segunda-feira, 23 de maio de 2022

Crítica – Top Gun: Maverick

 

Análise Crítica – Top Gun: Maverick

Review – Top Gun: Maverick
O sucesso do primeiro Top Gun (1986) se devia não apenas às cenas de ação, mas o modo como o diretor Tony Scott se apropriava da masculinidade hiperbólica que dava o tom do cinema de ação hollywoodiano daquela época, levando esses elementos ao extremo revelando uma certa breguice e homoerotismo por trás desses ambientes de testosterona elevada. Pois agora este Top Gun: Maverick volta a explorar todos os elementos que deram certo no original, produzindo um filme pipoca que vai direto ao ponto e não tem receio de cafona.

Na trama, Maverick (Tom Cruise) é chamado de volta à academia Top Gun para treinar uma nova geração de pilotos e prepará-los para uma difícil missão. Lógico que esses ases indomáveis tem seus egos e Maverick precisa ensiná-los tanto a manejarem suas aeronaves quanto a saberem trabalhar em equipe. O protagonista tem seu próprio foco de tensão na equipe com a presença de Rooster (Miles Teller), filho de seu falecido parceiro Goose (Anthony Edwards).

Sim, a trama segue muito das mesmas batidas do filme original, inclusive com segmentos bem parecidos, como a sessão de piano no bar, os esportes sem camisa na praia ou as tomadas de Maverick acelerando de moto ao lado de pistas de pouso. Ainda assim, há um inegável senso de diversão conforme o filme explora o senso de hipermasculinidade de seus personagens, sempre tentando mostrar uns aos outros quem é o maioral através de frases de efeito desavergonhadamente cafonas e justamente por isso funcionam.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Crítica – Pai Nosso?

 

Análise Crítica – Pai Nosso?

Review – Pai Nosso?
Uma mulher resolve fazer um daqueles testes de DNA oferecidos na internet para descobrir mais sobre si. Como resultado, a empresa indica que ela tem compatibilidade relativa ao que seria de um dos genitores com outra meia dúzia de pessoas. Essas pessoas então se dão conta de que suas mães se consultaram com o mesmo especialista em fertilidade e que este médico usou seu próprio sêmen para engravidar as pacientes. A história contada pelo documentário Pai Nosso? é uma trama que parece saída da ficção, mas é chocantemente real.

A narrativa acompanha principalmente Jacoba Ballard, a primeira das “filhas” do médico Don Cline a se dar conta do que ele fazia. Ela é a responsável por juntar os meio-irmãos e por tentar cobrar das autoridades algum tipo de justiça pelas ações antiéticas do médico. O documentário é eficiente em expor como as pacientes inseminadas pelo DNA do médico se sentiram violadas tanto em termos físicos quanto na confiança que tinham com o médico, já que algumas delas inclusive tinham pedido para ser inseminadas com a amostra fornecida por seus respectivos maridos.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Crítica – Deedlit in Wonder Labyrinth

 

Análise Crítica – Deedlit in Wonder Labyrinth

Review – Deedlit in Wonder Labyrinth
Não conheço muita coisa do anime (ou dos romances) Records of Lodoss War, mas o que me atraiu a este Deedlit in Wonder Labyrinth foi a jogabilidade que remetia bastante a Castlevania Symphony of the Night. Como gosto bastante de “metroidvanias”, resolvi experimentar e o resultado é bem bacana.

Na trama, a elfa Deedlit acorda em um misterioso labirinto sem memória de como chegou lá e precisa desvendar o mistério do local. Ao longo da jornada ela encontra aliados e inimigos da sua jornada durante a trama de Record of Lodoss War, como o cavaleiro Parn e a elfa-negra Pirotess.

A jogabilidade segue a estrutura típica do que se espera de um metroidvania em 2D, com um grandes corredores a explorar enquanto novas habilidades são adquiridas, permitindo acessar novas áreas. Como em alguns games do gênero, também estão presentes mecânicas de RPG. Ao vencer inimigos Deedlit ganha experiência, sobe de nível e melhora os atributos, podendo também encontrar novas armas para melhorar seu poder de ataque e também encontrar novas magias explorando o mapa.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Lixo Extraordinário – Meia-Noite no Switchgrass

 

Crítica – Meia-Noite no Switchgrass

Review – Meia-Noite no Switchgrass
Primeiro longa-metragem do diretor Randall Emmett, Meia-Noite no Switchgrass é provavelmente o pior cartão de apresentação possível para um realizador estreante. Dividido entre ser uma trama investigativa sombria e um drama sobre a condição da mulher em nossa sociedade, o filme não desenvolve nenhum desses elementos direito, exibe vários problemas técnicos e um elenco que parece completamente desinteressado.

A trama se passa no município de Pensacola no estado da Flórida e acompanha uma investigação que tenta encontrar um serial killer de mulheres. O policial Byron (Emile Hirsch) desconfia que os casos recentes de desaparecimentos e mortes de mulheres estão conectados em um único assassino, apesar de seus superiores não acreditarem. Ele acaba se articulando com o FBI, trabalhando com os agentes Karl (Bruce Willis) e Rebecca (Megan Fox).

Em tese a trama investigativa deveria ser para falar do modo como nossa sociedade trata as mulheres, subestimando-as e colocando-as como objetos descartáveis. O problema é que o filme é todo contado pela perspectiva dos homens, com as personagens femininas reduzidas a serem personagens submissas, como a esposa de Byron interpretada por Jackie Cruz (a Flaca de Orange is the New Black), ou como vítima. Mesmo a agente interpretada por Megan Fox é inevitavelmente presa pelo assassino Peter (Lukas Haas), sendo torturada por ele antes de se libertar.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Crítica – Spree

 

Análise Crítica – Spree

Review – Spree
De certa maneira, Spree não chega a falar nada sobre nossa relação pouco saudável com as redes sociais que já não tenha sido tido antes. Ainda assim, a produção dirigida por Eugene Kotlyarenko consegue envolver por sua mistura entre suspense e sátira social.

A trama segue Kurt (Joe Keery), um jovem que há uma década tenta emplacar como digital influencer, mas não consegue ter mais do que uma dúzia de seguidores. Desesperado por atenção, Kurt decide por um insano experimento social no qual ele resolve matar os passageiros do aplicativo para o qual dirige, transmitindo tudo ao vivo pelas redes sociais. Em um dado momento, Kurt pega uma comediante de sucesso, Jessie (Sasheer Zamata), e se torna obcecado em interagir com ela.

O filme é todo contado através dessas câmeras que Kurt instala em seu carro, além de outras câmeras de celulares e outros dispositivos. Eventualmente o filme acaba se tornando refém desse formato de found footage, com as pessoas continuando a filmar mesmo em situações que seria implausível que alguém continuasse a se preocupar em filmar com o celular ao invés da própria sobrevivência.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Crítica – Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

 

Análise Crítica – Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

Review Crítica – Doutor Estranho no Multiverso da Loucura
O primeiro Doutor Estranho (2016) apresentava ao lado mais bizarro da Marvel, ainda que preso a uma trama excessivamente convencional que era basicamente uma versão com magia do primeiro Homem de Ferro (2008). Este Doutor Estranho no Multiverso da Loucura prometia levar as coisas ainda mais para o lado sombrio e psicodélico e graças à direção de Sam Raimi o filme cumpre o que promete.

Na trama, a viajante interdimensional America Chavez (Xochitl Gomez) chega ao nosso universo, sendo encontrada pelo Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) que tenta protegê-la dos poderosos seres que a perseguem. Para entender o poder de viajar entre universos possuído por America, o Doutor Estranho recorre à ajuda de Wanda (Elizabeth Olsen), mas a Feiticeira Escarlate tem seus próprios planos para a garota.

Colocar Stephen Strange para viajar pelo multiverso é uma ótima desculpa para que Raimi exercite sua capacidade de introduzir criaturas bizarras, visuais psicodélicos e momentos de horror que só não são mais impactantes pela baixa classificação indicativa do filme. Ainda assim, encontrei sustos que não esperava em uma produção voltada para o publico mais novo. A condução de Raimi consegue criar cenas bem singulares, como o segmento em que um Estranho zumbi comanda um exército de espíritos sombrios e que não soaria deslocado em um filme da franquia Evil Dead. Do mesmo modo, a ação usa de maneira criativa as diversas habilidades de heróis e inimigos, seja na luta contra Gargantos em Nova Iorque, seja no modo como America usa seus portais para lutar ou na batalha que envolve os Illuminati, a ação sempre tem algo inesperado a nos oferecer.

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Crítica – Bugsnax: The Isle of Bigsnax

 

Análise Crítica – Bugsnax: The Isle of Bigsnax

Review – Bugsnax: The Isle of Bigsnax
Um dos primeiros games lançados para PS5, ficando disponível gratuitamente na Playstation Plus, Bugsnax foi uma grata surpresa. O jogo me pegou por conta de seus quebra-cabeças criativos que envolviam capturar criaturas com aparência de comida e pelo modo como a trama dava guinadas sombrias perto do fim, contrastando com a aparência fofa e inocente. Agora que está também disponível para Xbox e Nintendo Switch, o jogo recebeu uma expansão gratuita em todas as plataformas chamada The Isle of Bigsnax.

A trama da expansão se passa antes da conclusão da campanha principal. Nela, uma nova ilha emerge próxima à ilha dos Bugsnax e seu personagem, acompanhado de outros membros da vila que você construiu ao longo do jogo, vai investigar a nova localidade. Chegando lá, descobrimos que essa ilha guarda novos e maiores Bugsnax e seus próprios mistérios. A campanha dessa nova expansão é relativamente curta, levando umas três horas para terminar.

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Crítica – O Homem do Norte

 

Análise Crítica – O Homem do Norte

Review – O Homem do Norte
Depois de explorar o folclore colonial dos Estados Unidos em A Bruxa (2015) e o folclore do mar em O Farol (2019), o diretor Robert Eggers mira seu interesse no folclore nórdico com este O Homem do Norte. É também o filme dele que mais se aproxima de uma sensibilidade mais comercial, embalando a narrativa como um grande épico hollywoodiano.

A trama é baseada no mito nórdico que inspirou William Shakespeare a escrever Hamlet. Se passa no século IX e acompanha o príncipe Amleth (Alexander Skarsgard), cujo pai, o rei Aurvandil (Ethan Hawke), é morto diante de seus olhos pelo tio Fjolnir (Claes Bang) quando o príncipe ainda era uma criança. Amleth foge, mas jura vingança e já adulto encontra o tio vivendo na Islândia e casado com sua mãe, a rainha Gudrun (Nicole Kidman). Se passando por escravo, ele passa a viver nas terras do tio enquanto espera o momento de atacar, mas aos poucos se aproxima da jovem Olga (Anya Taylor-Joy), que lhe dá outras razões para viver além da vingança.

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Crítica – O Peso do Talento

 

Análise Crítica – O Peso do Talento

Review – O Peso do Talento
Apesar de ser fã de Nicolas Cage e achar curiosa a premissa deste O Peso do Talento, temi que acabasse sendo um filme de uma piada só que tenta se sustentar apenas com Cage devorando o cenário como foi o caso de Eu, Deus e Bin Laden (2017). Felizmente isso não acontece aqui e O Peso do Talento é simultaneamente uma paródia da trajetória artística, digamos, errática de Cage, que vai de filmes premiados a completas porcarias, ao mesmo tempo que celebra a singularidade de seu estilo de performance e o legado de seus trabalhos.

Na trama, Nicolas Cage (Nicolas Cage) está endividado e prestes a desistir da carreira de ator para se reaproximar da filha, Addy (Lilly Mo Sheen). É nesse momento em que seu agente lhe passa uma oferta de um trabalho fácil que irá lhe render alguns milhões, basta comparecer à festa de aniversário do magnata espanhol Javi (Pedro Pascal), que o ricaço pagaria um alto cachê pela breve companhia de Cage. As coisas se complicam quando Cage chega à Espanha e é abordado pela agente da CIA Vivian (Tiffany Haddish). Vivian quer recrutar Cage para espionar Javi, que supostamente seria o líder de uma quadrilha internacional de tráfico de armas e sequestrou a filha de uma autoridade local.

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Crítica – Cavaleiro da Lua

 

Análise Crítica – Cavaleiro da Lua

Review – Cavaleiro da Lua
Tive minhas desconfianças quando os envolvidos com Cavaleiro da Lua, do diretor Mohamed Diab aos astros Oscar Isaac e Ethan Hawke, passaram a divulgação inteira se referindo à série como um estudo de personagem. Considerando o padrão das histórias dos filmes e séries da Marvel, no entanto, não imaginei que o produto final fosse levar isso a cabo, mas, de fato, os seis episódios colocam no centro o estudo da personalidade fraturada de seu protagonista. Isso, porém, não significa que a série seja livre de falhas.

Na trama, Steven (Oscar Isaac) é um pacato funcionário de museu que vê sua vida virar ao avesso quando começa a ser perseguido pelo misterioso líder de seita Arthur Harrow (Ethan Hawke). Aparentemente Harrow busca um artefato que lhe permitiria ressuscitar a cruel deusa egípcia Ammit e esse artefato estaria com Steven. A questão é que Steven tem uma personalidade alternativa, o aventureiro mercenário Marc Spector. Marc serve como avatar do deus Konshu (F. Murray Abraham) na Terra, se transformando no implacável Cavaleiro da Lua. Agora Marc/Steven precisa resolver sua personalidade fraturada ao mesmo tempo que impede Harrow de reviver Ammit.

O primeiro episódio já estabelece um claro tom anti-programático em relação ao que se espera de uma trama da Marvel. Todas as cenas de ação são abruptamente cortadas toda vez que Marc assume o lugar de Steven, com o personagem confuso em relação ao que aconteceu. Isso permite a trama focar nos dramas de seu protagonista, nas tensões entre ele e o deus Konshu e também no embate moral em relação a Harrow.