segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Crítica – Glass Onion: Um Mistério Knives Out

 

Análise Crítica – Glass Onion: Um Mistério Knives Out

Review – Glass Onion: Um Mistério Knives Out
Lançado em 2019 Entre Facas e Segredos divertia ao brincar com as convenções do gênero policial. Produzida pela Netflix, sua continuação, Glass Onion: Um Mistério Knives Out, segue entretendo graças ao seu equilíbrio entre homenagem e deboche de tramas investigativas.

Na trama, o detetive Benoit Blanc (Daniel Craig) é convidado para um final de semana na mansão do bilionário Miles Bron (Edward Norton) em sua propriedade nas ilhas gregas. Além de Blanc, estão na viagem outros amigos e parceiros do bilionário e o motivo da viagem é participar de um jogo: desvendar o fictício assassinato de Miles. O problema é que pessoas começam a morrer de verdade e Blanc precisa entrar em ação.

De início parece que estaremos diante de um mistério bem similar ao romance E Não Sobrou Nenhum de Agatha Christie, em que um grupo de pessoas numa mansão remota começa a ser assassinado um a um, no entanto, o texto de Rian Johnson consegue pegar essa premissa familiar e virar ao avesso, evitando que as coisas fiquem previsíveis demais e mantendo o clima de suspense.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Crítica – Sorria

 

Análise Crítica – Sorria

Review – Sorria
O terror Sorria chamou minha atenção pelos pôsteres com personagens exibindo sorrisos macabros. Mesmo sem saber exatamente do que se tratava, as imagens eram o suficiente para despertar minha curiosidade. O resultado, felizmente, é um produto satisfatório, ainda que um pouco derivativo.

Na trama, a psiquiatra Rose (Sosie Bacon) testemunha uma paciente se matar diante dela dizendo que estava sendo perseguida por uma entidade sobrenatural que a fazia ver estranhos rostos sorridentes. Pouco tempo depois, Rose começa a ver o mesmo tipo de aparição e teme estar perdendo a sanidade. Ela começa a pesquisar e descobre uma estranha ligação de sua paciente com outros suicídios.

De certa forma a narrativa do filme é basicamente a mesma de Corrente do Mal (2014), com uma entidade invisível “infectando” diferentes pessoas e passando de hospedeiro para hospedeiro. A diferença é que ao invés de ser transmitida pelo sexo, é transmitida ao ver alguém se matando.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Lixo Extraordinário – Labirinto de Emoções

 

Análise Crítica – Labirinto de Emoções

Review - Mazes and Monsters
Na década de 80 houve todo um discurso midiático focado em construir pânico moral ao redor de RPGs de mesa como Dungeons & Dragons. Pessoas que não entendiam esses jogos achavam se tratar de coisas satânicas e qualquer morte ou desaparecimento de jovens na época era creditado aos RPGs. Era algo tão preponderante que a quarta temporada de Stranger Things chegou a explorar esse pânico moral e esse discurso era tão presente e pervasivo que não se limitava ao jornalismo até mesmo a ficção da época se dedicada a demonizar os jogos de RPG. Um exemplo é este Labirinto de Emoções, lançado em 1982 e adaptando um romance escrito por Rona Jaffe, o filme mostrava como jogar RPG destruía a vida dos jovens, recorrendo a caracterizações extremamente caricatas sobre o jogo e seus jogadores. A produção também tem a distinção de ser o primeiro longa metragem estrelado pelo ator Tom Hanks, mas, bem, todo mundo precisa começar por algum lugar.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Crítica – Eu Sou Vanessa Guillen

 

Análise Crítica – Eu Sou Vanessa Guillen

Review – Eu Sou Vanessa Guillen
Eu tinha ouvido falar por alto do caso Vanessa Guillen, uma militar dos Estados Unidos que foi desapareceu da base militar que servia no interior do país e que semanas depois foi encontrada morta com suspeita de ter sido assassinada e estuprada por colegas de farda. O documentário Eu Sou Vanessa Guillen acompanha a família de Vanessa conforme elas pressionam as autoridades por justiça e mudanças na legislação que rege investigações pertinentes às forças armadas.

Apesar de partir de um crime o documentário é menos sobre o crime em si e mais sobre como a estrutura de poder das forças armadas dos EUA trabalha para ocultar crimes cometidos por militares, que muitas vezes não sofrem qualquer tipo de consequência. Na verdade, o pouco foco no crime se dá pela própria falta de evidências e elementos concretos para se falar dele, já que pouca informação a respeito foi divulgada pelas forças armadas.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Crítica – Aftersun

 

Análise Crítica – Aftersun

Review – Aftersun
Quando somos crianças muitas vezes pensamos em nossos pais como super-heróis infalíveis. Só quando nos tornamos adultos é que vemos que eles são falhos como qualquer pessoa e ao revisitar as memórias de infância nos perguntamos como não percebemos antes os problemas deles ou o que eles estavam passando. Aftersun primeiro longa metragem da diretora Charlotte Wells é exatamente sobre esse exame de memórias e a tentativa de conciliar a imagem que criamos de nossos pais com a realidade do que eles eram.

Quando tinha onze anos Sophie (Frankie Corio) viajou para a Turquia para passar férias com o pai, Calum (Paul Mescal), em um modesto resort. Já adulta Sophie (Celia Rowlson-Hall) revisita filmagens e fotos da época para pensar em como o modo que ela se lembra daquele período e do pai.

A trama ocasionalmente se desloca no tempo entre a Sophie criança e a versão adulta da personagem e esses movimentos acontecem com relativa naturalidade, quase sem chamar atenção para si. Não interessa a Wells o jogo com as temporalidades e sim explicitar para o espectador que aquilo que vemos não é a realidade do passado, mas a memória de Sophie. É como ela lembra, não necessariamente o que aconteceu e essa constante volta ao passado, como um disco que toca sem parar, soa quase como uma tentativa de Sophie de tentar encontrar vestígios que ela teria deixado passar quando criança.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Crítica – Avatar: O Caminho da Água

 

Análise Crítica – Avatar: O Caminho da Água

Review Crítica – Avatar: O Caminho da Água
Confesso que tinha minhas reservas com Avatar: O Caminho da Água. O primeiro filme entregava um grande espetáculo visual que criava um universo interessantíssimo, mas a trama básica me fazia pensar se seria capaz de sustentar uma franquia. Esse sentimento foi ampliado pelo hiato de treze anos entre os dois filmes. Afinal, será que James Cameron conseguiria ainda fazer o público se importar com o mundo de Pandora depois de tanto tempo? Será que seria mais um apelo cínico à nostalgia como Hollywood tem feito incansavelmente nos últimos anos? Para minha surpresa, o resultado de Avatar: O Caminho da Água é majoritariamente positivo.

A trama se passa muitos anos depois do primeiro filme. Jake (Sam Worthington) agora tem uma família com Neytiri (Zoe Saldana) e vive em comunhão com o povo da floresta e com os poucos humanos que restaram em Pandora. Tudo muda quando a humanidade retornar pronta para guerra e para retomar o controle do planeta. Jake lidera uma guerrilha contra os humanos, mas os planos mudam com a chegada de um clone do coronel Quaritch (Stephen Lang), agora num avatar de Na’vi, enviado especialmente para caçar Jake e sua família. Jake decide deixar a floresta e se refugiar com o povo da água, onde acredita que ficará seguro.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Crítica – Trem Bala

 

Análise Crítica – Trem Bala

Review – Trem Bala
Reunindo uma dezena de assassinos excêntricos em um ambiente fechado, Trem Bala é mais um daqueles filmes que quer emular o estilo descolado e verborrágico de realizadores como Quentin Tarantino, Guy Richie ou Edgar Wright, mas falha em entender o que faz os filmes desses diretores funcionarem tão bem.

Na trama Joaninha (Brad Pitt) é um mercenário incumbido de transportar via trem uma valiosa maleta para um perigoso mafioso russo até a cidade de Kioto. O que o agente não esperava é que tivessem vários outros operativos e assassinos no mesmo trem em busca da maleta com objetivos diferentes.

Há todo um esforço de encher esses personagens de diálogos com referências pop e frases sagazes, no entanto nada disso soma a uma personalidade coesa para esses sujeitos soando mais como uma série de cacoetes aleatórios para tentar dar a ilusão de que há alguma substância neles. Não há sequer algo a dizer, nenhum insight interessante sobre as referências pop levantadas.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Drops – CEO em Fuga: A História de Carlos Ghosn

 

Análise Crítica – CEO em Fuga: A História de Carlos Ghosn

Review – CEO em Fuga: A História de Carlos Ghosn
A Netflix e outros serviços de streaming já fizeram tantos documentários sobre crimes que talvez já tenham explorado todas as histórias interessantes e agora precisam recorrer a histórias pouco interessantes para continuar produzindo nesse filão. Só isso para explicar um produto tão sem graça quanto esse CEO em Fuga: A História de Carlos Ghosn.

O documentário conta a história do presidente da Nissan, Carlos Ghosn, que teria roubado e embolsado milhões da empresa através de companhias de fachada e depois fugiu do país em um elaborado plano de fuga. O primeiro problema da produção é o ritmo, já que ele demora a chegar no crime propriamente dito e passa mais da metade de sua duração falando da trajetória profissional de Ghosn na Renault e na Nissan.

Quando chega no crime, é um esquema tão padrão de desvio de dinheiro que não tem nada que justifique um longa metragem. Mesmo a mirabolante fuga, o aspecto mais interessante, é contado em poucos minutos. Não ajuda que o documentário use o conjunto padrão de ferramentas desse tipo de filme, sem muita imaginação, e ainda recorra a expedientes preguiçosos como várias cenas com imagens estáticas e cartelas de texto.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Crítica – God of War Ragnarok

 

Análise Crítica – God of War Ragnarok

Lançado em 2018 God of War era um excelente reboot que reinventava tanto o gameplay quanto os personagens da franquia de ação do Playstation. Kratos finalmente era um personagem tridimensional, com motivações complexas, sentimentos ambíguos e uma intensa jornada emocional. Quatro anos depois voltamos para concluir a jornada de Kratos pela mitologia nórdica neste God of War Ragnarok, que melhora praticamente todos os aspectos em relação ao original.

A trama se passa dois anos depois do primeiro jogo. O Fimbulwinter toma Midgard, Kratos tenta treinar Atreus para sobreviver sozinho, temendo que a profecia de sua morte se concretize. Já Atreus tenta de qualquer maneira encontrar uma solução para a profecia de morte, o que coloca os dois na mira de Odin e Thor, iniciando um novo conflito com o panteão nórdico.

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Crítica – Pinóquio

 

Análise Crítica – Pinóquio

Review Crítica – Pinóquio
Dirigido por Guillermo del Toro, esta nova versão de Pinóquio sai meses depois que a Disney lançou mais um insosso remake live action de sua versão animada. A de del Toro, por sua vez, se sai melhor tanto por sua estética stop motion peculiar como pelos temas que agrega ao conto originalmente escrito por Carlo Collodi.

A trama se passa na Itália sob o regime fascista de Mussollini. Em plena guerra, Gepetto perde o filho depois que sua pequena vila é bombardeada. Devastado pelo trauma, o carpinteiro decide recriar a aparência do filho em um boneco de madeira e um espírito da floresta decide dar vida ao boneco. Agora Gepeto precisa cuidar do travesso Pinóquio, mas ele ainda enxerga o filho no boneco.

O conto original era uma fábula moral sobre infância, educação e consciência, mas aqui além desses temas del Toro também se debruça sobre questões um pouco mais adultas e sombrias. Não seja um filme desaconselhável para crianças, não há nada aqui de muito explícito em termos de violência ou linguajar, no entanto, certos temas provavelmente vão ressoar mais com adultos do que com os pequenos.