quinta-feira, 18 de maio de 2023

Crítica – Air: A História Por Trás do Logo

 

Análise Crítica – Air: A História Por Trás do Logo

Review – Air: A História Por Trás do Logo


Hollywood sempre fez filmes com histórias de sucesso e empreendedorismo. Produções que reafirmavam a ideia de meritocracia estadunidense de se você trabalhasse duro, você alcançaria a prosperidade financeira. É curioso, portanto, como de uns tempos para cá a indústria tem feito filmes não sobre pessoas, mas sobre produtos. No início do ano tivemos Tetris e agora este Air: A História Por Trás do Logo. Talvez a indústria tenha percebido o desencanto das pessoas com o estado atual do capitalismo, como muito não acreditam (inclusive por sentirem cotidianamente) que seus esforços profissionais não estão sendo devidamente compensados.

Talvez essas histórias sobre produtos, longe dos mitos de meritocracia seja uma maneira de voltar a encantar o espectador com as maravilhas do capitalismo sem tocar em pontos que o público possa não ter adesão. Isso somado ao fator nostalgia, de um apelo ao passado e tempos em que éramos mais novos e menos cínicos em relação ao mundo, visto que produções como Tetris ou Air se passam nas décadas de oitenta.

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Succession e a democracia no contexto do capitalismo


Em seu antepenúltimo episódio intitulado America Decides, a série Succession carrega sua ironia desde o título. O episódio acompanha em tempo real os bastidores da cobertura da eleição presidencial pela ATN, emissora fictícia que pertence aos protagonistas (lembrando que Logan Roy foi inspirado no magnata Rupert Murdoch, dono da emissora conservadora Fox News). Tom (Matthew McFayden) tenta manter tudo sob controle, mas as coisas desmoronam quando um incêndio atinge um centro de contagem de votos em um estado chave. Logo Kendall (Jeremy Strong), Shiv (Sarah Snook) e Roman (Kieran Culkin) invadem a redação para saber como Tom irá guiar o enquadramento midiático da notícia.

 

segunda-feira, 15 de maio de 2023

Crítica – Querida Alice

 

Análise Crítica – Querida Alice

Em uma das primeiras cenas de Querida Alice vemos a protagonista em um bar com as amigas. Ela recebe uma mensagem do namorado e corre para o banheiro para responder, mandando uma foto sensual para ele. Ao chegar no apartamento que divide com ele, Alice (Anna Kendrick) tenta lavar o número de telefone que um bartender escreveu em guardanapo antes de jogá-lo fora. Antes de falar para o namorado sobre uma viagem que irá fazer, a protagonista ensaia suas falas repetidas vezes. São ações que parecem pequenas, mas o acúmulo delas já nos primeiros minutos do filme revela o controle e o temor que Simon (Charlie Carrick) exerce em Alice.

Mesmo distante dele, em uma cabana com as amigas, o namorado segue presente na mente de Alice e estimulando sua conduta. A montagem rapidamente insere imagens rápidas de Simon e suas falas para Alice enquanto ela segue o seu dia, como se ele estivesse ali, censurando e criticando cada ação dela. Não há agressão física, mas o filme deixa evidente o dano psicológico que a relação causa em Alice, algo que fica perceptível no modo como ela se tranca no banheiro e arranca os cabelos quando sente que fez algo errado.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Drops – Guia de Viagem Para o Amor

 

Análise Crítica – Guia de Viagem Para o Amor

Review – Guia de Viagem Para o Amor
Mulher adulta termina um relacionamento longo e embarca em uma viagem para um local paradisíaco para se redescobrir. É uma premissa que Hollywood já fez a exaustão em produções como Sob o Sol da Toscana (2003) ou Comer, Rezar, Amar (2010) e que a Netflix explora neste Guia de Viagem Para o Amor.

Amanda (Rachel Leigh Cook) trabalha como executiva de uma agência de viagens. Depois que seu namorado de cinco anos termina o relacionamento, ela recebe da chefe a incumbência de ir até o Vietnã para ver a viabilidade de aquisição de uma empresa de turismo local para inserir o Vietnã como itinerário de sua agência. Chegando ao país Amanda conhece o charmoso guia Sinh (Scott Ly) e os dois começam a se aproximar.

É o típico romance de personalidades opostas se complementando. Ela é metódica e organizada, ele é espontâneo e aventureiro, juntos aprenderão um com o outro e vão inevitavelmente se apaixonar. Cook e Ly são carismáticos o suficiente para convencer e as paisagens e fatos culturais do Vietnã são interessantes, embora o modo como o filme trata todo o lugar sob um viés exotizante denota um olhar colonizador sobre aquela cultura.

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Crítica – Mafia Mamma: De Repente Criminosa

 

Análise Crítica – Mafia Mamma: De Repente Criminosa

Review – Mafia Mamma: De Repente Criminosa
A mistura entre comédia e histórias de máfia não é exatamente novidade. Produções como Máfia! (1998), Mickey Olhos Azuis (1999) ou Máfia no Divã (1999) já traziam esse tipo de mistura e parodiavam as convenções de produções centradas na máfia. Nesse sentido, Mafia Mamma: De Repente Criminosa acaba não fazendo muito para se diferenciar em um oceano de paródias já realizadas.

A trama é protagonizada por Kristin (Toni Colette) que vive um momento conturbado com pressões no trabalho, uma traição do marido e a partida do filho para a faculdade. As coisas dão uma inesperada guinada quando ela recebe notícias da morte do avô, que ela nunca conheceu, avisando que ela deve ir para a Itália para a leitura do testamento, Lá Kristin descobre que sua família liderava uma organização mafiosa e como única descendente viva cabe a ela assumir o negócio da família. Sem muito preparo, ela se vê diante de uma organização mafiosa, sendo auxiliada na tarefa pela misteriosa Bianca (Monica Belucci).

De início soa como uma comédia de erros na qual a personalidade mundana de Kristin contrasta com a intensidade dos mafiosos ao seu redor e o deslumbramento da personagem com a Europa a leva a ações que acidentalmente a fazem ser bem sucedida em seus esforços para eliminar rivais e pacificar uma guerra de gangues. Conforme a trama avança, porém, o filme se apoia cada vez mais em piadas sobre máfia que já foram feitas à exaustão e desenvolvimentos bem previsíveis. É fácil antever que o bonitão que Kristin começa a sair não vai ser quem ele diz que é, assim como é bem evidente que determinado personagem vai se mostrar um traidor. A narrativa também é desprovida de urgência, apesar de constantemente mencionar um conflito iminente entre gangues ou tentar construir líderes rivais como ameaças críveis. O texto também tenta inserir ideias de empoderamento feminino que soam superficiais e deslocadas da maluquice da história de máfia que tenta construir.

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Crítica – Star Wars: Jedi Survivor

 

Análise Crítica – Star Wars: Jedi Survivor

Review – Star Wars: Jedi Survivor
Depois do sucesso de Jedi Fallen Order era inevitável uma continuação das aventuras de Cal Kestis, principalmente porque o jogo original, a despeito de fazer muita coisa certa, deixava espaço para muitas melhorias. Pois este Star Wars: Jedi Survivor melhora em praticamente todos os aspectos do game original e entrega exatamente aquilo que esperávamos.

A trama se passa cinco anos depois do original. Cal se separou do resto da sua tripulação e tenta de todo modo conter os avanços do Império. As coisas mudam quando ele descobre uma chave que pode levar a um planeta até então inacessível, que pode ser a chave para que Cal e seus aliados vivam longe da perseguição imperial. O problema é que a chave também está na mira de um perigoso grupo de saqueadores e Cal vai precisar correr contra o tempo para alcançar seu destino antes que os criminosos e o Império o peguem.

terça-feira, 9 de maio de 2023

Crítica – Sweet Tooth: 2ª Temporada

 

Resenha Crítica – Sweet Tooth: 2ª Temporada

Review – Sweet Tooth: 2ª Temporada
Depois de uma ótima temporada de estreia, o segundo ano de Sweet Tooth expande a mitologia da série e resolve boa parte dos conflitos deixados em aberto na temporada anterior. Os novos episódios trazem boa parte das virtudes da primeira temporada, mas também alguns de seus defeitos.

A trama segue no ponto em que a primeira temporada encerrou. Gus (Christian Convery) foi capturado pelos Primeiros Homens liderados por Abbot (Neil Sandilands) e está em cativeiro com Wendy (Naledi Murray) e os outros híbridos que Aimee (Dania Ramirez) cuidava. Enquanto que as crianças tentam encontrar um modo de fugir antes de serem usados como cobaias pelo Dr. Singh (Adeel Akhtar), Aimee e Jeppard (Nonso Anozie) se juntam para encontrar as crianças de quem cuidavam.

Christian Convery segue adorável como Gus, cuja boa vontade, doçura e otimismo seguem encantadores. Sem a proteção de Jeppard, Gus é obrigado a encarar a brutalidade do universo apocalíptico em que vive, perdendo um pouco de sua ingenuidade, mas mantendo em si a bondade apesar de tudo. Já o Dr. Singh segue dividido entre a devoção em curar sua esposa e o comprometimento ético em experimentar com os híbridos conforme se dá conta de que não são meros bichos. Se Gus ainda consegue se manter fiel a quem é, o médico se afunda tanto em sua necessidade de encontrar a cura para justificar seus sacrifícios e condutas imorais que se torna alguém radicalmente diferente. O personagem acaba servindo como exemplo de como boas intenções podem pavimentar o caminho para se tornar uma pessoa horrível.

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Crítica – Guardiões da Galáxia Vol. 3

 

Análise Crítica – Guardiões da Galáxia Vol. 3

Review – Guardiões da Galáxia Vol. 3
Depois de um segundo filme que ficou abaixo do original, ainda que divertido, o diretor James Gunn retorna para um terceiro (e último, já que agora ele está a frente das produções da DC na Warner) filme neste Guardiões da Galáxia Vol. 3 e traz uma emocionante conclusão para a história que começou no filme original.

A trama segue mais ou menos no ponto em que encontramos a equipe ao final de Guardiões da Galáxia: Especial de Festas (2022). Os Guardiões reconstruíram Luganenhum e agora usam o local como base, cuidando da população. Tudo muda quando são subitamente atacados por Adam Warlock (Will Poulter), que deixa Rocket (Bradley Cooper) gravemente ferido. Os equipamentos médicos dos Guardiões não conseguem curar o companheiro por conta da tecnologia específica que foi usada em seu aprimoramento. Assim, Peter Quill (Chris Pratt) e seus aliados partem em busca da corporação liderada pelo perigoso Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji).

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Crítica – O Exorcista do Papa

 

Análise Crítica – O Exorcista do Papa

Review – O Exorcista do Papa
Levemente baseado nos casos reais do padre Gabriele Amorth, cujos exorcismos já foram narrados por William Friedkin no péssimo documentário O Diabo e o Padre Amorth (2018), este O Exorcista do Papa não faz muito além de repetir os lugares comuns que já vimos em outros filmes de exorcismo. A narrativa se passa na década de 80 e leva o padre Amorth (Russell Crowe) até a Espanha para investigar a possível possessão de uma família que vive próxima a uma igreja em reforma. Lá Amorth encontra a pior ameaça sobrenatural que encontrou até então.

Não tem nada aqui que já não tenhamos visto antes em produções similares. Possuídos mutilam o próprio corpo, gritam profanidades, testam a fé dos envolvidos, se contorcem em posições humanamente impossível e arremessam coisas com o poder da mente. Temos também um padre em crise por conta de erros do passado e o demônio que possui a família irá tentar explorar essa fraqueza para se alimentar das dúvidas do protagonista. Russell Crowe tenta dar alguma personalidade a Amorth, com seu jeito desafiador que tenta tirar o próprio demônio do sério, mas o ator esbarra em um texto que não lhe dá muito além de uma série de clichês.

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Crítica – Renfield: Dando Sangue pelo Chefe

 

Análise Crítica – Renfield: Dando Sangue pelo Chefe

Review – Renfield: Dando Sangue pelo Chefe
A ideia de fazer uma história do Drácula do ponto de vista do capanga Renfield, soava como um desses caça-níqueis hollywoodianos para reembalar a mesma história num embrulho diferente. Por conta disso, não tive lá muito interesse inicialmente neste Renfield: Dando Sangue Pelo Chefe. As coisas mudaram quando soube que Nicolas Cage seria o Drácula e esse é o tipo de papel grandiloquente que casa muito bem com a energia hiperbólica do ator. Não por acaso Cage é a melhor coisa do filme.

A trama começa com Renfield (Nicholas Hoult) narrando como conheceu Drácula (Nicolas Cage) em flashbacks que recriam cenas de antigos filmes do vampiro (em especial versões vividas por Christopher Lee e Bela Lugosi) até chegar aos dias atuais quando Renfield chega a Nova Orleans para proteger um Drácula ferido depois de sua mais luta contra caçadores de vampiros. Com séculos de servidão, Renfield começa a se questionar se não pode mudar o rumo de sua vida, buscando um grupo de apoio a pessoas em relacionamentos tóxicos. Enquanto Drácula se recupera, Renfield resolve usar suas habilidades sobrenaturais para ajudar pessoas necessitadas e aí conhece a policial Rebecca (Awkwafina), que está em confronto com uma perigosa família criminosa da cidade.