terça-feira, 1 de março de 2022

Drops – O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface

 

Análise Crítica – O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface

Review – O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface
Durante todo meu tempo com os entediantes 83 minutos deste novo O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface, tudo que eu pensava era: “qual o motivo disso existir?”. Não há aqui nenhuma nova perspectiva, nada interessante a ser dito e apesar de eventualmente apresentar um gore bem feito, é muito pouco para sustentar o tédio do resto da experiência.

Apesar de querer ser uma continuação direta do filme original do Tobe Hooper nos moldes do recente Halloween (2018), a trama não tem nada a dizer sobre o vilão Leatherface ou mesmo sobre a heroína do original, Sally Hardesty, cuja presença não tem qualquer repercussão na trama (poderia ser uma personagem original que não faria diferença). O texto poderia ter usado o fato dos protagonistas serem hipsters dispostos a basicamente gentrificar a cidade-fantasma habitada por Leatherface e transformar esses jovens em vilões que estão ali para expulsar pessoas humildes de seus lares para ganhar dinheiro e Leatherface sendo uma espécie de força de resistência. O filme, no entanto, nunca aproveita o subtexto que tenta apresentar.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Crítica – Batman

 

Análise Crítica – Batman

Review – Batman
A trilogia Batman de Christopher Nolan criou uma espécie de modelo para filmes de super-heróis em termos de apresentarem um realismo convincente ao mesmo tempo em que mantinha a grandiloquência deste tipo de história. Mais de dez anos depois do fim da trilogia, ela continua influenciando a produção deste tipo de história, como este novo Batman, dirigido por Matt Reeves. A questão é que agora esse modelo “nolanizado” de realismo funcional soa mais como limitador do que ampliador de horizontes.

Na trama, Bruce Wayne (Robert Pattinson) já está há dois anos trabalhando como Batman e questiona se está fazendo alguma diferença. Tudo muda quando o misterioso Charada (Paul Dano) começa a matar figuras proeminentes de Gotham City. Cabe ao Batman investigar os crimes ao lado do tenente Gordon (Jeffrey Wright), seu único aliado em meio à corrupção que assola a polícia, e da misteriosa Selina Kyle (Zoe Kravitz), que esconde uma ligação com o mafioso Carmine Falcone (John Turturro).

É uma trama que foca mais no lado detetivesco do Batman e que, por isso, consegue trazer algum frescor, já que é uma faceta que sempre foi deixada de lado em outras versões do personagem. Por outro lado, toda a abordagem que remete ao trabalho de diretores como Michael Mann ou David Fincher já tinha sido explorada na trilogia de Nolan e, nesse sentido, o filme de Reeves acaba sendo mais um retrato realista e funcional do homem morcego, com pouco a se diferenciar do que veio antes.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Crítica – The King of Fighters XV

 

Análise Crítica – The King of Fighters XV

Review – The King of Fighters XV

Quando joguei o primeiro beta de The King of Fighters XV confesso que fiquei bem empolgado. Era um refinamento de tudo que KOF XIV tinha feito com melhores e melhor netcode. Não cheguei a jogar o segundo beta, mas tudo parecia bem promissor. Tendo jogado o produto final, devo dizer que ele entregou tudo que o beta prometia, ainda que falte variedade nos modos.

A trama segue os eventos de KOF XIV. Depois da derrota de Verse, que trouxe de volta personagens que todos acreditavam estar mortos para sempre, um novo torneio é organizado. Shun’ei continua a tentar entender seus poderes, se juntando a Meitenkun e Benimaru, mas o herói encontra uma rival em Isla, uma garota com poderes similares aos seus. Isla se junta à misteriosa sacerdotisa Dolores e a Heidern, que tentam desvendar os mistérios de Verse.

O que o jogo chama de Modo História é basicamente um tradicional modo arcade, no qual o jogador enfrenta uma série de adversários da CPU até enfrentar o chefão final e assistir o desfecho de sua equipe. É bem apresentado, com algumas cutscenes plenamente computadorizadas (principalmente para algumas equipes canônicas) e os finais trazem bastante da trama, embora sejam compostos de imagens estáticas e texto sem voz. Inserir dublagem nos finais ajudaria a dar mais alguma emoção a esses desfechos.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Crítica – The Sinner: 4ª Temporada

 

Análise Crítica – The Sinner: 4ª Temporada

Review – The Sinner: 4ª Temporada
Depois de uma fraca terceira temporada com um antagonista raso, The Sinner volta à sua boa forma com uma trama mais instigante e personagens interessantes, ainda que o arco do detetive Ambrose não tenha muito a dizer sobre o protagonista. Na trama, Harry Ambrose (Bill Pullman) está aposentado e vai passar férias em uma ilha junto com sua nova namorada. Lá ele conhece a jovem Percy (Alice Kremelberg), com quem desenvolve uma amizade. Quando Percy desaparece, supostamente tendo cometido suicídio, Ambrose se envolve na investigação e começa a desencavar segredos ocultos da pequena cidade.

A trama já se diferencia das outras temporadas ao começar com um suicídio ao invés de assassinato. Isso permite explorar outras facetas de culpa, conforme a investigação de Harry aponta para Percy guardando um segredo que tornou impossível de suportar. A culpa é algo que corrói a jovem por dentro e entender de onde vem um sentimento tão poderoso, tão insuportável que a impele ao suicídio, é a principal força que move a temporada.

Alice Kremelberg aparece relativamente pouco considerando a centralidade de Percy para a trama, mas faz valer cada cena ao construir Percy com um desespero silencioso. Uma pessoa que mesmo quando parece serena ou estoica, demonstra um olhar cansado e uma expressão de que carrega consigo um peso muito maior do que seria capaz de suportar.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Crítica – Mães Paralelas

 

Análise Crítica – Mães Paralelas

Review – Mães Paralelas
Mais novo trabalho de Pedro Almodóvar, Mães Paralelas parte de uma das mais batidas premissas do melodrama: a troca de bebês. Apesar disso, o diretor espanhol insere outros elementos que afastam seu filme de uma mera reprodução de clichês e traz outras ponderações para além do tema da maternidade.

A trama é centrada em Janis (Penélope Cruz) e Ana (Milena Smit), duas mulheres cujo parto ocorre no mesmo dia e dividem um quarto de hospital. Quando Janis volta para casa, o pai de sua filha, Arturo (Israel Elejalde) diz não reconhecer a criança, achando não ser o pai. Janis faz um teste de DNA e descobre que ela também não é a mãe do bebê que levou para casa, desconfiando que sua filha foi trocada com a de Ana na maternidade. Assim, ela eventualmente procura Ana, mas ao saber que o bebê que Ana levou para casa morreu, Janis desiste de contar a verdade, mas traz Ana para trabalhar de babá da filha. Aos poucos as duas se aproximam e outros sentimentos afloram.

Como disse antes, o filme podia focar nessa tragédia da troca dos bebês e no sentimento que isso gera, mas parte desse microcosmo para falar sobre maternidade e memória. Sobre o peso das escolhas que mulheres fazem (ou são forçadas a fazer quando se tornam mães) e da importância da memória e conhecimento sobre suas origens. Janis é uma mulher que não conheceu o pai e cuja família é composta de gerações de mães solteiras. Ana não tem certeza do pai de sua filha, que pode ser fruto de um estupro e tem uma relação distante com a mãe que a deixou com o pai para tentar ser atriz. São pessoas marcadas pelo que não conhecem sobre si mesmas ou suas famílias e, por isso, sentem-se à deriva em muitos momentos.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Crítica – No Ritmo do Coração

 

Análise Crítica – No Ritmo do Coração

Review – No Ritmo do Coração
Em seu cerne, No Ritmo do Coração é a típica história de um jovem que busca o sonho de ser artista, mas enfrenta resistência da família por ir contra os planos daquilo que esperavam. É algo bem prototípico, presente desde O Cantor de Jazz (1927), um dos primeiros filmes falados. No Ritmo do Coração, no entanto, se diferencia ao falar sobre a experiência de PCDs, especificamente uma família de surdos.

Na trama, Ruby (Emilia Jones) está terminando o colegial e é incentivada por um professor a tentar faculdade de canto. Ela é a única pessoa capaz de ouvir em sua casa, com o pai, Frank (Troy Kutsur), a mãe, Jackie (Marlee Matlin), e o irmão Leo (Daniel Durant), sendo surdos. A família de Ruby trabalha com pesca e eles se acostumaram a ter Ruby como voz e intérprete no seu cotidiano de trabalho. Assim, quando ela começa a se afastar da família para se preparar para tentar uma bolsa de estudos para a faculdade, isso cria conflitos em casa.

Seria aquela estrutura já conhecida da jovem em busca de um sonho que já ouvimos tantas vezes, mas aqui essa trama familiar é usada para falar sobre as experiências das pessoas surdas em nossa sociedade e como é viver em uma família assim. Há uma naturalidade enorme na convivência entre o elenco que interpreta o núcleo familiar principal, nos fazendo acreditar que são de fato pessoas que viveram sempre juntas. O trabalho de Troy Kutsur se destaca, fazendo de Frank um sujeito endurecido pelas dificuldades da vida, mas ainda assim um sujeito bem humorado que ama a esposa e os filhos. Eugenio Derbez também traz leveza e humor como o professor de música de Ruby.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Crítica – Pacificador: 1ª Temporada

 

Análise Crítica – Pacificador: 1ª Temporada

Review – Pacificador: 1ª Temporada
Quando a série do Pacificador foi anunciada antes mesmo da estreia de O Esquadrão Suicida (2021), parecia que mais uma vez a Warner/DC estava metendo os pés pelas mãos forçando o seu universo compartilhado sem saber se funcionaria. Felizmente não só o filme do Esquadrão dirigido por James Gunn é bem bacana, como série surpreende e consegue humanizar um personagem que, de outro modo, seria meramente um babaca fascistoide.

Depois dos eventos de O Esquadrão Suicida, o Pacificador (John Cena) sai do hospital e é mais uma vez recrutado pela Argus para caçar as “borboletas”, seres alienígenas que estão controlando a mente de pessoas em posições de poder. A nova missão também coloca o personagem em rota de colisão com o pai, Auggie (Robert Patrick), que lidera uma gangue de supremacistas brancos.

Desde as primeiras cenas quando um faxineiro do hospital faz piada com o fato do Pacificador ser um exterminador de minorias, já fica claro que James Gunn quer usar essa trama e o personagem como um indiciamento desses heróis violentos que acham que matar os inimigos resolve tudo. Assim como em O Esquadrão Suicida, o roteiro usa ironia para apontar o paradoxo do raciocínio do Pacificador em matar qualquer um em nome da paz e como esse discurso é algo que cabe mais a tiranos ou genocidas do que um super-herói.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Crítica – Inventando Anna

 

Análise – Inventando Anna

Review – Inventando Anna
O final de uma narrativa é muito decisivo na nossa experiência. Por melhor que seja a trama, ela pode ser prejudicada por um final ruim. De maneira semelhante, um bom final pode nos fazer perdoar os problemas que a narrativa apresentou ao longo do percurso. A minissérie Inventando Anna, produzida por Shonda Rhimes se encaixa mais na primeira categoria, com uma ótima construção de suas personagens, mas perde força em seu último episódio.

A trama é baseada em eventos reais, contando a história de Anna Delvey (Julia Garner), uma jovem de origem russa que ganhou destaque na alta sociedade de Nova Iorque ao fingir se passar por uma rica herdeira alemã. Ao longo de meses ela circulou na alta roda da cidade e quase conseguiu empréstimos milionários de grandes bancos para construir um clube social de luxo. Eventualmente Anna é presa por conta das várias pessoas e empresas que engambelou em seus esquemas, despertando a atenção da jornalista Vivian Kent (Anna Chlumsky) que decide fazer uma reportagem sobre ela.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Crítica – Reacher: 1ª Temporada

 

Análise Crítica – Reacher: 1ª Temporada

Review – Reacher: 1ª Temporada

Não esperava grande coisa de Reacher. Os filmes com o personagem que foram estrelados por Tom Cruise eram bem básicos e se sustentavam basicamente pelo carisma do astro. Não tinha muita esperança que sem Cruise ou um grande nome como ele o material pudesse resultar em grande coisa. Depois de assistir toda a primeira temporada, confesso que é melhor do que imaginei.

Na trama, Jack Reacher (Alan Ritchson) está viajando pelo interior dos Estados Unidos quando chega a uma pequena cidade no interior da Geórgia. Lá, acontece um assassinato e como ele é o único forasteiro, logo é considerado suspeito. Agora ele precisa desvendar o crime e provar a inocência. Para isso terá a ajuda do detetive Finlay (Michael Goodwin) e da policial Roscoe (Willa Fitzgerald).

A trama tem alguns eventos excessivamente convenientes no primeiro episódio, mas, no geral, é hábil no manejo da intriga e na criação de uma atmosfera de suspense na qual não sabemos em quem confiar e qualquer um pode estar envolvido na grande conspiração que corrompe a cidade. A temporada consegue nos manter envolvidos no mistério e também trazer algumas reviravoltas inesperadas que constantemente nos fazer reavaliar o que sabemos.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Crítica – Spencer

 

Análise Crítica – Spencer

Review – Spencer
Depois de falar sobre Jaqueline Kennedy em Jackie (2016), o diretor chileno Pablo Larraín agora se volta para falar de outra figura feminina do universo político/midiático neste Spencer, acompanhando a princesa Diana. A trama, baseada em eventos reais, acompanha os últimos dias de Diana (Kristen Stewart) na corte britânica até sua eventual decisão de deixar tudo e pedir divórcio do príncipe Charles.

A escolha da escala de planos já mostra muito como Diana se sente em meio à corte. A maioria dos planos se divide entre tomadas bastante abertas que mostram Diana sozinha nos grandes salões ou campinas, evidenciando seu isolamento do resto da corte. Até mesmo a cena em que ela conversa com Charles (Jack Farthing) ao redor de uma mesa de sinuca opta por enquadrá-los à distância, como que mostrando o quanto eles estão distanciados enquanto casal.

O outro tipo de enquadramento mais comum é o super close, com a câmera praticamente invadindo o espaço pessoal de Diana, não lhe dando nenhum espaço e criando um sentimento de opressão, como se ele estivesse sendo sempre observada e vigiada de perto, não dando a ela espaço para respirar. Sem um momento de privacidade ou algum instante que não seja devidamente controlado ou cronometrado pela corte. A todo momento a protagonista é interpelada por criados e funcionários que lhe lembram onde deve estar, o que vestir ou como se comportar. A impressão é que Diana é mais uma prisioneira do lugar do que uma habitante.