quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Crítica – Batem à Porta

 

Análise Crítica – Batem à Porta

Review – Batem à Porta
A cada novo filme de M. Night Shyamalan eu cristalizo a certeza de que ele deve ser proibido de escrever os próprios roteiros. Em Batem à Porta o diretor exibe o senso preciso de construção de tensão que lhe tornou famoso, mas nem toda essa habilidade consegue manter o filme de pé conforme a trama caminha para o seu final e o texto é incapaz de sustentar suas ambições ou produzir alguma reflexão contundente a partir delas. Aviso que o texto pode conter SPOILERS do filme.

Na trama Eric (Jonathan Groff) e Andrew (Ben Aldridge) estão de férias com a filha Wen (Kristen Cui) em uma isolada cabine quando o lugar é invadido pelo grupo liderado por Leonard (Dave Bautista). Eric, Andrew e a filha são feitos de reféns pelos invasores que dizem que a família precisa sacrificar um dos três para salvarem o mundo de um apocalipse iminente, se demorarem demais o mundo irá acabar de qualquer maneira.

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Crítica – Fire Emblem Engage

 

Análise Crítica – Fire Emblem Engage

Review – Fire Emblem Engage
Conheci a franquia Fire Emblem ainda na época do Game Boy Advance. Acompanhei os jogos em portáteis, mas tive pouco contato com os lançamentos em consoles até Three Houses, que ampliou a visibilidade desses games ao adicionar elementos de simulação social ao estilo Persona 5. Confesso que meu interesse sempre foi o combate tático, então fiquei contente que este Fire Emblem Engage, exclusivo para Nintendo Switch, focaria mais nisso e deixaria de lado o foco em sociabilidade e agenda social de Three Houses. Dependendo do que você espera de um game da franquia sua relação com Engage pode ser diferente da minha.

Na trama o jogadora controla Alear, a herdeira (ou herdeiro) do Dragão Divino que acordou depois de um longo sono depois que as trevas voltaram ao reino. O surgimento de seres corrompidos prenuncia a volta do dragão das trevas, uma entidade sombria que foi derrotada séculos atrás. Para impedir o retorno das trevas o protagonista conta com artefatos mágicos chamados Emblem Rings, anéis que trazem consigo o espírito de guerreiros do passado e que emprestam seu poder ao usuário. Assim, com o auxílio do espírito de protagonistas de games anteriores como Marth ou Ike, o protagonista precisa salvar o mundo.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Crítica – Decisão de Partir

 

Análise Crítica – Decisão de Partir

Review – Decisão de Partir
Filme mais recente do diretor sul-coreano Park Chan-wook, Decisão de Partir flerta com o noir e com um clima de suspense hitchcockiano. Apesar da trama investigativa que inicia a narrativa, no entanto, ele está mais interessado na relação entre seus protagonistas do que na resolução do crime.

O detetive Hae-joon (Park Hae-il) é incumbido de investigar a morte de um sujeito que supostamente caiu do alto de um morro. Parece ser acidente, mas há indícios de que possa ter sido assassinato. A principal suspeita é a esposa do morto, Seo-rae (Tang Wei), que trabalha como cuidadora de idosos. A investigação coloca Hae-joon para monitorar Seo-rae de perto e logo os dois começam a se aproximar.

É, logicamente, uma relação fadada ao fracasso já que Seo é claramente culpada e a única maneira de Hae-joon mantê-la em segurança é se afastar dela e não continuar a investigação. Seo, no entanto, se apaixona pelo detetive e tenta encontrar maneiras de chamar sua atenção, incluindo outros assassinatos.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Crítica – Vengeful Guardian: Moonrider

 

Análise Crítica – Vengeful Guardian: Moonrider

Review – Vengeful Guardian: Moonrider
Desenvolvido pela brasileira Joy Masher, responsável pelo bacana Blazing Chrome, Vengeful Guardian: Moonrider chamou minha atenção pelo modo como seus visuais remetiam a Shinobi III para Mega Drive. Não me lembrava de um jogo de aventura retrô que captasse tão bem as antigas aventuras do ninja do Mega Drive, então resolvi conferir.

A trama é simples: em um futuro distópico o jogador controla o titular Moonrider, uma arma viva a serviço de um regime repressivo. Farto de ser uma ferramenta de opressão, o ninja tecnológico se rebela contra aqueles que o controlam e reflete sobre como o poder corrompe. Tudo isso serve como pretexto para uma jornada sanguinária ao longo de oito fases. Algumas cutscenes com ótima pixel art ajudam a dar algum contexto entre uma fase e outra, mas no geral a narrativa é meio vaga, o que não chega a ser um problema considerando a natureza retrô do produto.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Drops – A Babá (2022)

 

Análise Crítica – A Babá (2022)

Review – Nanny
Estrelado por Anna Diop (a Kory da série Titãs), A Babá é o primeiro longa-metragem de Nikyatu Jusu, diretora oriunda de Serra Leoa, e transita entre o drama e o terror para falar imigração, racismo e questões de classe. A narrativa é centrada em Aisha (Anna Diop), uma imigrante senegalesa em Nova Iorque que começa a trabalhar como babá de um casal rico da cidade na esperança de fazer dinheiro suficiente para trazer o filho do Senegal para morar com ela nos EUA. O que parecia um bom emprego vai aos poucos se transformando numa experiência tensa conforme ela passa a ter problemas com a patroa, Amy (Michelle Monaghan), e Aisha começa a ter visões estranhas com entidades como Anansi.

A condução de Jusu vai aos poucos mostrando como inúmeros pequenos incidentes vão minando os ânimos de Aisha até que a soma dele faz as tensões entre ela e a patroa chegarem a um atrito explícito. Nesse sentido, Anna Diop é eficiente em nos fazer entender o que a protagonista sente através de reações inicialmente contidas diante da exploração ou preconceitos de classe e raça casualmente demonstrados pelos patrões.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Crítica – Tár

 Análise Crítica – Tár

Quase quinze anos depois de seu último filme (o excelente e pouco visto Pecados Íntimos), o diretor Todd Field retorna às telas com Tár um filme que muitos podem reduzir ao um mero olhar sobre “cultura do cancelamento”, mas tem muito mais camadas do que isso. Tal como um maestro em uma orquestra Tár é sobre tempo, estar ciente do tempo, medir o tempo, controlar o tempo e o que acontece quando alguém é incapaz de se relacionar adequadamente com o tempo ao seu redor.

A trama acompanha a maestra Lydia Tár (Cate Blanchett), uma regente com uma brilhante carreira na música clássica e primeira mulher a dirigir a filarmônica de Berlim. Devotada a compositores clássicos como Mahler e Bach, Lydia está prestes a fazer história com sua vindoura gravação da quinta sinfonia de Mahler, no entanto as indiscrições pessoais de Lydia começam a surgir e a maestra vai aos poucos perdendo o controle do mundo a sua volta.

De certa forma Lydia é uma pessoa fora do tempo presente. Seus ídolos estão todos no passado e são todos homens, ela se recusa a olhar para a arte com qualquer viés sociológico ou político. Para ela as críticas ao eurocentrismo da música clássica e as condutas ou pensamentos de compositores como Bach de nada servem. O texto de Todd Field nunca adere à ideia de que devemos “cancelar” a música clássica por sua perspectiva branca eurocêntrica ou por condutas questionáveis de seus compositores, no entanto, a trajetória da narrativa opera para mostrar o equívoco do ponto de vista de Lydia em considerar que a arte existe desconectada de seu contexto de produção e de recepção. É um tema espinhoso e o filme o trata com essa devida complexidade, evitando respostas fáceis.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Crítica – Os Banshees de Inisherin

 

Análise Crítica – Os Banshees de Inisherin

Review – Os Banshees de Inisherin
Os filmes do diretor Martin McDonagh costumeiramente trazem sujeitos que buscam viver em paz, mas inevitavelmente se envolvem em atos de violência absurda. Em Os Banshees de Inisherin ele tem provavelmente seu filme mais introspectivo sobre esse tipo de história e provavelmente o melhor desde Na Mira do Chefe (2008).

A trama se passa na ilha de Inisherin na Irlanda na década de 1920. O povoado da ilha segue alheio aos bombardeios da guerra que ocorre fora, mas uma desavença aparentemente banal altera o cotidiano do povoado. Um dia o pacato Padraic (Colin Farrell) descobre que Colm (Brendan Gleeson) não quer mais ser seu amigo apesar dos dois sentarem juntos no pub local para conversar ao longo das últimas décadas. Inconformado com a decisão aparentemente sem motivo, Padraic exige explicações de Colm e isso vai gerar consequências cada vez mais absurdas.

É possível pensar no conflito entre os dois como uma metáfora da guerra civil irlandesa, com duas pessoas iniciando um conflito destrutivo por pequenas diferenças, mas também como uma análise de perspectivas opostas para um certo grau de pavor existencial. Ninguém da vila fica surpreso que o motivo de Colm em não mais querer falar com Padraic é o fato dele ser um sujeito simplório e entediante que não tem nada para dizer além de falar horas a fio sobre as fezes de seus animais.

Conheçam os indicados ao Oscar 2023

Oscar Nominees 2023

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou hoje os indicados ao Oscar 2023. O mais lembrado foi Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo que recebeu onze indicações, incluindo melhor filme, melhor direção e melhor atriz para Michelle Yeoh. Em segundo lugar Nada de Novo no Front, produção alemã da Netflix, surpreendeu ao levar nove indicações empatando com Os Banshees de Inisherin. Além deles Elvis levou oito indicações enquanto que Os Fabelmans ficou com sete. A cerimônia do Oscar deve ocorrer no dia 12 de março, confiram abaixo a lista completa de indicados.

  

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Conheçam os indicados ao Framboesa de Ouro 2023

 

Razzies 2023 Nominees

O Framboesa de Ouro é a premiação que “homenageia” os piores filmes do ano e hoje, 23 de janeiro, divulgou os indicados aos prêmios desse ano, cuja cerimônia acontece no dia 11 de março. Blonde, biografia de Marilyn Monroe, levou o maior número de indicações, superando bombas como Morbius ou A Filha do Rei, que tiveram cinco e quatro indicações respectivamente. Tom Hanks recebeu três indicações, incluindo pior ator coadjuvante por Elvis sendo que seu trabalho está longe de ser ruim, o coronel Parker era uma figura tosca e detestável, Hanks fez o que o personagem pedia. Atores como Matt Smith pelo vilão de Morbius ou Pierce Brosnan pelo Luis XIV de A Filha do Rei mereciam mais a indicação por coadjuvante. Stallone recebeu uma indicação por Samaritano apesar dele ser o menor dos problemas do filme, provavelmente sendo lembrado por ser um alvo fácil do Framboesa.

É o tipo de coisa que mostra como a "premiação" é mais movida por implicâncias do que pela (má qualidade dos filmes). Blonde é um filme problemático, de fato, e mereceu algumas das indicações, bem como as críticas à visão do diretor sobre mulheres, mas não chega aos pés da porcaria que é algo como Morbius ao ponto de ter mais indicações que o filme protagonizado por Jared Leto, sem falar que um dos piores filmes do ano, Moonfall: Ameaça Lunar não recebeu uma indicação sequer. Confiram abaixo a lista completa de indicados:

 

 

Pior Filme:

 

Pior Remake, Cópia ou Sequência

  • Blonde
  • As duas continuações de 365 Dias – 365 Dias: Hoje e 365 Dias Finais
  • Pinóquio
  • Chamas da Vingança
  • Jurassic World: Domínio

 

Pior ator

  • Colson Baker (Machine Gun Kelly) – Tenha um Bom Luto
  • Pete Davidson (voz) – Marmaduke
  • Tom Hanks (como Gepetto) – Pinóquio
  • Jared Leto – Morbius
  • Sylvester Stallone – Samaritano

 

Pior atriz

  • Ryan Kiera Armstrong – Chamas da Vingança
  • Bryce Dallas Howard – Jurassic World: Dominion
  • Diane Keaton – Mack & Rita
  • Kaya Scodelario – A Filha do Rei
  • Alicia Silverstone – The Requin

 

Pior ator coadjuvante

  • Tom Hanks – Elvis
  • Pete Davidson (Participação especial) – Tenha um Bom Luto
  • Mod Sun – Tenha um Bom Luto
  • Xavier Samuel – Blonde
  • Evan Williams – Blonde

 

Pior atriz coadjuvante

 

Pior casal

  • Os dois personagens reais na cena falaciosa do quarto da Casa Branca – Blonde
  • Andrew Dominik e seus problemas com mulheres – Blonde
  • Tom Hanks e seu rosto carregado de látex (e sotaque ridículo) – Elvis
  • Colson Baker (Machine Gun Kelly) & Mod Sun – Tenha um Bom Luto
  • As duas continuações de 365 Dias (ambos lançados em 2022)

 

Pior direção

  • Judd Apatow – A Bolha
  • Colson Baker (Machine Gun Kelly) e Mod Sun – Tenha um Bom Luto
  • Andrew Dominik – Blonde
  • Daniel Espinosa – Morbius
  • Robert Zemeckis – Pinóquio

 

Pior roteiro

  • Blonde
  • Pinóquio
  • Tenha um Bom Luto
  • Jurassic World: Domínio
  • Morbius

 

Crítica – One Piece Odyssey

 

Análise Crítica – One Piece Odyssey

Review – One Piece Odyssey

Não sou exatamente um grande fã de One Piece, mas conheço o suficiente o anime e aprecio os jogos. Como fã de JRPGs, fiquei curioso com o anúncio deste One Piece Odyssey, que colocava a tripulação do Chapéu de Palha em uma aventura com estrutura de RPG. O resultado tem muitos bons momentos, mas várias ideias que não são plenamente aproveitadas.

Na trama o grupo de piratas liderados por Luffy bate na misteriosa ilha de Waford. Lá eles são atacados por um colosso de fogo que drena os poderes dos heróis. Com ajuda de Adio e Lim, que parecem estar presos na ilha há algum tempo, os piratas precisam desvendar os mistérios da ilha e coletar os cubos de memória para recuperar sua força. Esses cubos fazem os personagens reviverem aventuras passadas, dando a oportunidade do jogador revisitar alguns dos arcos do mangá.

A ideia de recontar arcos como os de Alabasta ou Water 7 através dessa mecânica de reviver memórias ao invés de nos colocar na cronologia canônica deveria dar oportunidade para a trama explorar com criatividade possíveis cenários alternativos com eventos um pouco diferentes ou como a presença de personagens que não estavam originalmente presente impactaria em alguns eventos. Infelizmente a narrativa não aproveita plenamente essas possibilidades, preferindo se ater a mudanças superficiais e com poucas repercussões, como o fato de Usopp ser sequestrado ao invés de Robin em Water 7.