A trama acompanha a maestra Lydia Tár (Cate Blanchett), uma regente com uma brilhante carreira na música clássica e primeira mulher a dirigir a filarmônica de Berlim. Devotada a compositores clássicos como Mahler e Bach, Lydia está prestes a fazer história com sua vindoura gravação da quinta sinfonia de Mahler, no entanto as indiscrições pessoais de Lydia começam a surgir e a maestra vai aos poucos perdendo o controle do mundo a sua volta.
De certa forma Lydia é uma pessoa fora do tempo presente. Seus ídolos estão todos no passado e são todos homens, ela se recusa a olhar para a arte com qualquer viés sociológico ou político. Para ela as críticas ao eurocentrismo da música clássica e as condutas ou pensamentos de compositores como Bach de nada servem. O texto de Todd Field nunca adere à ideia de que devemos “cancelar” a música clássica por sua perspectiva branca eurocêntrica ou por condutas questionáveis de seus compositores, no entanto, a trajetória da narrativa opera para mostrar o equívoco do ponto de vista de Lydia em considerar que a arte existe desconectada de seu contexto de produção e de recepção. É um tema espinhoso e o filme o trata com essa devida complexidade, evitando respostas fáceis.