Adaptando um livro distópico,
este Mundo em Caos é mais uma
produção que chegou atrasada para a festa sem perceber que o filão de
adaptações literárias de distopias para jovens adultos já não tem dado certo há
anos em Hollywood. Assim, ele segue a esteira de Mentes Sombrias (2018) e Máquinas Mortais(2019) como mais uma produção que segue o traçado desse tipo de
história, sem oferecer nada de interessante.
A trama se passa no futuro, em um
planeta chamado Novo Mundo que foi colonizado pela humanidade. Lá, os
pensamentos dos homens emergem sem filtro de suas mentes, podendo ser ouvidos
por todos, algo que eles chamaram de “o Ruído”. Mulheres não sobreviveram,
fazendo deste um mundo masculino. Por isso a surpresa do jovem Todd (Tom
Holland) ao encontrar Viola (Daisy Ridley) nos destroços de uma nave. A garota
veio com um grupo de reconhecimento e precisa avisar sua nave de que o planeta
é uma colônia viável. O problema é que Prentiss (Mads Mikkelsen), líder da vila
de Todd, não quer dividir os recursos com novos colonos, querendo impedir Viola
de trazer mais gente ao planeta. Assim, Todd e Viola partem em uma jornada para
encontrar um meio de avisar a nave dela.
Histórias de suspense sobre
mulheres solitárias e traumatizadas que desenvolvem uma fixação por alguém
próximo e acabam se envolvendo em problemas praticamente viraram um subgênero
por si só como mostram filmes tipo A
Garota do Trem (2016) ou A Mulher na Janela(2021). A série A Vizinha da
Mulher na Janela parece perceber isso e decide parodiar esse tipo de
história.
A trama é centrada em Anna
(Kristen Bell) uma mulher solitária, que se divorciou do marido depois da morte
trágica da filha e passa os dias tomando vinho. Um dia um pai solteiro se muda
com a filha para a casa da frente e Anna começa a vê-los como uma tentativa de
recomeço, se afeiçoando aos dois. Observando eles constantemente pela janela,
ela tem a impressão de testemunhar um crime.
Como é comum nesse tipo de
história, a personagem tem um problema com bebida, o que é conveniente para que
duvidemos de sua percepção dos fatos. Tem também alguma fobia incomum que serve
como desculpa conveniente para ela simplesmente não sair de casa para investigar
as coisas. Aqui, no entanto, tudo isso é conduzido com um certo senso de
absurdo, fazendo graça em cima dessas convenções.
Novo longa de Julia Ducurnau,
responsável pelo excelente Raw (2016),
Titane é um filme bizarro. Digo isso
porque a sensação de estranheza e desconforto certamente deve causar reações
polarizadas. É um filme sobre nossa relação com máquinas e tecnologia, como
transformamos máquinas em extensões de nós mesmos e nossos corpos. Ao mesmo
tempo, é também um filme sobre solidão e carência, sobre como precisamos ser
cuidados por alguém e ter alguém para cuidar.
A trama é focada em Alexia
(Agatha Rousselle), que desde pequena sempre teve fixação por carros, algo que
só se ampliou depois de um acidente em que teve uma placa de titânio colocada
na cabeça. Adulta, ela ganha a vida como dançarina, com um número em dança
sensualmente enquanto se esfrega em um carro potente. Ela também sente prazer
em matar e quando sua última onda de matança lhe coloca na mira das
autoridades, ela disfarça a aparência, fingindo ser o filho desaparecido de um
bombeiro, Vincent (Vincent Lindon). Um homem tão solitário e carente que
acredita em Alexia sem pestanejar.
Com doisgames e cerca de cinco
anos de histórias em quadrinhos havia muito de onde o longa animado baseado em Injustice tirar material. O problema é
tentar resumir uma história tão extensa em uma animação de 80 minutos que
claramente não tem tempo suficiente para lidar com todos os conflitos e
personagens.
Na trama, depois que o Coringa
mata Lois Lane e explode uma bomba nuclear em Metropolis, o Superman decide
parar de ser leniente com o crime. Ele decide matar o Coringa e tomar o
controle do combate ao crime no planeta inteiro, intimidando os governos do
mundo. Esse comportamento ditatorial não é aceito por muitos dos heróis, em
especial do Batman, que monta uma resistência.
O filme claramente sofre para
tentar encaixar uma trama longa e repleta de personagens em um tempo tão curto,
com isso muitos desenvolvimentos não tem o impacto que deveria. O regime de
controle do Superman nunca parece tão opressivo quanto nas outras versões da
história. Personagens são inseridos apenas para desaparecerem sem nenhuma
repercussão tempos depois, como Aquaman e Shazam. Relacionamentos e conflitos
não tem tempo para serem devidamente construídos, como a amizade entre o
Arqueiro Verde e a Arlequina ou a rivalidade entre Dick e Damian. Com isso, os
eventuais conflitos e desdobramentos não impactam como deveriam.
Em essência este Tratamento de Realeza é a típica
história de amor entre um príncipe e a plebeia. Thomas (Mena Massoud) é o
príncipe da nação de Lavania e está em Nova York para conhecer a noiva cujo
casamento seus pais arranjaram. Precisando cortar o cabelo, ele conhece a
desbocada Izzy (Laura Marano), que o encanta suficiente para que ele contrate
ela e as amigas para fazerem o cabelo e maquiagem de seu casamento real.
A partir daí é óbvio o que vai
acontecer. Eles vão se apaixonar e suas personalidades opostas vão ser um
aprendizado um para o outro. Ela vai aprender a ser mais assertiva e ele vai
aprender a ser mais espontâneo. Laura Marano consegue fazer de Izzy uma mocinha
adorável e tem uma boa química com Mena Massoud. O problema é que não há
exatamente muito drama ou conflito no percurso dos personagens.
Como Thomas praticamente não
passa tempo com a noiva para qual foi prometido, não há qualquer dúvida que ele
irá escolher Izzy. Do mesmo modo, os pais do príncipe e o pai da noiva são
vilões tão caricatos que nunca soam como um obstáculo genuíno ao romance dos
dois. Não ajuda que o texto trate de modo muito casual o fato de os pais de
Thomas sejam déspotas irresponsáveis que condenam os súditos à pobreza para
viver no luxo. Todos os conflitos são resolvidos tão rápido e tão fácil que
nada tem o impacto que deveria.
No fim das contas Tratamento de Realeza é genérico demais
para oferecer qualquer coisa digna de atenção, se limitando a repetir coisas
que já vimos melhor executado antes.
Baseado em um poema épico que
remete aos mitos arturianos e que tratava sobre virtude, este A Lenda do Cavaleiro Verde revisa o
material original conseguindo tocar em temas semelhantes. O diretor David
Lowery já tinha produzido meditações sobre a existência humana no excelente Sombras da Vida(2017) e aqui remete à
lendas de outrora para ponderar a humanidade que há por trás dos mitos.
Na trama, Gawain (Dev Patel) é um
jovem que sonha em se tornar cavaleiro. Durante as comemorações de Natal a
corte é visitada pelo estranho Cavaleiro Verde (Ralph Ineson) que propõe um
desafio: um cavaleiro deveria tentar atacá-lo, se conseguisse dentro de um ano
o Cavaleiro Verde retribuiria o golpe com a mesma intensidade. Gawain
rapidamente corta a cabeça do desafiante, imaginando ter vencido, mas o
Cavaleiro Verde se levanta e avisa que estará esperando por ele dentro de um
ano. Agora Gawain precisa viajar rumo ao seu destino.
Depois de uma terceira temporada inferior às duas primeiras, temi que Ozark
não conseguisse se recuperar em sua quarta e última temporada. A primeira
parte do ano derradeiro da série, porém, consegue entregar algo mais próximo da
qualidade de seus dois primeiros anos.
A trama continua no ponto em que
a anterior parou, com os Byrdes lidando com as consequências da morte do irmão
de Wendy (Laura Linney) e da advogada do cartel. A família não tem muito tempo
para respirar, no entanto, já que as pressões ao redor deles começam a se
acumular. De um lado, Omar Navarro (Felix Solis) exige que os Byrdes tornam seu
negócio completamente legítimo e consigam um acordo com o FBI. A instável
Darlene Snell (Lisa Emery) volta a produzir heroína, dessa vez auxiliada por
Ruth (Julia Garner). Outras ameaças surgem no horizonte como um detetive
particular em busca da (já morta) Helen Pierce (Janet McTeer) e o sobrinho
ambicioso de Omar, Javi (Alfonso Herrera), que ameaça os planos dos Byrdes.
Eu já devo ter perdido a conta do
número de adaptações diretas que a peça de Shakespeare já teve. Só em Hollywood
a versão mais recente data de sete anos atrás com Macbeth: Ambição e Guerra (2015) estrelado por Michael Fassbender.
Com tantas versões diferentes, o que mais me atraiu para este A Tragédia de Macbeth nem foi o elenco
cheio de nomes como Denzel Washington e Frances McDormand, mas a direção de
Joel Coen, já que ele, ao lado do irmão Ethan, fez alguns de meus filmes
favoritos.
A trama provavelmente é conhecida
por todos. O nobre escocês Macbeth (Denzel Washington) recebe de três bruxas a
profecia de que irá virar o próximo rei da Escócia. Ao lado da esposa, Lady
Macbeth (Frances McDormand), ele monta um ardil para matar o rei e tomar a
coroa, mas se manter no poder não será fácil, com a culpa e a paranoia pairando
sobre o casal.
Com a chegada de um novo ano, é
inevitável fazer um balanço de tudo que passou, lembrar das experiências boas e
ruins do último ano. Já fizemos nossa lista de piores
de 2021, agora é vez de falarmos dos melhores. A lista leva em consideração
os filmes que tiveram lançamento comercial (em cinemas ou streaming) no Brasil
em 2021. Então, sem mais delongas, vamos aos filmes que mais mexeram comigo no
último ano.
Chegando ao quarto filme e já sem
sua estrela principal (Adam Sandler não volta para a voz de Drácula aqui), Hotel Transilvânia: Transformonstrão já
mostra o desgaste destes filmes que parecem não ter muito mais o que fazer além
de reciclar os mesmos conflitos.
Drácula (voz de Brian Hull) está
prestes a se aposentar e quer dar o Hotel a Mavis (voz de Selena Gomez), mas
teme que Johnny (voz de Andy Samberg) estrague tudo por ser humano. Querendo
agradar o sogro, Johnny encontra um jeito de se transformar em monstro, mas
acidentalmente transforma Drácula em humano. Agora os dois precisam reverter a
transformação.
Mais uma vez a história gira em
torno de Drácula não aceitar o genro humano, algo que já estava presente nos
dois primeiros filmes e que aqui não consegue trazer nenhum insight novo para a situação. Novamente
o arco de Drácula é aceitar as diferenças e ver que Johnny é um bom sujeito.