Se passando boa parte do tempo dentro da cela de Molina e Valentin, o filme se apoia no desempenho dos dois protagonistas para falar sobre opressão, fuga e liberdade. Os dois personagens são indivíduos perseguidos simplesmente por serem quem são, Valentin por uma ideologia que desagrada ao governo ditatorial (que é claramente uma representação da ditadura militar brasileira) e Molina por sua sexualidade. Suas prisões não são, portanto, apenas a cela física que os detêm, mas também as próprias convenções sociais da época que os tratam como cidadãos de segunda classe.
terça-feira, 15 de março de 2022
Rapsódias Revisitadas – O Beijo da Mulher-Aranha
segunda-feira, 14 de março de 2022
Crítica – Turma da Mônica: Lições
Na trama, depois que uma tentativa de fugir da escola dá errado e termina com Mônica (Giulia Benite) quebrando o braço, os pais da turminha decidem separar os garotos, colocando-os em atividades extracurriculares e Mônica muda de escola. Sem a proteção de Mônica, Cebolinha (Kevin Vechiatto) e Cascão (Gabriel Moreira) se tornam vítimas dos valentões da escola, enquanto Magali (Laura Rauseo) tem dificuldade de ficar sem a amiga. Mônica, por sua vez, também se sente sozinha na nova escola, principalmente depois que um garoto mais velho rouba seu coelho de pelúcia, Sansão.
sexta-feira, 11 de março de 2022
Crítica – Queda Livre: A Tragédia do Caso Boeing
A trama narra os problemas do modelo Boeing 737 Max que causaram duas quedas de avião em um intervalo de cinco meses e causaram centenas de mortes. Através de imagens de arquivo, testemunhos de ex-funcionários, especialistas e familiares das vítimas, o documentário explica quais foram os problemas que causaram a queda das duas aeronaves e como a Boeing não apenas sabia que os aviões tinham defeitos, como ocultaram esses defeitos dos órgãos de regulação e das empresas aéreas que compraram seus aviões.
É uma estrutura bem quadrada de documentário que arrisca ou inova pouco na maneira de contar a história. Nos momentos em que tenta, como as reconstituições de eventos nos cockpits dos aviões, sofre com uma computação gráfica tosca que quebra a imersão ao invés do efeito pretendido de nos deixar mergulhados no caos que os pilotos das duas aeronaves devem ter experimentado. Em alguns momentos também deixa de explicar alguns jargões técnicos de aviação utilizados dificultando o entendimento de certos elementos.
quinta-feira, 10 de março de 2022
Crítica – Diabólicos: 1ª Temporada
Enquanto a terceira temporada de The Boys não chega, os criadores da série trouxeram essa antologia de curtas animados The Boys Apresenta: Diabólicos para saciar nosso interesse por histórias neste universo. O resultado, como a maioria das antologias, tem histórias em que algumas são claramente melhores, mas, ainda assim, serve para expandir o universo da série. Não sei até que ponto os eventos mostrados aqui são cânone de The Boys, de todo modo, é interessante ter outros olhares e outras perspectivas sobre o universo da série.
Cada curta tem um roteirista e estética diferente, explorando gêneros que vão da comédia, ao romance, passando até pelo drama ou terror, embora a maioria siga pelo terreno da comédia. O primeiro curta, idealizado por Seth Rogen, remete aos antigos desenhos dos Looney Tunes tanto em estética quanto narrativa conforme um cientista da Vought tenta proteger um bebê que dispara raios laser que fugiu do laboratório.
O segundo curta, criado por Justin Roiland, de Rick & Morty, explora um grupo de supers com poderes ridículos rejeitados pelos pais e pela Vought que saem em busca de vingança. O curta diverte pela criatividade de criar poderes estúpidos (como um sujeito com seios no lugar do rosto) e mortes sangrentas. O terceiro adapta diretamente uma trama dos quadrinhos de The Boys, quando Billy e Hughie (aqui com a voz de Simon Pegg e aparência que remete ao ator como é nos quadrinhos) chantageiam um traficante de drogas que atende super-heróis a “batizar” as drogas que vende aos supers, provocando resultados sangrentos e hilários.
quarta-feira, 9 de março de 2022
Crítica – Naquele Fim de Semana
Na trama, Beth (Leighton Meester) viaja para a Croácia para encontrar Kate (Christina Wolfe), sua melhor amiga com quem está há anos sem se falar direito. Kate está recém divorciada e quer curtir a solteirice, enquanto Beth, casada e mãe de um filho pequeno, usa a viagem como um momento de descanso. Depois de uma noite em uma boate, Beth acorda no local em que estava hospedada sem memória da noite anterior e sem Kate, iniciando uma corrida para descobrir o que ocorreu com a amiga.
O início até apresenta algumas reviravoltas interessantes, como o fato de Kate estar envolvida com o marido de Beth, mas o filme rapidamente perde a mão nas incessantes revelações e tudo rapidamente descamba para o absurdo, com um dono de hotel que filma todos os hóspedes, policiais corruptos e um taxista envolvido com o crime organizado local. O que era uma trama relativamente “pé no chão” desaba em uma série de eventos que expõem furos de roteiro, lógica e personagens pouco críveis. A trama até tenta falar sobre o modo como a sociedade trata as mulheres e culpabiliza as vítimas, no entanto, o discurso se perde em meio aos vários reveses exagerados.
terça-feira, 8 de março de 2022
Crítica – Kimi: Alguém Está Escutando
Na trama, Angela (Zoe Kravitz) é uma jovem agorafóbica (medo de sair de casa) que trabalha numa companhia de tecnologia fazendo debug para a assistente virtual Kimi, um dispositivo não muito diferente da Alexa. Um dia, trabalhando nos áudios cujos comandos o programa não consegue interpretar, ela ouve o que parece ser um assassinato. Angela tenta levar o problema aos superiores, mas todos estão preocupados que a empresa em breve venderá ações na bolsa, preferindo silenciar Angela. Assim, a jovem precisa superar os medos, lidar com a ameaça e resolver o mistério.
Zoe Kravitz é ótima em construir o senso de alienação e distanciamento de Kimi, tão incomodada e temerosa por contato que soa quase como alguém com Asperger. Como o roteiro trata apenas de maneira vaga os eventos que levaram ao trauma da personagem, cabe à atuação de Kravitz nos mostrar como a ideia de sair de casa deixa Angela aterrorizada.
segunda-feira, 7 de março de 2022
Crítica – Cyberpunk 2077 (PS5)
Isso ficou claro para mim jogando a versão de PS4 no PS5, já que mesmo com a estabilidade de performance da nova geração, o game ainda tinha problemas. Agora, com o lançamento das versões para a nova geração de consoles e mais alguns patches que adicionam ou modificam alguns elementos da jogabilidade, Cyberpunk 2077 soa como o jogo que a desenvolvedora polonesa CD Projekt Red tinha prometido. As texturas e visuais não tem mais o aspecto borrado de antes e elementos à distância não se materializam do nada.
sexta-feira, 4 de março de 2022
Crítica – Cuphead: A Série
A narrativa acompanha as aventuras dos irmãos Xicrinho e Caneco (acompanhando a tradução dos games para os nomes de Cuphead e Mugman) na Ilha Tinteiro. São episódios com histórias majoritariamente isoladas, com a trama de Xicrinho dever sua alma ao Diabo só voltando em alguns poucos momentos.
Tal como nos games, a estética remete às animações de 1930, com granulações na imagem para imitar película, trilha musical composta por jazz e ragtime, além de personagens com a chamada estética “rubber hose”, no qual eles não tem articulações bem definidas e seus membros se comportam como mangueiras plásticas. Assim como essas animações de outrora, também há uma pecha pelo macabro, com alguns elementos sombrios.
quinta-feira, 3 de março de 2022
Crítica – Space Force: 2ª Temporada
Esse acaba sendo o grande problema da temporada, que não tem exatamente um arco ou uma mensagem que costure esse segundo ano. Cada episódio parece levar a série em direções diferentes, tentando fazer da “Força Espacial” uma iniciativa internacional em um episódio, para no seguinte a divisão ser responsável pela exploração espacial e no outro por monitoramento de ameaças vindas do espaço. É como se os criadores não tivessem se planejado para a mudança cultural no país e agora estivessem jogando qualquer coisa na parede para ver o que cola tentando achar algum jeito de tornar a série relevante em um contexto pós-Trump.
A temporada tem melhor sorte quando foca nos personagens, aprofundando as relações entre eles ou explorando interações entre diferentes personagens que não aconteciam tanto no ano de estreia. Erin (Diana Silvers), filha do general Naird (Steve Carell), que tinha sido tratada de modo unidimensional na primeira temporada, aqui tem mais tempo para ser desenvolvida, explorando mais suas inquietações em ser constantemente levada pelo pai de uma missão para outra. Tony (Ben Schwartz), o escorregadio assessor de imprensa também ganha mais desenvolvimento conforme a trama explora suas vulnerabilidades e inseguranças. A amizade entre o doutor Mallory (John Malkovich) e o doutor Chan (Jimmy O. Yang) é mais aprofundada, assim como são construídos novos relacionamentos, a exemplo do enlace romântico entre Chan e Ali (Tawny Newsome).
Isso ajuda a dar o espectador alguma coisa para se manter envolvido com a série mesmo quando a temporada soa à deriva e sem foco. Assim como em seu ano de estreia, a série também oferece bons momentos de humor, aqui mais focados em parodiar situações de trabalho do que os elementos de sátira política que estavam mais presentes no primeiro ano. Com situações que divertem pelo puro absurdo, como a “guerra de pegadinhas” entre Naird e Mallory, a temporada consegue divertir, mas sem nunca atingir os níveis de comicidade de outras séries do criador Greg Daniels como The Office ou Parks & Recreation.
Com uma trama que nunca consegue
dizer a que veio e um texto que soa perdido em busca de nova identidade, a
segunda temporada de Space Force só
funciona quando foca em seus personagens.
Nota: 6/10
Trailer
quarta-feira, 2 de março de 2022
Crítica – Belfast
O diretor Kenneth Branagh baseia a trama em sua própria infância na cidade de Belfast, na Irlanda, durante a década de 1960. O garoto Buddy (Jude Hill) gosta de brincar e assistir filmes, mas seu cotidiano é constantemente interrompido pelos conflitos violentos entre protestantes e católicos. Aos poucos o garoto também percebe os conflitos entre o pai (Jamie Dornan) e a mãe (Caitriona Balfe) que brigam por conta de dinheiro e do que fazer diante das tensões sociais que se agravam.
Mais do que falar sobre essas questões sociais e políticas, Branagh usa essa história para falar de seus anos formativos. Sabendo que se baseia em experiências autobiográficas é possível ver como o diretor insere a influência da ficção e do cinema em sua vida, mostrando como Buddy ficava imerso nos filmes que assistia, como na cena em que ele e a família assistem a O Calhambeque Mágico (1968).