Tendo visto o filme, posso dizer que alguns dos meus temores estavam equivocados, enquanto outros se confirmaram. A primeira coisa é que esses personagens de outrora não estão ali apenas por um nostalgismo rasteiro, a presença deles aqui tem muito a dizer sobre a jornada de Peter Parker (Tom Holland), o que está no cerne do Homem-Aranha e qual é a essência do heroísmo. Todo mundo meio que concorda que um herói é aquele que faz o bem, no entanto, a ideia de qual bem é esse que um herói faz pode variar. Ao colocar o atual Peter diante da encruzilhada de enviar antigos vilões para a morte certa, a trama nos lembra que um herói é alguém que, acima de tudo, salva pessoas, mesmo vilões. A noção de Peter se arriscar por indivíduos que querem matá-lo também dialoga com os temas de poder e responsabilidade que sempre acompanharam o personagem.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2021
Crítica – Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
Crítica – A Última Noite
A narrativa começa com o casal Nell (Keira Knightley) e Simon (Matthew Goode) esperando um grupo de amigos para as comemorações de Natal em sua casa de campo. Aos poucos o filme vai dando indícios de que há algo estranho no ar e logo descobrimos a razão. A atmosfera se tornou tóxica por conta das mudanças climáticas, gerando tornados e tempestades de substâncias mortais. Para evitar uma morte lenta e sofrida, a família de Nell e seus amigos decidiram tomar os comprimidos distribuídos pelo governo para terem uma morte sem sofrimento. A comemoração de Natal é, portanto, a última noite deles neste mundo. O problema é que Art (Roman Griffin Davis, filho da diretora), o filho mais velho de Nell, não aceita de bom grado a ideia do suicídio coletivo.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021
Crítica – Top of the Lake: China Girl
Na trama, Robin (Elizabeth Moss) está de volta a Sidney, Austrália, depois dos eventos passados na Nova Zelândia na primeira temporada. Trabalhando como detetive, Robin investiga o assassinato de uma jovem asiática, encontrada morta dentro de uma mala jogada no mar. O crime se complica quando a detetive descobre que a jovem estava grávida de um bebê sem nenhum marcador genético seu, ou seja, provavelmente servia de barriga de aluguel. Ao mesmo tempo, Robin lida com a tentativa de aproximação de Mary (Alice Englert), filha que ela teve na juventude fruto de um abuso sexual. Mary namora o estranho Alexander (David Dencik), um sujeito que está envolvido em negócios escusos, com os pais adotivos de Mary reprovando a relação.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2021
Lixo Extraordinário – Para Maiores
Em ambos os casos mal dá para considerar como trama e mesmo internamente nenhum esquete tem qualquer propósito além de gerar risos. O problema é que é quase impossível rir de um material tão sem graça, que se apoia meramente em palavrões e escatologia rasa sem muita criatividade. O que surpreende, no entanto, é o elenco, composto por grandes nomes como Hugh Jackman, Kate Winslet, Halle Berry, Chris Pratt, Chloe Moretz, Emma Stone, Liev Schrieber e tantos outros.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2021
Crítica – Titãs: 3ª Temporada
A trama começa quando Jason Todd (Curran Walters) decide ir atrás do Coringa sozinho e é morto pelo Palhaço do Crime. Dick (Brenton Thwaites) e os demais Titãs vão até Gotham para o funeral e para dar suporte a Bruce Wayne (Iain Glen). Transtornado, Bruce deixa Gotham, cabendo aos Titãs protegerem a cidade quando o misterioso Capuz Vermelho surge como ameaça e o Espantalho (Vincent Kartheiser) também em esquemas em curso.
O arco principal é o do Capuz Vermelho e considerando que essa história já foi contada em animações e games a rodo, a série acerta ao já revelar a identidade dele no segundo episódio. Esse é provavelmente o único acerto, já que todo o restante é conduzido da pior maneira possível. Nos quadrinhos e em outras adaptações da história o que movia o vilão/anti-herói era seu desejo de mostrar a Bruce Wayne como a regra de não matar estava ultrapassada. Aqui, como Bruce não está presente, esse elemento não tem como ser desenvolvido e o Capuz é reduzido a um capanga chorão do Espantalho. Outros elementos dessa história, como o Poço de Lázaro que revive Jason, são jogados de qualquer jeito na trama.
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
Crítica – Imperdoável
A narrativa gira em torno de Ruth (Sandra Bullock), que sai da prisão depois de cumprir uma pena de vinte anos por matar um policial. Ruth tenta reconstruir a vida e se reaproximar da irmã caçula, que foi colocada no sistema de adoção depois dela ter sido presa já que elas não tinham mais nenhum parente vivo. Esse caminho não é fácil, pois Ruth precisa lidar com o julgamento constante de uma sociedade que nunca parece disposta a esquecer o que ela fez e lhe dar uma nova chance.
Além de Ruth, a trama segue a família adotiva de Katie (Aisling Franciosi) e os filhos do policial morto por Ruth. A ideia, em tese, é mostrar como esse crime impactou não só a vida da protagonista, mas a vida de todos ao redor do evento. Digo em tese porque o texto nunca consegue dar conta desses vários núcleos passando superficialmente por eles, sem ser capaz de nos transmitir como realmente esses eventos impactaram as vidas dos personagens. Com isso, o filme desperdiça bons atores, como Viola Davis, que fica presa a uma personagem com pouquíssima utilidade na trama.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2021
Crítica – Perdidos no Espaço: 3ª Temporada
Esta terceira e última temporada inicia um ano depois dos eventos da temporada anterior. Judy (Taylor Russell) lidera o grupo de crianças que fugiram da Resolute em busca de Alfa Centauro. Eles chegaram a um planeta diferente e estabeleceram uma colônia temporária enquanto reúnem recursos para consertar a nave e partir para Alfa Centauro. Enquanto isso, os adultos que ficaram para trás tentam se manter ocultos dos robôs enquanto consertam o que restou de suas naves e tentam encontrar um jeito de chegar ao destino em Alfa Centauro.
De cara a temporada resolve alguns problemas que tive com o ano anterior, dando peso e consequência ao sacrifício da Resolute, mostrando o quão acuados estão os adultos que ficaram para trás liderados por John (Toby Stephens) e Maureen (Molly Parker) ao mesmo tempo em que as crianças sentem o isolamento em seu lar temporário e Judy se vê insegura com seu papel de líder. A série também resolve o problema de Smith (Parker Posey) delineando aos poucos um caminho de redenção para a personagem, evitando que ela fique colocando esquemas mesquinhos quando há coisas tão maiores em risco.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2021
Drops – Garota da Moto
A trama se passa aparentemente depois dos eventos da série. Joana (Maria Casadevall) trabalha como motogirl e vive ao lado do filho Nico (Kevin Vecchiato, que viveu o Cebolinha em Turma da Mônica: Laços). Durante uma entrega, Joana encontra uma fábrica ilegal que opera com imigrantes em regime de trabalho escravo. Furiosa com a injustiça, Joana decide intervir e consegue dominar os culpados antes mesmo que a polícia chegue. A ação, no entanto, coloca ela e o filho na mira de uma poderosa organização criminosa liderada por um policial corrupto.
Como a narrativa se passa depois da série, o início sofre com uma quantidade grande de diálogos expositivos que visam situar o espectador nos eventos que ocorreram até aqui, algo que é recorrente em filmes baseados em séries, como aconteceu com Veronica Mars ou Entourage. O texto tenta explorar como a vida de fuga e brigas afetou o filho de Joana e a relação dele com a mãe, mas tudo acaba sendo desenvolvido rápido demais para sair da superfície do tema.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2021
Crítica – Coquetel Explosivo
Na trama, Sam (Karen Gillan) se tornou uma assassina profissional depois de ser abandonada pela mãe, Scarlet (Lena Headey). A serviço da poderosa organização criminosa conhecida como “A Firma”. Quando uma missão dá errado, Sam se vê protegendo a garota Emily (Chloe Coleman) e na mira da Firma.
A trama demora um pouco a engrenar, estabelecendo os elementos que compõem esse universo excêntrico de sororidades de assassinas e grupos mafiosos secretos, mas quando engrena se entrega a ação amalucada e ultraviolência. A ação é bem criativa, colocando Sam em situações bem inesperadas para esse tipo de filme. Um dos melhores exemplos é a sequência em que Sam enfrenta três assassinos enquanto está com os braços anestesiados, prendendo uma faca e uma arma nas mãos com fita adesiva. É a perfeita síntese de como o filme mistura uma imaginação completamente pirada com doses cavalares de violência e sangue.
A fita também se beneficia do carisma do elenco. De Karen Gillan fazendo uma típica assassina com coração de ouro, passando por Lena Headey como uma ex-assassina que sempre tem um plano na manga. Além da dupla principal, a trama tem participações divertidas de Angela Basset, Carla Gugino e Michelle Yeoh, que também contribuem em algumas cenas de ação. O grandiloquente embate na biblioteca seria um ótimo clímax, mas o filme insiste em não acabar, se alongando mais do que deveria.
O material acaba levando muito à sério a temática sobre pais e filhos da trama, tentando construir alguns momentos de impacto emocional, no entanto eles não funcionam devido a todo o contexto acelerado e amalucado do filme, servindo mais como um freio brusco para o fluxo da narrativa do que algo que opera organicamente com ela. Todo o segmento da lanchonete poderia ser suprimido se a chegada do vilão acontecesse na própria biblioteca e isso daria mais agilidade ao desfecho. Do jeito que está, ao invés de uma conclusão apoteótica, o filme se arrasta em seus minutos finais, acabando com o senso de energia que foi construído até então. Não deixa de ser divertido, mas fica a sensação de que poderia ser mais conciso.
Coquetel Explosivo diverte por conta da criatividade amalucada de
suas cenas de ação e por um elenco que consegue dar algum carisma a personagens
que, de outra maneira, seriam bem lugar comum.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2021
Drops – Ferida
É uma narrativa que mistura Rocky: Um Lutador (1967), com Nocaute (2015) e outros elementos que já vimos em filmes de esporte. Não tem nada que saia do traçado esperado e boa parte dos desenvolvimentos são bem previsíveis, como a eventual relação de Jackie com a treinadora. Isso seria menos problemático se os personagens ao redor da protagonista fossem mais interessantes, mas todos eles parecem existir apenas para gravitar em torno dela, funcionando como obstáculos (o namorado abusivo, a mãe oportunista) ou facilitadores (a treinadora que sempre está disponível para tudo e parece não ter vida própria) e nunca como indivíduos autônomos com suas próprias motivações ou desejos.