terça-feira, 6 de setembro de 2022

Crítica – Samaritano

 

Análise Crítica – Samaritano

Review – Samaritano
Estrelado por Sylvester Stallone, Samaritano é um filme de super-heróis que parece ter sido feito na década de 80 e 90, quando Hollywood ainda via esse tipo de produção com certo estigma e não entendia exatamente como essas tramas e universos funcionavam. Hoje filmes de super-heróis são hegemonia entre os blockbusters e ainda assim essa produção da Prime Video consegue soar bastante datada.

Na trama, Sam (Javon Walton, o Ashtray de Euphoria) é um garoto obcecado pela figura do Samaritano, um super-herói que teria se sacrificado anos atrás para derrotar Nemesis, seu irmão gêmeo e super-vilão. O Samaritano é dado como morto, mas Sam acredita que ele esteja vivo. Um dia, Sam está sendo espancado pelos garotos de sua rua envolvidos na gangue do criminoso Cyrus (Pilou Asbaek) quando é salvo por Joe (Sylvester Stallone), um homem idoso e extremamente forte. Sam suspeita que Joe seja, na verdade, o Samaritano e tenta convencê-lo a voltar a ser herói, principalmente para deter Cyrus, que tenta levar a cabo os planos de Nemesis para criar anarquia na cidade.

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Crítica – Men: Faces do Medo

 

Análise Crítica – Men: Faces do Medo

Review – Men: Faces do Medo
Desde que estreou como diretor no excelente Ex Machina (2014), os filmes de Alex Garland de algum modo tocam em questões de identidade. Na sua estreia na direção era sob uma forma de vida artificial construindo sua própria personalidade, em Aniquilação (2018) era sobre como seria possível manifestar individualidade quando nossas existências são uma soma de experiências e interações que se mesclam de maneira indissolúvel. Em Men: Faces do Medo ele explora não apenas a ideia de masculino no coletivo, mas como esse contato com a coletividade masculina impacta em sua protagonista.

Na trama, Harper (Jesse Buckley) aluga uma enorme casa no interior da Inglaterra para espairecer a mente depois da morte do marido. Após ser recebida pelo excêntrico proprietário, Geoffrey (Rory Kennear), Harper começa a ficar a vontade na propriedade, mas logo um homem estranho tenta invadir o local e isso mexe no modo em como ela lida com o restante dos homens da pequena vila (todos com o mesmo rosto) e com as memórias do marido.

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Crítica – Tekken: Bloodline

 

Análise Crítica – Tekken: Bloodline

Eu tenho algum conhecimento dos games da franquia Tekken, embora não seja próximo a eles como sou de outros grandes nomes dos jogos de luta. Ainda assim fui atraído para este Tekken: Bloodline pelo trabalho competente que a Netflix vem fazendo em adaptar games em séries animadas, a exemplo de Castlevania ou Cuphead.

A trama se baseia na narrativa Tekken 3, sendo protagonizada por Jin Kazama, que vê a mãe ser morta pelo perigoso ser conhecido como Ogre. O jovem parte então para encontrar seu único familiar remanescente, o poderoso e cruel Heihachi Mishima, dono da corporação Tekken e organizador do torneio Rei do Punho de Ferro. Heihachi treina o neto em seu estilo de luta, visando prepará-lo para enfrentar Ogre eventualmente, mas o patriarca Mishima também esconde seus segredos.

A narrativa acerta no modo como capta as personalidades de seus personagens, em especial a crueldade ardilosa de Heihachi. O conflito interno de Jin, pego entre a compassividade da mãe e a dureza do avô, lutando para encontrar seu próprio caminho em meio a tudo isso, também é bem construído. Paul Phoenix e Xiaoyu, por sua vez, participam como coadjuvantes divertidos e também protagonizando boas cenas de luta. Não é lá uma trama ou conflitos muito inovadores, mas os personagens e as lutas ao menos conseguem nos manter envolvidos e a narrativa consegue equilibrar bem os elementos sombrios com os aspectos mais sem noção dos jogos. Afinal, não podemos esquecer que em meio a todo o drama familiar, Tekken é também uma franquia em que um urso pardo é admitido em um torneio de lutadores humanos.

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Crítica – Iluminadas

 

Análise Crítica – Iluminadas

Review – Iluminadas
A mistura entre trama investigativa e elementos sobrenaturais foi o que me atraiu a este Iluminadas, série da AppleTV+ baseada no livro homônimo escrito por Lauren Beukes. A trama se passa na Chicago de 1992, sendo protagonizada por Kirby (Elizabeth Moss), uma mulher tentando reconstruir a vida depois de um ataque que quase a matou. Ela trabalha como arquivista em um jornal e descobre um assassinato em que vítima foi cortada de maneira semelhante ao que o assassino tentou fazer com ela.

Assim, Kirby se aproxima de Dan (Wagner Moura) o repórter responsável pelo caso, para ajudá-lo na investigação. O trauma não é o único fardo que Kirby carrega após o ataque. Há também o problema de que ela constantemente experimenta mudanças bruscas em sua realidade, como descobrir que mora em um apartamento diferente do que estava quando saiu pela manhã para trabalhar. Aviso que o texto a seguir pode conter SPOILERS da série.

A noção de uma realidade mudando ao redor da personagem cria um componente inesperado no que seria só mais uma trama típica de serial killer. De início já somos colocados na posição de indagar o que está acontecendo com Kirby. É tudo real ou fruto de alguma instabilidade mental? Ela está se deslocando no tempo? Entre dimensões? Universos? São elementos que contribuem para uma atmosfera de incerteza que perturba a acomodação de elementos típicos de tramas policiais/investigativas em que a série se apoia na maior parte do tempo.

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Crítica – John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo

 

Análise Crítica – John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo

Review – John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo
A produção John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo é mais um daqueles documentários sobre crimes que está mais interessado em especulação sensacionalista do que uma apuração consistente dos fatos ou mesmo ter algo a dizer sobre as mensagens que produz. O documentário acompanha uma dupla de jornalistas que acompanhou o programador John McAfee, que criou o programa antivírus que leva seu nome, em sua fuga depois de ser acusado de matar um vizinho em Belize.

O filme se concentra nas imagens que os dois jornalistas captaram durante o tempo em fuga de McAfee, que o mostram como um sujeito instável, mas que parece também performar muito dessa instabilidade, como se fosse um esforço consciente da parte dele em querer parecer louco, tanto que ele se compara ao Coringa em dado momento. Isso poderia ser usado para pensar sobre egocentrismo, culto à personalidade ou como uma pessoa consegue criar um mito em torno de si mesmo, no entanto, o documentário nunca tem nada a dizer sobre essas imagens além de expor a bizarrice do comportamento de McAfee, sendo de um sensacionalismo rasteiro.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Drops – Influencer de Mentira

 

Análise Crítica – Influencer de Mentira

Review – Influencer de Mentira
Estrelado por Zoey Deutch, Influencer de Mentira é mais um filme a falar sobre os problemas de nossa obsessão com redes sociais, likes e engajamento. Não tem nada de novo exatamente, mas é bem conduzido o suficiente para funcionar. Danni (Zoey Deutch) é uma aspirante a escritora sem muitos prospectos de futuro. Um dia ela finge uma viagem a Paris para chamar a atenção de um influencer de que gosta, Colin (Dylan O’Brien). O problema é que no momento em que ela posta fotos dizendo que está um ponto turístico de Paris o local é alvo de um ataque terrorista. Assim, Danni continua a mentira, se posicionando como sobrevivente e emplacando uma hashtag sobre saúde mental.

É uma trama de certa forma similar a Querido Evan Hansen (2021), com a diferença que Evan era um garoto inseguro diante de pais enlutados e Zoey é, desde o início, uma mentirosa fútil. Nesse sentido a trama acerta em não tentar relativizar as ações da protagonista, deixando evidente desde a cartela inicial que ela não é uma boa pessoa. A trama aponta não apenas para a futilidade do universo dos influencers como também para a virulência dos linchamentos virtuais uma vez que alguém se torna infame e o modo como portais de notícia, para não ficarem de fora do que é tendência, replicam conteúdo sem devida apuração.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Drops – De Férias da Família

 

Crítica - De Férias da Família

Review - De Férias da Família
Não esperava muita coisa de De Férias da Família, imaginei que seria uma comédia lotada de lugares comuns, mas que fosse ao menos capaz de me divertir ao longo de seus 100 minutos dados os nomes envolvidos. Infelizmente nem essas baixas expectativas foram atendidas.

A trama é protagonizada por Sonny (Kevin Hart) um dedicado pai de família que vive para cuidar dos filhos. Um dia, a esposa dele, Maya (Regina Hall), uma ocupada arquiteta, propõe que ela fique uma semana sozinha com os filhos enquanto Sonny aproveita um tempo livre. Sonny aproveita para encontrar Huck (Mark Wahlberg) um antigo colega dos tempos de farra. Em tese confusões deveriam acontecer a partir daí, no entanto, o roteiro é tão pouco criativo que não consegue criar sequer uma situação engraçada, preferindo apelar para escatologia rasteira, com menções gratuitas a fezes e vômitos, ao invés de criar situações interessantes para inserir esses elementos.

É uma colagem aleatória de situações que mesmo num regime absurdista não conseguem se conectar e nem provocar riso. Não ajuda que o roteiro não saiba exatamente quem é Sonny, que varia entre um marido dedicado, um tirano com os filhos e crianças da escola, um idiota manso e um babaca rancoroso. Como o personagem muda de personalidade a cada cena fica difícil criar qualquer expectativa a seu respeito, tornando quase impossível subvertê-las para fins dramatúrgicos.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Crítica – Cuphead: The Delicious Last Course

Análise Crítica – Cuphead: The Delicious Last Course


Review Crítica – Cuphead: The Delicious Last Course
Lançado em 2017 Cuphead chamou atenção pelos seus visuais que remetiam a animações da década de 1930 e também por sua dificuldade extrema. Esses dois atributos seguem presentes na expansão The Delicious Last Course, que introduz novos chefes, armas e uma personagem jogável.

Em uma trama paralela à campanha principal, Cuphead e Mugman recebem uma mensagem da Ms. Chalice pedindo ajuda. Assim, os irmãos navegam para a Ilha Tinteiro IV para ajudar Ms. Chalice a sair do mundo espiritual. Logicamente, isso envolve derrotar mais um monte de chefões difíceis.

O primeiro grande novo elemento é a possibilidade de jogar com Ms. Chalice. Ela, no entanto, não é uma personagem selecionável direto do menu. Para jogar com ela, é preciso equipar um acessório chamado Biscoito Astral, efetivamente fazendo Ms. Chalice substituir o personagem com o qual se está jogando. A troca tem suas vantagens considerando que a garota tem acesso a uma série de habilidades que os outros dois não tem. Ela tem um ponto de vida a mais, pode dar pulos duplos, seu dash automaticamente apara projéteis e ela pode realizar um rolamento no chão que a deixa invulnerável enquanto rola (similar ao que acontece com o acessório Bomba de Fumaça). Assim, trocar uma nova personagem por um espaço de acessório não soa como injusto.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Crítica – Bom Dia, Verônica: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – Bom Dia, Verônica: 2ª Temporada

Review – Bom Dia, Verônica: 2ª Temporada
Quando escrevi sobre a primeira temporada de Bom Dia, Verônica mencionei a qualidade do elenco principal, as tensões do mistério que servia de fio condutor para a narrativa. Apontei também como a trama da grande conspiração com figuras sombrias manipulando tudo os bastidores era mirabolante demais para o realismo do resto da série e fragilizava o universo ficcional. Pois nessa segunda temporada Bom Dia, Verônica retorna com os méritos da primeira temporada, mas também reproduz os mesmos problemas.

Depois dos eventos do ano de estreia, Verônica (Tainá Muller) forjou a própria morte e vive sob uma identidade falsa investigando o grupo criminoso por trás do orfanato Cosme e Damião. Ela chega ao provável líder do grupo no pastor Matias (Reynaldo Gianecchini), que usa sua igreja pra prospectar mulheres vulneráveis e abusar delas. Em meio a isso está Angela (Klara Castanho), filha do pastor que aos poucos começa a desconfiar que há algo errado acontecendo em sua casa e com as mulheres que o pai traz para fazer rituais de “cura”.

Como no ano de estreia o caso principal, aqui a investigação em Matias, é permeado por personagens envolventes e boas interpretações. Gianecchini está sinistro como Matias, um sujeito de fala suave que consegue convencer as pessoas de qualquer coisa e usa da fé para manipular seus fieis. Mesmo nos momentos em que ele abusa de outras mulheres ou da filha é desconcertante como ele mantem a serenidade, como se tudo fosse incrivelmente normal para ele.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Crítica – Marte Um

 Análise Crítica – Marte Um


Review – Marte Um
Com toda a instabilidade política e social que vem se instaurando no Brasil nos últimos anos é natural que a nossa produção audiovisual tente abordar esses temas e vivências. Muitas produções são feitas na urgência de denunciar os problemas do país e acabam descambando em produções excessivamente expositivas em que os personagens conversam como se estivessem dando uma aula ao espectador. Esse não é um problema de Marte Um, dirigido por Gabriel Martins. Como é recorrente nas produções da Filmes de Plástico, o olhar afetuoso e naturalista para a realidade brasileira se mostra muito mais eficiente em transmitir a experiência sensível das alegrias e dificuldades do cidadão do que discursos empostados.

A trama segue uma família humilde na região de Contagem, em Minas Gerais. O patriarca Wellington (Carlos Francisco, de Bacurau) trabalha como porteiro em um prédio de luxo em Belo Horizonte. Tércia (Rejane Faria) trabalha como diarista. Eunice (Camilla Damião) é a filha mais velha e pensa em sair de casa para morar com a namorada. Devinho (Cícero Lucas) é um pré-adolescente que sonha em integrar uma missão tripulada à Marte, contrariando o desejo do pai de que ele se torne um jogador de futebol. Depois das eleições de 2018, o cotidiano da família começa a mudar.