quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Drops – O Time da Redenção

 

Análise Crítica – O Time da Redenção

Review – O Time da Redenção
O basquete masculino estadunidense costuma dominar as Olimpíadas, então depois de duas competições seguidas sem o ouro olímpico o alerta foi acendido a respeito da perda da supremacia do país nesse esporte. A partir daí começaram a se preparar para os jogos de 2012 em Pequim com o intuito de retomarem o pódio. Essa é a história do documentário O Time da Redenção.

Estruturalmente é um documentário que segue todos os recursos narrativos já batidos nesse tipo de produto, com entrevistas e imagens de arquivo. Não ousa muito e confia no carisma dos atletas para sustentar o filme. As entrevistas encontram boas histórias de bastidores sobre como o time e a união entre eles foi se construindo ao longo dos três anos de preparação para as Olimpíadas e o papel de liderança que o falecido Kobe Bryant desempenhou para o time, conseguindo manter nosso interesse no que é narrado. Igualmente envolventes são as cenas das partidas, que mostram o entrosamento e habilidade da seleção estadunidense e também de seus principais adversários, em especial Espanha e Argentina, mostrando como a competição de fato foi acirrada.

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Rapsódias Revisitadas – Bamako

 

Análise – Bamako

Review - Bamako
Lançado em 2006 e dirigido pelo mauritano Abderrahmane Sissako, Bamako reflete sobre as consequências da colonização sobre países africanos ainda hoje e como os processos de globalização deram um novo verniz à exploração colonial. A trama se passa em Bamaco, capital de Mali. Mele (Aissa Maiga) é uma cantora que ganha a vida se apresentando em bares e restaurantes. Seu marido, Chaka (Tiecoura Traore), está desempregado e o casamento deles está em crise. Em meio a isso, na praça que fica no centro de onde moram acontece um julgamento. No tribunal montado a céu aberto representantes do Mali processam o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional por impedirem o desenvolvimento dos países africanos.

Há uma escolha consciente de Sissako em situar o julgamento numa praça de um espaço periférico. Essa decisão primeiramente deixa evidente o caráter lúdico e fabulizante desse julgamento, ou seja, não há uma intenção de tratar isso como se fosse um procedimento real, mas como uma metáfora para a discussão das angústias de países como Mali diante de órgãos internacionais.

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Crítica – O Enfermeiro da Noite

 

Análise Crítica – O Enfermeiro da Noite

Review – O Enfermeiro da Noite
O título brasileiro de O Enfermeiro da Noite constrói uma expectativa equivocada no público. Se no original o título The Good Nurse (algo como A Boa Enfermeira em português) fazia menção à personagem vivida por Jessica Chastain que serve como ponto de entrada na história, a tradução brasileira dá a entender que a história seria contada na perspectiva do assassino em série vivido por Eddie Redmayne, o que não acontece.

A trama, baseada em eventos reais, é protagonizada por Amy (Jessica Chastain), uma enfermeira que recentemente descobriu uma cardiomiopatia severa que necessita de um transplante de coração. Ela precisaria se licenciar do trabalho para evitar mais dano cardíaco, mas precisa trabalhar por pelo menos mais quatro meses para ter direito ao transplante para o plano da empresa. Assim, ela decide manter a doença oculta. O problema é descoberto por Charlie (Eddie Redmayne), um enfermeiro recém contratado para o mesmo turno de Amy que se compromete a ajudá-la e manter o segredo. Porém, quando pacientes começam a morrer de forma suspeita Amy começa a pensar que Charlie pode estar envolvido.

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Drops – A Maldição de Bridge Hollow

 

Análise Crítica – A Maldição de Bridge Hollow

Review – A Maldição de Bridge Hollow
Estrelado por Priah Ferguson (a Erica de Stranger Things), este A Maldição de Bridge Hollow é uma comédia de Halloween que está mais para o péssimo O Halloween do Hubie (2020) do que para algo como Abracadabra (1993). É mais uma produção da Netflix que parece feita em uma linha de montagem sem qualquer personalidade.

Na trama, a jovem Sydney (Priah Ferguson) se muda com os pais de Nova Iorque para a pequena cidade de Bridge Hollow, um lugarejo que adora comemorar o Halloween. O problema é que espíritos malignos ameaçam tomar a cidade durante as comemorações, cabendo a Sydney e seu pai, Howard (Marlon Wayans), deter a ameaça.

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Drops – Brasil 2002: Os Bastidores do Penta

 

Análise Crítica – Brasil 2002: Os Bastidores do Penta

Review – Brasil 2002: Os Bastidores do Penta
Apesar de ser uma das maiores potências do futebol mundial, já faz vinte anos desde a última vez que o Brasil venceu uma Copa do Mundo. O documentário Brasil 2002: Os Bastidores do Penta fala justamente sobre essa conquista e de como o time lidou com a jornada até a conquista.

O documentário começa falando da derrota para a França na final de 98 e daí constrói o arco de redenção da seleção brasileira e de Ronaldo Fenômeno, que passou mal as vésperas da final e inevitavelmente afetou o moral do time. É um documentário bem típico, com entrevistas a jogadores, repórteres e usos de imagem de arquivo. Nesse sentido o filme se beneficia de mostrar imagens dos bastidores da concentração da Copa filmada pelos próprios jogadores, em especial imagens feitas pelo jogador Belletti. Esses vídeos nos permitem ter um acesso mais próximo às experiências dos jogadores e o clima descontraído e entrosado da concentração.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Crítica – Argentina, 1985

 

Resenha Crítica – Argentina, 1985

Review – Argentina, 1985
Não é possível que uma nação supere traumas coletivos, genocídios ou períodos autoritários sem encarar esses problemas de frente e lidar com as responsabilidades. O Brasil nunca passou a limpo sua ditadura cívico-militar (não passamos nem o período escravocrata) e, talvez, por essa omissão tenham emergido atualmente novas figuras golpistas saudosas do autoritarismo de outrora. A Argentina, por outro lado, entendeu que sem o resgate da memória das vítimas e o enfrentamento dos responsáveis por sua sangrenta ditadura militar não seria possível mirar o futuro. É sobre o processo criminal dos generais responsáveis pelo período ditatorial do país que este Argentina, 1985 irá se debruçar.

A narrativa é baseada na história real do promotor Julio Strassera (Ricardo Darín) que foi incumbido pelo governo Argentino para montar um caso criminal em um tribunal civil contra os generais que encabeçaram o genocídio do período ditatorial do país. Com apenas cinco meses até o início do julgamento, Strassera monta uma equipe de jovens promotores para correrem contra o tempo e montarem um caso sólido, já que o fracasso implicará na absolvição dos ditadores.

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Crítica – Adão Negro

 

Análise Crítica – Adão Negro



Review – Adão Negro
Já faz algum tempo que a Warner/DC está perdida em seus projetos. Entre tentativas de manter um universo compartilhado funcionando e iniciativas completamente divorciadas de qualquer conexão, a impressão é que o estúdio está jogando tudo na parede para ver o que cola.
Adão Negro soa como mais uma tentativa de retomar a ideia de um universo compartilhado e, como outros filmes do estúdio, joga muita coisa muito rápido na tela, ainda que sustente pelo arco do personagem principal.

Na trama, a fictícia nação de Khandaq passou os últimos séculos sob o julgo de colonizadores que saquearam suas riquezas. Mais recentemente, está sob ocupação do cartel criminoso conhecido como Intergangue, que vasculha o país procurando a mítica Coroa de Sabbac, que daria incríveis poderes a quem a possuísse. Tentando impedir que a coroa caia em mãos erradas, a arqueóloga Adrianna (Sara Shahi) acidentalmente desperta Teth-Adam (Dwayne “The Rock” Johnson), antigo campeão do reino, que recebeu o poder do mago Shazam para lutar contra o faraó que forjou a coroa. O problema é que forças internacionais veem o Adão Negro como uma ameaça e Amanda Waller (Viola Davis) despacha a Sociedade da Justiça para deter Adão.

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Crítica – O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder

 

Análise Crítica – O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder

Review – O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder
Confesso que não estava exatamente empolgado para este O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder. Depois da decepcionante tentativa de forçar O Hobbit em uma trilogia, fazer uma série baseada nas lacunas da mitologia de Tolkien ou em um período sobre o qual ele escreveu de forma passageira em O Silmarillion tinha cara de que poderia dar muito errado. Mesmo a noção de que o espólio de Tolkien daria consultoria e acompanharia mais de perto a produção fez pouco para mudar minhas ressalvas. Felizmente o resultado é fiel ao espírito das narrativas e universo criados por Tolkien e ainda que tenha seus momentos de tomar algumas liberdades com elementos estabelecidos do cânone é, em geral, coerente com o material original.

A trama se passa durante a Segunda Era da Terra-Média. Morgoth, o primeiro Senhor do Escuro, foi derrotado e o continente vive em uma aparente paz. Galadriel (Morfydd Clark), no entanto, crê que a guerra ainda não acabou. Sauron, principal discípulo de Morgoth, segue vivo e Galadriel varre o continente em busca dele. Ao mesmo tempo, orques começam a se mobilizar nas terras do sul, ameaçando a população humana que ali vive. Em outra parte do continente, o cotidiano pacífico dos hobbits é alterado quando um Estranho (Daniel Weyman) cai dos céus.

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Crítica – Mulher-Hulk: Defensora de Heróis

 

Análise Crítica – Mulher-Hulk: Defensora de Heróis

Review – Mulher-Hulk: Defensora de Heróis
A ideia de fazer uma série da Mulher-Hulk estruturada como uma comédia jurídica estilo Ally McBeal parecia promissora e coerente com o humor das histórias da personagem durante a fase comandada por John Byrne, que inseriu características como o fato de Jen falar diretamente ao leitor, e também de arcos mais recentes que colocavam a Mulher-Hulk para explorar a maluquice do lado jurídico do universo Marvel. Em geral Mulher-Hulk: Defensora de Heróis se sai bem em sua proposta de ser uma comédia e apresentar um formato diferente das tramas do MCU, embora o formato escolhido também soe como um grilhão em muitos momentos.

A trama é protagonizada por Jennifer Walters (Tatiana Maslany), advogada e prima de Bruce Banner (Mark Ruffalo). Durante um acidente de carro, Jen se contamina com o sangue de Bruce e acaba se transformando também em uma Hulk. Ao contrário do primo, Jen consegue controlar facilmente a transformação e tenta retornar a sua vida normal. Logicamente a advogada não consegue retornar a esse senso de normalidade, precisando lidar com o cotidiano de sua profissão como advogada e também com as demandas de ter super-poderes, incluindo ser advogada de outros heróis.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Crítica – Uma Garota de Muita Sorte

 

Análise Crítica – Uma Garota de Muita Sorte

Review – Uma Garota de Muita Sorte
Começando como um suspense Uma Garota de Muita Sorte logo se torna um drama sobre conviver com o trauma, mas degringola ao inserir assuntos demais que não consegue dar conta de tratar. A trama acompanha Ani (Mila Kunis), uma mulher ambiciosa rumo ao emprego e casamento dos sonhos. Os desejos de Ani, porém, são colocados em risco quando ela é abordada por uma equipe de documentário fazendo um filme sobre um momento sombrio de seu passado.

O filme consegue encontrar momentos em que ilustra como o trauma de Ani afeta sua vida presente, com elementos comuns do dia a dia servindo de gatilho para memórias traumáticas. Por outro lado, é difícil aderir a qualquer personagem por eles serem demasiadamente superficiais ou desprovidos de qualquer humanidade, soando como caricaturas unidimensionais, do noivo mauricinho babaca interpretado por Finn Wittrock, passando pela mãe vivida por Connie Britton que faz questão de maltratar Ani com seus comentários venenos o tempo todo.