quinta-feira, 20 de abril de 2023

Crítica – O Mandaloriano: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – O Mandaloriano: 3ª Temporada

Review – O Mandaloriano: 3ª Temporada
Depois de duas temporadas intensas, a terceira temporada de O Mandaloriano apresenta uma trama que demora mais para se encontrar e parece vaguear em busca de sentido por boa parte da temporada. A questão aqui nem é a trama ser lenta, mas que boa parte da temporada parece não saber o que quer desses personagens ou mesmo quem é o ponto focal da narrativa.

A trama deste terceiro ano começa mais ou menos no ponto em que encontramos Din Djarin (Pedro Pascal) quando ele apareceu na série The Book of Boba Fett. Ele conseguiu uma nova nave e se reuniu com Grogu e agora tenta montar uma expedição para Mandalore para se banhar nas águas sagradas de seu subterrâneo como forma de penitência por ter removido o capacete. Para conseguir tal feito, o mercenário acaba recorrendo à relutante ajuda de Bo-Katan (Katee Sackhoff).

De início a impressão é que a jornada penitente de Din será a trama principal da temporada, mas isso logo é resolvido nos primeiros episódios ao invés de ser alongado por todos os oito episódios. O problema é que uma vez que Din e Bo-Katan retornam ao enclave mandaloriano, a trama não parece saber para onde ir. Nas duas temporadas anteriores havia um claro senso de urgência, de uma crise que precisava ser resolvida e dava uma sensação real de perigo desde o primeiro episódio de cada temporada. Aqui, mesmo em nas tramas isoladas de cada episódio, os eventos carecem de urgência.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Crítica – Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan

 

Análise Crítica – Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan

Review – Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan
Considerando que Hollywood não tem feito nada que preste com antigos heróis de capa, preferindo entregar produções que tentam transformar essas aventuras em blockbusters explosivos ou filmes de super-heróis como os péssimos Os Três Mosqueteiros (2011) ou Robin Hood: A Origem (2018), fico feliz que os franceses tenham pego a obra de Alexandre Dumas para tentar fazer algo mais fiel neste Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan.

Funcionando como a primeira parte da história (o texto integral de Dumas é bem longo) a trama se passa no século XVII e segue o jovem D’Artagnan (François Civil) que chega a Paris esperando se tornar um mosqueteiro, a tropa de elite do rei. Lá ele conhece os três mosqueteiros Athos (Vincent Cassell), Porthos (Pio Marmai) e Aramis (Romain Duris), entrando acidentalmente em uma conspiração arquitetada pelo Cardeal Richelieu (Eric Ruf) e a misteriosa Milady (Eva Green) para iniciar uma guerra entre a França e a Inglaterra.

terça-feira, 18 de abril de 2023

Crítica – Treta

 

Análise Crítica – Treta

Review – Treta
Há um ditado que diz “a grandeza tem pequenos começos”. Isso é dito muitas vezes para falar sobre como pessoas que realizam grandes feitos tem origens humildes, mas poderíamos aplicar isso também a tragédias ou rivalidades. Como nos mostrou o recente Os Banshees de Inisherin, um grande ódio pode nascer de algo pequeno. A minissérie Treta dialoga com essa ideia mostrando como uma discussão de trânsito banal pode escalonar para um conflito que destrói a vida de duas pessoas.

A trama é focada em Danny (Steve Yeun), um empreiteiro que tenta fazer seu negócio decolar, e Amy (Ali Wong), uma empresária bem sucedida que está às portas de fechar um negócio milionário. Um dia Amy dá uma fechada em Danny no estacionamento de uma loja e Danny a persegue pelo trânsito depois que Amy mostra o dedo do meio para ele. Danny perde o carro de Amy de vista mais decora a placa e resolve ir atrás dela em sua casa. A partir daí a rivalidade dos dois só aumenta, bem como os problemas pessoais de cada um.

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Crítica – Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

 

Análise Crítica – Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

Review Crítica – Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes
Considerando que as tentativas anteriores de Hollywood em levar as telonas o universo de Dungeons & Dragons rendeu péssimos filmes, inicialmente não tinha nenhuma vontade de conferir este Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes. As coisas começaram a mudar quando saíram os primeiros trailers, que davam a impressão de uma aventura divertida e também o fato de que estava sendo dirigido pela mesma dupla do super engraçado e pouco visto A Noite do Jogo (2018).

A trama é centrada no bardo Edgin (Chris Pine), outrora um espião hoje ele vive ao lado da bárbara Holga (Michelle Rodriguez) como criminosos. Depois de um tempo preso, Edgin descobre que o antigo aliado, Forge (Hugh Grant), se tornou o governante de Nevenunca e guardião da filha do bardo, mentindo para ela sobre os motivos para o qual o pai fora preso. Agora Edgin vai reunir um grupo de aliados para assaltar os cofres de Forge, provar a verdade para a filha e recuperar um artefato que lhe permitirá ressuscitar a esposa morta.

Da mesma forma que acontece na série A Lenda de Vox Machina, o filme capta muito bem a atmosfera caótica de uma mesa de RPG, no qual os personagens nem sempre se comportam como se espera, as coisas dão errado e é preciso improvisar com o que se tem para tentar sobreviver. Isso é evidente na cena em que o paladino Xenk (Regé Jean-Page, de Bridgerton) tenta explicar o complexo funcionamento de uma armadilha apenas para o feiticeiro Simon (Justice Smith) acioná-la por acidente, obrigando o grupo a pensar em alternativas para superar o obstáculo.

Outro acerto são as interações entre os personagens, que de fato soam como um grupo de pessoas que não necessariamente gosta um do outro, mas é obrigado a conviver por conta de um objetivo em comum, precisando aprender a ajudar um ao outro e trocando farpas e provocações no processo. O elenco tem uma química divertida entre si e faz todas as piadas soarem naturais diante daquelas situações, algo que pessoas naquela situação poderiam dizer e não apenas um chiste inane para dar a impressão de que algo está acontecendo em cena. Aqui é tudo consistente com as personalidades que a trama estabelece para os heróis e ao fim vemos um crescimento genuíno neles e nas interações.

Chris Pine é perfeito como o tipo de herói blasé e cafajeste que Hollywood tenta há anos forçar Chris Pratt a fazer, mas Pine já provou ser bem mais eficiente desde suas performances como Kirk no reboot de Star Trek. O jeito largado de Edgin rende interações divertidas com o sisudo e galante paladino vivido por Regé Jean-Page (outra escalação precisa de elenco), sendo uma pena que Page acabe aparecendo tão pouco. Justice Smith e Sophia Lillis tem bons momentos como Simon e a druida Doric, mas o foco acaba sendo a amizade entre Edgin e a bárbara Holga, interpretada por Michelle Rodriguez com uma personalidade abrasiva, mas repleta de calor humano.

Hugh Grant rouba todas as cenas em que aparece como o cínico lorde Forge, sendo uma pena que ele seja abandonado no clímax por uma necromante clichê interpretada por Daisy Head. Tudo bem que a atriz é eficiente em criar uma aura de ameaça ao redor da bruxa Sofina, mas ela é o tipo de vilã que já vimos a rodo em tramas de fantasia e o texto não faz nada para lhe dar qualquer nuance. Na verdade, toda a narrativa é a típica caça para achar e/ou destruir itens mágicos que a fantasia nos entrega há séculos, sem muito o que sair desse molde.

O que faz o material ser envolvente é o já citado carisma do elenco e também o modo criativo como as cenas de ação exploram as habilidades dos heróis, vilões e monstros que encontramos ao longo da jornada, sejam as formas animais de Doric, a varinha de portais de Simon ou as ilusões de uma pantera deslocadora. Tudo é conduzido de modo a manter um frescor aos embates e perseguições, mantendo nosso interesse tanto pela inventividade visual quanto por nossa conexão com os personagens.

Assim, mesmo que apresente uma trama típica de fantasia, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes capta bem a diversão caótica de uma sessão de RPG de mesa, conquistando pelo seu despretensioso senso de aventura, o carisma de seus personagens e a inventividade de algumas cenas de ação.

 

Nota: 7/10


Trailer

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Rapsódias Revisitadas – O Grande Lebowski

 

Crítica – O Grande Lebowski

Review – O Grande Lebowski
Você já imaginou como seria se personagens como Philip Marlowe e Sam Spade fossem hippies maconheiros ao invés de detetives argutos? De certa forma O Grande Lebowski, dirigido pelos irmãos Coen, é uma resposta para essa pergunta, colocando um sujeito relaxado e sempre sob efeito de narcóticos em uma trama criminal rocambolesca típica de film noir, misturando suspense e comédia. Lançado em 1998, o filme originalmente teve uma recepção morna da crítica, mas eventualmente ascendeu ao status de cult graças aos personagens excêntricos, em especial o protagonista interpretado Jeff Bridges.

A trama é centrada na figura de Jeff “O Cara” Lebowski (Jeff Bridges), um hippie desempregado que passa seu tempo fumando maconha e jogando boliche. Um dia criminosos invadem o apartamento dele, lhe dão uma surra e urinam em seu tapete enquanto cobram uma dívida até descobrirem que pegaram o Jeff Lebowski errado. O Cara então descobre que a pessoa que os bandidos estavam atrás era um milionário e decide cobrar dele pelo tapete que foi estragado, já que o item “dava coesão a sua sala”. O contato do Cara com “o grande Lebowski” dá início a uma complicada trama de chantagem e sequestro que mais soa como uma bad trip do Dude.

quinta-feira, 13 de abril de 2023

Crítica – Criaturas do Senhor

 

Análise Crítica – Criaturas do Senhor

Review – Criaturas do Senhor
Em geral não tenho problemas com tramas que caminham por um ritmo deliberado e fervem lentamente as tensões entre seus personagens. Criaturas do Senhor, porém, tem um cozimento tão lento de seus conflitos principais que durante sua metade inicial chegamos a perder de vista seu foco. Isso não significa necessariamente que é uma produção ruim, ele tem uma boa parcela de virtudes, mas não aproveita plenamente o potencial de sua trama e as inquietações que ela suscita.

A narrativa se passa em uma pequena vila pesqueira na Irlanda. Aileen (Emily Watson) sustenta a família trabalhando em uma fábrica de processamento de pescados. Um dia Brian (Paul Mescal), filho mais velho de Aileen, retorna da Austrália decidido a retomar a criação de ostras que deixara. Sua mãe o ajuda a recomeçar, mas a presença de Brian começa a causar problemas para a família quando ele é acusado de violência sexual contra uma garota local. Aileen mente para a polícia, fornecendo a Brian um álibi, mas a mentira começa a rondar a pequena comunidade e a matriarca fica dividida entre seu senso de proteção ao filho e seu senso de justiça.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

Succession e a banalidade da morte

 

O impacto da morte de Logan Roy em Sucession

Antes de qualquer coisa, aviso que o texto a seguir contem SPOILERS da atual temporada de Succession, então se você não está acompanhando a série e não quer que eventos da quarta e última temporada sejam revelados, sugiro voltar depois. Dito isso, irei me deter especificamente ao terceiro episódio da quarta temporada, intitulado Connor’s Wedding.

Pelo título imaginamos que o episódio irá focar no casamento de Connor (Alan Ruck), o mais velho dos filhos de Logan (Brian Cox), ao mesmo tempo em que seguimos o patriarca em sua viagem para Suécia para renegociar a venda de seu conglomerado a um excêntrico bilionário e seus outros três filhos, Kendall (Jeremy Strong), Shiv (Sarah Snook) e Roman (Kieran Culkin) tentam arrancar ainda mais dinheiro do negócio. Até então tudo parece típico da série, os esquemas corporativos, a alienação afetiva dos Roy, Logan tentando sair por cima.

terça-feira, 11 de abril de 2023

Crítica – Rye Lane: Um Amor Inesperado

 

Análise Crítica – Rye Lane: Um Amor Inesperado

Review – Rye Lane: Um Amor Inesperado
Em tempos em que qualquer blockbuster ou comédia romântica despretensiosos passam facilmente da marca de duas horas, é um alívio encontrar uma produção que sabe ir direto ao ponto e usa os elementos conhecidos dos gêneros para construir uma economia narrativa que permite trama focar no que é singular de seus personagens ao invés de apenas repetir elementos conhecidos. Bastante celebrado no festival de Sundance, a produção britânica Rye Lane: Um Amor Inesperado, que chega ao Brasil via Star Plus, é uma bela surpresa.

A trama é centrada no casal Dom (David Jonsson) e Yas (Vivian Oparah). Eles se conhecem em uma tarde no sul de Londres quando ambos estão passando por términos ruins, especialmente Dom que é encontrado por Yas chorando em um banheiro. A partir daí eles compartilham um com o outro as recentes desilusões afetivas e aos poucos vão se aproximando conforme conversam ao longo do dia.

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Crítica - Atlanta: 3ª Temporada

 

Análise Crítica - Atlanta: 3ª Temporada

Review - Atlanta: 3ª Temporada
A série Atlanta sempre flertou com o surrealismo, com o segundo ano entrando ainda mais nessa seara e também em episódios com histórias mais isoladas, remetendo a uma estrutura de antologia. Em sua terceira temporada, que chegou aos streamings brasileiros com anos de atraso (a quarta e última temporada já foi exibida lá fora ano passado), a série mergulha ainda mais no surrealismo, dividindo a narrativa do quarteto principal com episódios que contem histórias isoladas, tentando um meio termo entre uma narrativa seriada e uma estrutura antológica.

A terceira temporada começa com Earn (Donald Glover), Al (Brian Tyree Henry) e Darius (Lakeith Stanfield) chegando à Amsterdã para a turnê europeia de Al. Inesperadamente Vanessa (Zazie Beets) se une ao trio, sem dar muita explicação do motivo de ter ido para a Europa. É claro que isso é o início para uma série de eventos bizarros que podem ou não ser reais.

terça-feira, 4 de abril de 2023

Drops – Mistério em Paris

 

Análise Crítica - Mistério em Paris

Review - Mistério em Paris
Assim como foi Mistério no Mediterrâneo (2019), este Mistério em Paris é mais uma comédia do Adam Sandler em que ele usa um filme para poder sair de férias com os amigos e botar a conta para algum estúdio pagar. Não tenho nenhum problema em particular com artistas tentando aproveitar as locações dos seus filmes, desde que o público tenha a contrapartida de um produto que valha a pena assistir, o que não é o caso aqui.

Depois dos eventos do primeiro filme, Nick (Adam Sandler) e Audrey (Jennifer Aniston) veem sua agência de detetive à beira da falência e seu casamento em crise novamente. As coisas mudam quando recebem um convite para o casamento do Marajá (Adeel Akhtar) em uma ilha paradisíaca, mas o que deveria ser um momento de respiro dá lugar ao caos quando o Marajá é sequestrado.