sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Drops – Um Match Surpresa

 

Análise Crítica – Um Match Surpresa

Review Crítica – Um Match Surpresa
Apesar da palavra “surpresa” no título, essa é a última coisa que você irá encontrar em Um Match Surpresa. É aquela típica comédia romântica que faz pouco para sair do traçado dos filmes do gênero, sendo possível prever os principais desdobramentos já nos dez primeiros minutos, mas ainda assim maneja com habilidade e humor esses lugares comuns para funcionar como passatempo.

A trama é protagonizada por Natalie (Nina Dobrev), a típica personagem desajeitada e sem sorte no amor que aparece em 90% das comédias românticas. Ela conhece aquele que parece ser o homem dos seus sonhos em um aplicativo de namoro e decide surpreender o amado aparecendo na casa dele nas festas de fim de ano, mas chegando lá descobre que Josh (Jimmy O. Yang) na verdade estava usando a foto de um amigo bonitão no perfil, Tag (Darren Barnet). Assim, Natalie faz um acordo com Josh: ele a ajuda a conquistar Tag enquanto ela finge ser a namorada dele durante as festas.

É uma história bem previsível sobre dar uma chance ao amor e perceber que é a personalidade e a beleza interior que conta e de cara já sabemos como tudo isso vai se desenvolver. Ao menos a narrativa evita maniqueísmos fáceis ao não tornar Tag um babaca, fazendo dele alguém que é meramente incompatível com Natalie por mais que ela se force a participar dos interesses dele. Do mesmo modo, o texto resiste em transformar Owen (Harry Shum Jr), o irmão egocêntrico de Josh, em vilão. Sim, ele adora ser o centro das atenções, mas ao final as ações dele de investigar Natalie são também movidas por um cuidado genuíno por Josh e não apenas por um desejo mesquinho de roubar os holofotes.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Crítica – Gavião Arqueiro: Primeira Temporada

 

Análise Crítica – Gavião Arqueiro: Primeira Temporada

Review – Gavião Arqueiro: Primeira Temporada
Apesar de ser um membro fundador dos Vingadores, o Gavião Arqueiro até então não tinha recebido o devido holofote. Mesmo a Viúva Negra recebeu seu próprio longa-metragem e nada do Gavião ter seu momento de protagonismo. Isso muda com a primeira temporada de Gavião Arqueiro, que não apenas aprofunda o que sabemos sobre Clint Barton, como abre caminho para sua sucessora ao nos apresentar a Kate Bishop.

Na trama Clint (Jeremy Renner) está em Nova Iorque com os filhos para compras de Natal e prestes a retornar à fazenda na qual vive com a família. Problemas surgem quando a jovem Kate Bishop (Hailee Steinfeld) esbarra em um leilão ilegal que vende itens retirados do complexo dos Vingadores depois da batalha contra Thanos em Vingadores: Ultimato (2018). Entre os itens estão um relógio que pertence a alguém que Clint conhece e o uniforme de Ronin usado por Clint durante o período do Blip. Sem saber que Clint era o Ronin, Kate sai usando o uniforme pelas ruas da cidade, o desperta hostilidade de vários criminosos, então Clint precisa encontrá-la e confrontar seu passado como Ronin.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Crítica – Esqueceram de Mim no Lar, Doce Lar

Análise Crítica – Esqueceram de Mim no Lar, Doce Lar

Review – Esqueceram de Mim no Lar, Doce Lar
Eu perdi as contas de quantas vezes vi os dois primeiros Esqueceram de Mim na Sessão da Tarde e até gostava do inferior terceiro filme. A franquia ainda recebeu mais dois filmes, ambos muito ruins. Depois de anos no limbo resolveram ressuscitar o que é basicamente “Jogos Mortais para crianças”. Com um novo astro mirim, Archie Yates, saído de um filme de sucesso (Jojo Rabbit) e um elenco repleto de bons comediantes, tudo parecia dar certo para este Esqueceram de Mim no Lar, Doce Lar. Só que deu errado. Deu muito errado, errou feio, errou rude.

Na trama, Max (Archie Yates) fica sozinho em casa no Natal depois que a família esquece ele lá ao sair correndo para uma viagem para o Japão. Em casa, Max aproveita a solidão até que o lugar é invadido por Pam (Ellie Kemper) e Jeff (Rob Delaney), pais de família que estão prestes a perder a casa e estão tentando recuperar uma boneca valiosa que foi roubada da casa deles. O casal acredita que o item está na casa de Max, daí a tentativa de roubá-los.

De cara já se percebe que a ideia é humanizar os ladrões, que agora tem uma motivação compreensível e, na verdade, não são exatamente ladrões, já que estão tentando recuperar algo que pertence a eles. Isso já seria motivo o suficiente para que toda a disputa não funcione, afinal Max não esta se defendendo e torturando ladrões sádicos que querem lhe fazer mal como acontecera com Kevin (Macaulay Culkin) nos primeiros filmes. Ver pessoas boas que estão apenas querendo manter um teto sobre a cabeça dos filhos ter os dentes quebrados por uma criança sádica acaba não tendo efeito cômico, já que a comédia exige o rebaixamento e ridicularização do alvo da piada e o roteiro tenta fazer isso com pessoas cujas circunstâncias já os coloca em posições rebaixadas.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Crítica – A Máfia dos Tigres: A História de Doc Antle

 

Análise Crítica – A Máfia dos Tigres: A História de Doc Antle

Review – A Máfia dos Tigres: A História de Doc Antle
Depois da péssima segunda temporada de A Máfia dos Tigres não estava com muita disposição de conferir este...err...spin off da franquia. Só o fiz pela curta duração, de apenas três episódios, e também por ele ser inteiramente centrado na figura de Doc Antle, um dos sujeitos mais bizarros a aparecer na primeira temporada.

Além de denúncias de pedofilia, de cooptar as funcionárias de seu parque para um estranho culto/harém ao seu redor, Antle me chamava atenção pela linguagem corporal perturbadora. Ele sempre falava com uma aparente calma e alegria, com um sorriso tão rígido no rosto que parecia paralisado naquela posição. Bastava alguém dizer algo que Doc não gostava, que sua voz imediatamente se tornava agressiva e descontrolada apesar de um evidente esforço de manter no rosto a expressão plácida e sorridente, o que lhe fazia parecer um completo lunático.

Essa minissérie derivada vai mais à fundo no passado de Antle, explicando como ele estruturou seu harém/seita a partir de suas vivências em uma comunidade alternativa de yoga no interior dos Estados Unidos a partir da década de 60. Através de testemunhos e imagens de arquivo, o documentário mostra como desde jovem Antle estava metido com seitas e também em se relacionar com menores de idade, inclusive levando algumas delas de casa se autorização dos pais (na prática, sequestro). Os vários testemunhos revelam um padrão consistente de abusos e manipulação dessas mulheres, algo que mesmo denunciado para o guru que liderava a seita da qual Antle pertencia não parecia haver consequência (inclusive porque o próprio guru também é acusado de abusos sexuais).

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Crítica – Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

 Análise Crítica – Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa


Review – Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
As primeiras informações sobre Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa me deixaram preocupado. Afinal, a Marvel estava basicamente adaptando uma das piores histórias recentes do herói nos quadrinhos, o arco em que ele pede a Mephisto para apagar a memória de todos a respeito de sua identidade, apenas substituindo aqui Mephisto pelo Dr. Estranho (Benedict Cumberbatch). Retificar a continuidade (ou retcon) é um dispositivo dramatúrgico preguiçoso, que “reseta” um personagem por alguma conveniência de roteiro e tira todo o peso do que veio antes. Neste novo filme do teioso a Marvel parecia usar da nostalgia, trazendo vilões (e outros personagens) de filmes passados, para nos fazer esquecer que estamos diante de um retcon covarde.

Tendo visto o filme, posso dizer que alguns dos meus temores estavam equivocados, enquanto outros se confirmaram. A primeira coisa é que esses personagens de outrora não estão ali apenas por um nostalgismo rasteiro, a presença deles aqui tem muito a dizer sobre a jornada de Peter Parker (Tom Holland), o que está no cerne do Homem-Aranha e qual é a essência do heroísmo. Todo mundo meio que concorda que um herói é aquele que faz o bem, no entanto, a ideia de qual bem é esse que um herói faz pode variar. Ao colocar o atual Peter diante da encruzilhada de enviar antigos vilões para a morte certa, a trama nos lembra que um herói é alguém que, acima de tudo, salva pessoas, mesmo vilões. A noção de Peter se arriscar por indivíduos que querem matá-lo também dialoga com os temas de poder e responsabilidade que sempre acompanharam o personagem.

Crítica – A Última Noite

 

Análise Crítica – A Última Noite

Review Crítica – A Última Noite
Misturando o otimismo de películas natalinas com o niilismo de filmes sobre o iminente fim do mundo, este A Última Noite é certamente uma mistura insólita. A diretora Camille Griffin tenta construir uma trama sobre celebrações e encerramentos, mas nem tudo se encaixa como deveria.

A narrativa começa com o casal Nell (Keira Knightley) e Simon (Matthew Goode) esperando um grupo de amigos para as comemorações de Natal em sua casa de campo. Aos poucos o filme vai dando indícios de que há algo estranho no ar e logo descobrimos a razão. A atmosfera se tornou tóxica por conta das mudanças climáticas, gerando tornados e tempestades de substâncias mortais. Para evitar uma morte lenta e sofrida, a família de Nell e seus amigos decidiram tomar os comprimidos distribuídos pelo governo para terem uma morte sem sofrimento.  A comemoração de Natal é, portanto, a última noite deles neste mundo. O problema é que Art (Roman Griffin Davis, filho da diretora), o filho mais velho de Nell, não aceita de bom grado a ideia do suicídio coletivo.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Crítica – Top of the Lake: China Girl

Análise Crítica – Top of the Lake: China Girl

Review – Top of the Lake: China Girl
Originalmente lançada em 2017, Top of the Lake: China Girl só chegou oficialmente ao Brasil neste 2021 via HBO Max. Continuação da minissérie Top of the Lake, lançada em 2013 e criada por Jane Campion, essa segunda história da detetive Robin Griffin tenta tocar em temas similares ao original, em especial em questões ligadas à violência contra a mulher, no entanto acaba não tendo o mesmo impacto.

Na trama, Robin (Elizabeth Moss) está de volta a Sidney, Austrália, depois dos eventos passados na Nova Zelândia na primeira temporada. Trabalhando como detetive, Robin investiga o assassinato de uma jovem asiática, encontrada morta dentro de uma mala jogada no mar. O crime se complica quando a detetive descobre que a jovem estava grávida de um bebê sem nenhum marcador genético seu, ou seja, provavelmente servia de barriga de aluguel. Ao mesmo tempo, Robin lida com a tentativa de aproximação de Mary (Alice Englert), filha que ela teve na juventude fruto de um abuso sexual. Mary namora o estranho Alexander (David Dencik), um sujeito que está envolvido em negócios escusos, com os pais adotivos de Mary reprovando a relação.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Lixo Extraordinário – Para Maiores

 


De todos as produções pavorosas que abordei nesta coluna, Para Maiores (2013) talvez seja uma das que menos se qualifique como filme propriamente dito (ao lado de Salvando o Natal, um misto de escola dominical e Telecurso 2000). É uma série esquetes cômicos encadeados por um fiapo de trama. Trama esta, por sinal, que varia em versões diferentes. Em uma das versões a trama se ancora ao redor de um executivo de estúdio tentando passar ideias para novos filmes (daí os esquetes). Em outra versão a trama se estrutura ao redor de dois adolescentes tentando baixar um filme na internet, mas sempre encontrando a produção errada (daí os esquetes).

Em ambos os casos mal dá para considerar como trama e mesmo internamente nenhum esquete tem qualquer propósito além de gerar risos. O problema é que é quase impossível rir de um material tão sem graça, que se apoia meramente em palavrões e escatologia rasa sem muita criatividade. O que surpreende, no entanto, é o elenco, composto por grandes nomes como Hugh Jackman, Kate Winslet, Halle Berry, Chris Pratt, Chloe Moretz, Emma Stone, Liev Schrieber e tantos outros.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Crítica – Titãs: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – Titãs: 3ª Temporada

Review – Titãs: 3ª Temporada
Quando escrevi sobre a segunda temporada de Titãs, mencionei como a série acertava nas complicadas relações entre seus personagens, um acerto do primeiro ano, ainda que também repetisse os problemas de seu ano de estreia. Pois isso mudou nesta terceira temporada. Agora a série repete todos os erros anteriores sem nenhum dos elementos positivos.

A trama começa quando Jason Todd (Curran Walters) decide ir atrás do Coringa sozinho e é morto pelo Palhaço do Crime. Dick (Brenton Thwaites) e os demais Titãs vão até Gotham para o funeral e para dar suporte a Bruce Wayne (Iain Glen). Transtornado, Bruce deixa Gotham, cabendo aos Titãs protegerem a cidade quando o misterioso Capuz Vermelho surge como ameaça e o Espantalho (Vincent Kartheiser) também em esquemas em curso.

O arco principal é o do Capuz Vermelho e considerando que essa história já foi contada em animações e games a rodo, a série acerta ao já revelar a identidade dele no segundo episódio. Esse é provavelmente o único acerto, já que todo o restante é conduzido da pior maneira possível. Nos quadrinhos e em outras adaptações da história o que movia o vilão/anti-herói era seu desejo de mostrar a Bruce Wayne como a regra de não matar estava ultrapassada. Aqui, como Bruce não está presente, esse elemento não tem como ser desenvolvido e o Capuz é reduzido a um capanga chorão do Espantalho. Outros elementos dessa história, como o Poço de Lázaro que revive Jason, são jogados de qualquer jeito na trama.

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Crítica – Imperdoável

 

Análise Crítica – Imperdoável

Review – Imperdoável
Ao longo do meu tempo com Imperdoável tive a impressão de que esta produção da Netflix era algo orginalmente pensado como série ou minissérie, mas que precisou ser condensado em um filme de menos de duas horas. São muitos núcleos de personagens, muitas tramas, quase que três filmes em um só (nenhum desenvolvido a contento), então não foi sem surpresa quando os créditos subiram e descobri que a produção adaptava uma minissérie britânica.

A narrativa gira em torno de Ruth (Sandra Bullock), que sai da prisão depois de cumprir uma pena de vinte anos por matar um policial. Ruth tenta reconstruir a vida e se reaproximar da irmã caçula, que foi colocada no sistema de adoção depois dela ter sido presa já que elas não tinham mais nenhum parente vivo. Esse caminho não é fácil, pois Ruth precisa lidar com o julgamento constante de uma sociedade que nunca parece disposta a esquecer o que ela fez e lhe dar uma nova chance.

Além de Ruth, a trama segue a família adotiva de Katie (Aisling Franciosi) e os filhos do policial morto por Ruth. A ideia, em tese, é mostrar como esse crime impactou não só a vida da protagonista, mas a vida de todos ao redor do evento. Digo em tese porque o texto nunca consegue dar conta desses vários núcleos passando superficialmente por eles, sem ser capaz de nos transmitir como realmente esses eventos impactaram as vidas dos personagens. Com isso, o filme desperdiça bons atores, como Viola Davis, que fica presa a uma personagem com pouquíssima utilidade na trama.