sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Crítica – Trem Bala

 

Análise Crítica – Trem Bala

Review – Trem Bala
Reunindo uma dezena de assassinos excêntricos em um ambiente fechado, Trem Bala é mais um daqueles filmes que quer emular o estilo descolado e verborrágico de realizadores como Quentin Tarantino, Guy Richie ou Edgar Wright, mas falha em entender o que faz os filmes desses diretores funcionarem tão bem.

Na trama Joaninha (Brad Pitt) é um mercenário incumbido de transportar via trem uma valiosa maleta para um perigoso mafioso russo até a cidade de Kioto. O que o agente não esperava é que tivessem vários outros operativos e assassinos no mesmo trem em busca da maleta com objetivos diferentes.

Há todo um esforço de encher esses personagens de diálogos com referências pop e frases sagazes, no entanto nada disso soma a uma personalidade coesa para esses sujeitos soando mais como uma série de cacoetes aleatórios para tentar dar a ilusão de que há alguma substância neles. Não há sequer algo a dizer, nenhum insight interessante sobre as referências pop levantadas.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Drops – CEO em Fuga: A História de Carlos Ghosn

 

Análise Crítica – CEO em Fuga: A História de Carlos Ghosn

Review – CEO em Fuga: A História de Carlos Ghosn
A Netflix e outros serviços de streaming já fizeram tantos documentários sobre crimes que talvez já tenham explorado todas as histórias interessantes e agora precisam recorrer a histórias pouco interessantes para continuar produzindo nesse filão. Só isso para explicar um produto tão sem graça quanto esse CEO em Fuga: A História de Carlos Ghosn.

O documentário conta a história do presidente da Nissan, Carlos Ghosn, que teria roubado e embolsado milhões da empresa através de companhias de fachada e depois fugiu do país em um elaborado plano de fuga. O primeiro problema da produção é o ritmo, já que ele demora a chegar no crime propriamente dito e passa mais da metade de sua duração falando da trajetória profissional de Ghosn na Renault e na Nissan.

Quando chega no crime, é um esquema tão padrão de desvio de dinheiro que não tem nada que justifique um longa metragem. Mesmo a mirabolante fuga, o aspecto mais interessante, é contado em poucos minutos. Não ajuda que o documentário use o conjunto padrão de ferramentas desse tipo de filme, sem muita imaginação, e ainda recorra a expedientes preguiçosos como várias cenas com imagens estáticas e cartelas de texto.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Crítica – God of War Ragnarok

 

Análise Crítica – God of War Ragnarok

Lançado em 2018 God of War era um excelente reboot que reinventava tanto o gameplay quanto os personagens da franquia de ação do Playstation. Kratos finalmente era um personagem tridimensional, com motivações complexas, sentimentos ambíguos e uma intensa jornada emocional. Quatro anos depois voltamos para concluir a jornada de Kratos pela mitologia nórdica neste God of War Ragnarok, que melhora praticamente todos os aspectos em relação ao original.

A trama se passa dois anos depois do primeiro jogo. O Fimbulwinter toma Midgard, Kratos tenta treinar Atreus para sobreviver sozinho, temendo que a profecia de sua morte se concretize. Já Atreus tenta de qualquer maneira encontrar uma solução para a profecia de morte, o que coloca os dois na mira de Odin e Thor, iniciando um novo conflito com o panteão nórdico.

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Crítica – Pinóquio

 

Análise Crítica – Pinóquio

Review Crítica – Pinóquio
Dirigido por Guillermo del Toro, esta nova versão de Pinóquio sai meses depois que a Disney lançou mais um insosso remake live action de sua versão animada. A de del Toro, por sua vez, se sai melhor tanto por sua estética stop motion peculiar como pelos temas que agrega ao conto originalmente escrito por Carlo Collodi.

A trama se passa na Itália sob o regime fascista de Mussollini. Em plena guerra, Gepetto perde o filho depois que sua pequena vila é bombardeada. Devastado pelo trauma, o carpinteiro decide recriar a aparência do filho em um boneco de madeira e um espírito da floresta decide dar vida ao boneco. Agora Gepeto precisa cuidar do travesso Pinóquio, mas ele ainda enxerga o filho no boneco.

O conto original era uma fábula moral sobre infância, educação e consciência, mas aqui além desses temas del Toro também se debruça sobre questões um pouco mais adultas e sombrias. Não seja um filme desaconselhável para crianças, não há nada aqui de muito explícito em termos de violência ou linguajar, no entanto, certos temas provavelmente vão ressoar mais com adultos do que com os pequenos.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Crítica – The White Lotus: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – The White Lotus: 2ª Temporada

Review – The White Lotus: 2ª Temporada
Inicialmente anunciada como uma minissérie, fiquei com o pé atrás quando foi anunciada que teria uma segunda temporada de The White Lotus. A primeira temporada não deixava muito espaço por onde continuar as tramas e mesmo com a noção de que se passaria em uma unidade diferente da fictícia rede de resorts com um elenco inteiramente novo, temi que o segundo ano não estivesse à altura do primeiro. Felizmente o texto de Mike White continua afiado em tratar questões de classe social e identidade.

A narrativa se passa no White Lotus da Sicília, na Itália, gerido por Valentina (Sabrina Impacciatore). Um corpo aparece misteriosamente na praia e logo a trama volta para narrar os eventos de uma semana antes quando um grupo de hóspedes excêntricos chega ao hotel. Entre eles está o casal Ethan (Will Sharpe) e Harper (Aubrey Plaza), eles ficaram ricos recentemente por conta da empresa de tecnologia de Ethan e são convidados para a Itália por um antigo colega de faculdade de Ethan. Dominic Di Grasso (Michael Imperioli) chega com o pai, Bert (F. Murray Abraham), e o filho Albie (Adam Di Marco). Dom está tentando se reconectar com as origens italianas de sua família e também dar um tempo de seu decadente casamento. Retornando da primeira temporada, Tanya (Jennifer Coolidge) está em lua de mel com o marido Greg (Jon Gries) e a assistente Portia (Haley Lu Richardson).

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Drops – Natal Com Você

 

Análise Crítica – Natal Com Você

Review – Natal Com Você
Não há nada em Natal Com Você que já não tenhamos visto em outros filmes natalinos. Ainda assim, essa produção da Netflix tem charme e calor humano o bastante para envolver. A narrativa é protagonizada por Angelina (Aimee Garcia), uma diva pop cuja carreira está empacada e caminhando para seu ocaso se ela não souber se reinventar. A gravadora pede que ela grave um álbum natalino, mas ela está sem inspiração. As coisas mudam quando ela vê um vídeo da adolescente Cristina (Deja Monique Cruz) cantando uma de suas músicas. Angelina decide conhecer Cristina e na casa da garota se aproxima do pai dela, o viúvo professor de música Miguel (Freddie Prinze Jr.). Vendo algumas composições de Miguel, Angelina pede ajuda a ele para compor sua canção natalina.

É a estrutura típica de uma comédia romântica do casal com personalidades opostas que se aproxima ao aprender a ser mais como o outro. Miguel vai aprender a vencer as próprias inseguranças e ser mais assertivo enquanto que Angelina aprende que fama e sucesso não valem muita coisa se você não tem pessoas que ama ao seu redor. Tal como em muitas narrativas sobre a indústria do entretenimento, há aqui a oposição entre esse universo de fama e de aparências com uma vida pacata em família, que pode não ser tão glamourosa, mas é afetivamente mais recompensadora.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Crítica – Cuphead A Série: Terceira Temporada

 

Análise Crítica – Cuphead A Série: Terceira Temporada

Review – Cuphead A Série: Terceira Temporada
Assim como aconteceu nas duas temporadas anteriores, essa terceira temporada de Cuphead: A Série continua a alternar entre histórias mais isoladas, que se sustentam por si só, e tramas mais contínuas, que levam vários episódios para se desenvolver. Aqui, no entanto, a série parece ter atingido um equilíbrio melhor entre esses dois elementos.

A temporada começa no ponto em que a anterior parou, com o Diabo levando Caneco para o inferno depois que Xicrinho pegou o seu tridente. Agora Xicrinho precisa encontrar uma maneira de salvar o irmão. Logicamente a temporada tem outras histórias, mas constantemente volta a focar na rivalidade dos irmãos com o Diabo de uma maneira mais constante do que outras temporadas.

Provavelmente ciente de que seria lançada no final do ano, a temporada também tem uma boa dose de episódios natalinos. Um, por exemplo, gira em torno de Xicrinho tentar conseguir uma árvore de Natal para o Vovô Chaleira. Em outro o Diabo tenta conseguir um presente do Papai Noel, mas é obrigado a se redimir das maldades que cometeu para sair da lista dos malcriados.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Crítica – O Milagre

Análise Crítica – O Milagre


Review – O Milagre
Dirigido pelo chileno Sebastian Lelio, O Milagre fala da força da crença e das narrativas que sustentam essa crença. A trama, que adapta um romance de Emma Donoghue, se passa na Irlanda do século XIX e acompanha a enfermeira Wright (Florence Pugh). Ela é chamada a um remoto vilarejo para investigar o misterioso jejum de uma jovem, Anna (Kila Lord Cassidy), que supostamente estaria há meses sem comer e analisar a possibilidade de se tratar de um milagre ou algum importante desenvolvimento científico.

Os primeiros momentos mostram como a cidade foi tomada por místicos, curandeiros e pseudocientistas que tentam mostrar que há algo de extraordinário na garota. Os diálogos entre Wright e o comitê que a contratou deixam evidente que eles não estão interessados em descobrir a verdade sobre o que está acontecendo, mas que a vigília da enfermeira tem como objetivo oferecer algum grau de validação para a narrativa de que a garota de fato está há meses sem comer.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Crítica – Eike: Tudo ou Nada

 

Análise Crítica – Eike: Tudo ou Nada

Review – Eike: Tudo ou Nada
Confesso que não sabia o que esperar deste Eike: Tudo ou Nada, que acompanha a trajetória de Eike Batista de empresário de sucesso a procurado por fraude, e ainda assim consegui me decepcionar com a produção. A narrativa acompanha Eike (Nelson Freitas) a partir de meados dos anos 2000 quando ele abre uma empresa de petróleo e tenta faturar em cima do leilão do pré-sal. Conforme o tempo passa seus poços não produzem e a pressão aumenta sobre ele e seus funcionários.

É um filme quase todo calcado em diálogos expositivos nos quais os personagens explicam o que está acontecendo ou como se sentem, contando ainda com uma narração em off que muitas vezes se limita a dizer o que está na tela diante de nós. Não ajuda que entre uma cena e outra hajam longos saltos temporais, fazendo tudo soar episódico e com pouca relação de causa e consequência. O filme tenta conectar essas cenas com uma espécie de telejornal fictício do mundo financeiro.

Claramente inspirado por televisivos como Mad Money, o programa existe como mais um veículo de exposição que, por um lado, tenta traduzir ao público alguns jargões do mundo financeiro, mas por outro é tão expositivo que me pergunto se não seria melhor ter feito um documentário. Outro problema desse segmento é que apesar de exagerado, com um apresentador que emposta a voz como um locutor de rodeio, esses segmentos são conduzidos sem um pingo de ironia, como se o filme não conseguisse se decidir se aquilo é para ser cômico ou sério.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Drops – Lanterna Verde: Cuidado Com Meu Poder

 

Análise Crítica – Lanterna Verde: Cuidado Com Meu Poder

Review – Lanterna Verde: Cuidado Com Meu Poder
Apesar de John Stewart ter sido o Lanterna Verde titular na série animada da Liga da Justiça, nos longas animados da DC era quase sempre Hal Jordan a ter protagonismo. Este Lanterna Verde: Cuidado Com Meu Poder é uma tentativa de voltar a focar em Stewart.

Na trama, Stewart é um ex-militar tentando reconstruir a vida e lidar com seus traumas de guerra quando testemunha uma nave caindo na Terra. No local da queda ele encontra um dos Guardiões de Oa, que em seu último suspiro dá a John um anel da Tropa dos Lanternas Verdes. Com o novo poder, John embarca em uma aventura espacial ao lado de membros da Liga da Justiça para descobrir o que aconteceu em Oa e acaba se envolvendo no meio da guerra entre thanagarianos e rannianos.

É uma pena que a narrativa torne Stewart praticamente um coadjuvante da própria história, focando mais no conflito intergaláctico e nas tensões entre a Mulher-Gavião e Adam Strange do que em Stewart e os modos como a nova vida como Lanterna Verde revivem seus traumas de guerra e o fazem se questionar o porquê de lutar. Toda a questão relativa ao estresse pós-traumático de John, um tema sério que afeta várias pessoas que vivenciaram guerras e outras situações extremas, acaba sendo tratado de forma muito simplória e superficial.