quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Crítica – A Lenda do Cavaleiro Verde

 Análise Crítica – A Lenda do Cavaleiro Verde


Review – A Lenda do Cavaleiro Verde
Baseado em um poema épico que remete aos mitos arturianos e que tratava sobre virtude, este A Lenda do Cavaleiro Verde revisa o material original conseguindo tocar em temas semelhantes. O diretor David Lowery já tinha produzido meditações sobre a existência humana no excelente Sombras da Vida (2017) e aqui remete à lendas de outrora para ponderar a humanidade que há por trás dos mitos.

Na trama, Gawain (Dev Patel) é um jovem que sonha em se tornar cavaleiro. Durante as comemorações de Natal a corte é visitada pelo estranho Cavaleiro Verde (Ralph Ineson) que propõe um desafio: um cavaleiro deveria tentar atacá-lo, se conseguisse dentro de um ano o Cavaleiro Verde retribuiria o golpe com a mesma intensidade. Gawain rapidamente corta a cabeça do desafiante, imaginando ter vencido, mas o Cavaleiro Verde se levanta e avisa que estará esperando por ele dentro de um ano. Agora Gawain precisa viajar rumo ao seu destino.

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Crítica – Ozark: 4ª Temporada (Parte 1)

Análise Crítica – Ozark: 4ª Temporada (Parte 1)


Review – Ozark: 4ª Temporada (Parte 1)
Depois de uma terceira temporada inferior às duas primeiras, temi que Ozark não conseguisse se recuperar em sua quarta e última temporada. A primeira parte do ano derradeiro da série, porém, consegue entregar algo mais próximo da qualidade de seus dois primeiros anos.

A trama continua no ponto em que a anterior parou, com os Byrdes lidando com as consequências da morte do irmão de Wendy (Laura Linney) e da advogada do cartel. A família não tem muito tempo para respirar, no entanto, já que as pressões ao redor deles começam a se acumular. De um lado, Omar Navarro (Felix Solis) exige que os Byrdes tornam seu negócio completamente legítimo e consigam um acordo com o FBI. A instável Darlene Snell (Lisa Emery) volta a produzir heroína, dessa vez auxiliada por Ruth (Julia Garner). Outras ameaças surgem no horizonte como um detetive particular em busca da (já morta) Helen Pierce (Janet McTeer) e o sobrinho ambicioso de Omar, Javi (Alfonso Herrera), que ameaça os planos dos Byrdes.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Crítica – A Tragédia de Macbeth

 

Análise Crítica – A Tragédia de Macbeth

Review – A Tragédia de Macbeth
Eu já devo ter perdido a conta do número de adaptações diretas que a peça de Shakespeare já teve. Só em Hollywood a versão mais recente data de sete anos atrás com Macbeth: Ambição e Guerra (2015) estrelado por Michael Fassbender. Com tantas versões diferentes, o que mais me atraiu para este A Tragédia de Macbeth nem foi o elenco cheio de nomes como Denzel Washington e Frances McDormand, mas a direção de Joel Coen, já que ele, ao lado do irmão Ethan, fez alguns de meus filmes favoritos.

A trama provavelmente é conhecida por todos. O nobre escocês Macbeth (Denzel Washington) recebe de três bruxas a profecia de que irá virar o próximo rei da Escócia. Ao lado da esposa, Lady Macbeth (Frances McDormand), ele monta um ardil para matar o rei e tomar a coroa, mas se manter no poder não será fácil, com a culpa e a paranoia pairando sobre o casal.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Reflexões Boêmias - Melhores filmes de 2021

 

Melhores filmes de 2021

Com a chegada de um novo ano, é inevitável fazer um balanço de tudo que passou, lembrar das experiências boas e ruins do último ano. Já fizemos nossa lista de piores de 2021, agora é vez de falarmos dos melhores. A lista leva em consideração os filmes que tiveram lançamento comercial (em cinemas ou streaming) no Brasil em 2021. Então, sem mais delongas, vamos aos filmes que mais mexeram comigo no último ano.

 

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Drops - Hotel Transilvânia: Transformonstrão

 

Análise Crítica - Hotel Transilvânia: Transformonstrão

Review - Hotel Transilvânia: Transformonstrão
Chegando ao quarto filme e já sem sua estrela principal (Adam Sandler não volta para a voz de Drácula aqui), Hotel Transilvânia: Transformonstrão já mostra o desgaste destes filmes que parecem não ter muito mais o que fazer além de reciclar os mesmos conflitos.

Drácula (voz de Brian Hull) está prestes a se aposentar e quer dar o Hotel a Mavis (voz de Selena Gomez), mas teme que Johnny (voz de Andy Samberg) estrague tudo por ser humano. Querendo agradar o sogro, Johnny encontra um jeito de se transformar em monstro, mas acidentalmente transforma Drácula em humano. Agora os dois precisam reverter a transformação.

Mais uma vez a história gira em torno de Drácula não aceitar o genro humano, algo que já estava presente nos dois primeiros filmes e que aqui não consegue trazer nenhum insight novo para a situação. Novamente o arco de Drácula é aceitar as diferenças e ver que Johnny é um bom sujeito.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Crítica – O Beco do Pesadelo

 

Análise Crítica – O Beco do Pesadelo

Review – O Beco do Pesadelo
Eu tenho um fraco por finais simétricos. Desfechos que remetem ao início e dão a impressão de um fechamento de ciclo que remete ao ponto de partida. Um bom final faz a gente até relevar os defeitos da narrativa. Este O Beco do Pesadelo, novo filme dirigido por Guillermo del Toro faz isso muito bem.

O filme marca a segunda adaptação do romance homônimo de William Lindsay Gresham para os cinemas. A trama se passa na década de 1940 e acompanha Stan (Bradley Cooper), um homem solitário que se junta a um circo. Aos poucos ele vai aprendendo os truques dos membros do local e se mostra talentoso em mentalismo. Depois de um tempo, Stan decide partir do circo com a amada Molly (Rooney Mara) para tentarem a sorte na cidade grande. Lá Stan começa a engabelar a elite local, mas se envolve em problemas quando se aproxima da psiquiatra Lilith (Cate Blanchett).

É difícil não olhar para a trama e o modo como del Toro a conduz e não pensar no seminal Freaks (1932), de Tod Browning, que também contava uma história envolvendo circo, e o que acontece com uma pessoa atraente e talentosa que se achava melhor que as “aberrações” do local. Assim como A Forma da Água (2017), produção anterior de del Toro, é um conto moral sobre como são justamente as pessoas que a sociedade considera normais ou modelos ideais que são capazes das piores coisas. Ao mesmo tempo, é também uma história sobre o peso das mentiras e de usá-las para tentar criar uma espécie de “realidade alternativa”. Não importa o quanto se tente, uma realidade criada dessa maneira nunca se sustenta e os custos disso tudo eventualmente chegam.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Crítica – Benedetta

 Análise Crítica – Benedetta


Review – Benedetta
Em Benedetta o diretor Paul Verhoeven faz uma reflexão sobre a materialidade da fé, tanto em termos do poder financeiro que as instituições religiosas exercem, tanto na influência que a religião (principalmente o catolicismo) tem sobre a formação de tabus acerca das relações carnais. Poderia ser um denuncismo raso e óbvio, mas o veterano diretor transita com habilidade entre os vários meandros complexos que tenta tratar.

Levemente baseado em uma história real, a trama é centrada em Benedetta (Virginie Efira), uma jovem freira que é colocada em um convento por seus pais ainda na infância. Benedetta é muito devota e com o tempo começa a ter visões com Cristo e diz falar com ele. Ao mesmo tempo, a freira se aproxima da noviça Bartholomea (Daphne Patakia), com quem começa a compartilhar sentimentos. Conforme as visões e profecias de Benedetta se tornam mais presentes e reais, ela sobe na hierarquia do convento, despertando inveja e desconfiança de algumas que tentarão usar o romance da protagonista com Bartholomea para derrubá-la.

A narrativa é inteligente em deixar a conduta de Benedetta e seu fervor religioso como algo ambíguo no sentido de nunca explicitar se as visões que ela tem são de fato algo sobrenatural, fruto de algum transtorno mental ou uma enganação pura e simples. A personagem parece acreditar com fervor em tudo que diz e faz, mostrando como uma crença cega pode dar espaço para um senso inquestionável de superioridade moral que desponta para radicalismo.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Crítica – Maneater: Truth Quest

 

Análise Crítica – Maneater: Truth Quest

Review – Maneater: Truth Quest
O game Maneater chamou atenção por ser um RPG de ação em que você jogava como um tubarão devorando pessoas e aterrorizando uma cidade. Valia pelo senso de caos e pelo humor da trama, apesar de ser um pouco repetitivo e alguns problemas de jogabilidade, especialmente a câmera atroz. Sua expansão, Truth Quest, expande a trama e aumenta o leque de habilidades de seu tubarão, contando com o mesmo humor da trama principal, mas não resolve os problemas do jogo base.

Na trama, o narrador Trip Westheaven (voz de Chris Parnell, o Cyril de Archer) foi demitido de seu programa sobre natureza depois dos eventos da trama principal. Agora ele se tornou um conspiracionista pirado que suspeita de um segredo governamental (ou dos illuminati ou dos homens lagarto) se esconde em Port Clovis. Logicamente seu tubarão vai parar nessa nova localidade enquanto Trip continua a narrar tudo de maneira aloprada.

O senso de humor da trama original permanece, com Trip fazendo comentários absurdos e, agora que virou um teórico da conspiração, completamente delirantes. A nova localidade oferece algumas novas paisagens, mas mais importante: novas mutações para seu tubarão. Na expansão é possível se transformar em um tubarão atômico que dispara raios de energia da boca ao estilo Godzilla. Os novos poderes trivializam o combate e tornam fácil despachar qualquer ameaça. Mesmo o chefão final, o Leviatã Atômico, é rapidamente eliminado com meia dúzia de raios.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Crítica – King Richard: Criando Campeãs

 

Análise Crítica – King Richard: Criando Campeãs

Review – King Richard: Criando Campeãs

Confesso que achei estranha a ideia de contar a trajetória das irmãs Venus e Serena Williams a partir do ponto de vista do pai delas. Considerando o quanto se fala em trazer um olhar feminino para o cinema e contar histórias sobre mulheres, é meio esquisito que no momento em que Hollywood tem em mãos uma história de sucesso de duas irmãs que saíram da pobreza para se tornarem ídolos do esporte tenham escolhido enquadrar essa história sob o olhar de um homem.

Baseada em uma história real, a trama segue Richard Williams (Will Smith), que desde antes das filhas nascerem decidiu que Venus e Serena seriam tenistas de sucesso e fez um longo planejamento de como a vida delas seria. A partir daí acompanhamos a rotina de treinamento que Richard impõe às filhas, bem como a tentativa de encontrar patrocinadores que invistam no sucesso das duas.

Tematicamente é a típica história de superação através do esporte, batendo em todos os temas e ideias que esse tipo de trama costumeiramente toca. Aqui, há o acréscimo da questão do racismo, já que parte da motivação de Richard para investir em uma carreira esportiva para as filhas é tirá-las da pobreza e do risco de ficar nas ruas para serem vítima de traficantes ou da brutalidade policial. Nesse sentido, o filme usa o contexto da época, como o espancamento real de Rodney King por policiais de Los Angeles, para dar peso às ansiedades de Richard.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Crítica – Encanto

 

Análise Crítica – Encanto

Review – Encanto
De certa forma, Encanto, nova animação da Disney, conta uma típica história de conflitos familiares, com uma jovem que desvia do ideal de sua família tentando mostrar que ela é tão digna quanto os outros parentes. Ainda que tenha uma premissa e estrutura conhecidas o filme...err...encanta pelo desenvolvimento de seus personagens, senso de humor e diversão das canções.

Na trama, a família Madrigal criou ao seu redor uma pequena vila no interior da Colômbia depois que a matriarca encontrou uma vela milagrosa que deu a ela e seus descendentes poderes mágicos. A jovem Mirabel (voz de Stephanie Beatriz, a Rosa de Brooklyn 99), no entanto, nunca recebeu nenhuma habilidade mágica da vela e se sente deslocada do restante da família além de menosprezada pela avó. Problemas surgem quando os poderes de seus parentes começam a falhar e a casa mágica na qual moram começa a rachar.

É bem óbvio que até o final do filme Mirabel vai descobrir a magia em si, reparar a relação com a avó e que as rachaduras na casa são uma metáfora pouco sutil para as fraturas emocionais que existem entre os membros da família. Ainda assim funciona porque a trama consegue dar tempo para compreendermos como a rigidez e as cobranças constantes da avó afetam as primas e tias de Mirabel. Estão todas e todos tão preocupados em corresponder às expectativas da avó que anulam seus próprios sentimentos e desejos.