segunda-feira, 28 de março de 2022

Crítica – Drive My Car

 

Análise Crítica – Drive My Car

Review – Drive My Car

Alguns filmes nos causam dificuldades de falar sobre ele. Este Drive My Car, dirigido por Ryusuke Hamaguchi, é um desses filmes. São tantas sutilezas, tantos pequenos elementos que se juntam para produzir uma catarse sobre luto e falta de comunicabilidade que fico com receio de deixar algo de fora e não fazer justiça à produção.

A trama acompanha o ator e dramaturgo Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima). Depois da morte da esposa, Kafuku é chamado para uma residência em um teatro em Hiroshima para uma montagem da peça Tio Vânia, de Anton Chekov. Lá ele é colocado sob os cuidados da motorista Misaki Watari (Toko Miura), apesar de dizer que pode dirigir sozinho. Aos poucos um laço de amizade see forma entre eles conforme trocam experiências sobre o que perderam.

Hamaguchi conduz as três horas de projeção em um ritmo bem deliberado, dando tempo para que possamos perceber cada gesto, cada olhar, cada pequeno elemento que parece casual, mas que diz muito sobre a vida interna dos personagens. Um exemplo é como o enquadramento se detem sob o olhar perdido de Kafuku enquanto ele transa com a esposa, mostrando a desconexão entre os dois. Do mesmo, o plano com as mãos de Kafuku e Watari segurando seus cigarros acima do teto solar aberto do carro revela a cumplicidade que se formou entre os dois.

Conheçam os vencedores do Oscar 2022

 


A 94ª edição do Oscar aconteceu ontem, 27 de março, com No Ritmo do Coração vencendo o prêmio principal de melhor filme, além das categorias de roteiro adaptado e ator coadjuvante. Duna foi o filme a levar mais prêmios, com seis estatuetas. Em geral foi uma cerimônia cheia de vitórias previsíveis.

A questionável decisão de não apresentar certos prêmios técnicos durante a transmissão ao vivo não apenas desprestigiou os profissionais indicados, como sequer serviu ao propósito pretendido de diminuir o inchado tempo da cerimônia, já que a premiação deste ano durou mais do que a do ano passado. No fim, a única coisa inesperada foi o tapa que Will Smith desferiu em Chris Rock após o comediante ter ofendido a aparência de Jada Pinket-Smith, esposa de Will.

Confiram abaixo a lista completa de indicados com os vencedores destacados em negrito:

 

domingo, 27 de março de 2022

Conheçam os vencedores do Framboesa de Ouro 2022

 

Razzies 2022 Winners

No sábado, 26 de maio, foram divulgados os vencedores do Framboesa de Ouro 2022, premiação que “celebra” os piores filmes do ano. Entre os mais premiados estava a versão da Netflix para Diana: O Musical, que venceu cinco Framboesas incluindo pior filme, além de Space Jam: Um Novo Legado, que levou prêmios como os de pior ator para LeBron James. O único outro filme a vencer foi Casa Gucci, que levou na categoria de ator coadjuvante pelo equivocado trabalho de Jared Leto.

Sinceramente, concentrar os prêmios em praticamente dois filmes soa mais como birra, já que outras produções piores mereciam igual destaque e foram completamente esquecidas, a exemplo de Conquista que merecia mais indicações do que a menção a Ruby Rose como pior atriz. Confiram abaixo a lista completa de indicados, com os vencedores destacados em negrito

 

 

Pior filme

 

Diana: O Musical (Vencedor)

Infinite

Karen

Space Jam: Um Novo Legado

A Mulher na Janela

 

 

Pior ator

 

Scott Eastwood, por Dangerous

Roe Hartrampf, por Diana: O Musical

LeBron James, por Space Jam: UmNovo Legado (Vencedor)

Ben Platt, por Querido Evan Hansen

Mark Wahlberg, por Infinite

 

 

Pior atriz

 

Amy Adams, por A Mulher na Janela

Jeanna de Waal, por Diana: O Musical (Vencedor)

Megan Fox, por Meia-Noite no Switchgrass

Taryn Manning, por Karen

Ruby Rose, por Conquista

 

 

Pior atriz coadjuvante

 

Amy Adams, por Querido Evan Hansen

Sophie Cookson, por Infinite

Erin Davi, por Diana: O Musical

Judy Kaye, por Diana: O Musical (Vencedor)

Taryn Manning, por Every Last One of Them

 

 

Pior ator coadjuvante

 

Ben Affleck, por O Último Duelo

Nick Cannon, por Os Renegados

Mel Gibson, por Dangerous

Gareth Keegan, por Diana: O Musical

Jared Leto, por Casa Gucci (Vencedor)

 

 

Pior performance de Bruce Willis

 

Bruce Willis, por Emboscada

Bruce Willis, por Apex

Bruce Willis, por A Fortaleza

Bruce Willis, por Deadlock

Bruce Willis, por Meia-Noite no Switchgrass

Bruce Willis, por Sobreviva ao Jogo

Bruce Willis, por Out of Death

Bruce Willis, por Invasão Cósmica (Vencedor)

 

 

Pior casal

 

Qualquer ator & qualquer número musical mal escrito ou coreografado (Diana: O Musical)

LeBrown James & qualquer personagem de desenho animado que ele tenta driblar (Space Jam: Um Novo Legado) (Vencedor)

Jared Leto & sua maquiagem pesada de látex, suas roupas feias ou seu sotaque ridículo (Casa Gucci)

Ben Platt & qualquer outro personagem que finge que ele cantar 24h por dia é normal (Querido Evan Hansen)

Tom & Jerry (Tom & Jerry)

 

 

Pior remake, plágio ou sequência

 

Karen (remake não intencional de Cruella)

Space Jam: Um Novo Legado (Vencedor)

Tom & Jerry

Twist (remake hip hop de Oliver Twist)

A Mulher na Janela (plágio de Janela Indiscreta)

 

 

Pior direção

 

Christopher Ashley, por Diana: O Musical (Vencedor)

Stephen Chbosky, por Querido Evan Hansen

“Coke” Daniels, por Karen

Renny Harlin, por Os Renegados

Joe Wright, por A Mulher na Janela

 

 

Pior roteiro

 

Joe DiPietro & David Bryan, por Diana: O Musical (Vencedor)

“Coke” Daniels, por Karen

Kurt Wimmer & Robert Henny, por Os Renegados

John Wrathall & Sally Collett, por Twist

Tracy Letts, por A Mulher na Janela

 

sexta-feira, 25 de março de 2022

Crítica – De Rainha do Veganismo a Foragida

 Análise Crítica – De Rainha do Veganismo a Foragida


Review – De Rainha do Veganismo a Foragida
Depois de O Golpista do Tinder, esta minissérie documental De Rainha do Veganismo a Foragida é mais uma história de uma mulher vítima de um golpista delirante que teve a vida arruinada, embora aqui a situação seja um pouco mais complexa. A trama narra a trajetória de Sarma Melngailis, chef que ganhou notoriedade no cenário gastronômico de Nova Iorque ao abrir um restaurante todo focado em comida vegana crua. Rapidamente ela se tornou referência de um novo modelo de alimentação, atraindo atenção midiática, celebridades hollywoodianas e dando início a algo que poderia se expandir em uma grande multinacional.

Como essa é história de crime, nem tudo correu como esperado. As coisas mudam quando Sarma conhece o misterioso Shane, um sujeito que diz trabalhar para a inteligência militar dos EUA, e que se apaixona por Sarma. Os dois começam a se relacionar e Shane começa a exigir “provas de lealdade” por parte de Sarma para garantir que ela é confiável e não vai por o trabalho dele em risco. Logicamente essas provas de lealdade envolvem transferir dinheiro e passar coisas para o nome de Shane, que promete devolver esses valores e ainda dar mais dinheiro para Sarma conseguir comprar de volta o restaurante das mãos dos investidores.

quinta-feira, 24 de março de 2022

Crítica – Sorte de Quem?

 

Análise Crítica – Sorte de Quem?

Review – Sorte de Quem?
Dirigido por Charlie McDowell, responsável pelo bacana e pouco visto Complicações do Amor (2015), este Sorte de Quem? está longe de ser um típico suspense sobre invasão doméstica. Na verdade, quem assistir o filme procurando um suspense padrão provavelmente vai se decepcionar, já que McDowell está mais interessado na colisão de personalidades e interesses de seus personagens do que na tensão ou na intriga.

Na trama, um homem que nunca é nomeado (Jason Segel) invade a casa de veraneio de um bilionário da tecnologia, imaginando que o local estará vazio. Quando o dono da casa (Jesse Plemons) e sua esposa (Lily Collins), chegam inesperadamente no local, o estranho acaba fazendo-os de reféns numa tentativa de faturar mais.

Com planos que se estendem bastante e tensões que se constroem aos poucos, a construção da trama é relativamente lenta, mas que compensa conforme tudo chega ao sangrento clímax. É, no entanto, menos sobre o jogo de gato e rato entre sequestrador e reféns e mais uma tentativa de entender quem são essas pessoas através do dispositivo da situação limite na qual são colocadas.

quarta-feira, 23 de março de 2022

Crítica – Horizon: Forbidden West

 

Análise Crítica – Horizon: Forbidden West

Review – Horizon: Forbidden West
Desenvolvido pela Guerrilla Games, Horizon: Zero Dawn foi um dos melhores jogos de 2017. Com um singular universo pós-apocalíptico no qual a humanidade regrediu a um estado tribal e o mundo foi dominado por máquinas de aparência animal, o jogo entregava uma narrativa envolvente, bons personagens, combate desafiador e uma exploração recompensadora. Então obviamente fiquei empolgado de retornar a este universo em Horizon: Forbidden West.

A trama se passa meses depois do jogo original e da expansão Frozen Wilds. Apesar da vitória contra Hades, o mundo ainda enfrenta um potencial cataclismo ambiental a menos que Aloy consiga restaurar Gaia, a IA responsável pela terraformação do planeta. Depois de expedições malsucedidas, a heroína encontra pistas de que Gaia poderia estar na costa oeste, mas o “oeste proibido” é um lugar perigoso e lá Aloy também encontrará novos e antigos adversários.

A narrativa consegue trazer várias revelações inesperadas e assim como no original, consegue envolver pela condução dos mistérios. Perto do final, no entanto, tudo fica um pouco aloprado demais em relação a tudo que foi construído até então, ao ponto em que não sei se é exatamente uma boa direção para a franquia e próximos games. Eu entendo que a ideia era mostrar como o egocentrismo e irresponsabilidade dos bilionários resulta em uma insensibilidade genocida, mas o jogo original já tinha feito isso bem com a história de Ted Faro. Aqui as adições tanto ao passado quanto ao presente fazem pouco para aprofundar essas questões, na verdade tornam algumas figuras mais superficiais e em alguns momentos destoam do resto da trama.

terça-feira, 22 de março de 2022

Crítica – Águas Profundas

Análise Crítica – Águas Profundas


Review – Águas Profundas
É curioso como filmes estrelados por atores que formam um casal na vida real nem sempre dão certo. Ben Affleck já tinha experimentado isso com Jennifer Lopez quando fizeram o pavoroso Contato de Risco (2003) e agora volta a dividir a tela com uma companheira da vida real (ainda que agora não estejam mais juntos, aparentemente) em Águas Profundas.

Adaptando um romance de Patricia Highsmith (que escreveu, entre outras coisas, O Talentoso Ripley), a trama acompanha o casal Victor (Ben Affleck) e Melinda (Ana de Armas). Os dois vivem há tempos em uma relação estagnada, distante, e Melinda não tem nenhum problema em se envolver em casos extraconjugais e até levar seus amantes para festas da família, exibindo-os diante de todos. Um dia Victor decide abandonar sua postura passiva e resolve matar o mais recente amante (Jacob Elordi) da esposa.

O principal problema da trama é que o roteiro nunca nos dá contexto para como a relação dos dois chegou nesse estado. O que causou a estagnação no relacionamento? Porque Melinda decidiu trair o marido de maneira tão acintosa ao ponto de exibir seus amantes na frente dele e todos os seus amigos? Não é uma decisão que simplesmente acontece em uma pessoa que tem um casamento com filhos.

segunda-feira, 21 de março de 2022

Crítica – Red: Crescer é uma Fera

 

Análise Crítica – Red: Crescer é  uma Fera

Review – Red: Crescer é  uma Fera
Fazia tempo que a Pixar não fazia um filme tão maduro quanto este Red: Crescer é uma Fera, uma produção que pondera sobre as dores do amadurecimento e a complexidade das relações entre pais e filhos. A trama se passa no Canadá do início dos anos 2000 e é protagonizada por Meilin, uma garota de treze anos que sofre para atender as altas (e por vezes impossíveis) que a mãe, Ming, tem para ela. Um dia, depois de uma discussão com a mãe, Meilin se vê transformada em um enorme panda vermelho, descobrindo que isso é algo que acontece com as mulheres de sua família sempre que alcançam uma certa idade.

Meilin logo aprende a controlar a transformação e pensa em como conviver com ela, mas Ming acha melhor que a filha evite se transformar e pede que Meilin espere até o momento apropriado para um ritual que irá selar o panda dela para sempre. Aos poucos, no entanto, Meilin se questiona se quer se livrar dessa parte de si.

A ideia de uma transformação ligada a emoções extremas e a chegada da adolescência é uma clara metáfora para a puberdade (e a cor vermelha pode ser relacionada à menstruação). Digo isso tanto no sentido das transformações físicas da puberdade e dificuldade de conviver com essas mudanças e entender o próprio corpo, mas também das mudanças comportamentais da adolescência conforme os jovens começam a ser mais independentes, descobrir seu lugar no mundo e sair da proteção dos pais.

sexta-feira, 18 de março de 2022

Crítica – Amor Sublime Amor

 

Análise Crítica – Amor Sublime Amor

Review – Amor Sublime Amor
Com canções escritas por Stephen Sondheim, um dos melhores compositores a passar pela Broadway, Amor Sublime Amor (1961) foi um dos melhores musicais já feitos. Assim, o diretor Steven Spielberg tinha uma tarefa difícil nas mãos em tentar fazer uma nova versão. Existiam aspectos no original que não envelheceram muito bem que davam uma possibilidade de tentar algo novo, mas o esforço de Spielberg se escora tanto no original ao ponto em que essa nova versão soa desnecessária.

A trama se passa na década de 1950 em uma zona periférica de Nova York, cujo bairro está sendo demolido para dar lugar a novos empreendimentos imobiliários. O terreno é também habitado por duas gangues rivais, os Sharks, uma gangue de imigrantes latinos, e os Jets, uma gangue formada pela comunidade branca local. Nesse cenário de disputas floresce o amor proibido entre Maria (Rachel Zegler), uma jovem imigrante irmã do líder dos Sharks, e Tony (Ansel Elgort), melhor amigo do líder dos Jets e que está tentando reconstruir a vida depois de sair da cadeia.

Muito se falou sobre como Spielberg “corrigiu” os problemas do original. A verdade, no entanto, é que colocar atores de origem latina para os personagens latinos ou não legendar as falas em espanhol, tratando-a como uma língua tão nativa quanto o inglês, é o mínimo que se espera de uma adaptação de um filme de sessenta anos em plena terceira década do século XXI. O filme avança muito pouco em boa parte das discussões sobre classe e raça em relação ao original, o que soa como um desperdício de potencial considerando o quanto esse debate avançou e a ascensão recente de grupos e discursos xenófobos nos EUA. Assim, é estranho que o olhar de Spielberg acerca de todas essas questões ainda soe tão similar a algo produzido na metade do século passado.

quinta-feira, 17 de março de 2022

Drops – Espiral: O Legado de Jogos Mortais

 

Análise Crítica – Espiral: O Legado de Jogos Mortais

Review – Espiral: O Legado de Jogos Mortais
Existem dois filmes contidos neste Espiral: O Legado de Jogos Mortais e nenhum deles é minimamente interessante. De um lado há uma tentativa de continuar o universo de Jogos Mortais sem Jigsaw, de outro há uma trama de terror e suspense sobre brutalidade policial e impunidade destes.

Na narrativa, o detetive Zeke (Chris Rock) investiga uma série de assassinatos envolvendo policiais e armadilhas mortais que remetem ao trabalho de Jigsaw. Assim, Zeke precisa deter o assassino e descobrir o que está acontecendo. Normalmente os filmes da franquia Jogos Mortais se passam em locais confinados cheios de armadilhas, mas aqui a estrutura é menos Jogos Mortais e mais uma trama genérica de serial killer. Na verdade, sequer há tantas conexões assim com a franquia original e até o assassino é só um qualquer sem envolvimento direto com Jigsaw.