sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Crítica – Em Defesa de Jacob

 

Análise Crítica – Em Defesa de Jacob

Review – Em Defesa de Jacob
Dúvida pode destruir uma pessoa. O fato de não sabermos algo com certeza pode minar nossa confiança em uma pessoa ou em nós mesmos, tornar difícil seguir adiante quando não sabemos exatamente o que está por trás de algo que transformou nossa vida. O peso da dúvida é o tema central da minissérie Em Defesa de Jacob, que adapta o livro de William Landay.

A narrativa é protagonizada por Andy (Chris Evans), promotor de uma pequena cidade em Massachusetts. Andy é incumbido de acompanhar a investigação do assassinato de um adolescente, mas precisa se afastar quando seu filho, Jacob (Jaeden Martell), se torna suspeito do crime. A partir daí, Andy se afasta do caso e, ao lado a esposa, Laurie (Michelle Dockery) tenta defender o filho das acusações ao mesmo tempo em que busca desvendar o caso.

O elenco é a principal força da série. Evans faz de Andy um homem determinado e diligente, cuja confiança na inocência do filho não deriva somente de um amor parental, mas por já ter visto de perto como é um real psicopata. Já Michelle Dockery torna Lauren uma mulher aterrorizada pela possibilidade de seu filho ser um assassino, reavaliando cada pequeno evento da infância do garoto como uma pista de que havia algo errado com ele e como se sua falha como mãe em perceber esses supostos sinais fosse a razão de tudo ter acontecido. Jaeden Martell traz uma esperada dubiedade à Jacob, nos deixando incertos se estamos apenas diante de um garoto retraído e sobrecarregado pela situação ou um jovem psicopata desprovido de empatia que sente prazer em manipular as pessoas.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Drops – Em Perigo

 

Análise Crítica – Em Perigo

Review – Em Perigo
Nos últimos anos vimos a ascensão da divulgação de conteúdos falsos e desinformação online, bem como a chegada ao poder de figuras que se elegeram com base nessas práticas e passaram a hostilizar a imprensa. O documentário Em Perigo, produção da HBO Max, visa discutir o trabalho da imprensa nesse contexto.

O filme acompanha quatro jornalistas, dois deles nos Estados Unidos, uma no México e uma no Brasil. Em comum está o fato de que todos lidam com a truculência do Estado, o tratamento hostil de políticos e daqueles que os seguem. No Brasil, por exemplo seguimos Patrícia Campos Mello, jornalista da Folha responsável por expor o esquema de disparo de mensagens falsas via aplicativo de mensagem da campanha de Jair Bolsonaro. Depois da matéria Patrícia é alvo de ofensas do presidente, que inclusive insinua que a repórter teria trocado favores sexuais pela informação.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Rapsódias Revisitadas – Nosferatu

 

Análise – Nosferatu

Review – Nosferatu
Lançado em 1922 e dirigido por F.W Murnau, Nosferatu é um marco no cinema mundial. Considerado um dos primeiros filmes de terror já feitos, o filme sobrevive na memória coletiva até hoje, cem anos depois de lançamento, por conta da atmosfera macabra que imprime em sua narrativa.

A trama se passa no ano de 1838, sendo narrada por um escritor que reconta os eventos de como a peste assolou a pequena cidade Wisborg. O jovem Hutter (Gustav von Wangenheim) é incumbido pelo chefe a viajar até a Transilvânia para realizar uma venda de imóveis ao misterioso Conde Orlok (Max Schreck). Lá, Hutter descobre que Orlok é um sujeito sinistro e o Conde se encanta pela esposa de Hutter, Ellen (Greta Schröder) ao vê-la em uma foto. Assim o Conde decide comprar uma propriedade próxima à de Hutter e sua chegada traz desgraça para a pequena cidade.

Como é possível ver por esse breve sumário, a trama é basicamente uma adaptação do Drácula escrito por Bram Stoker, levando aos cinemas o folclore de vampiros. O roteiro de Nosferatu, por sinal, foi escrito por Henrik Galeen, responsável por incursões anteriores do cinema alemão no gênero do horror, tendo trabalhado em O Estudante de Praga (1913) e escrito o roteiro de O Golem (1920).

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Crítica – Crush: Amor Colorido

 

Análise Crítica – Crush: Amor Colorido

Review – Crush: Amor Colorido
O termo comfort food designa aquela comida de casa que não tem nada necessariamente especial, mas faz a gente se sentir pelo valor afetivo que ela traz. O mesmo acontece com a arte. Existem produtos que não trazem nenhuma grande inovação, são previsíveis, mas ainda assim tem um valor afetivo que nos deixa de coração quentinho ao consumir. Crush: Amor Colorido, produção da Hulu que chega ao Brasil pelo Star+, é exatamente esse tipo de “comfort movie”

A trama é protagonizada por Paige (Rowan Blanchard) uma jovem aspirante a artista que vê ameaça a sua chance de entrar na faculdade em que deseja. Acusada de ser a responsável por algumas pichações da escola, ela precisa encontrar o real culpado antes do fim do ano letivo para limpar o nome. Ao mesmo tempo, ela entra na equipe de atletismo para se aproximar de Gabby (Isabella Ferreira) por quem é apaixonada há anos. Aos poucos ela se aproxima de Gabby e também da irmã dela, AJ (Auli’i Cravalho), e se vê dividida entre as duas.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Crítica – Turma da Mônica: A Série

 

Análise Crítica – Turma da Mônica: A Série

Review – Turma da Mônica: A Série
Depois de dois filmes, Turma da Mônica: Laços e Turma da Mônica: Lições, a trilogia live-action da turminha criada por Maurício de Souza se encerra neste Turma da Mônica: A Série, feita para a Globoplay. Tinha minhas dúvidas se o material iria funcionar no contexto de uma série, mas felizmente o resultado é tão bom quanto os filmes.

A trama gira em torno de descobrir quem sabotou a festa da Carminha Frufru (Luiza Gattai), com a fofoqueira do bairro, Denise (Becca Guerra), assumindo a investigação e interrogando as crianças do local. As suspeitas, claro, recaem sobre Mônica (Giulia Benite) e sua turma, já que eles não se davam bem com a garota. Devo confessar que, de todas as possibilidades de contar uma história da turminha, uma trama investigativa/policialesca seria a última coisa que imaginaria, principalmente com um mistério tão bem manejado.

Claro, quem conhece a história e o universo da turminha vai conseguir perceber com certa antecedência quem estava por trás de tudo, no entanto, saber o real culpado não significa que o desenvolvimento da trama não tenha suas surpresas. Cada episódio é centrado no testemunho de um dos personagens envolvidos, nos dando a perspectiva dessa pessoa para os eventos e permitindo que pouco a pouco montemos o quebra cabeça.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Drops – Nancy Drew e a Escada Secreta

 

Análise Crítica – Nancy Drew e a Escada Secreta

Review – Nancy Drew e a Escada Secreta
Estrelado por Sophia Lillis, Nancy Drew e a Escada Secreta marca mais uma tentativa recente de trazer de volta a jovem detetive juvenil Nancy Drew para os cinemas. Assim como aconteceu com Nancy Drew e o Mistério de Hollywood (2007), no entanto, o resultado morno impediu outras continuações da jovem detetive. Curiosamente a personagem encontrou recentemente sucesso na televisão com a série Nancy Drew que apresenta uma versão um pouco mais velha da personagem e uma abordagem mais sombria.

Nancy (Sophia Lillis) é uma jovem que não se adapta à vida pacata da pequena cidade para a qual se mudou junto com o pai. Com uma mente arguta e um afiado senso de justiça, ela constantemente se mete em problemas conforme tenta ajudar as pessoas da cidade. Uma dessas pessoas é Flora (Linda Lavin) uma idosa que crê que sua casa é assombrada por fantasmas.

É óbvio desde o início que não existem realmente fantasmas. Como o número de possíveis suspeitos é bem reduzido fica muito evidente que todo o mistério passa pela disputa por terras para a construção de uma ferrovia. Com isso o mistério nunca envolve ou intriga como deveria, já que tudo é muito simples e fácil de deduzir. Exceto pelos minutos finais a trama também não consegue imprimir um senso de urgência ou de que há algo sério em jogo durante a investigação de Nancy.

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Drops – Contrato Perigoso

 

Análise Crítica – Contrato Perigoso

Review – Contrato Perigoso
Apesar de ser vendido como um thriller de ação, Contrato Perigoso é mais um drama sobre como os EUA tratam seus soldados como mercadoria descartável do que uma produção focada em ação explosiva. Depois de dar baixa no exército o soldado James (Chris Pine) tem dificuldade em arranjar emprego e pagar as contas da família. Um antigo colega de farda, Mike (Ben Foster), consegue para ele um emprego em uma companhia militar privada.

A dupla é mandada para Alemanha, sob pretexto de uma missão secreta para eliminar um virologista que estaria desenvolvendo uma arma biológica mortal. Eles executam a missão, mas são emboscados logo depois e James começa a desconfiar que o patrão, Rusty (Kiefer Sutherland), está tentando apagar os rastros da missão.

Mesmo nas cenas de ação, é uma produção que busca mais o realismo do combate armado, com os personagens buscando cobertura e se movendo de maneira mais lenta e deliberada, do que uma ação explosiva e grandiloquente. São, porém, os momentos de silêncio em que o filme impacta mais. Chris Pine traz no semblante a dor e o cansaço de alguém que acreditou estar cumprindo um importante dever e foi consistentemente abandonado, seja pelas forças armadas, seja pelo setor privado.

quarta-feira, 27 de julho de 2022

Crítica – Não Me Diga Adeus

 

Análise Crítica – Não Me Diga Adeus

Review – Não Me Diga Adeus
De relance Não Me Diga Adeus é um típico road movie sobre pessoas se reconectando ao longo da viagem. Não faz muito mais do que seguir o que já está estabelecido nesse tipo de história, mas conseguiria envolver por conta dos personagens. Digo conseguiria porque algumas decisões perto do final prejudicam bastante o resultado.

Max (John Cho) é um pai solteiro que descobre um tumor no cérebro cuja chance de sobrevivência é muito baixa. Com cerca de um ano de vida e sem ninguém com quem deixar a filha adolescente, Wally (Mia Isaac), ele decide cruzar o país de carro em busca da mãe de Wally que os abandonou anos atrás. Ele também usará essa viagem para se reconectar com a filha, tentando ensinar a ela tudo que crê ser necessário para a vida adulta.

A narrativa explora o tropo comum de personagens com personalidades opostas que tem algo a aprender um com o outro. Max precisa aprender a correr mais riscos e aproveitar mais vida depois de ter sacrificado tanto para criar a filha sozinho. Já Wally vai aprender a ser mais responsável e conhecer um lado do pai que até então lhe era desconhecido.

terça-feira, 26 de julho de 2022

Crítica – Boa Sorte, Leo Grande

 

Análise Crítica – Boa Sorte, Leo Grande

Apesar do título, Boa Sorte, Leo Grande é mais sobre a viúva interpretada por Emma Thompson do que o personagem. Não chega a ser um problema grande, que o torne um produto ruim, mas deixa a impressão de que o personagem não tem todo o seu potencial aproveitado. O que fica é uma exploração cheia de sensibilidade dos tabus sexuais sob os quais boa parte da população vive.

A trama é focada em Nancy (Emma Thompson) uma viúva de 55 anos que resolve contratar um garoto de programa, Leo Grande (Daryl McCormack), para experimentar com a própria sexualidade, já que nunca teve outro parceiro além do finado marido e nunca teve um orgasmo. De início ela se mostra arredia em se entregar completamente, mas ao longo dos encontros com Leo vai se conectando a ele e ambos vão se abrindo para o outro.

Nancy é tão tomada por culpa ou pelo sentimento de que está fazendo algo errado que enche Leo de perguntas sobre seu passado ou suas motivações na esperança de encontrar algo repreensível naquele jovem que está ali para servi-la ou na situação em si. Ela está tão convencida da natureza abjeta de suas ações que busca algo de vulgar, sujo ou imoral nas ações de Leo por ter sido convencida a vida toda de que sexo e prazer eram coisas das quais deveria ter vergonha.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Crítica – Agente Oculto

 

Análise Crítica – Agente Oculto

Review – Agente Oculto
Depois de sua primeira incursão em blockbusters de ação de alto orçamento com Alerta Vermelho (2021), a Netflix volta a esse filão em Agente Oculto e a impressão é de o serviço de streaming não aprendeu nada com os problemas da incursão anterior. É certamente uma produção que investe nas cenas de ação e em seus astros, mas não dá nada para sustentar nosso interesse elementos.

A trama é centrada em Seis (Ryan Gosling) um agente oculto da CIA treinado para missões secretas de assassinato. Quando ele topa com um segredo que pode incriminar um de seus superiores, Carmichael (Regé-Jean Page), ele se torna alvo da própria agência. Em seu encalço está o sádico Lloyd (Chris Evans).

É uma trama bem típica do espião com consciência contra o espião sem escrúpulos e se desenvolve sem nenhuma grande surpresa ou qualquer elemento que tente fazer algo diferente dos lugares comuns. Até mesmo as eventuais reviravoltas e mudanças de lado soam protocolares, acontecendo porque precisam acontecer e não por ser uma decorrência orgânica do desenvolvimento daqueles personagens.