sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Crítica – Vengeful Guardian: Moonrider

 

Análise Crítica – Vengeful Guardian: Moonrider

Review – Vengeful Guardian: Moonrider
Desenvolvido pela brasileira Joy Masher, responsável pelo bacana Blazing Chrome, Vengeful Guardian: Moonrider chamou minha atenção pelo modo como seus visuais remetiam a Shinobi III para Mega Drive. Não me lembrava de um jogo de aventura retrô que captasse tão bem as antigas aventuras do ninja do Mega Drive, então resolvi conferir.

A trama é simples: em um futuro distópico o jogador controla o titular Moonrider, uma arma viva a serviço de um regime repressivo. Farto de ser uma ferramenta de opressão, o ninja tecnológico se rebela contra aqueles que o controlam e reflete sobre como o poder corrompe. Tudo isso serve como pretexto para uma jornada sanguinária ao longo de oito fases. Algumas cutscenes com ótima pixel art ajudam a dar algum contexto entre uma fase e outra, mas no geral a narrativa é meio vaga, o que não chega a ser um problema considerando a natureza retrô do produto.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Drops – A Babá (2022)

 

Análise Crítica – A Babá (2022)

Review – Nanny
Estrelado por Anna Diop (a Kory da série Titãs), A Babá é o primeiro longa-metragem de Nikyatu Jusu, diretora oriunda de Serra Leoa, e transita entre o drama e o terror para falar imigração, racismo e questões de classe. A narrativa é centrada em Aisha (Anna Diop), uma imigrante senegalesa em Nova Iorque que começa a trabalhar como babá de um casal rico da cidade na esperança de fazer dinheiro suficiente para trazer o filho do Senegal para morar com ela nos EUA. O que parecia um bom emprego vai aos poucos se transformando numa experiência tensa conforme ela passa a ter problemas com a patroa, Amy (Michelle Monaghan), e Aisha começa a ter visões estranhas com entidades como Anansi.

A condução de Jusu vai aos poucos mostrando como inúmeros pequenos incidentes vão minando os ânimos de Aisha até que a soma dele faz as tensões entre ela e a patroa chegarem a um atrito explícito. Nesse sentido, Anna Diop é eficiente em nos fazer entender o que a protagonista sente através de reações inicialmente contidas diante da exploração ou preconceitos de classe e raça casualmente demonstrados pelos patrões.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Crítica – Tár

 Análise Crítica – Tár

Quase quinze anos depois de seu último filme (o excelente e pouco visto Pecados Íntimos), o diretor Todd Field retorna às telas com Tár um filme que muitos podem reduzir ao um mero olhar sobre “cultura do cancelamento”, mas tem muito mais camadas do que isso. Tal como um maestro em uma orquestra Tár é sobre tempo, estar ciente do tempo, medir o tempo, controlar o tempo e o que acontece quando alguém é incapaz de se relacionar adequadamente com o tempo ao seu redor.

A trama acompanha a maestra Lydia Tár (Cate Blanchett), uma regente com uma brilhante carreira na música clássica e primeira mulher a dirigir a filarmônica de Berlim. Devotada a compositores clássicos como Mahler e Bach, Lydia está prestes a fazer história com sua vindoura gravação da quinta sinfonia de Mahler, no entanto as indiscrições pessoais de Lydia começam a surgir e a maestra vai aos poucos perdendo o controle do mundo a sua volta.

De certa forma Lydia é uma pessoa fora do tempo presente. Seus ídolos estão todos no passado e são todos homens, ela se recusa a olhar para a arte com qualquer viés sociológico ou político. Para ela as críticas ao eurocentrismo da música clássica e as condutas ou pensamentos de compositores como Bach de nada servem. O texto de Todd Field nunca adere à ideia de que devemos “cancelar” a música clássica por sua perspectiva branca eurocêntrica ou por condutas questionáveis de seus compositores, no entanto, a trajetória da narrativa opera para mostrar o equívoco do ponto de vista de Lydia em considerar que a arte existe desconectada de seu contexto de produção e de recepção. É um tema espinhoso e o filme o trata com essa devida complexidade, evitando respostas fáceis.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Crítica – Os Banshees de Inisherin

 

Análise Crítica – Os Banshees de Inisherin

Review – Os Banshees de Inisherin
Os filmes do diretor Martin McDonagh costumeiramente trazem sujeitos que buscam viver em paz, mas inevitavelmente se envolvem em atos de violência absurda. Em Os Banshees de Inisherin ele tem provavelmente seu filme mais introspectivo sobre esse tipo de história e provavelmente o melhor desde Na Mira do Chefe (2008).

A trama se passa na ilha de Inisherin na Irlanda na década de 1920. O povoado da ilha segue alheio aos bombardeios da guerra que ocorre fora, mas uma desavença aparentemente banal altera o cotidiano do povoado. Um dia o pacato Padraic (Colin Farrell) descobre que Colm (Brendan Gleeson) não quer mais ser seu amigo apesar dos dois sentarem juntos no pub local para conversar ao longo das últimas décadas. Inconformado com a decisão aparentemente sem motivo, Padraic exige explicações de Colm e isso vai gerar consequências cada vez mais absurdas.

É possível pensar no conflito entre os dois como uma metáfora da guerra civil irlandesa, com duas pessoas iniciando um conflito destrutivo por pequenas diferenças, mas também como uma análise de perspectivas opostas para um certo grau de pavor existencial. Ninguém da vila fica surpreso que o motivo de Colm em não mais querer falar com Padraic é o fato dele ser um sujeito simplório e entediante que não tem nada para dizer além de falar horas a fio sobre as fezes de seus animais.

Conheçam os indicados ao Oscar 2023

Oscar Nominees 2023

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou hoje os indicados ao Oscar 2023. O mais lembrado foi Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo que recebeu onze indicações, incluindo melhor filme, melhor direção e melhor atriz para Michelle Yeoh. Em segundo lugar Nada de Novo no Front, produção alemã da Netflix, surpreendeu ao levar nove indicações empatando com Os Banshees de Inisherin. Além deles Elvis levou oito indicações enquanto que Os Fabelmans ficou com sete. A cerimônia do Oscar deve ocorrer no dia 12 de março, confiram abaixo a lista completa de indicados.

  

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Conheçam os indicados ao Framboesa de Ouro 2023

 

Razzies 2023 Nominees

O Framboesa de Ouro é a premiação que “homenageia” os piores filmes do ano e hoje, 23 de janeiro, divulgou os indicados aos prêmios desse ano, cuja cerimônia acontece no dia 11 de março. Blonde, biografia de Marilyn Monroe, levou o maior número de indicações, superando bombas como Morbius ou A Filha do Rei, que tiveram cinco e quatro indicações respectivamente. Tom Hanks recebeu três indicações, incluindo pior ator coadjuvante por Elvis sendo que seu trabalho está longe de ser ruim, o coronel Parker era uma figura tosca e detestável, Hanks fez o que o personagem pedia. Atores como Matt Smith pelo vilão de Morbius ou Pierce Brosnan pelo Luis XIV de A Filha do Rei mereciam mais a indicação por coadjuvante. Stallone recebeu uma indicação por Samaritano apesar dele ser o menor dos problemas do filme, provavelmente sendo lembrado por ser um alvo fácil do Framboesa.

É o tipo de coisa que mostra como a "premiação" é mais movida por implicâncias do que pela (má qualidade dos filmes). Blonde é um filme problemático, de fato, e mereceu algumas das indicações, bem como as críticas à visão do diretor sobre mulheres, mas não chega aos pés da porcaria que é algo como Morbius ao ponto de ter mais indicações que o filme protagonizado por Jared Leto, sem falar que um dos piores filmes do ano, Moonfall: Ameaça Lunar não recebeu uma indicação sequer. Confiram abaixo a lista completa de indicados:

 

 

Pior Filme:

 

Pior Remake, Cópia ou Sequência

  • Blonde
  • As duas continuações de 365 Dias – 365 Dias: Hoje e 365 Dias Finais
  • Pinóquio
  • Chamas da Vingança
  • Jurassic World: Domínio

 

Pior ator

  • Colson Baker (Machine Gun Kelly) – Tenha um Bom Luto
  • Pete Davidson (voz) – Marmaduke
  • Tom Hanks (como Gepetto) – Pinóquio
  • Jared Leto – Morbius
  • Sylvester Stallone – Samaritano

 

Pior atriz

  • Ryan Kiera Armstrong – Chamas da Vingança
  • Bryce Dallas Howard – Jurassic World: Dominion
  • Diane Keaton – Mack & Rita
  • Kaya Scodelario – A Filha do Rei
  • Alicia Silverstone – The Requin

 

Pior ator coadjuvante

  • Tom Hanks – Elvis
  • Pete Davidson (Participação especial) – Tenha um Bom Luto
  • Mod Sun – Tenha um Bom Luto
  • Xavier Samuel – Blonde
  • Evan Williams – Blonde

 

Pior atriz coadjuvante

 

Pior casal

  • Os dois personagens reais na cena falaciosa do quarto da Casa Branca – Blonde
  • Andrew Dominik e seus problemas com mulheres – Blonde
  • Tom Hanks e seu rosto carregado de látex (e sotaque ridículo) – Elvis
  • Colson Baker (Machine Gun Kelly) & Mod Sun – Tenha um Bom Luto
  • As duas continuações de 365 Dias (ambos lançados em 2022)

 

Pior direção

  • Judd Apatow – A Bolha
  • Colson Baker (Machine Gun Kelly) e Mod Sun – Tenha um Bom Luto
  • Andrew Dominik – Blonde
  • Daniel Espinosa – Morbius
  • Robert Zemeckis – Pinóquio

 

Pior roteiro

  • Blonde
  • Pinóquio
  • Tenha um Bom Luto
  • Jurassic World: Domínio
  • Morbius

 

Crítica – One Piece Odyssey

 

Análise Crítica – One Piece Odyssey

Review – One Piece Odyssey

Não sou exatamente um grande fã de One Piece, mas conheço o suficiente o anime e aprecio os jogos. Como fã de JRPGs, fiquei curioso com o anúncio deste One Piece Odyssey, que colocava a tripulação do Chapéu de Palha em uma aventura com estrutura de RPG. O resultado tem muitos bons momentos, mas várias ideias que não são plenamente aproveitadas.

Na trama o grupo de piratas liderados por Luffy bate na misteriosa ilha de Waford. Lá eles são atacados por um colosso de fogo que drena os poderes dos heróis. Com ajuda de Adio e Lim, que parecem estar presos na ilha há algum tempo, os piratas precisam desvendar os mistérios da ilha e coletar os cubos de memória para recuperar sua força. Esses cubos fazem os personagens reviverem aventuras passadas, dando a oportunidade do jogador revisitar alguns dos arcos do mangá.

A ideia de recontar arcos como os de Alabasta ou Water 7 através dessa mecânica de reviver memórias ao invés de nos colocar na cronologia canônica deveria dar oportunidade para a trama explorar com criatividade possíveis cenários alternativos com eventos um pouco diferentes ou como a presença de personagens que não estavam originalmente presente impactaria em alguns eventos. Infelizmente a narrativa não aproveita plenamente essas possibilidades, preferindo se ater a mudanças superficiais e com poucas repercussões, como o fato de Usopp ser sequestrado ao invés de Robin em Water 7.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Crítica – House of Hammer: Segredos de Família

Análise Crítica – House of Hammer: Segredos de Família


Review – House of Hammer: Segredos de Família
Todo mundo ficou chocado quando surgiram as primeiras denúncias de abusos sexuais e outras práticas reprováveis contra o ator Armie Hammer. Depois de uma série de fracassos de bilheteria, Hammer estava reerguendo a carreira com o sucesso de Me Chame Pelo Seu Nome, mas logo tudo foi interrompido de maneira abrupta pela severidade das denúncias. A minissérie documental House of Hammer: Segredos de Família tenta analisar o caso, explorando como Armie não é o único de sua família com segredos sombrios.

A produção não faz nada além da típica estrutura de documentários sobre crimes, recorrendo a testemunhos e imagens de arquivo, não tendo nada de diferente neste aspecto. Por outro lado, é bem contundente na exposição de evidências do comportamento abusivo do astro, com testemunhos de ex-namoradas que mostram conversas via mensagens de texto e áudios que ilustram o modo como ele as tratava.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Crítica – Chained Echoes

 

Análise Crítica – Chained Echoes

Review Crítica – Chained Echoes
Desenvolvido ao longo de sete anos pelo alemão Matthias Linda, Chained Echoes me chamou atenção pelo modo como evocava antigos RPGs japoneses da era 16 e 32 bits como Final Fantasy VI, Chrono Trigger e Xenogears. O resultado é algo próximo de como a gente se lembra que esses jogos eram, sem os problemas de um certo design de gameplay ou visuais que hoje consideraríamos datados.

A narrativa se passa em um continente com três reinos à beira da guerra. No meio disso está Glenn um mercenário traumatizado pela guerra que tenta impedir que os reinos usem uma poderosa arma chamada Grand Grimoire capaz de dizimar áreas inteiras. Ao longo da jornada Glenn encontra diversos companheiros e desvendará intrigas entre os reinos. É uma narrativa que fala sobre os horrores da guerra, da corrupção do poder e que faz isso com certa maturidade, sem se furtar de questões mais sombrias.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Crítica – O Pálido Olho Azul

 

Análise Crítica – O Pálido Olho Azul

Review – O Pálido Olho Azul
Produção da Netflix, O Pálido Olho Azul é um daqueles filmes que no papel não tem como dar errado. Tem um diretor competente em Scott Cooper (de filmes como Coração Louco, Tudo por Justiça e Aliança do Crime), um roteiro que adapta um sucesso literário (o romance de mesmo nome escrito por Louis Bayard) e um ótimo elenco. Cinema, no entanto, não é uma ciência exata e apesar de todas as credenciais positivas o resultado é relativamente esquecível.

A trama se passa no século XIX. Augustus Landor (Christian Bale) é um detetive veterano e traumatizado por problemas do passado é chamado para desvendar uma morte misteriosa na academia militar de West Point, em que um cadete supostamente se matou e depois o coração do cadáver foi roubado. Como os recrutas são um grupo fechado e pouco colaborativo, Landor acaba se aproximando do cadete Edgar Allan Poe (Henry Melling) para ajudá-lo a desvendar o segredo de West Point. Apesar de Poe ter de fato servido em West Point no período histórico em que a narrativa acontece, a trama é completamente ficcional.