quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Lixo Extraordinário – Fuga Para a Vitória

 

Análise Crítica – Fuga Para a Vitória

Review Crítica – Fuga Para a Vitória
Pelé é o maior jogador de futebol de todos os tempos. Na década de oitenta Sylvester Stallone era um dos astros de Hollywood em maior ascensão depois do sucesso do primeiro Rocky. Logo, juntar os dois em um filme como este Fuga Para a Vitória, lançado em 1981, não tinha como ser ruim, certo? Errado. O resultado, embora longe do nível de incompetência de muitos filmes abordados nesta coluna (afinal trata-se de uma produção dirigida por John Houston), é extremamente entediante e falha em capturar a empolgação de uma partida decisiva de futebol.

A trama se passa durante a Segunda Guerra Mundial, focada em um campo de prisioneiros de guerra composto por soldados de diferentes países capturados pelos nazistas. Lá, Colby (Michael Caine) treina um time de futebol para passar o tempo e o estadunidense Hatch (Sylvester Stallone) tenta aprender a jogar apesar de não entender porque não se pode usar as mãos como no futebol americano. Ao ver o time de Colby o oficial nazista Steiner (Max Von Sydow) propõe um jogo amistoso entre prisioneiros e nazistas. Colby se nega inicialmente, mas aceita ao ver a possibilidade de melhorar as condições dos prisioneiros, enquanto que Hatch vê no jogo uma oportunidade de fugir.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Crítica – Passagem

 

Análise Crítica – Passagem

Review – Passagem
Não esperava muita coisa de Passagem, fui assistir sem saber nada a respeito e me surpreendi com o cuidado com o qual o filme trata o caminho de reabilitação de seus personagens do trauma que sofreram. A trama é focada em Lynsey (Jennifer Lawrence), uma soldado que volta à sua cidade natal depois de sofrer uma lesão na cerebral enquanto servia no Afeganistão. Precisando se recuperar física e psicologicamente, Lynsey consegue um trabalho limpando piscinas e começa uma amizade com o mecânico James (Bryan Tyree Henry), que perdeu uma perna e a família inteira em um acidente de carro.

Desde as primeiras cenas o filme constrói uma atmosfera de solidão investindo nos silêncios, nos ruídos ambientes, com pouca ou nenhuma música, ressaltando os vazios e ausências que marcam o cotidiano de Lynsey. Do mesmo modo, já nos primeiros momentos vemos como os traumas do Afeganistão ainda estão presentes na personagem como no ataque de pânico que ela tem assim que começa a dirigir.

É uma narrativa mais introspectiva, que se constrói através dos olhares e movimentos discretos (ou ausência de movimento já que Lynsey ainda tem dificuldade de manusear objetos por conta da lesão cerebral), com Jennifer Lawrence sendo eficiente em trazer a dor e o desespero silencioso de Lynsey por estar naquela situação. Igualmente competente é o trabalho de Bryan Tyree Henry, que traz um olhar pesaroso e cansado para James, um sujeito que se deixou afundar na própria culpa e luto.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Crítica – Warrior Nun: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – Warrior Nun: 2ª Temporada

Review – Warrior Nun: 2ª Temporada
A primeira temporada de Warrior Nun entendia o quanto sua premissa aloprada podia ser divertida e tentava extrair o melhor disso. A série, no entanto, esbarrava em problemas de ritmo que deixavam a temporada excessivamente arrastada. Essa segunda temporada de Warrior Nun, porém, explora um pouco melhor as potencialidades do material.

O segundo ano começa alguns meses depois dos eventos que encerram a temporada de estreia. Ava (Alba Baptista) e Beatrice (Kristina Tonteri-Young) estão escondidas na Holanda depois de terem sido derrotadas pelo poderoso Adriel (William Miller), que busca o halo usado por Adriel. A mesmo tempo, a Madre Superiora (Sylvia de Fanti) e as demais guerreiras estão se reorganizando para combater a nova ameaça. Lilith (Lorena Andrea) retorna do Outro Lado com estranhos poderes.

A trama tem um ritmo mais ágil do que a temporada anterior, imprimindo um maior clima de urgência que traduz bem a ameaça que Adriel representa e o que está em jogo caso o vilão vença. Claro, a narrativa tem lá seus problemas, principalmente pelo modo como faz certos personagens mudarem constantemente de lado, com guinadas que nem sempre soam devidamente merecidas. Do mesmo modo, a maneira com a qual os poderes de Ava falham, por mais que seja explicada pela trama, parece acontecer mais por conveniência do roteiro do que consistência de suas regras.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Crítica – Escola Base: Quando Um Repórter Enfrenta o Passado

 

Análise Crítica – Escola Base: Quando Um Repórter Enfrenta o Passado

Review Crítica – Escola Base: Quando Um Repórter Enfrenta o Passado
Qualquer pessoa que passou por uma faculdade de Comunicação certamente ouviu falar do caso da Escola Base. Exemplo basilar de como o jornalismo descuidado pode destruir a reputação e a vida de inocentes, a apuração do caso arruinou uma pré-escola em São Paulo e a vida dos donos depois que uma mãe fez denúncias delirantes sobre supostos abusos sexuais que as crianças eram submetidas na escola. Eventualmente foi provado que todos eram inocentes e nenhum abuso tinha ocorrido, mas o estrago na vida daquelas pessoas já estava feito. O documentário Escola Base: Quando Um Repórter Enfrenta o Passado coloca o repórter Valmir Salaro, que foi o primeiro a cobrir o caso em 1993, para refletir sobre a própria cobertura e os impactos dela na vida dos envolvidos.

É um raro caso de autocrítica da imprensa, que raramente assume responsabilidade pelos seus erros, com Valmir corajosamente se colocando na mira das câmeras para examinar o que podia ter sido feito de diferente e também conversando com as famílias afetadas para tentar realizar alguma medida de separação. Lógico, Valmir não foi o único responsável pela injustiça da apuração no caso e o documentário trabalha para mostrar os vários problemas que cercaram a investigação desde o início.

domingo, 20 de novembro de 2022

Rapsódias Revisitadas – Alma no Olho

 

Análise – Alma no Olho

O Brasil produz cinema desde o final do século XIX, mas só na década de 1970 que tivemos uma pessoa negra ocupando pela primeira vez a função de diretor. O pioneirismo coube a Zózimo Bulbul, ator com uma longa trajetória no cinema tendo trabalhado com diretores importantes do Cinema Novo como Glauber Rocha e Leon Hirszman. Talvez tenha sido justamente o prestígio angariado em sua trajetória como ator que permitiu a ele abrir caminho para sua estreia como diretor no curta-metragem Alma no Olho lançado em 1974.

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Drops – Wendell & Wild

 

Análise Crítica – Wendell & Wild

Review – Wendell & Wild
Tenho um fraco por animações em stop motion, então logo que vi esse Wendell & Wild no catálogo da Netflix me interessei em ver. É uma aventura que mistura comédia e terror, fazendo uma boa mescla dos dois gêneros. A trama é protagonizada por Kat, uma garota órfã que retorna à sua cidade natal apenas para descobrir que uma mega corporação agora é dona de praticamente tudo. Desejando retomar a cidade, incluindo o negócio de seus falecidos pais, Kat acaba fazendo um acordo com os demônios Wendell e Wild, trazendo-os para o mundo material e tirando-os de sua prisão infernal em troca de que eles ressuscitem seus pais. O problema é que os demônios não são exatamente competentes no que fazem e ressuscitam pessoas erradas, causando uma grande confusão.

O longa chama atenção por seu aspecto visual e a criatividade com a qual concebe seu plantel de seres infernais, mortos vivos e seres sobrenaturais. São designs bizarros o suficiente para soarem fora de nosso mundo, mas ao mesmo tempo divertidos o suficiente para não assustarem um público infantil. Boa parte dos personagens remete aos dubladores como os demônios Wendell e Wild, cuja aparência remete a Jordan Peele e Keegan Michael Key, que fazem as vozes da dupla em inglês.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Crítica – Sally: Fisiculturismo e Assassinato

 

Análise Crítica – Sally: Fisiculturismo e Assassinato

Review – Sally: Fisiculturismo e Assassinato
A essa altura serviços de streaming já tem um formato praticamente pronto de séries documentais sobre crimes, basta pegar uma história qualquer em encaixar na estrutura pré existente. Essa é a impressão que passa a minissérie Sally: Fisiculturismo e Assassinato que, como a maioria das séries documentais sobre crimes, se constrói em cima da mesma estrutura de depoimentos e imagens de arquivo, além de um número de episódios maior do que seria necessário para contar a história.

A trama segue a fisiculturista Sally McNeil, que na década de noventa foi presa depois de matar o marido a tiros quando ele tentava agredi-la. A série usa o evento para falar sobre machismo e sensacionalismo midiático. Como já mencionei, a estrutura é bem típica e acomodada no que se tornou padrão desse tipo de produto, arriscando ou ousando muito pouco. Também se tornou típico estender a história mais do que necessário, com muitos elementos redundantes ou que acrescentam pouco à narrativa principal, inchando o produto desnecessariamente. Poderia ser um longa documental conciso de cerca de noventa minutos, mas os realizadores desnecessariamente alongaram o material para render três episódios de cerca de cinquenta minutos.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Crítica – A Hora do Desespero

 

Análise Crítica – A Hora do Desespero

Review – A Hora do Desespero
Eu tenho um fraco por filmes que se passam em tempo real. Me interessa o esforço criativo em contar uma história satisfatória em um tempo e espaço bem restritos, mantendo o interesse do espectador e a trama andando. Alguns filmes, como Por um Fio (2002) fazem isso muito bem. Outros, como este A Hora do Desespero se perdem no esforço de encadear uma reviravolta atrás da outra ao ponto em que nada faz sentido.

A trama é protagonizada por Amy (Naomi Watts), que está em seu dia de folga e sai para correr em uma trilha próxima. No meio do caminho recebe a notícia de que há um tiroteio na escola em que seu filho estuda e precisa sair correndo do meio do nada onde está de volta para a cidade na esperança de ter alguma notícia.

É um filme que inicialmente parece dialogar com o medo bastante real nos Estados Unidos de que a qualquer momento um pai ou mãe pode receber essa notícia. De que se tornou um evento tão cotidiano que as pessoas já vivem sob o constante temor de que é algo que pode acontecer consigo. De início, o filme trabalha bem esse senso de pânico conforme Amy corre pelo mato saltando entre uma ligação telefônica e outra tentando entender o que está ocorrendo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Crítica – Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

 

Análise Crítica – Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Review – Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Quaisquer que fossem os planos originais da Marvel e do diretor Ryan Coogler para o segundo filme do Pantera Negra, eles foram inequivocamente abalados pela prematura morte do astro Chadwick Boseman. É preciso ter isso em mente ao analisar este Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, que certamente precisou fazer várias gambiarras narrativas para adaptar as ideias originais, ser respeitoso com o falecimento de seu astro e atender às demandas corporativas da Marvel e a construção de seu universo cinematográfico.

A narrativa começa justamente com Wakanda lidando com o falecimento de T’Challa (Chadwick Boseman) por uma doença misteriosa. Um ano depois, Wakanda e seu valioso vibranium são alvo de ataques das potências mundiais que buscam o valioso recurso. O mundo acha que sem o Pantera Negra, a rainha Ramonda (Angela Bassett) e a princesa Shuri (Letitia Wright) estão vulneráveis. Ao mesmo tempo, quando uma plataforma marítima que pesquisava vibranium é atacada por estranhos seres aquáticos, o mundo desconfia de Wakanda. O líder desses seres, Namor (Tenoch Huerta) se revela para Ramonda e Shuri pedindo que Wakanda entregue a ele os responsáveis pela pesquisa com o vibranium submarino. Agora elas precisam ponderar como proceder com ameaças por todos os lados.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Crítica – Força Bruta

 

Análise Crítica – Força Bruta

Review – Força Bruta
Não conhecia muita coisa do trabalho do ator coreano Don Lee até vê-lo em Eternos (2021), no qual ele interpretava o herói Gilgamesh. A partir de então passei a buscar as produções coreanas estreladas por ele, incluindo o recente Força Bruta. Na trama o policial Ma Seok-Do (Don Lee) vai ao Vietnã repatriar um criminoso coreano que foi preso por lá. Chegando no país, o criminoso em questão revela conexão com um assassino em série, também coreano que vem matando turistas ricos da Coreia no Vietnã ao longo dos últimos anos. Agora Seok-Do precisa caçar o perigoso assassino Kang Hae-Sang (Sukku Son).

É uma narrativa bem apoiada em elementos já conhecidos do cinema de ação. Um policial durão caçando um criminoso violento em um país estrangeiro no qual não tem jurisdição, precisando lidar não apenas com os vilões, mas com as limitações burocráticas de atuar em um país no qual não tem autoridade. A história poderia ser usada para pensar as tensões entre Coreia e Vietnã ou a dificuldade de cooperação entre autoridades de diferentes países, logicamente o filme está mais interessado em pancadaria e como é exatamente isso que o espectador desse tipo de produção vai ver, o fato de não ter muito a dizer não chega a ser exatamente um problema.