sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Drops – Wendell & Wild

 

Análise Crítica – Wendell & Wild

Review – Wendell & Wild
Tenho um fraco por animações em stop motion, então logo que vi esse Wendell & Wild no catálogo da Netflix me interessei em ver. É uma aventura que mistura comédia e terror, fazendo uma boa mescla dos dois gêneros. A trama é protagonizada por Kat, uma garota órfã que retorna à sua cidade natal apenas para descobrir que uma mega corporação agora é dona de praticamente tudo. Desejando retomar a cidade, incluindo o negócio de seus falecidos pais, Kat acaba fazendo um acordo com os demônios Wendell e Wild, trazendo-os para o mundo material e tirando-os de sua prisão infernal em troca de que eles ressuscitem seus pais. O problema é que os demônios não são exatamente competentes no que fazem e ressuscitam pessoas erradas, causando uma grande confusão.

O longa chama atenção por seu aspecto visual e a criatividade com a qual concebe seu plantel de seres infernais, mortos vivos e seres sobrenaturais. São designs bizarros o suficiente para soarem fora de nosso mundo, mas ao mesmo tempo divertidos o suficiente para não assustarem um público infantil. Boa parte dos personagens remete aos dubladores como os demônios Wendell e Wild, cuja aparência remete a Jordan Peele e Keegan Michael Key, que fazem as vozes da dupla em inglês.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Crítica – Sally: Fisiculturismo e Assassinato

 

Análise Crítica – Sally: Fisiculturismo e Assassinato

Review – Sally: Fisiculturismo e Assassinato
A essa altura serviços de streaming já tem um formato praticamente pronto de séries documentais sobre crimes, basta pegar uma história qualquer em encaixar na estrutura pré existente. Essa é a impressão que passa a minissérie Sally: Fisiculturismo e Assassinato que, como a maioria das séries documentais sobre crimes, se constrói em cima da mesma estrutura de depoimentos e imagens de arquivo, além de um número de episódios maior do que seria necessário para contar a história.

A trama segue a fisiculturista Sally McNeil, que na década de noventa foi presa depois de matar o marido a tiros quando ele tentava agredi-la. A série usa o evento para falar sobre machismo e sensacionalismo midiático. Como já mencionei, a estrutura é bem típica e acomodada no que se tornou padrão desse tipo de produto, arriscando ou ousando muito pouco. Também se tornou típico estender a história mais do que necessário, com muitos elementos redundantes ou que acrescentam pouco à narrativa principal, inchando o produto desnecessariamente. Poderia ser um longa documental conciso de cerca de noventa minutos, mas os realizadores desnecessariamente alongaram o material para render três episódios de cerca de cinquenta minutos.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Crítica – A Hora do Desespero

 

Análise Crítica – A Hora do Desespero

Review – A Hora do Desespero
Eu tenho um fraco por filmes que se passam em tempo real. Me interessa o esforço criativo em contar uma história satisfatória em um tempo e espaço bem restritos, mantendo o interesse do espectador e a trama andando. Alguns filmes, como Por um Fio (2002) fazem isso muito bem. Outros, como este A Hora do Desespero se perdem no esforço de encadear uma reviravolta atrás da outra ao ponto em que nada faz sentido.

A trama é protagonizada por Amy (Naomi Watts), que está em seu dia de folga e sai para correr em uma trilha próxima. No meio do caminho recebe a notícia de que há um tiroteio na escola em que seu filho estuda e precisa sair correndo do meio do nada onde está de volta para a cidade na esperança de ter alguma notícia.

É um filme que inicialmente parece dialogar com o medo bastante real nos Estados Unidos de que a qualquer momento um pai ou mãe pode receber essa notícia. De que se tornou um evento tão cotidiano que as pessoas já vivem sob o constante temor de que é algo que pode acontecer consigo. De início, o filme trabalha bem esse senso de pânico conforme Amy corre pelo mato saltando entre uma ligação telefônica e outra tentando entender o que está ocorrendo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Crítica – Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

 

Análise Crítica – Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Review – Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Quaisquer que fossem os planos originais da Marvel e do diretor Ryan Coogler para o segundo filme do Pantera Negra, eles foram inequivocamente abalados pela prematura morte do astro Chadwick Boseman. É preciso ter isso em mente ao analisar este Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, que certamente precisou fazer várias gambiarras narrativas para adaptar as ideias originais, ser respeitoso com o falecimento de seu astro e atender às demandas corporativas da Marvel e a construção de seu universo cinematográfico.

A narrativa começa justamente com Wakanda lidando com o falecimento de T’Challa (Chadwick Boseman) por uma doença misteriosa. Um ano depois, Wakanda e seu valioso vibranium são alvo de ataques das potências mundiais que buscam o valioso recurso. O mundo acha que sem o Pantera Negra, a rainha Ramonda (Angela Bassett) e a princesa Shuri (Letitia Wright) estão vulneráveis. Ao mesmo tempo, quando uma plataforma marítima que pesquisava vibranium é atacada por estranhos seres aquáticos, o mundo desconfia de Wakanda. O líder desses seres, Namor (Tenoch Huerta) se revela para Ramonda e Shuri pedindo que Wakanda entregue a ele os responsáveis pela pesquisa com o vibranium submarino. Agora elas precisam ponderar como proceder com ameaças por todos os lados.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Crítica – Força Bruta

 

Análise Crítica – Força Bruta

Review – Força Bruta
Não conhecia muita coisa do trabalho do ator coreano Don Lee até vê-lo em Eternos (2021), no qual ele interpretava o herói Gilgamesh. A partir de então passei a buscar as produções coreanas estreladas por ele, incluindo o recente Força Bruta. Na trama o policial Ma Seok-Do (Don Lee) vai ao Vietnã repatriar um criminoso coreano que foi preso por lá. Chegando no país, o criminoso em questão revela conexão com um assassino em série, também coreano que vem matando turistas ricos da Coreia no Vietnã ao longo dos últimos anos. Agora Seok-Do precisa caçar o perigoso assassino Kang Hae-Sang (Sukku Son).

É uma narrativa bem apoiada em elementos já conhecidos do cinema de ação. Um policial durão caçando um criminoso violento em um país estrangeiro no qual não tem jurisdição, precisando lidar não apenas com os vilões, mas com as limitações burocráticas de atuar em um país no qual não tem autoridade. A história poderia ser usada para pensar as tensões entre Coreia e Vietnã ou a dificuldade de cooperação entre autoridades de diferentes países, logicamente o filme está mais interessado em pancadaria e como é exatamente isso que o espectador desse tipo de produção vai ver, o fato de não ter muito a dizer não chega a ser exatamente um problema.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Crítica – Não Se Preocupe, Querida

 

Análise Crítica – Não Se Preocupe, Querida

Review – Não Se Preocupe, Querida
Depois de uma ótima estreia como diretora no bacana Fora de Série (2019), fiquei curioso pelo que Olivia Wilde faria a seguir. Seu segundo trabalho, Não Se Preocupe, Querida já estava cercado de controvérsias antes mesmo de ser lançado por conta de histórias de bastidores atribulados, a relação entre ela e Harry Styles, além de possíveis desavenças entre Wilde e a atriz Florence Pugh. No fim todo esse conflito acabou rendendo algo mais interessante do que o próprio filme, que soa como uma reciclagem sem brilho de ideias e premissas que a ficção científica já explorou melhor desde a década de 70.

Na trama Alice (Florece Pugh) vive uma existência idílica como dona de casa suburbana no que parece ser a década de 50 enquanto seu marido, Jack (Harry Styles), sai todo dia para trabalhar na misteriosa instalação no meio do deserto liderada por Frank (Chris Pine). Aos poucos, no entanto, ela começa a desconfiar que Frank e a aquela tranquila comunidade escondem segredos nefastos.

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Drops - Catarina: A Menina Chamada Passarinha

 

Análise Crítica - Catarina: A Menina Chamada Passarinha

Review - Catarina: A Menina Chamada Passarinha
Dirigido por Lena Dunham, Catarina: A Menina Chamada Passarinha conquista pelas personalidades excêntricas de seus personagens e o senso de humor com o qual analisa a situação da mulher na Inglaterra medieval. A trama é protagonizada por Catarina (Bella Ramsay), uma garota de 14 anos filha de pequenos aristocratas na Inglaterra medieval. Catarina não se interessa pela maioria das “coisas de mulher” com as quais seus pais tentam lhe dar, mas as coisas se complicam quando o pai dela, o lorde Rollo (Andrew Scott), decide arranjar o casamento de Catarina com algum homem rico de modo a pagar suas crescentes dívidas. Logicamente Catarina não fica nem um pouco feliz e tenta de todas as maneiras sabotar os pretendentes que chegam.

A narrativa tenta ponderar o modo como as mulheres eram (são) tratadas como objetos pelos homens. Bens que trocam de mãos segundo caprichos e necessidades masculinas. Ainda que o texto não deixe de ver a severidade dessas questões tudo é construído com leveza e humor, com a protagonista nunca sendo reduzida a uma vítima ou alguém sem controle da própria narrativa.

terça-feira, 8 de novembro de 2022

Crítica – Enola Holmes 2

 

Análise Crítica – Enola Holmes 2

Review – Enola Holmes 2
Quando escrevi sobre o primeiro Enola Holmes (2020), mencionei que o filme tinha potencial, mas se perdia em múltiplas tramas que não conseguiam dialogar. Temi que o mesmo acontecesse neste Enola Holmes 2, mas felizmente esses elementos fluem melhor aqui.

A trama se passa algum tempo depois do primeiro filme. A agência aberta por Enola (Millie Bobby Brown) vai à falência depois dela não conseguir clientes. A jovem detetive está pronta para retornar ao interior da Inglaterra quando é procurada por Bessie (Serrana Su-Ling Bliss), uma garota que pede ajuda a Enola para localizar a irmã desaparecida. A investigação leva Enola a uma fábrica de fósforos, que a coloca no caminho do irmão, Sherlock (Henry Cavill), que está em um caso envolvendo chantagem e lavagem de dinheiro. O caso também leva a protagonista a se encontrar com o jovem lorde Tewkesbury (Louis Partridge) que está tentando trazer reformas políticas para o país.

Chama atenção como o filme faz suas múltiplas tramas convergirem com habilidade no mistério principal envolvendo Enola e a busca pela irmã de Bessie, fazendo todos os personagens desembocarem em um único clímax que amarra todas as tramas e deixa muito pouco sobrando. A relação da protagonista com a mãe, Eudoria (Helena Bonham Carter), porém continua sendo deixada de lado. Aqui Eudoria aparece em uma única cena e assim como no original o filme falha em discutir a complexidade moral do terrorismo como ferramenta de ativismo político, preferindo tratar a mãe como uma figura excêntrica.

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Crítica – Rota 66: A Polícia Que Mata

 

Análise Crítica – Rota 66: A Polícia Que Mata

Review – Rota 66: A Polícia Que Mata
Escrito por Caco Barcellos, o livro Rota 66 é um dos melhores exemplares do jornalismo literário brasileiro, demonstrando de maneira contundente a truculência da polícia de São Paulo e o modo como eles matavam indiscriminadamente, forjando cenas de crime quando o morto era uma pessoa inocente. A série Rota 66: A Polícia Que Mata é baseada no livro de Barcellos e relata alguns dos casos absurdos de inocentes mortos pela brutalidade policial.

A trama acompanha o trabalho de investigação de décadas empreendida por Caco Barcellos (Humberto Carrão) para revelar as ações violentas da PM paulista, que tratava pessoas periféricas como bandidos e constantemente matava inocentes. Os episódios também se debruçam sobre as consequências dessa violência nas famílias das vítimas e como, mesmo depois de anos, elas tem dificuldade de se recuperar. Nesse sentido a série destaca o arco do sargento Homero (Ailton Graça), policial da Rota que passa a questionar seu trabalho depois que o filho, estudante de direito prestes a se formar, é morto por seus colegas de farda.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Crítica – O Telefone do Sr. Harrigan

 

Análise Crítica – O Telefone do Sr. Harrigan

Review – O Telefone do Sr. Harrigan
Baseado em um conto de Stephen King, O Telefone do Sr. Harrigan tenta simultaneamente falar de nossa relação com tecnologia, dos impactos do luto e também dos perigos em conseguir exatamente o que queremos. São ideias que poderiam render um suspense sobrenatural interessante, mas que o filme nunca desenvolve de modo a ter algo significativo a dizer.

A trama é protagonizada por Craig (Jaeden Martell), um jovem contratado pelo rico idoso Sr. Harrigan (Donald Sutherland) para periodicamente ler livros para ele. Ao longo das sessões de leitura, Craig e Harrigan se tornam amigos, com Craig dando ao seu idoso patrão um smartphone para que possam se comunicar facilmente. Inevitavelmente Harrigan morre, mas estranhamente continua a responder Craig pelo telefone.

Inicialmente o filme parece explorar uma tecnofobia similar a algo como O Chamado (2002), explorando como as máquinas conectadas à internet permitem que a informação se multiplique e que quebremos fronteiras de espaço e tempo, podendo ser acessados infinitamente. O problema é que conforme a trama se desenvolve, boa parte desses temas se dilui em outras pretensões narrativas e nenhuma delas consegue envolver.