segunda-feira, 6 de junho de 2022

Crítica – Morbius

 

Análise Crítica – Morbius

Review – Morbius
Depois que Venom (2018) fez mais sucesso que a Sony esperava, o estúdio resolveu fazer mais filmes de personagens secundários do universo do Homem-Aranha, o que resultou neste Morbius. A decisão, no entanto, parecia ignorar o contexto do sucesso do filme do simbionte. Venom é um personagem com uma ampla base de fãs e era protagonizado por um ator carismático que mais de uma vez tinha mostrado ser capaz de segurar um grande blockbuster.

Nada disso, no entanto, se aplica a Morbius, que pega um personagem de quinto escalão das histórias do Homem-Aranha, muito longe da popularidade do Venom.  Ainda por cima escalam Jared Leto, um ator que nos últimos anos só tem atraído antipatia do público, em especial do público de filmes de super-heróis devido ao seu pavoroso trabalho como Coringa em Esquadrão Suicida (2016), por suas presepadas de bastidores devido à “imersão” em seus personagens que não necessariamente resulta em bons filmes ou boas atuações. Então de cara Morbius já era um filme que não prometia muita coisa, o que surpreende é como ele consegue entregar ainda menos do que as expectativas já baixas a seu respeito indicavam.

sexta-feira, 3 de junho de 2022

Crítica - The Legend of Vox Machina

 

Análise Crítica - The Legend of Vox Machina


Review - The Legend of Vox Machina
Baseada na websérie do Critical Role com dubladores famosos jogando o RPG de mesa Dungeons & Dragons, a série animada The Legend of Vox Machina consegue captar bem o espírito de jogar D&D com um grupo de amigos. Tecnicamente a série apresenta alguns problemas similares a outras produções animadas da Prime Video, como Invencível, mas os personagens são tão carismáticos que é difícil não se deixar envolver por eles.

A trama se passa no mundo de Exandria e acompanha o excêntrico grupo de mercenários Vox Machina. A narrativa começa com o grupo sendo contratado para enfrentar um dragão atacando um reino pacífico, mas como em qualquer trama de RPG a simples missão logo se desenvolve em uma jornada para salvar um reino de forças sombrias.

Embora a trama em si não seja nada diferente do que já vimos em histórias de fantasia, com monstros, intrigas palacianas, rebeliões contra déspotas e feiticeiros sombrios tentando convocar horrores ancestrais no mundo, o que envolve em The Legend of Vox Machina são os personagens. Com um grupo de personalidades excêntricas sempre trocando piadas e frases de efeito, além de ocasionalmente ficarem às turras uns com os outros, a série acerta na dinâmica de um grupo de RPG ao mesmo tempo que evoca o espírito de produções como a série Firefly, que também tinha seu grupo de mercenários excêntricos.

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Crítica – O Poder e a Lei: Primeira Temporada

 

Análise Crítica – O Poder e a Lei: Primeira Temporada

Review – O Poder e a Lei: Primeira Temporada
Depois de uma adaptação para os cinemas estrelada por Matthew McConaughey, os livros de Michael Connelly sobre o advogado Mickey Haller que atende clientes do banco de trás de seu Lincoln ganham a televisão na série O Poder e a Lei. Assim como nos livros, são narrativas que misturam tramas investigativas e dramas jurídicos que hoje são formatos comuns em séries, vide Law & Order e todos os seus derivados.

Na trama, depois de um ano afastado do direito por conta de traumas e problemas com drogas, Mickey (Manuel Garcia Rulfo) recebe uma segunda chance quando “herda” os casos e clientes de um colega de profissão que foi assassinado misteriosamente. Entre os clientes está Trevor (Christopher Gorham), um milionário do ramo da tecnologia acusado de matar a esposa e o amante dela, mas que se diz inocente. Assim, Mickey precisa correr contra o tempo para inocentar Trevor enquanto tenta descobrir quem matou seu colega.

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Crítica – The Flight Attendant: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – The Flight Attendant: 2ª Temporada

Review – The Flight Attendant: 2ª Temporada
A primeira temporada de The Flight Attendant foi uma grata surpresa ao funcionar como um divertido pastiche de narrativas de suspense e da chamada “literatura de aeroporto”. A temporada até deixava algumas pontas soltas ao final, mas nada que realmente justificasse a necessidade de um segundo ano. Assim, não fiquei particularmente empolgado com a ideia de uma segunda temporada. De todo modo esperava que ao menos fosse algo semelhante a Big Little Lies no sentido de ser um segundo dispensável que ao menos conseguisse envolver o espectador.

Na trama, Cassie (Kaley Cuoco) agora mora na Califórnia e está há um ano sóbria. Além de continuar trabalhando como comissária de bordo, Cassie continua a colaborar ocasionalmente com a CIA. Isso, no entanto, não significa que ela está longe de problemas. Operativos da agência começam a ser mortos por uma mulher muito parecida com Cassie, com a protagonista precisando correr contra o tempo para descobrir o que está acontecendo.

O mistério principal é o grande ponto fraco da nova temporada. Se no ano de estreia o caso era relativamente simples, com espaços para algumas reviravoltas surpreendentes, aqui é tudo tão vago, rocambolesco e desnecessariamente complicado que fica difícil se importar. Ao final da temporada a revelação do culpado acaba não causando muito impacto justamente porque os episódios não fazem a gente se importar muito com sua resolução.

terça-feira, 31 de maio de 2022

Drops – Mulher-Gato: A Caçada

 

Análise Crítica – Mulher-Gato: A Caçada

Review – Mulher-Gato: A Caçada
Queria muito ter gostado deste Mulher-Gato: A Caçada. A estilosa cena do roubo inicial combinada com a trilha musical de jazz pareciam introduzir uma aventura cheia de carisma. O problema é que tudo que acontece depois carece de urgência ou de envolvimento com as personagens.

Na trama, Selina Kyle viaja para a Espanha para roubar uma valiosa esmeralda. O problema é que a joia pertencia ao grupo criminoso Leviatã, o que torna a Mulher-Gato um alvo. Agora ela precisa colaborar com a Interpol e a Batwoman para sair viva da situação.

É curioso como apesar da premissa ou da curta duração a trama, que deveria ser uma incessante caçada, soa arrastada. Depois do roubo inicial o filme fica preso em uma série de cenas expositivas que visam explicar a situação, mas fazem muito pouco para criar um senso de movimento ou envolvimento com as personagens. Como todo mundo é bem unidimensional e há muito pouco em jogo para a maioria deles, fica difícil se importar com o que acontece.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Crítica – Stranger Things: 4ª Temporada (Volume 1)

 

Análise Crítica – Stranger Things: 4ª Temporada (Volume 1)

Review – Stranger Things: 4ª Temporada (Volume 1)
Quando escrevi sobre a terceira temporada de Stranger Things mencionei como ela transmitia uma sensação agridoce de “fim de infância”. Essa quarta temporada, que estreia longos três anos depois do lançamento do terceiro ano, tenta levar os personagens adiante, colocando-os para enfrentar os problemas da maturidade ao mesmo tempo em que são confrontados por questões do passado.

Na trama, a cidade de Hawkins é mais uma vez o ponto focal de ocorrências estranhas quando adolescentes começam a morrer de maneiras violentas e sobrenaturais. Inicialmente todos suspeitam do líder do clube de RPG da escola. Dustin (Gaten Matarazzo) e os demais, no entanto, suspeitam que seja algo fruto de alguma entidade do Mundo Invertido e decidem investigar. Ao mesmo tempo, Mike (Finn Wolfhard) viaja para a Califórnia para encontrar Onze (Millie Bobby Brown) e Will (Noah Schnapp) que agora moram lá. A mãe de Will, Joyce (Winona Ryder), tem sua própria missão ao descobrir que Hopper (David Harbour) pode estar vivo e parte para tentar libertá-lo de uma prisão soviética.

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Drops – De Volta ao Baile

 

Análise Crítica – De Volta ao Baile

Review – De Volta ao Baile
Depois de surpreendente transformação física, era de se imaginar que a atriz Rebel Wilson deixaria de lado seu tipo de comédia em que ela se limitava a fazer piadas batidas sobre gordos. Esse De Volta ao Baile é um de seus primeiros filmes depois do emagrecimento, mas lamentavelmente ela continua com o mesmo tipo de humor depreciativo sobre corpo, apenas mudando a questão do peso para a questão da idade.

Na trama, Stephanie (Rebel Wilson) acorda depois de um coma de vinte anos, descobrindo que não é mais adolescente e que perdeu a formatura do ensino médio. Disposta a recuperar o tempo perdido, ela decide voltar para a escola para tentar alcançar seu sonho de ser rainha do baile de formatura.

Todas as piadas derivam do fato dela ser uma mulher de quase quarenta anos tentando se comportar como adolescente criando situações vexatórias sobre como Stephanie se veste ou como age. É o mesmo tipo de “humor de constrangimento” que Wilson sempre fez e que continua não funcionando porque ela quer que nosso riso se as custas de sua personagem e não com sua personagem.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Crítica – Better Call Saul: 6ª Temporada (Parte 1)

 

Análise Crítica – Better Call Saul: 6ª Temporada (Parte 1)

Review – Better Call Saul: 6ª Temporada (Parte 1)
No começo dessa sexta e última temporada de Better Call Saul, que será dividida em duas partes, comentei o que fazia dela um prelúdio tão eficiente. Ao fim dos sete episódios que compõem essa primeira metade, percebi que meu texto deixou de fora um elemento importante: o senso de imprevisibilidade que a série cria mesmo quando achamos que conseguimos deduzir o que está por vir. Aviso que todo o texto a seguir contem SPOILERS da primeira parte da sexta temporada.

Sim, pois por conta de nosso conhecimento de Breaking Bad sabemos que figuras como Kim (Rhea Seehorn), Howard (Patrick Fabian) ou Lalo (Tony Dalton) já não fazem mais parte da vida de Saul/Jimmy (Bob Odenkirk). Desde a temporada passada teorizamos como o envolvimento com Lalo ou o plano para derrubar Howard seria provavelmente o fim de Kim. Por mais que soubéssemos que essas figuras sairiam de cena de um modo ou de outro, a temporada é extremamente eficiente em nos pegar desprevenidos em relação a como isso acontece.

Aí é que entra o outro atributo importante da série: o timing. Sempre falei que a série, assim como Breaking Bad, tinha uma temporalidade de western. Tudo é dilatado em eventos que parecem banais, mas cujo somatório vai produzindo tensões que dão a impressão de que vão estourar a qualquer momento e tudo vai se modificar quando isso acontecer.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Crítica – Tico e Teco: Defensores da Lei

 

Análise Crítica – Tico e Teco: Defensores da Lei

Review – Tico e Teco: Defensores da Lei
Eu adorava a série animada Tico e Teco: Defensores da Lei, chegava a ter vários episódios gravados em VHS que assistia repetidamente quando era criança. A ideia de um reboot através de um longa-metragem para o Disney+ me deixava curioso, mas também preocupado. Afinal, podia ser só mais um na tendência de nostalgia rasteira e caça-níqueis que Hollywood vem explorando. Felizmente o resultado é inesperadamente autoconsciente do estado da própria indústria e seu lugar nela, bem como é a continuação de Uma Cilada Para Roger Rabbit (1988) que provavelmente nunca teremos.

A trama se passa em um universo no qual desenhos vivem entre humanos (daí minha referência a Roger Rabbit), com Tico (voz de John Mulaney) e Teco (voz de Andy Samberg) sendo amigos de infância que juntos fizeram a série de tv Tico e Teco: Defensores da Lei na década de 1990. Nos dias atuais Tico trabalha como vendedor de seguros, enquanto Teco tenta desesperadamente relançar sua carreira, tendo inclusive mudado seu visual para o de uma animação computadorizada. Quando amigos em comum da dupla começam a desaparecer, Tico e Teco se reúnem para investigar o mistério.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Crítica – Top Gun: Maverick

 

Análise Crítica – Top Gun: Maverick

Review – Top Gun: Maverick
O sucesso do primeiro Top Gun (1986) se devia não apenas às cenas de ação, mas o modo como o diretor Tony Scott se apropriava da masculinidade hiperbólica que dava o tom do cinema de ação hollywoodiano daquela época, levando esses elementos ao extremo revelando uma certa breguice e homoerotismo por trás desses ambientes de testosterona elevada. Pois agora este Top Gun: Maverick volta a explorar todos os elementos que deram certo no original, produzindo um filme pipoca que vai direto ao ponto e não tem receio de cafona.

Na trama, Maverick (Tom Cruise) é chamado de volta à academia Top Gun para treinar uma nova geração de pilotos e prepará-los para uma difícil missão. Lógico que esses ases indomáveis tem seus egos e Maverick precisa ensiná-los tanto a manejarem suas aeronaves quanto a saberem trabalhar em equipe. O protagonista tem seu próprio foco de tensão na equipe com a presença de Rooster (Miles Teller), filho de seu falecido parceiro Goose (Anthony Edwards).

Sim, a trama segue muito das mesmas batidas do filme original, inclusive com segmentos bem parecidos, como a sessão de piano no bar, os esportes sem camisa na praia ou as tomadas de Maverick acelerando de moto ao lado de pistas de pouso. Ainda assim, há um inegável senso de diversão conforme o filme explora o senso de hipermasculinidade de seus personagens, sempre tentando mostrar uns aos outros quem é o maioral através de frases de efeito desavergonhadamente cafonas e justamente por isso funcionam.