Ao longo do meu tempo com Imperdoável tive a impressão de que esta produção da Netflix era algo orginalmente pensado como série ou minissérie, mas que precisou ser condensado em um filme
de menos de duas horas. São muitos núcleos de personagens, muitas tramas, quase
que três filmes em um só (nenhum desenvolvido a contento), então não foi sem
surpresa quando os créditos subiram e descobri que a produção adaptava uma
minissérie britânica.
A narrativa gira em torno de Ruth
(Sandra Bullock), que sai da prisão depois de cumprir uma pena de vinte anos
por matar um policial. Ruth tenta reconstruir a vida e se reaproximar da irmã
caçula, que foi colocada no sistema de adoção depois dela ter sido presa já que
elas não tinham mais nenhum parente vivo. Esse caminho não é fácil, pois Ruth
precisa lidar com o julgamento constante de uma sociedade que nunca parece
disposta a esquecer o que ela fez e lhe dar uma nova chance.
Além de Ruth, a trama segue a
família adotiva de Katie (Aisling Franciosi) e os filhos do policial morto por
Ruth. A ideia, em tese, é mostrar como esse crime impactou não só a vida da
protagonista, mas a vida de todos ao redor do evento. Digo em tese porque o
texto nunca consegue dar conta desses vários núcleos passando superficialmente
por eles, sem ser capaz de nos transmitir como realmente esses eventos
impactaram as vidas dos personagens. Com isso, o filme desperdiça bons atores,
como Viola Davis, que fica presa a uma personagem com pouquíssima utilidade na
trama.