terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Crítica – A Máfia dos Tigres: A História de Doc Antle

 

Análise Crítica – A Máfia dos Tigres: A História de Doc Antle

Review – A Máfia dos Tigres: A História de Doc Antle
Depois da péssima segunda temporada de A Máfia dos Tigres não estava com muita disposição de conferir este...err...spin off da franquia. Só o fiz pela curta duração, de apenas três episódios, e também por ele ser inteiramente centrado na figura de Doc Antle, um dos sujeitos mais bizarros a aparecer na primeira temporada.

Além de denúncias de pedofilia, de cooptar as funcionárias de seu parque para um estranho culto/harém ao seu redor, Antle me chamava atenção pela linguagem corporal perturbadora. Ele sempre falava com uma aparente calma e alegria, com um sorriso tão rígido no rosto que parecia paralisado naquela posição. Bastava alguém dizer algo que Doc não gostava, que sua voz imediatamente se tornava agressiva e descontrolada apesar de um evidente esforço de manter no rosto a expressão plácida e sorridente, o que lhe fazia parecer um completo lunático.

Essa minissérie derivada vai mais à fundo no passado de Antle, explicando como ele estruturou seu harém/seita a partir de suas vivências em uma comunidade alternativa de yoga no interior dos Estados Unidos a partir da década de 60. Através de testemunhos e imagens de arquivo, o documentário mostra como desde jovem Antle estava metido com seitas e também em se relacionar com menores de idade, inclusive levando algumas delas de casa se autorização dos pais (na prática, sequestro). Os vários testemunhos revelam um padrão consistente de abusos e manipulação dessas mulheres, algo que mesmo denunciado para o guru que liderava a seita da qual Antle pertencia não parecia haver consequência (inclusive porque o próprio guru também é acusado de abusos sexuais).

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Crítica – Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

 Análise Crítica – Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa


Review – Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
As primeiras informações sobre Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa me deixaram preocupado. Afinal, a Marvel estava basicamente adaptando uma das piores histórias recentes do herói nos quadrinhos, o arco em que ele pede a Mephisto para apagar a memória de todos a respeito de sua identidade, apenas substituindo aqui Mephisto pelo Dr. Estranho (Benedict Cumberbatch). Retificar a continuidade (ou retcon) é um dispositivo dramatúrgico preguiçoso, que “reseta” um personagem por alguma conveniência de roteiro e tira todo o peso do que veio antes. Neste novo filme do teioso a Marvel parecia usar da nostalgia, trazendo vilões (e outros personagens) de filmes passados, para nos fazer esquecer que estamos diante de um retcon covarde.

Tendo visto o filme, posso dizer que alguns dos meus temores estavam equivocados, enquanto outros se confirmaram. A primeira coisa é que esses personagens de outrora não estão ali apenas por um nostalgismo rasteiro, a presença deles aqui tem muito a dizer sobre a jornada de Peter Parker (Tom Holland), o que está no cerne do Homem-Aranha e qual é a essência do heroísmo. Todo mundo meio que concorda que um herói é aquele que faz o bem, no entanto, a ideia de qual bem é esse que um herói faz pode variar. Ao colocar o atual Peter diante da encruzilhada de enviar antigos vilões para a morte certa, a trama nos lembra que um herói é alguém que, acima de tudo, salva pessoas, mesmo vilões. A noção de Peter se arriscar por indivíduos que querem matá-lo também dialoga com os temas de poder e responsabilidade que sempre acompanharam o personagem.

Crítica – A Última Noite

 

Análise Crítica – A Última Noite

Review Crítica – A Última Noite
Misturando o otimismo de películas natalinas com o niilismo de filmes sobre o iminente fim do mundo, este A Última Noite é certamente uma mistura insólita. A diretora Camille Griffin tenta construir uma trama sobre celebrações e encerramentos, mas nem tudo se encaixa como deveria.

A narrativa começa com o casal Nell (Keira Knightley) e Simon (Matthew Goode) esperando um grupo de amigos para as comemorações de Natal em sua casa de campo. Aos poucos o filme vai dando indícios de que há algo estranho no ar e logo descobrimos a razão. A atmosfera se tornou tóxica por conta das mudanças climáticas, gerando tornados e tempestades de substâncias mortais. Para evitar uma morte lenta e sofrida, a família de Nell e seus amigos decidiram tomar os comprimidos distribuídos pelo governo para terem uma morte sem sofrimento.  A comemoração de Natal é, portanto, a última noite deles neste mundo. O problema é que Art (Roman Griffin Davis, filho da diretora), o filho mais velho de Nell, não aceita de bom grado a ideia do suicídio coletivo.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Crítica – Top of the Lake: China Girl

Análise Crítica – Top of the Lake: China Girl

Review – Top of the Lake: China Girl
Originalmente lançada em 2017, Top of the Lake: China Girl só chegou oficialmente ao Brasil neste 2021 via HBO Max. Continuação da minissérie Top of the Lake, lançada em 2013 e criada por Jane Campion, essa segunda história da detetive Robin Griffin tenta tocar em temas similares ao original, em especial em questões ligadas à violência contra a mulher, no entanto acaba não tendo o mesmo impacto.

Na trama, Robin (Elizabeth Moss) está de volta a Sidney, Austrália, depois dos eventos passados na Nova Zelândia na primeira temporada. Trabalhando como detetive, Robin investiga o assassinato de uma jovem asiática, encontrada morta dentro de uma mala jogada no mar. O crime se complica quando a detetive descobre que a jovem estava grávida de um bebê sem nenhum marcador genético seu, ou seja, provavelmente servia de barriga de aluguel. Ao mesmo tempo, Robin lida com a tentativa de aproximação de Mary (Alice Englert), filha que ela teve na juventude fruto de um abuso sexual. Mary namora o estranho Alexander (David Dencik), um sujeito que está envolvido em negócios escusos, com os pais adotivos de Mary reprovando a relação.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Lixo Extraordinário – Para Maiores

 


De todos as produções pavorosas que abordei nesta coluna, Para Maiores (2013) talvez seja uma das que menos se qualifique como filme propriamente dito (ao lado de Salvando o Natal, um misto de escola dominical e Telecurso 2000). É uma série esquetes cômicos encadeados por um fiapo de trama. Trama esta, por sinal, que varia em versões diferentes. Em uma das versões a trama se ancora ao redor de um executivo de estúdio tentando passar ideias para novos filmes (daí os esquetes). Em outra versão a trama se estrutura ao redor de dois adolescentes tentando baixar um filme na internet, mas sempre encontrando a produção errada (daí os esquetes).

Em ambos os casos mal dá para considerar como trama e mesmo internamente nenhum esquete tem qualquer propósito além de gerar risos. O problema é que é quase impossível rir de um material tão sem graça, que se apoia meramente em palavrões e escatologia rasa sem muita criatividade. O que surpreende, no entanto, é o elenco, composto por grandes nomes como Hugh Jackman, Kate Winslet, Halle Berry, Chris Pratt, Chloe Moretz, Emma Stone, Liev Schrieber e tantos outros.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Crítica – Titãs: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – Titãs: 3ª Temporada

Review – Titãs: 3ª Temporada
Quando escrevi sobre a segunda temporada de Titãs, mencionei como a série acertava nas complicadas relações entre seus personagens, um acerto do primeiro ano, ainda que também repetisse os problemas de seu ano de estreia. Pois isso mudou nesta terceira temporada. Agora a série repete todos os erros anteriores sem nenhum dos elementos positivos.

A trama começa quando Jason Todd (Curran Walters) decide ir atrás do Coringa sozinho e é morto pelo Palhaço do Crime. Dick (Brenton Thwaites) e os demais Titãs vão até Gotham para o funeral e para dar suporte a Bruce Wayne (Iain Glen). Transtornado, Bruce deixa Gotham, cabendo aos Titãs protegerem a cidade quando o misterioso Capuz Vermelho surge como ameaça e o Espantalho (Vincent Kartheiser) também em esquemas em curso.

O arco principal é o do Capuz Vermelho e considerando que essa história já foi contada em animações e games a rodo, a série acerta ao já revelar a identidade dele no segundo episódio. Esse é provavelmente o único acerto, já que todo o restante é conduzido da pior maneira possível. Nos quadrinhos e em outras adaptações da história o que movia o vilão/anti-herói era seu desejo de mostrar a Bruce Wayne como a regra de não matar estava ultrapassada. Aqui, como Bruce não está presente, esse elemento não tem como ser desenvolvido e o Capuz é reduzido a um capanga chorão do Espantalho. Outros elementos dessa história, como o Poço de Lázaro que revive Jason, são jogados de qualquer jeito na trama.

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Crítica – Imperdoável

 

Análise Crítica – Imperdoável

Review – Imperdoável
Ao longo do meu tempo com Imperdoável tive a impressão de que esta produção da Netflix era algo orginalmente pensado como série ou minissérie, mas que precisou ser condensado em um filme de menos de duas horas. São muitos núcleos de personagens, muitas tramas, quase que três filmes em um só (nenhum desenvolvido a contento), então não foi sem surpresa quando os créditos subiram e descobri que a produção adaptava uma minissérie britânica.

A narrativa gira em torno de Ruth (Sandra Bullock), que sai da prisão depois de cumprir uma pena de vinte anos por matar um policial. Ruth tenta reconstruir a vida e se reaproximar da irmã caçula, que foi colocada no sistema de adoção depois dela ter sido presa já que elas não tinham mais nenhum parente vivo. Esse caminho não é fácil, pois Ruth precisa lidar com o julgamento constante de uma sociedade que nunca parece disposta a esquecer o que ela fez e lhe dar uma nova chance.

Além de Ruth, a trama segue a família adotiva de Katie (Aisling Franciosi) e os filhos do policial morto por Ruth. A ideia, em tese, é mostrar como esse crime impactou não só a vida da protagonista, mas a vida de todos ao redor do evento. Digo em tese porque o texto nunca consegue dar conta desses vários núcleos passando superficialmente por eles, sem ser capaz de nos transmitir como realmente esses eventos impactaram as vidas dos personagens. Com isso, o filme desperdiça bons atores, como Viola Davis, que fica presa a uma personagem com pouquíssima utilidade na trama.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Crítica – Perdidos no Espaço: 3ª Temporada

Análise Crítica – Perdidos no Espaço: 3ª Temporada


Review – Perdidos no Espaço: 3ª Temporada
Uma das coisas que mais me atraiu para essa nova versão de Perdidos no Espaço era o modo como a série exaltava o trabalho em equipe, a racionalidade e a ciência na superação de problemas. No contexto em que vivemos hoje, com a ascensão de um negacionismo científico que prejudicou e prejudica o combate à pandemia da covid-19 é ainda mais importante que a arte nos lembre e nos inspire com o poder da ciência e engenhosidade humana.

Esta terceira e última temporada inicia um ano depois dos eventos da temporada anterior. Judy (Taylor Russell) lidera o grupo de crianças que fugiram da Resolute em busca de Alfa Centauro. Eles chegaram a um planeta diferente e estabeleceram uma colônia temporária enquanto reúnem recursos para consertar a nave e partir para Alfa Centauro. Enquanto isso, os adultos que ficaram para trás tentam se manter ocultos dos robôs enquanto consertam o que restou de suas naves e tentam encontrar um jeito de chegar ao destino em Alfa Centauro.

De cara a temporada resolve alguns problemas que tive com o ano anterior, dando peso e consequência ao sacrifício da Resolute, mostrando o quão acuados estão os adultos que ficaram para trás liderados por John (Toby Stephens) e Maureen (Molly Parker) ao mesmo tempo em que as crianças sentem o isolamento em seu lar temporário e Judy se vê insegura com seu papel de líder. A série também resolve o problema de Smith (Parker Posey) delineando aos poucos um caminho de redenção para a personagem, evitando que ela fique colocando esquemas mesquinhos quando há coisas tão maiores em risco. 

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Drops – Garota da Moto

 

Crítica – Garota da Moto

Review – Garota da Moto
Eu tinha ouvido falar da série Garota da Moto, exibida no SBT entre 2016 e 2019, mas nunca assisti. Quando foi anunciado um filme da série, fiquei curioso para assistir. Histórias de ação e suspense são gêneros pouco explorados no cinema brasileiro e é sempre bom prestigiar os esforços de levar isso a um grande público.

A trama se passa aparentemente depois dos eventos da série. Joana (Maria Casadevall) trabalha como motogirl e vive ao lado do filho Nico (Kevin Vecchiato, que viveu o Cebolinha em Turma da Mônica: Laços). Durante uma entrega, Joana encontra uma fábrica ilegal que opera com imigrantes em regime de trabalho escravo. Furiosa com a injustiça, Joana decide intervir e consegue dominar os culpados antes mesmo que a polícia chegue. A ação, no entanto, coloca ela e o filho na mira de uma poderosa organização criminosa liderada por um policial corrupto.

Como a narrativa se passa depois da série, o início sofre com uma quantidade grande de diálogos expositivos que visam situar o espectador nos eventos que ocorreram até aqui, algo que é recorrente em filmes baseados em séries, como aconteceu com Veronica Mars ou Entourage. O texto tenta explorar como a vida de fuga e brigas afetou o filho de Joana e a relação dele com a mãe, mas tudo acaba sendo desenvolvido rápido demais para sair da superfície do tema.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Crítica – Coquetel Explosivo



Em seu cerne Coquetel Explosivo é um filme de ação aloprado que constrói um universo de matadores profissionais que vive à sombra da nossa sociedade. Lembra um pouco a franquia John Wick, mas tem uma personalidade mais amalucada que os filmes estrelados por Keanu Reeves.

Na trama, Sam (Karen Gillan) se tornou uma assassina profissional depois de ser abandonada pela mãe, Scarlet (Lena Headey). A serviço da poderosa organização criminosa conhecida como “A Firma”. Quando uma missão dá errado, Sam se vê protegendo a garota Emily (Chloe Coleman) e na mira da Firma.

A trama demora um pouco a engrenar, estabelecendo os elementos que compõem esse universo excêntrico de sororidades de assassinas e grupos mafiosos secretos, mas quando engrena se entrega a ação amalucada e ultraviolência. A ação é bem criativa, colocando Sam em situações bem inesperadas para esse tipo de filme. Um dos melhores exemplos é a sequência em que Sam enfrenta três assassinos enquanto está com os braços anestesiados, prendendo uma faca e uma arma nas mãos com fita adesiva. É a perfeita síntese de como o filme mistura uma imaginação completamente pirada com doses cavalares de violência e sangue.

A fita também se beneficia do carisma do elenco. De Karen Gillan fazendo uma típica assassina com coração de ouro, passando por Lena Headey como uma ex-assassina que sempre tem um plano na manga. Além da dupla principal, a trama tem participações divertidas de Angela Basset, Carla Gugino e Michelle Yeoh, que também contribuem em algumas cenas de ação. O grandiloquente embate na biblioteca seria um ótimo clímax, mas o filme insiste em não acabar, se alongando mais do que deveria.

O material acaba levando muito à sério a temática sobre pais e filhos da trama, tentando construir alguns momentos de impacto emocional, no entanto eles não funcionam devido a todo o contexto acelerado e amalucado do filme, servindo mais como um freio brusco para o fluxo da narrativa do que algo que opera organicamente com ela. Todo o segmento da lanchonete poderia ser suprimido se a chegada do vilão acontecesse na própria biblioteca e isso daria mais agilidade ao desfecho. Do jeito que está, ao invés de uma conclusão apoteótica, o filme se arrasta em seus minutos finais, acabando com o senso de energia que foi construído até então. Não deixa de ser divertido, mas fica a sensação de que poderia ser mais conciso.

Coquetel Explosivo diverte por conta da criatividade amalucada de suas cenas de ação e por um elenco que consegue dar algum carisma a personagens que, de outra maneira, seriam bem lugar comum.

 

Nota: 6/10


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