quinta-feira, 10 de março de 2022

Crítica – Diabólicos: 1ª Temporada

 

Análise Crítica  – Diabólicos: 1ª Temporada

Review – Diabólicos: 1ª Temporada
Enquanto a terceira temporada de The Boys não chega, os criadores da série trouxeram essa antologia de curtas animados The Boys Apresenta: Diabólicos para saciar nosso interesse por histórias neste universo. O resultado, como a maioria das antologias, tem histórias em que algumas são claramente melhores, mas, ainda assim, serve para expandir o universo da série. Não sei até que ponto os eventos mostrados aqui são cânone de The Boys, de todo modo, é interessante ter outros olhares e outras perspectivas sobre o universo da série.

Cada curta tem um roteirista e estética diferente, explorando gêneros que vão da comédia, ao romance, passando até pelo drama ou terror, embora a maioria siga pelo terreno da comédia. O primeiro curta, idealizado por Seth Rogen, remete aos antigos desenhos dos Looney Tunes tanto em estética quanto narrativa conforme um cientista da Vought tenta proteger um bebê que dispara raios laser que fugiu do laboratório.

O segundo curta, criado por Justin Roiland, de Rick & Morty, explora um grupo de supers com poderes ridículos rejeitados pelos pais e pela Vought que saem em busca de vingança. O curta diverte pela criatividade de criar poderes estúpidos (como um sujeito com seios no lugar do rosto) e mortes sangrentas. O terceiro adapta diretamente uma trama dos quadrinhos de The Boys, quando Billy e Hughie (aqui com a voz de Simon Pegg e aparência que remete ao ator como é nos quadrinhos) chantageiam um traficante de drogas que atende super-heróis a “batizar” as drogas que vende aos supers, provocando resultados sangrentos e hilários.

quarta-feira, 9 de março de 2022

Crítica – Naquele Fim de Semana

 

Análise Crítica – Naquele Fim de Semana

Review – Naquele Fim de Semana
De início Naquele Fim de Semana parece mais um daqueles suspenses em que uma turista estadunidense viaja para um local exótico, mas sua curtição é abruptamente interrompida por ela se envolver em um crime. São filmes que exalam colonialismo e xenofobia, tratando qualquer lugar distante dos Estados Unidos como um antro de perigo, criminalidade e incivilidade. De certa forma o filme é isso, embora também tente trazer, sem sucesso, alguns outros elementos.

Na trama, Beth (Leighton Meester) viaja para a Croácia para encontrar Kate (Christina Wolfe), sua melhor amiga com quem está há anos sem se falar direito. Kate está recém divorciada e quer curtir a solteirice, enquanto Beth, casada e mãe de um filho pequeno, usa a viagem como um momento de descanso. Depois de uma noite em uma boate, Beth acorda no local em que estava hospedada sem memória da noite anterior e sem Kate, iniciando uma corrida para descobrir o que ocorreu com a amiga.

O início até apresenta algumas reviravoltas interessantes, como o fato de Kate estar envolvida com o marido de Beth, mas o filme rapidamente perde a mão nas incessantes revelações e tudo rapidamente descamba para o absurdo, com um dono de hotel que filma todos os hóspedes, policiais corruptos e um taxista envolvido com o crime organizado local. O que era uma trama relativamente “pé no chão” desaba em uma série de eventos que expõem furos de roteiro, lógica e personagens pouco críveis. A trama até tenta falar sobre o modo como a sociedade trata as mulheres e culpabiliza as vítimas, no entanto, o discurso se perde em meio aos vários reveses exagerados.

terça-feira, 8 de março de 2022

Crítica – Kimi: Alguém Está Escutando

 

Análise Crítica – Kimi: Alguém Está Escutando

Review – Kimi: Alguém Está Escutando
Misturando Janela Indiscreta (1954) e Um Tiro na Noite (1981), Kimi: Alguém Está Escutando é um suspense eficiente, que fala sobre nosso medo de sair provocado pela pandemia e também a respeito da paranoia de sermos o tempo todo monitorados por dispositivos como Siri e Alexa.

Na trama, Angela (Zoe Kravitz) é uma jovem agorafóbica (medo de sair de casa) que trabalha numa companhia de tecnologia fazendo debug para a assistente virtual Kimi, um dispositivo não muito diferente da Alexa. Um dia, trabalhando nos áudios cujos comandos o programa não consegue interpretar, ela ouve o que parece ser um assassinato. Angela tenta levar o problema aos superiores, mas todos estão preocupados que a empresa em breve venderá ações na bolsa, preferindo silenciar Angela. Assim, a jovem precisa superar os medos, lidar com a ameaça e resolver o mistério.

Zoe Kravitz é ótima em construir o senso de alienação e distanciamento de Kimi, tão incomodada e temerosa por contato que soa quase como alguém com Asperger. Como o roteiro trata apenas de maneira vaga os eventos que levaram ao trauma da personagem, cabe à atuação de Kravitz nos mostrar como a ideia de sair de casa deixa Angela aterrorizada.

segunda-feira, 7 de março de 2022

Crítica – Cyberpunk 2077 (PS5)

 Análise Crítica – Cyberpunk 2077 (PS5)

Review – Cyberpunk 2077 (PS5)
Com versões apenas para as gerações anteriores, o lançamento de Cyberpunk 2077 para consoles dava a impressão de um produto incompleto. Texturas não carregavam, instabilidade completa na taxa de quadros, vários bugs e crashes tornavam impossível de jogar. Alguns patches depois a performance estava razoavelmente estabilizada, mas era evidente que as versões de PS4 e Xbox One estavam muito abaixo da de PC.

Isso ficou claro para mim jogando a versão de PS4 no PS5, já que mesmo com a estabilidade de performance da nova geração, o game ainda tinha problemas. Agora, com o lançamento das versões para a nova geração de consoles e mais alguns patches que adicionam ou modificam alguns elementos da jogabilidade, Cyberpunk 2077 soa como o jogo que a desenvolvedora polonesa CD Projekt Red tinha prometido. As texturas e visuais não tem mais o aspecto borrado de antes e elementos à distância não se materializam do nada.

sexta-feira, 4 de março de 2022

Crítica – Cuphead: A Série

 

Análise Crítica – Cuphead: A Série

Review – Cuphead: A Série
Depois do sucesso de animações baseadas em games como Castlevania e Arkane tudo parecia indicar que a produção seguinte da Netflix nesse filão, Cuphead: A Série, manteria o alto nível. O resultado, apesar de competente, não encanta o quanto deveria.

A narrativa acompanha as aventuras dos irmãos Xicrinho e Caneco (acompanhando a tradução dos games para os nomes de Cuphead e Mugman) na Ilha Tinteiro. São episódios com histórias majoritariamente isoladas, com a trama de Xicrinho dever sua alma ao Diabo só voltando em alguns poucos momentos.

Tal como nos games, a estética remete às animações de 1930, com granulações na imagem para imitar película, trilha musical composta por jazz e ragtime, além de personagens com a chamada estética “rubber hose”, no qual eles não tem articulações bem definidas e seus membros se comportam como mangueiras plásticas. Assim como essas animações de outrora, também há uma pecha pelo macabro, com alguns elementos sombrios.

quinta-feira, 3 de março de 2022

Crítica – Space Force: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – Space Force: 2ª Temporada

Review – Space Force: 2ª Temporada
A primeira temporada de Space Force brincava com os delírios militaristas dos Estados Unidos governados por Trump. Todo mote da série se centrava em pensar o quão ridícula era a ideia do então presidente de colocar tropas de soldados no espaço. Pois agora, nesta segunda temporada, a série surge diante um clima político diferente e luta para reestruturar seu caminho agora que o país já não precisa mais lidar com os delírios trompistas.

Esse acaba sendo o grande problema da temporada, que não tem exatamente um arco ou uma mensagem que costure esse segundo ano. Cada episódio parece levar a série em direções diferentes, tentando fazer da “Força Espacial” uma iniciativa internacional em um episódio, para no seguinte a divisão ser responsável pela exploração espacial e no outro por monitoramento de ameaças vindas do espaço. É como se os criadores não tivessem se planejado para a mudança cultural no país e agora estivessem jogando qualquer coisa na parede para ver o que cola tentando achar algum jeito de tornar a série relevante em um contexto pós-Trump.

A temporada tem melhor sorte quando foca nos personagens, aprofundando as relações entre eles ou explorando interações entre diferentes personagens que não aconteciam tanto no ano de estreia. Erin (Diana Silvers), filha do general Naird (Steve Carell), que tinha sido tratada de modo unidimensional na primeira temporada, aqui tem mais tempo para ser desenvolvida, explorando mais suas inquietações em ser constantemente levada pelo pai de uma missão para outra. Tony (Ben Schwartz), o escorregadio assessor de imprensa também ganha mais desenvolvimento conforme a trama explora suas vulnerabilidades e inseguranças. A amizade entre o doutor Mallory (John Malkovich) e o doutor Chan (Jimmy O. Yang) é mais aprofundada, assim como são construídos novos relacionamentos, a exemplo do enlace romântico entre Chan e Ali (Tawny Newsome).

Isso ajuda a dar o espectador alguma coisa para se manter envolvido com a série mesmo quando a temporada soa à deriva e sem foco. Assim como em seu ano de estreia, a série também oferece bons momentos de humor, aqui mais focados em parodiar situações de trabalho do que os elementos de sátira política que estavam mais presentes no primeiro ano. Com situações que divertem pelo puro absurdo, como a “guerra de pegadinhas” entre Naird e Mallory, a temporada consegue divertir, mas sem nunca atingir os níveis de comicidade de outras séries do criador Greg Daniels como The Office ou Parks & Recreation.

Com uma trama que nunca consegue dizer a que veio e um texto que soa perdido em busca de nova identidade, a segunda temporada de Space Force só funciona quando foca em seus personagens.

 

Nota: 6/10


Trailer


quarta-feira, 2 de março de 2022

Crítica – Belfast

 

Análise Crítica – Belfast

Review – Belfast
É difícil não olhar para este Belfast e não pensar em outros filmes sobre infância vivida em tempos de tensões políticas e sociais como Alemanha, Ano Zero (1948) ou O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006). Mostrar esses períodos sobre o prisma da infância permite entender como essas tensões afetaram até mesmo aqueles que não tinham plena consciência do que acontecia à sua volta.

O diretor Kenneth Branagh baseia a trama em sua própria infância na cidade de Belfast, na Irlanda, durante a década de 1960. O garoto Buddy (Jude Hill) gosta de brincar e assistir filmes, mas seu cotidiano é constantemente interrompido pelos conflitos violentos entre protestantes e católicos. Aos poucos o garoto também percebe os conflitos entre o pai (Jamie Dornan) e a mãe (Caitriona Balfe) que brigam por conta de dinheiro e do que fazer diante das tensões sociais que se agravam.

Mais do que falar sobre essas questões sociais e políticas, Branagh usa essa história para falar de seus anos formativos. Sabendo que se baseia em experiências autobiográficas é possível ver como o diretor insere a influência da ficção e do cinema em sua vida, mostrando como Buddy ficava imerso nos filmes que assistia, como na cena em que ele e a família assistem a O Calhambeque Mágico (1968).

terça-feira, 1 de março de 2022

Drops – O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface

 

Análise Crítica – O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface

Review – O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface
Durante todo meu tempo com os entediantes 83 minutos deste novo O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface, tudo que eu pensava era: “qual o motivo disso existir?”. Não há aqui nenhuma nova perspectiva, nada interessante a ser dito e apesar de eventualmente apresentar um gore bem feito, é muito pouco para sustentar o tédio do resto da experiência.

Apesar de querer ser uma continuação direta do filme original do Tobe Hooper nos moldes do recente Halloween (2018), a trama não tem nada a dizer sobre o vilão Leatherface ou mesmo sobre a heroína do original, Sally Hardesty, cuja presença não tem qualquer repercussão na trama (poderia ser uma personagem original que não faria diferença). O texto poderia ter usado o fato dos protagonistas serem hipsters dispostos a basicamente gentrificar a cidade-fantasma habitada por Leatherface e transformar esses jovens em vilões que estão ali para expulsar pessoas humildes de seus lares para ganhar dinheiro e Leatherface sendo uma espécie de força de resistência. O filme, no entanto, nunca aproveita o subtexto que tenta apresentar.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Crítica – Batman

 

Análise Crítica – Batman

Review – Batman
A trilogia Batman de Christopher Nolan criou uma espécie de modelo para filmes de super-heróis em termos de apresentarem um realismo convincente ao mesmo tempo em que mantinha a grandiloquência deste tipo de história. Mais de dez anos depois do fim da trilogia, ela continua influenciando a produção deste tipo de história, como este novo Batman, dirigido por Matt Reeves. A questão é que agora esse modelo “nolanizado” de realismo funcional soa mais como limitador do que ampliador de horizontes.

Na trama, Bruce Wayne (Robert Pattinson) já está há dois anos trabalhando como Batman e questiona se está fazendo alguma diferença. Tudo muda quando o misterioso Charada (Paul Dano) começa a matar figuras proeminentes de Gotham City. Cabe ao Batman investigar os crimes ao lado do tenente Gordon (Jeffrey Wright), seu único aliado em meio à corrupção que assola a polícia, e da misteriosa Selina Kyle (Zoe Kravitz), que esconde uma ligação com o mafioso Carmine Falcone (John Turturro).

É uma trama que foca mais no lado detetivesco do Batman e que, por isso, consegue trazer algum frescor, já que é uma faceta que sempre foi deixada de lado em outras versões do personagem. Por outro lado, toda a abordagem que remete ao trabalho de diretores como Michael Mann ou David Fincher já tinha sido explorada na trilogia de Nolan e, nesse sentido, o filme de Reeves acaba sendo mais um retrato realista e funcional do homem morcego, com pouco a se diferenciar do que veio antes.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Crítica – The King of Fighters XV

 

Análise Crítica – The King of Fighters XV

Review – The King of Fighters XV

Quando joguei o primeiro beta de The King of Fighters XV confesso que fiquei bem empolgado. Era um refinamento de tudo que KOF XIV tinha feito com melhores e melhor netcode. Não cheguei a jogar o segundo beta, mas tudo parecia bem promissor. Tendo jogado o produto final, devo dizer que ele entregou tudo que o beta prometia, ainda que falte variedade nos modos.

A trama segue os eventos de KOF XIV. Depois da derrota de Verse, que trouxe de volta personagens que todos acreditavam estar mortos para sempre, um novo torneio é organizado. Shun’ei continua a tentar entender seus poderes, se juntando a Meitenkun e Benimaru, mas o herói encontra uma rival em Isla, uma garota com poderes similares aos seus. Isla se junta à misteriosa sacerdotisa Dolores e a Heidern, que tentam desvendar os mistérios de Verse.

O que o jogo chama de Modo História é basicamente um tradicional modo arcade, no qual o jogador enfrenta uma série de adversários da CPU até enfrentar o chefão final e assistir o desfecho de sua equipe. É bem apresentado, com algumas cutscenes plenamente computadorizadas (principalmente para algumas equipes canônicas) e os finais trazem bastante da trama, embora sejam compostos de imagens estáticas e texto sem voz. Inserir dublagem nos finais ajudaria a dar mais alguma emoção a esses desfechos.