isso fiquei animado com a possibilidade de uma adaptação live-action ainda que também tenha ficado preocupado considerando que a maioria das adaptações de animes é bem ruim. Aqui o resultado final é irregular, com erros grosseiros para cada elemento que a série faz direito.

A trama se passa em um futuro no qual a humanidade colonizou o sistema solar. Em uma sociedade profundamente desigual e marcada por crimes, caçadores de recompensa prosperam capturando criminosos que a lei não dá conta de prender. Spike (John Cho) e Jet (Mustafa Shakir) são dois desses caçadores que vagam pelos planetas atrás de uma recompensa que garanta a próxima refeição. Conforme caçam criminosos, Spike acaba sendo confrontando pelo passado que tentou abandonar e fica na mira do poderoso grupo criminoso conhecido como O Sindicato.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Reflexões Boêmias: 5 Canções de Sondheim

 Reflexões Boêmias: 5 Canções de Sondheim


Considero Stephen Sondheim um dos melhores e talvez o melhor compositor a trabalhar em musicais da Broadway. Responsável por peças como West Side Story, Gypsy, A Little Night Music, Sweeney Todd, Company ou Into The Woods, Sondheim compôs para alguns dos maiores espetáculos da Broadway, a maioria dos que foram citados aqui (que representam uma pequena parte da produção dele) inclusive foram adaptados para cinema com graus variáveis de sucesso. Sondheim nos deixou na última sexta-feira, 26 de novembro, aos 91 anos e deixa um legado imenso para a música, o teatro e o cinema.

Como uma pequena homenagem e celebração ao seu corpus de produção, resolvi falar um pouco das cinco canções dele que mais gosto. Deixo claro que faço essa lista com base em preferências pessoais mesmo, daquilo dele que mais me toca, me impacta. As escolhas também foram baseadas em músicas que servissem de amostra da versatilidade de Sondheim como compositor, que podia ir de composições simples a altamente complexas (em geral não é fácil cantar Sondheim). Em comum, no entanto, todas essas canções são excelentes em externar aquilo que os personagens sentem. Suas dores, suas dúvidas, seu júbilo e seu afeto. Muitas vezes tudo isso junto. Mesmo com a dor de termos perdido um compositor tão singular, encontro conforto em saber que carregarei as músicas dele comigo para sempre.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Crítica – Tick, Tick...BOOM!

 

Análise Crítica – Tick, Tick...BOOM!

Review – Tick, Tick...BOOM!
Estreia de Lin Manuel Miranda como diretor, este Tick, Tick...BOOM! é uma biografia do compositor Jonathan Larson, responsável por Rent um dos musicais teatrais mais marcantes da década de 1990. Apesar de influente, Larson morreu jovem, antes da estreia de Rent e nunca viu o sucesso de seu trabalho.

A trama adapta o monólogo teatral homônimo escrito e protagonizado por Larson, com cenas do cotidiano do personagem mais ao estilo de uma biografia tradicional. A narrativa foca na tentativa de Larson (Andrew Garfield) em emplacar seu primeiro musical, Superbia, e a pressão que ele sente por estar prestes a fazer trinta anos e não ter encontrado o sucesso. Então acompanhamos o personagem em sua vida cotidiana com essas cenas intercaladas pelo personagem performando o espetáculo sobre esse período da vida dele, como se as cenas no teatro dessem ao espectador a perspectiva subjetiva do protagonista.

No papel seria um experimento interessante, com as cenas biográficas e as cenas do teatro dialogando constantemente. Uma oferecendo o universo interno e subjetivo do personagem e outra mostrando o universo externo a ele e como Larson se relacionava com as pessoas ao seu redor. Na prática, no entanto, as cenas biográficas tem pouco a fazer além de servir como mera ilustração ao monólogo teatral e musical do personagem. Ele diz algo no palco e entra uma cena ilustrando o que ele disse sem que essa cena ofereça ao espectador nenhuma nova informação em relação às cenas no palco.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Crítica – A Máfia dos Tigres: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – A Máfia dos Tigres: 2ª Temporada

Review – A Máfia dos Tigres: 2ª Temporada
A primeira temporada de A Máfia dos Tigres se tornou um fenômeno de audiência ao estrear durante o início do lockdown da pandemia. Todo mundo trancado em casa sem saber o que fazer e de repente surge essa série documental sobre sujeitos bizarros donos de zoológicos improvisados e uma denúncia sobre a falta de regulação dos EUA sobre a posse de animais silvestres. Parecia a distração perfeita para as incertezas pandêmicas. Mais de um ano depois a segunda temporada estreia na Netflix com a esperança de replicar o fenômeno e o resultado é muito ruim.

A primeira temporada tinha como eixo central as denúncias de precariedade, maus tratos e violações trabalhistas cometidas por uma série de donos de “zoológicos” de beira de estrada que lucravam em cima de animais silvestres. No meio do caminho a série se detinha sobre as maluquices e excentricidades desses indivíduos, mas ao menos havia um foco muito claro.

Essa segunda temporada é desprovida de foco ou de uma trama que unifique as histórias, partindo das tentativas de libertar Joe Exotic, depois falando sobre o sumiço do marido de Carole Baskin e sobre os problemas legais de Jeff Lowe, mas não há nada que una direito essas tramas, são uma série de histórias soltas. Mais que isso, os personagens que entram nessa temporada, já que os da anterior ou foram presos ou se recusam a falar, são completamente desinteressantes.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Crítica – Deserto Particular

 

Análise Crítica – Deserto Particular

Review – Deserto Particular
O título Deserto Particular reflete bem o estado dos dois protagonistas. Ambos presos a uma vida solitária, incapazes de viverem plenamente e sem perspectiva ao redor. Dirigido por Aly Muritiba (que recentemente conduziu a série documental O Caso Evandro), o filme foi o escolhido para representar o Brasil no Oscar 2022 e é um estudo sensível sobre identidade e a necessidade de conexão afetiva.

Na trama, Pedro (Antonio Saboia) é um policial passando por uma crise, depois que um episódio de agressão põe sua carreira em risco. Enfrentando punições disciplinares, sem salário e cuidando do pai que tem Alzheimer, Pedro é bastante solitário. A única pessoa com quem ele parece ter uma conexão é Sara (Pedro Fasanaro), uma mulher do interior da Bahia com quem ele se relaciona por mensagens. Quando Sara deixa de responder, Pedro decide dirigir de Curitiba até Juazeiro para encontrá-la.

A trama demora um pouco de engrenar, se estendendo muito no início em mostrar as dificuldades de Pedro em cuidar do pai ou nas minúcias das consequências da agressão que ele cometeu, inclusive estabelecendo prazos para as etapas do processo administrativo. A questão é que muitos desses elementos não repercutem no restante do filme. Eu entendo que o caso de agressão está ali para mostrar o beco sem saída profissional de Pedro e eventualmente mostrar o alcance da homofobia dele, do mesmo modo que o pai está ali para mostrar as raízes da masculinidade tóxica do protagonista. Ainda assim, se eu parasse de assistir o filme em seus primeiros trinta minutos, teria uma impressão completamente equivocada sobre o que ele trata, dada a atenção constante sobre a agressão e o pai.

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Jogamos o beta de The King of Fighters XV

 

Jogamos o beta de The King of Fighters XV

A franquia The King of Fighters foi uma parte grande da minha adolescência, com horas em fliperamas ou no primeiro Playstation jogando as várias versões anuais. Depois um longo hiato, a SNK trouxe de volta a série com The King of Fighters XIV que, confesso, joguei pouco. Tinha problemas, como um netcode ruim e visuais datados, mas era um bom recomeço. Agora, com The King of Fighters XV, a SNK promete refinar o que foi apresentado no game anterior e os trailers davam a entender que a desenvolvedora poderia cumprir a promessa com visuais melhores, lutas mais ágeis e online com rollback netcode.

Por conta de tantos elementos promissores, corri para jogar o beta aberto assim que foi anunciado e devo dizer que fiquei bastante empolgado para o produto final. O beta dá acesso a oito dos prometidos trinta e nove que farão parte da versão de lançamento. Entre os lutadores disponíveis estão alguns já presentes no game anterior como Kyo, Iori e o protagonista da atual narrativa, Shun’ei. Outros são personagens que retornam depois de um longo hiato, como Chizuru ou Shermie, e também uma nova lutadora, Dolores, que fará parte da equipe liderada por Isla, a rival de Shun’ei em KOF XV.

Experimentei um pouco cada, com personagens que retornam como Kyo e Iori trazendo elementos similares ao jogo anterior, mantendo muito da estrutura de combos e set ups de KOF XIV. Já os que não estavam presentes no game anterior trazem muitos golpes que me lembro, mas balanceados para o novo estilo de jogabilidade, enquanto que a novata Dolores consegue se integrar bem ao plantel de personagens e trazendo algum frescor com suas habilidades de terra e lama. Visualmente é um salto enorme em relação ao anterior, com cores mais vívidas, personagens mais expressivos, melhores texturas nas roupas e efeitos de partícula mais intensos.

É uma versão ainda mais refinada do jogo anterior e seu combate envolvendo equipes de três lutadores, mais ágil e com mais opções para o jogador se expressar e construir combos. Uma coisa que me incomodava em KOF XIV era a dependência de entrar em Max Mode para conseguir criar combos mais longos e poderosos. Aqui o Max Mode está presente, mas temos outras opções para estender combos. A primeira delas é o chamado Max Mode Quick, que quando ativado permite cancelar absolutamente qualquer movimento e deixa o oponente vulnerável para que o usuário continue seu combo.

Na prática funciona como a Roman Cancel de Guilty Gear e dá ampla possibilidade para o jogador ser criativo com seus combos ao invés de ficar preso a caminhos lineares como muitos jogos de luta recentes que tem uma grande preocupação com o balanceamento para o cenário competitivo de esports, algo que aconteceu com Mortal Kombat 11 ou Street Fighter V, ambos muito criticados pela estrutura muito restritiva de suas mecânicas (embora SFV tenha lidado com isso bem em suas temporadas posteriores com novas mecânicas ou a inserção de personagens como Rose e Oro).

A outra ferramenta são os especiais EX, que permitem o gasto de uma parte da barra de especial para uma versão amplificada dos golpes especiais do personagem, algo semelhante aos especiais EX de Street Fighter, Mortal Kombat ou Injustice. No game anterior essas versões amplificadas de golpes especiais só eram possíveis em Max Mode, então aqui temos mais versatilidade em seu uso. Os Shatters Strikes, por sua vez, funcionam de maneira similar aos Focus Attacks de Street Fighter IV, permitindo se proteger e contra-atacar os golpes dos adversários.

Outra coisa que chama atenção é o online e como funciona bem. Testei com partidas na mesma região que eu e com jogadores de outras áreas e tudo fluiu muito bem. A impressão em partidas na mesma região é que eu estava jogando com pessoas no mesmo console e não online. Mesmo com pessoas em outra região o máximo que acontecia era um pequeno tempo de carregamento para iniciar a luta e alguns ocasionais frames de atraso. O único problema que experimentei foi que em duas partidas fui desconectado com uma mensagem de erro antes da luta começar e não sei se isso foi alguma coisa do netcode do jogo ou da conexão do oponente.

Tive também um pequeno incômodo com o fato de que em 90% das partidas que joguei eu era colocado como segundo jogador (mesmo quando eu vinha de vitórias em partidas anteriores) e costumo preferir começar no lado do jogador 1. Não é nada que afete a performance, mas essa constância em começar no outro lado me fez até pensar que tinha algum tipo de configuração de preferência que eu não tinha feito, mas mexi em todos os menus e não encontrei nenhuma opção de definir o lado preferido. Não sei exatamente como o jogo organiza isso ou se todo mundo passou por essa situação, mas seria mais interessante variar um pouco mais o lado em que o jogador inicia. Outro elemento que senti falta no online é a possibilidade de reordenar seu time ao dar um rematch contra o mesmo jogador, já que ao fazer isso uma nova partida reinicia automaticamente sem dar chance para que ambos lutadores mudem a ordem dos times.

De todo modo, a experiência do beta de The King of Fighters XV mostra que o jogo será uma versão ainda mais refinada do game anterior, tanto em jogabilidade quanto na qualidade do online e me deixou bastante empolgado pelo produto final.