segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Crítica – A Queda

 

Análise Crítica – A Queda

Review – A Queda
Filmes de suspense confinados a um único espaço vão envolver ou não pela sua capacidade de criar situações de tensão dentro desse espaço para manter o interesse. Em geral A Queda consegue envolver em sua condução da tensão mesmo quando as personagens deixam a desejar.

A narrativa é protagonizada por Becky (Grace Caroline Currey, a Mary do filme Shazam), uma montanhista que fica traumatizada depois da morte do noivo, Dan (Mason Gooding), em um acidente de escalada. Tentando tirar Becky da depressão sua melhor amiga, Hunter (Virginia Gardner), propõe uma viagem para elas espalharem as cinzas de Dan. Não seria, no entanto, uma viagem qualquer, elas subiriam em uma antiga torre de transmissão, a maior do país, e espalhariam as cinzas do alto. O problema é que a torre é muito antiga e durante a subida as escadas enferrujadas colapsam, deixando a dupla presa no topo. Agora elas precisam encontrar um jeito de sobreviverem e saírem da situação.

Claro, num primeiro momento é meio estúpido que elas tenham partido para uma empreitada super perigosa sem avisar ninguém do que fariam, mas não é implausível considerando que isso de fato acontece no mundo real, vide o filme 127 Horas. A partir do momento em que a dupla fica presa, o filme é eficiente em encadear situações de tensão envolvendo a tentativa de recuperar uma mochila de mantimentos, usar um drone para mandar uma mensagem de socorro ou tentar rechaçar ataques de urubus. A narrativa ainda consegue entregar alguns momentos de surpresa que nos fazem reinterpretar alguns momentos aparentemente implausíveis.

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Rapsódias Revisitadas – Medo e Delírio em Las Vegas

 

Análise Crítica – Medo e Delírio em Las Vegas

Review – Medo e Delírio em Las Vegas
Em 1971 o jornalista Hunter S. Thompson iniciou o movimento chamado “jornalismo gonzo” ao transformar o que deveria ser uma simples reportagem esportiva sobre uma corrida no meio do deserto de Nevada em um livro que misturava fato e ficção, ponderando sobre o declínio do “sonho americano” e sobre o quanto ele viajou em drogas durante a viagem. O livro de Thompson foi adaptado para os cinemas em 1998 por Terry Gilliam em Medo e Delírio em Las Vegas. O filme não teve uma boa recepção crítica na época do lançamento e foi um fracasso comercial, mas com o tempo ganhou um status cult com audiências celebrando o passeio lisérgico que a obra faz pelo coração dos Estados Unidos e o clima político-social da década de 70.

A trama é protagonizada por Raoul Duke (Johnny Depp), um repórter que viaja para o deserto de Nevada para cobrir uma corrida. Ele está na companhia do advogado, Dr. Gonzo (Benicio del Toro), e uma mala cheia de drogas. No percurso de cobrir a corrida eles se perdem no efeito das drogas e o caos se instaura conforme eles embarcam em bad trips que os fazem pensar no ideal de “sonho americano”.

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Crítica – Era Uma Vez um Gênio

 

Análise Crítica – Era Uma Vez um Gênio

Review – Era Uma Vez um Gênio
Depois do apocalipse de Mad Max: Estrada da Fúria (2015), o diretor George Miller resolve explorar o poder da fábula em Era Uma Vez um Gênio, adaptando um romance escrito por A.S Byatt. É uma trama que explora o quanto a fabulação e arte são importantes em nossa vida, ainda que muitas vezes subestimemos esses elementos.

A trama é protagonizada por Alithea (Tilda Swinton) que em uma viagem para a Turquia liberta um Djinn (Idris Elba) preso na garrafa. Agora a criatura se oferece para conceder três desejos a Alithea em troca da liberdade dele, mas Alithea não sabe o que pedir. O Djinn então começa a narrar suas desventuras ao longo dos últimos três mil anos.

O filme chama atenção pela construção visual das fábulas contadas pelo Djinn, cheias de elementos singulares e que nos conquistam pela capacidade de imaginação dos realizadores em conceber tudo aquilo. A tramas em si envolvem pelo modo como elas se costuram uma na outra, como pequenas ações causam repercussões que serão sentidas séculos depois e irremediavelmente mudam a trajetória do Djinn e das pessoas com as quais ele se envolve. O próprio visual do Djinn, com extremidades douradas, palmas vermelhas e uma constante fumaça ao seu redor convencem de que estamos diante de uma criatura que, como ele mesmo diz, é feita de fogo e poeira.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Crítica – Fim da Estrada

 

Análise Crítica – Fim da Estrada

Review – Fim da Estrada
Alguns filmes conseguem transitar bem entre vários gêneros, caminhando com fluidez por diferentes tons e temas. Fim da Estrada, porém, não é um desses filmes. Existem muitas ideias em jogo que poderiam render algo interessante, mas o resultado final não coloca esses elementos em um conjunto coeso.

Na trama, Brenda (Queen Latifah) está se mudando com a família de Los Angeles para o Texas depois da morte do marido tornar impossível custear a vida na cidade. Ela viaja acompanhada do irmão, Reggie (Chris “Ludacris” Bridges), e dos filhos Kelly (Mychala Faith Lee) e Cam (Shaun Dixon). No caminho eles passam pelo interior do Arizona, lidando com o racismo dos locais, mas as coisas se complicam quando testemunham um crime e acabam pegando uma mala de dinheiro que não lhes pertence.

O início, com Brenda repreendendo Reggie por fumar muita maconha e ele pensando em como vai ficar a viagem inteira sem erva parecem dar um tom de comédia a todo o processo. Assim que eles pegam a estrada, no entanto, a seriedade aparece mais forte conforme eles são alvo de condutas racistas. Mais adiante, conversas entre Brenda e Reggie falam sobre o trauma do falecimento do marido de Brenda, das dívidas que a família assumiu durante a doença do falecido e dos conflitos entre Brenda e Reggie, construindo um drama familiar. Posteriormente, a família toma posse da mala de dinheiro e tudo vira um thriller de ação.

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Crítica – Boa Noite, Mamãe!

 

Análise Crítica – Boa Noite, Mamãe!

Review – Boa Noite, Mamãe!
Lançado em 2014, o terror austríaco Boa Noite, Mamãe era um eficiente terror que envolvia pela construção de uma atmosfera de tensão e ambiguidade ao redor de seus personagens. Seis anos depois recebemos esse remake hollywoodiano que, como muitos remakes de filmes relativamente recentes, soa meramente como um meio de atingir o público estadunidense que não gosta de assistir filme com legenda.

A trama é protagonizada pelos gêmeos Elias e Lukas (Cameron e Nicholas Crovetti) que são deixados na casa da mãe (Naomi Watts) para passar um tempo com ela. Chegando lá os garotos encontram a mãe com o rosto coberto por uma máscara cirúrgica, pois ela supostamente teria feito uma plástica no rosto. Os problemas começam quando os garotos estranham o comportamento da mãe e começam a achar que aquela mulher pode não ser a mãe deles.

Se o original conseguia desenvolver muito bem uma atmosfera de tensão e estranhamento por conta das ações erráticas da mãe e o fato de não vermos seu rosto, aqui essa tensão está praticamente ausente. Falta ambiguidade e bizarrice nas ações da personagem de Naomi Watts, que demonstra mais uma insegurança e fragilidade que torna mais fácil antever a revelação final. A máscara cirúrgica usada pela personagem revela demais o rosto da atriz e soa normal demais para parecer assustadora como no original, em que parecia menos um instrumento hospitalar e mais algo feito de maneira amadora, com bandagens soltas unidas por presilhas e o pouco que víamos do rosto da mãe estava cheio de hematomas e marcas de cicatriz.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Crítica – Justiceiras

 

Análise Crítica – Justiceiras

Review – Justiceiras
Misturando Meninas Malvadas (2004) com Pacto Sinistro (1951), Justiceira é uma comédia adolescente que comenta sobre vingança e objetivos de vida. A trama é focada em Drea (Camila Mendes). Depois que um vídeo íntimo dela é vazado na internet aparentemente pelo namorado, Max (Austin Abrams, o Ethan de Euphoria), Drea perde todo seu status de garota mais popular e também vê suas notas caírem, prejudicando as chances de ir para a universidade dos sonhos. É aí que ela conhece Eleanor (Maya Hawke), que também tem um desejo de vingança por outra garota da escola. Assim, elas fazem um pacto de se vingarem, mas para não serem pegas decidem que uma fará a vingança da outra.

Há um componente de previsibilidade no meio da história, com as duas ficando amigas, mas colocando a amizade a perder por estarem tão focadas em suas vinganças ou por perderem a perspectiva ao se conectarem com as pessoas das quais deveriam estar se vingando. Esse vai e vem na amizade das duas funcionam pela química sincera que Hawke e Mendes estabelecem uma com a outra, que passam de aliadas pragmáticas para amigas genuínas, com Drea se abrindo a Eleanor de maneiras que nunca fez com ninguém. Por outro lado, a narrativa guarda surpresas inesperadas e algumas reviravoltas me pegaram desprevenido, então mesmo dentro de estruturas narrativas familiares, o filme encontra algum espaço para surpreender.

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Crítica – Emergência

 

Análise Crítica – Emergência

Review – Emergência
Fui assistir Emergência imaginando que seria só mais uma comédia universitária sobre festas, bebedeiras e coisas dando errado, então foi uma grata surpresa ver que ele tinha mais a dizer do que isso. Na trama, os universitários Sean (R.J Cyler) e Kunle (Donald Elise Watkins) planejam uma noite lendária participando das festas de todas as fraternidades do campus se tornando os primeiros alunos negros a fazerem isso. Os planos são frustrados quando eles encontram uma garota branca bêbada, Emma (Maddie Nichols), caída na casa deles. Kunle quer chamar os serviços de emergência, já que a garota parece estar muito mal, mas Sean imagina que dois caras negros chamando a polícia por conta de uma mulher branca na casa deles cuja presença não podem explicar pode dar problemas aos dois. Assim, a dupla junto com o colega de quarto Carlos (Sebastian Chacon) decidem levar Emma a um hospital, mas chegar lá não deve ser tão simples.

O filme demora um pouco a chegar no seu ponto principal, mas uma vez que chega é bem eficiente em ilustrar as experiências de uma juventude em um mundo cujas desigualdades são bem conhecidas. Da mesma forma que Sean e seus amigos são movidos pelo temor do racismo, a irmã de Emma, Maddy (Sabrina Carpenter), se mostra bastante preocupada com seu sumiço justamente por saber o que pode acontecer com uma mulher bêbada em uma festa universitária.

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Drops – Amor em Verona

 

Análise Crítica – Amor em Verona

Review – Amor em Verona
Algumas vezes me pergunto porque me sujeito a certas coisas. Amor em Verona, nova produção da Netflix, está longe de ser algo revoltante de ruim, mas é aquele tipo de produção tão desprovida de personalidade que parece ter sido toda feita por um algoritmo. Na trama, Julie (Kat Graham) é largada pelo namorado às vésperas de uma viagem romântica para Verona na Itália. Sozinha, ela descobre que o sobrado que alugou pela internet também fora locado ao britânico Charlie (Tom Hopper). Como nenhum dos dois quer deixar a casa, decidem dividir.

É óbvio desde o início o que vai acontecer, eles vão se desentender, fazer birra um com o outro e eventualmente irão deixar as diferenças de lado e se apaixonar. É o clichê dos inimigos que viram amantes e do casal com personalidades opostas que tem algo a ensinar um com o outro. Ele é muito sério e fechado, precisando aprender a se abrir, ela precisa aprender a ser mais prática.

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Crítica – Cobra Kai: 5ª Temporada

 

Análise Crítica – Cobra Kai: 5ª Temporada

Review – Cobra Kai: 5ª Temporada
Quando escrevi sobre o quarto ano de Cobra Kai mencionei como a série ainda contava com o bom desenvolvimento de personagens apesar de reciclar algumas tramas e tipos de conflitos. Esse sentimento segue nesta quinta temporada em que as relações entre os personagens continuam sendo o ponto forte, mas a necessidade de aumentar o riscos muitas vezes rende em tramas que soam repetitivas ou forçadas.

Depois de serem derrotados pelo Cobra Kai de Terry Silver (Thomas Ian Griffith), Daniel (Ralph Macchio) e Johnny (William Zabka) lidam com as consequências. Johnny vê isso como uma chance de recomeço, de deixar para trás suas rivalidades de caratê e focar em sua relação com Carmen (Vanessa Rubio) e em tratar da animosidade entre Miguel (Xolo Maridueña) e Robby (Tanner Buchanan). Daniel, por sua vez, se vê obcecado em derrubar Silver, inclusive recorrendo ao apoio de Chozen (Yuji Okumoto) em sua empreitada.

A temporada começa lidando com essas consequências e isso dá uma chance para vermos o quanto a relação entre Daniel e Johnny evoluiu, ao ponto em que eles praticamente invertem os papéis, com Daniel botando tudo a perder em sua busca por Silver, enquanto que Johnny se torna um homem de família focando em sua vida com Carmen. Chozen é um dos destaques da temporada, entregando tanto humor quanto seriedade como parceiro de Daniel, levando a missão até as últimas consequências.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Crítica – Órfã 2: A Origem

 

Análise Crítica – Órfã 2: A Origem

Review – Órfã 2: A Origem
Não tinha lá grandes expectativas para este Orfã 2: A Origem. Não apenas não havia nada de muito promissor em revisitar a origem da personagem, como também o crescimento da atriz Isabelle Fuhrman (que tinha 12 anos no primeiro filme em 2009) já tornava difícil que ela continuasse a convencer como uma criança. Pois confesso que o resultado é até melhor do que eu esperava considerando o quão ruim poderia ter sido.

A trama se passa em 2007 e conta como Esther (Isabelle Furhmann) chegou aos Estados Unidos e matou a primeira família por lá. Como qualquer um que viu o primeiro filme sabe, ela não é uma criança, mas uma mulher adulta com mais de 30 anos com um tipo raro de nanismo que prendeu o desenvolvimento do seu corpo ainda na infância. Originalmente chamada Leena, ela foge de uma instituição psiquiátrica na Estônia e acaba assumindo a identidade de uma garota estadunidense desaparecida chamada Esther por conta da semelhança com a menina. Ela então é levada aos EUA para a família da Esther original, sendo aceita por Tricia (Julia Stiles), mãe da garota, e os demais membros da família como a Esther real.