Todo começo de ano nos leva a
fazer do balanço do ano que passou. De tudo que vivemos, experimentamos, do que
valeu a pena e do que foi péssimo. Nesse sentido, é inevitável não pensar em
todos os filmes que assistimos e lembrar daqueles mais nos marcaram, para
melhor e para o pior. Como eu gosto de dar as más notícias primeiro, costumo
começar listando os piores, as mais horrendas produções, o lixo do lixo,
produtos tão radioativos que fariam um braço crescer na sua testa. É nesse
clima que dou início à minha lista de piores filmes de
2021. A lista leva em conta as produções que foram lançadas no circuito
comercial brasileiro (streaming ou cinema) em 2021.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2022
Reflexões Boêmias: Piores Filmes de 2021
sexta-feira, 7 de janeiro de 2022
Crítica – A Filha Perdida
A trama acompanha Leda (Olivia Colman), uma professora de literatura que está de férias no litoral da Grécia. Lá ela começa a prestar atenção em Nina (Dakota Johnson), uma jovem mãe com um marido abusivo e que está tendo um caso com o marido da melhor amiga, Callie (Dagmara Dominczyk). Quando a filha de Nina some na praia, Leda ajuda a encontrar a menina e começa a se aproximar de Nina, conversando com ela e com a grávida Callie sobre maternidade. Isso faz Leda remoer segredos do seu passado como mãe de duas garotas.
Olivia Colman é ótima em construir Leda como alguém que chegou a um ponto na vida em que não está disposta a ceder mais nada. Depois de passar boa parte da vida colocando as necessidades de outros em primeiro lugar, a professora não faz nada que não queira fazer, nem aceita que outros estraguem sua experiência, algo evidenciado na cena em que Callie pede para Leda troque de lugar ou na cena em que Leda vai ao cinema.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2022
Crítica – Shiva Baby
Adaptando seu curta-metragem de mesmo nome, Seligman conta a história de Danielle (Rachel Sennott), uma jovem universitária judia que vai com os pais ao funeral de um conhecido distante. No funeral ela precisa lidar com os comentários de parentes que pouco vê e que questionam sua aparência e escolhas profissionais, além da ex-namorada de juventude Maya (Molly Gordon), com quem é sempre comparada, sendo que Maya está se saindo melhor profissionalmente. As coisas se complicam, no entanto, quando ela vê Max (Danny Deferrari), seu “sugar daddy” chegando ao evento.
Toda a trama se passa durante esse funeral e a narrativa consegue manter as coisas em movimento e interessantes apesar de confinada a esse único espaço. Na verdade, a limitação espacial serve para ampliar o senso de aprisionamento de Danielle, que se sente confinada naquele lugar com um monte de gente que parece existir apenas para lhe mostrar o quanto ela é incapaz e inadequada.
quarta-feira, 5 de janeiro de 2022
Crítica – Cobra Kai: 4ª Temporada
Embora o retorno de Silver, vilão de Karate Kid 3: O Desafio Final (1989), seja um passo relativamente lógico para a trama, tinha minhas dúvidas em relação à inserção do personagem aqui considerando que o terceiro filme é muito ruim e Silver não era nada além de um psicopata histérico. Felizmente Silver acaba funcionando dentro da lógica da série, tendo sua relação com Kreese aprofundada, mostrando como o criador do Cobra Kai manipula o trauma e sentimento de culpa de Silver para mantê-lo sob controle.
Assim, Silver é menos um maluco histérico que é maligno sem nenhuma razão e mais um sujeito instável por conta de traumas e culpa do passado. A série ainda justifica de maneira divertida a conduta de Silver em Karate Kid 3 ao recorrer ao argumento do “foi mal, tava doidão” conforme o personagem admite que passou boa parte da década de oitenta sob efeito de cocaína.
terça-feira, 4 de janeiro de 2022
Crítica – Matrix Resurrections
Claro, o descontentamento com o atual estado da indústria cultural é visível desde os primeiros minutos do filme, cheio de piadinhas autorreferentes sobre reboots e até cita Matrix e a Warner nominalmente. É como se Lana quisesse nos dizer “olha gente, eu sei que todo mundo tá de saco cheio de reboots, eu também tô, o que faço aqui é um reboot descolado, olhem como sou legal”. Só que não é. Apesar de conduzir tudo como um grande manifesto contra o atual estado de Hollywood, soa mais como um chilique infantil de um adolescente forçado a lavar os pratos do que uma desconstrução dessa reciclagem criativa porque, bem, não há desconstrução.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2022
Crítica – Nomadland
A trama gira em torno de Fern (Frances McDormand), uma mulher na casa dos sessenta anos que passou a morar em uma van e viver como nômade depois que a economia de sua cidade entrou em colapso. Agora Fern vive de trabalhos temporários, rodando o país em busca desses pequenos bicos para poder se sustentar. Em sua jornada, ela encontra apoio em comunidades formadas por outros nômades, tentando lidar com a solidão e a falta de recursos.
Seria fácil reduzir essa história a uma exploração fetichista da pobreza, mostrando apenas o sofrimento e as dificuldades dessas pessoas reduzindo tudo a uma “pornomiséria” (como o péssimo Era Uma Vez um Sonho). Felizmente o olhar de Zhao evita isso e segue com sensibilidade as vidas de suas personagens. Claro, o filme não deixa de mostrar como essas pessoas são fruto de um capitalismo cada vez mais exploratório que precariza as relações de trabalho para dar vantagens a empregadores e consumidores, reduzindo o trabalhador a um animal de carga que não tem outra escolha senão trabalhar sem parar. Por outro lado, Zhao consegue encontrar a beleza, o afeto e a alegria da existência dessas pessoas, mostrando que não estamos diante de meros coitadinhos.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2021
Crítica – Apresentando os Ricardos
A trama foca em uma semana específica da vida de Lucille (Nicole Kidman) e Desi (Javier Bardem), quando Lucille é acusada de ser comunista, o que põe em risco o programa do casal, I Love Lucy, a série de maior audiência da época. Enquanto seguem os preparativos para gravar o próximo episódio, o casal se preocupa com a carreira de Lucille e a possibilidade de ainda terem um programa quando tudo passar.
O recorte de uma semana por si só poderia servir como um microcosmo para todos os problemas do casal naquele momento, com as disputas por controle da série com a emissora, os problemas matrimoniais de Desi e Lucy e o fenômeno cultural que era I Love Lucy. O problema é que Sorkin não se contenta com esse recorte e passa a se deslocar temporalmente para o passado, mostrando o início da relação entre Desi e Lucy, e também para o futuro, mostrando os roteiristas da série, já idosos, comentando sobre a fatídica semana.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2021
Crítica – Não Olhe Para Cima
A trama começa quando a estudante de doutorado Kate (Jennifer Lawrence) descobre um enorme cometa em rota de colisão com a Terra. Seu professor, o Dr. Mindy (Leonardo DiCaprio) confirma os cálculos e alerta as autoridades, já que se nada for feito, todos morreremos em seis meses. O problema é que as autoridades e a mídia não estão exatamente preocupadas em resolver o problema.
Se em filmes catástrofe típicos é a união da humanidade contra os desafios da natureza que leva ao triunfo, aqui a humanidade é uma calamidade maior do que a própria natureza. O mundo não acaba porque lidamos com uma ameaça além de nossa capacidade, o mundo acaba porque somos idiotas. O que é mostrado aqui poderia ser entendido como uma metáfora para o negacionismo científico relativo às mudanças climáticas ou à pandemia, o problema é que enquanto sátira falta um senso de imprevisibilidade e caos para que a subversão cômica acontece e falta substância para funcionar plenamente como drama.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2021
Crítica – The Witcher: Segunda Temporada
A trama segue do ponto em que o ano anterior parou, com Geralt (Henry Cavill) encontrando Ciri (Freya Allan). Sabendo do perigo que Ciri corre, Geralt decide levá-la para Kaer Morhen, a fortaleza ancestral dos bruxos liderada por Vesemir (Kim Bodnia), mentor de Geralt. Ao mesmo tempo, Yennefer (Anya Chalotra) lida com as consequências da batalha em Cintra, tendo perdido seus poderes mágicos e buscando recuperá-los. Cientes do poder de Ciri, diferentes reinos e monarcas buscam encontrar a garota.
A companhia de Ciri beneficia o desenvolvimento de Geralt enquanto personagem, obrigando ele a se abrir mais, tirando o bruxo de seu estoicismo rígido cuja comunicação se dava principalmente através de grunhidos (algo que acabou virando meme). Assim, a temporada nos permite ver outra faceta de Geralt conforme ele começa a desenvolver uma preocupação genuína pela garota e eles começam a forjar uma relação de pai e filha. A presença de Vesemir também permite que vejamos outras facetas de Geralt conforme ele interage com o mentor a quem tem como pai.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2021
Drops – Um Match Surpresa
A trama é protagonizada por Natalie (Nina Dobrev), a típica personagem desajeitada e sem sorte no amor que aparece em 90% das comédias românticas. Ela conhece aquele que parece ser o homem dos seus sonhos em um aplicativo de namoro e decide surpreender o amado aparecendo na casa dele nas festas de fim de ano, mas chegando lá descobre que Josh (Jimmy O. Yang) na verdade estava usando a foto de um amigo bonitão no perfil, Tag (Darren Barnet). Assim, Natalie faz um acordo com Josh: ele a ajuda a conquistar Tag enquanto ela finge ser a namorada dele durante as festas.
É uma história bem previsível sobre dar uma chance ao amor e perceber que é a personalidade e a beleza interior que conta e de cara já sabemos como tudo isso vai se desenvolver. Ao menos a narrativa evita maniqueísmos fáceis ao não tornar Tag um babaca, fazendo dele alguém que é meramente incompatível com Natalie por mais que ela se force a participar dos interesses dele. Do mesmo modo, o texto resiste em transformar Owen (Harry Shum Jr), o irmão egocêntrico de Josh, em vilão. Sim, ele adora ser o centro das atenções, mas ao final as ações dele de investigar Natalie são também movidas por um cuidado genuíno por Josh e não apenas por um desejo mesquinho de roubar os holofotes.