quinta-feira, 14 de julho de 2022

Crítica – Ms. Marvel

 

Análise Crítica – Ms. Marvel

Review – Ms. Marvel
Depois que Cavaleiro da Lua prometeu algo mais ao estilo de um estudo de personagem e acabou entregando um clímax que se entregava a todos os lugares-comuns de histórias de super-heróis, Ms. Marvel chega para entregar uma trama focada em sua protagonista de maneira mais coesa. Apesar de ter seus momentos de ação, o interesse principal é o amadurecimento de sua protagonista e como ela lida com questões de identidade e pertencimento. Aviso que o texto contem SPOILERS da série.

Na trama, Kamala (Iman Vellani) é uma adolescente de origem paquistanesa que é fã de super-heróis, principalmente da Capitã Marvel (Brie Larson). A vida de Kamala muda quando ela usa um antigo bracelete que pertenceu a sua bisavó e ganha estranhos poderes de manipular energia. Essas habilidades colocam ela na mira do Controle de Danos, agência governamental que monitora indivíduos com potencial destrutivo, e também de um grupo de seres poderosos interessados no bracelete.

A trama é menos sobre combater uma ameaça específica e mais sobre Kamala compreender seu lugar no mundo como uma filha de imigrantes que vive em um constante entrelugar entre o país no qual nasceu, com tudo que ela se identifica nele, e a cultura de sua família cuja comunidade é parte integral da vida dela. É uma questão que impacta boa parte das segundas gerações de imigrantes, principalmente dos imigrantes que são tratados como cidadãos de segunda classe ou como ameaça pelos EUA, a exemplo dos muçulmanos.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

Crítica - Resident Evil: Bem-Vindo à Raccoon City

 

Análise Crítica - Resident Evil: Bem-Vindo à Raccoon City

Review - Resident Evil: Bem-Vindo à Raccoon City
A franquia Resident Evil não dá sorte no audiovisual. Seja em live action, seja em animação, as adaptações dos games de horror para cinema e televisão sempre deixam a desejar. O mais novo exemplar disso é este Resident Evil: Bem-Vindo à Raccoon City que tenta ser mais próximo dos games do que os filmes dirigidos por Paul W.S Anderson e protagonizados por Milla Jovovich.

A narrativa se passa no final da década de 90 na fictícia Raccoon City, cidade cuja economia depende quase que exclusivamente da gigante farmacêutica Umbrella. Quando a empresa deixa o local, a cidade colapsa, com poucos habitantes restando. É nesse momento que Claire (Kaya Scodelario) retorna à cidade, visando alertar o irmão Chris (Robbie Amell) dos experimentos escusos que a empresa vem fazendo. Antes que consiga, no entanto, um alerta é emitido e a divisão de elite da polícia local, da qual Chris faz parte, é despachado para investigar uma ocorrência em uma instalação remota da Umbrella. Claire acaba presa na delegacia da cidade com o novato Leon (Avan Jogia) quando criaturas começam a atacar.

terça-feira, 12 de julho de 2022

Drops – A Garota da Foto

 

Análise Crítica – A Garota da Foto

Review – A Garota da Foto
Documentários sobre crimes reais viraram um filão comercial de serviços de streaming pelo modo como essas histórias insólitas mobilizam o interesse público. Esse A Garota da Foto, produzido pela Netflix, é a mais nova produção a explorar isso. A trama começa com um corpo sendo encontrado à beira da estrada. Ela é identificada como uma dançarina de uma boate local de strip e as colegas de trabalho tentam entrar em contato com a mãe dela.

Aí vem a primeira de muitas surpresas, Sharon, a mulher encontrada morta, usava um nome falso, pertencente a alguém que já morrera. Além da necessidade de determinar sua identidade real, havia também a necessidade de encontrar o marido dela, um homem mais velho, para resolver a questão da guarda do filho. A partir daí nos deparamos com uma sucessão de eventos inesperados e chocantes que se estendem ao longo de 30 anos e mostram o quão baixo a humanidade pode ir. Por outro lado, depoimentos dos amigos de Sharon revelam como ela conseguiu ser uma influência positiva para aqueles à sua volta a despeito da vida de abusos que levava.

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Crítica – Elvis

 

Análise Crítica – Elvis

Review – Elvis
O coronel Parker, empresário de Elvis, era lendário no mundo da música por ter conseguido transformar o roqueiro em um fenômeno mundial. Depois da morte de Elvis, no entanto, foi se descobrindo como Parker não apenas dilapidou a fortuna que o cantor recebeu ao longo da carreira, mas também barrou o progresso do artista. Este Elvis, dirigido por Baz Luhrmann, mostra como o personagem-título fez sucesso a despeito de seu empresário e não por causa dele.

A trama acompanha a carreira de Elvis (Austin Butler) a partir do momento em que ele conhece o coronel Parker (Tom Hanks) e começa a deslanchar profissionalmente. A partir daí vemos como Parker trata seu astro como um animal de circo, não vendo nele nada mais do que um bilhete de loteria. Apesar de ser narrado do ponto de vista de Parker, o filme nunca esconde a natureza tóxica da relação dos dois e como Parker conseguia manipular Elvis para fazer o que quisesse.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Crítica – The Boys: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – The Boys: 3ª Temporada

Review – The Boys: 3ª Temporada
Depois de um ótimo segundo ano, The Boys entrega o que pode ser sua melhor temporada até aqui. Não imaginei que esta terceira temporada pudesse ser tão boa, mas fico feliz de ter sido surpreendido. A série consegue trazer desenvolvimentos significativos para seus principais personagens e continua a ser um espelho sombrio dos problemas do mundo real.

Depois dos eventos do segundo ano, Billy (Karl Urban) tenta manter em segurança o filho do Capitão Pátria (Antony Starr) ao mesmo tempo em que busca uma arma que possa derrotar o super. Ao mesmo tempo, Hughie (Jack Quaid) descobre que Victoria (Claudia Doumit) foi a responsável por explodir as cabeças no Capitólio e se questiona se os métodos implacáveis de Billy não seriam os melhores. Cada vez mais perturbado, o Capitão Pátria decide tomar o controle da Vought, ignorando as chantagens de Annie (Erin Moriarty) e as intimidações de Stan Edgar (Giancarlo Esposito).

Não tem como falar dessa temporada sem mencionar o trabalho de Anthony Starr em construir toda a instabilidade do Capitão Pátria. O ator consegue demonstrar como a fachada agressiva, irascível e violenta do personagem esconde um sujeito profundamente inseguro e carente, desesperado por qualquer módico de conexão humana. O Capitão é simultaneamente um sujeito assustador e patético. Uma combinação perigosa considerando o imenso poder dele e algo que o torna um vilão bastante imprevisível.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Crítica – The Umbrella Academy: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – The Umbrella Academy: 3ª Temporada

Review – The Umbrella Academy: 3ª Temporada
Depois de duas temporadas bacanas, a impressão é que The Umbrella Academy está começando a se repetir demais e esta terceira temporada tem muito pouco de novidade a oferecer. A narrativa retoma do ponto em que o segundo ano parou, com os protagonistas retornando ao presente depois de ficarem presos da década de 1960. O problema é que as ações deles alteraram a linha do tempo, então estão em uma linha alternativa, na qual Sir Reginald (Colm Feore) adotou crianças diferentes e formou a Sparrow Academy ao invés da Umbrella Academy. A presença deles também criou um paradoxo temporal que ameaça toda a existência e pode destruir o universo.

Ou seja, assim como nas duas primeiras temporadas há um apocalipse iminente e os irmãos precisam resolver as diferenças para lidarem com a ameaça. É o mesmo formato das temporadas anteriores e agora já começa a ficar cansativo, principalmente porque os personagens continuam a ter os mesmos problemas uns com os outros e fica a impressão de que tudo está andando em círculos.

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Rapsódias Revisitadas – Os Imperdoáveis

 

Crítica – Os Imperdoáveis

Review Crítica – Os Imperdoáveis
Enquanto gênero cinematográfico o western era comprometido em construir uma visão mítica da expansão para o oeste dos Estados Unidos. Eram filmes que transmitiam como o país foi construído pela coragem e engenhosidade de homens dispostos a domarem esse espaço ermo e selvagem para construir riquezas. Com o tempo, o cinema começou a rever esses mitos. Dança Com Lobos (1990), por exemplo, ponderava que era o homem branco, não a população indígena, os selvagens que destruíam aquela terra. No mesmo clima revisionista, este Os Imperdoáveis, lançado em 1992, dirigido e estrelado por Clint Eastwood, repensa a figura do pistoleiro errante que vaga o oeste caçando malfeitores em busca de justiça e recompensas.

A narrativa é protagonizada por Will Munnny (Clint Eastwood) pistoleiro que abandonou uma vida de violência e morte depois de se casar, mas que aceita um último trabalho para pagar as dívidas de sua fazenda. Abordado por Schofield Kid (Jaimz Woolvet), Munny aceita viajar até uma pequena cidade no Wyoming para matar dois fazendeiros que retalharam uma prostituta. Com a ajuda do antigo companheiro, Ned (Morgan Freeman), Munny parte para o Wyoming ao lado de Kid em busca da recompensa. A pequena cidade, no entanto, é policiada com mão de ferro pelo xerife Little Bill (Gene Hackman).

terça-feira, 5 de julho de 2022

Crítica – Thor: Amor e Trovão

 

Análise Crítica – Thor: Amor e Trovão

Review – Thor: Amor e Trovão
Devo confessar que apesar de gostar de muita coisa que o Taika Waititi fez por trás das câmeras, não me agradei muito com Thor: Ragnarok. A impressão é que o filme não conseguia equilibrar seu humor com as necessidades da trama e que Waititi estava mais interessado na maluquice espacial do que nos problemas de Asgard ou em introduzir a chegada de Thanos. Pois neste Thor: Amor e Trovão o diretor se sai bem melhor.

A trama é praticamente a mesma de Ragnarok, depois de perder tudo que valorizava, Thor (Chris Hemsworth) precisa se redescobrir e encontrar um novo propósito. Aqui as coisas se complicam quando o vilão Gorr (Christian Bale) sequestra crianças asgardianas e também pela descoberta de que sua antiga amada, Jane (Natalie Portman), agora empunha o Mjolnir.

Ao contrário do que acontecia no filme anterior do Thor, a condução de Waititi sabe dosar a comédia com os momentos de desenvolvimento de personagem, evitando sabotar a construção das tramas com piadas inoportunas. Isso permite um desenvolvimento mais consistente da relação entre Thor e Jane conforme eles navegam pelo reencontro que abre velhas feridas e tentam encontrar uma maneira de reconstruir a relação.

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Crítica – Stranger Things: 4ª Temporada (Volume 2)

 

Análise Crítica – Stranger Things: 4ª Temporada (Parte 2)

Review – Stranger Things: 4ª Temporada (Parte 2)
Considerando que esta segunda parte da quarta temporada de Stranger Things consiste de apenas dois episódios, mesmo que relativamente longos, não entendo muito bem porque dividir a temporada. A impressão é que a Netflix tentou um meio termo estranho entre sua política de lançar temporadas inteiras de vez e o lançamento semanal de séries, como vem fazendo outros streamings (tipo HBO Max ou Disney+), para tentar manter a série sendo discutida na internet por mais tempo.

Entendo a necessidade da Netflix pensar novas estratégias, já que a concorrência de streamings está cada vez maior e séries semanais tipo The Boys, as séries da Marvel ou Star Wars tem dominado a conversa online enquanto  séries da Netflix com temporadas inteiras lançadas por vez somem da conversa depois de alguns dias. Ainda assim, talvez fosse melhor que Stranger Things recebesse episódios semana a semana do que essa divisão estranha.

Essa segunda parte começa no ponto em que a anterior parou, com Onze (Millie Bobby Brown) recuperando os poderes e as memórias, revelando que o vilão Vecna era na verdade Um (Jamie Campbell Bower). Mike (Finn Wolfhard) e Will (Noah Schnapp) tentam encontrar Onze. Hopper (David Harbour) e Joyce (Winona Ryder) se reencontraram na União Soviética e precisam sair de lá. Ao mesmo tempo os personagens que ficaram em Hawkins tentam encontrar um meio de deter Vecna depois que Nancy (Natalia Dyer) vislumbrou um plano do vilão.

sexta-feira, 1 de julho de 2022

Crítica – Árvores da Paz

 

Análise Crítica – Árvores da Paz

Review – Árvores da Paz
O massacre da população tutsi pela etnia hutu em Ruanda em 1994 é um dos maiores genocídios das últimas décadas, tendo deixado mais de um milhão de mortos. O evento já foi explorado antes pelo cinema em produções como Hotel Ruanda (2004) e é também o objeto deste Árvores da Paz, longa de estreia de Alanna Brown produzido pela Netflix.

A trama se baseia na história real de quatro mulheres que ficaram presas em um esconderijo subterrâneo durante meses, escondidas enquanto o genocídio acontecia em Ruanda. Essas mulheres tinham origens e pontos de vista diferentes, mas precisaram dialogar para sobreviverem juntas. Annick (Eliane Umihire) é uma mulher hutu em gestação avançada, ela e o marido moram na casa acima do esconderijo subterrâneo em que estão. Mutesi (Bola Koleosho) é uma mulher tutsi que passou a vida sendo considerada uma cidadã de segunda classe. Jeanette (Charmaine Bingwa) é uma freira e Peyton (Ella Cannon) é uma ativista estadunidense que estava em Ruanda como parte de um projeto social. 

Uma cartela inicial já deixa claro como esse conflito étnico é uma consequência da colonização de Ruanda, quando os Belgas colocaram os hutus e tutsis em diferentes funções dentro do país. Isso criou uma espécie de sistema de castas que acirrava as tensões entre os dois grupos, mantendo-os ocupados enfrentando uns aos outros ao invés dos colonizadores.