segunda-feira, 12 de junho de 2023

Crítica – Bem-Vindos de Novo

 

Análise Crítica – Bem-Vindos de Novo

Review – Bem-Vindos de Novo
Assistindo o documentário Bem-Vindos de Novo, dirigido por Marcos Yoshi, de certa forma me remeteu a Os Dias Com Ele (2013), de Maria Clara Escobar, no sentido que ambas são produções que usam a estrutura documental como um meio de resgatar memórias e empreender uma tentativa de se reaproximar de pais com quem os realizadores tiveram pouco convívio. Claro, o filme de Marcos Yoshi não é só isso, refletindo também sobre os movimentos migratórios pendulares de nipo-descendentes no Brasil e a situação político-econômica do país.

A trama tem como ponto de partida a migração dos pais do diretor para o Japão a trabalho no final da década de 1990. Inicialmente os pais de Marcos, eles próprios descendentes de imigrantes japoneses que vieram para o Brasil no início do século XX, ficariam no Japão por dois anos para juntar dinheiro, mas esses dois anos logo se transformaram em mais de uma década. Quando os pais dele retornam, mal reconhecem os filhos ou as transformações no país e o diretor começa a construir o filme como uma maneira de se reaproximar deles.

sexta-feira, 9 de junho de 2023

Crítica – Eu Nunca...: 4ª Temporada

 

Análise Crítica – Eu Nunca...: 4ª Temporada

A impressão é que a série Eu Nunca... está acabando uma temporada cedo demais, que o ano final de Devi (Maitreyi Ramakrishnan) na escola poderia ser contado ao longo de mais de uma temporada. Por outro lado, é um desfecho que amarra tão bem o amadurecimento desses personagens que é melhor a série ter acabado aqui do que ter se alongado e perdido a mão.

O quarto ano da série começa basicamente no ponto onde deixamos na terceira temporada. Devi perde a virgindade com Ben (Jaren Lewinson), mas os dois ficam inseguros em relação a tudo que aconteceu e acabam se afastando durante as férias de verão. Quando voltam à escola, Devi descobre que Ben está com uma nova namorada e se sente usada. Enquanto isso, Paxton (Darren Barnet) não se adapta à realidade da faculdade, onde não é mais um garoto popular idolatrado por todos, e aceita um emprego como assistente de treinador em sua antiga escola.

quarta-feira, 7 de junho de 2023

Drops – Vítima x Suspeita

 

Análise – Vítima x Suspeita

Review – Vítima x Suspeita
Um dos motivos que vítimas de estupro e violência sexual deixam de denunciar o que sofreram é o medo de ignorarem suas denúncias ou que não acreditem nelas, tratando-as como caluniadoras ou oportunistas. Produzido pela Netflix, o documentário Vítima x Suspeita trata exatamente disso, de como as denúncias de estupro se voltaram contra as próprias mulheres que denunciaram simplesmente porque a polícia duvidou de seu testemunho e quando elas foram retirar o que disseram foram presas por denunciação caluniosa.

O ponto de partida da narrativa é a repórter Rachel de Leon, que investigou o caso de uma garota no sul dos Estados Unidos que foi presa por falsa denúncia depois acusar um jovem de família influente de estuprá-la. A partir daí a jornalista esbarra em mais casos ao redor do país de jovens mulheres que tiveram suas denúncias criminalizadas porque a polícia não acreditou nelas.

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Crítica – Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

 

Análise Crítica – Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Review Crítica – Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
Não esperava nada de Homem-Aranha: No Aranhaverso (2018) e ele foi uma das melhores produções de 2018. Digo não apenas em termos de animação, mas no geral. É lógico, portanto, que as expectativas estariam em alta para este Homem-Aranha: Através do Aranhaverso. Expectativas são uma coisa perigosa, podendo derrubar mesmo uma produção competente caso ela não corresponda a todo o hype criado. Felizmente não é o caso aqui, que aprofunda boa parte das ideias do original, ainda que eu tenha alguns problemas no modo como o filme decide encerrar.

A trama se passa algum tempo depois do primeiro. Miles (Shameik Moore) está mais confortável no seu papel de Homem-Aranha, ainda que continue com dificuldade de conciliar isso com a escola com a relação com os pais. As coisas se tornam ainda mais severas com a aparição do vilão Mancha (Jason Schwartzman), cujo poder de criar portais mais uma vez ameaça o multiverso. É nesse ponto que Gwen (Hailee Steinfeld) retorna ao universo de Miles. Como parte de uma força-tarefa multiversal de “pessoas aranha” que caça focos de instabilidade Gwen está lá para deter o Mancha, mas o líder da equipe, Miguel O’Hara (Oscar Isaac), o Homem-Aranha do ano 2099, tem seus próprios planos em relação a Miles.

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Crítica – Tempestade

 

Análise Crítica – Tempestade

Review – Tempestade
Criado originalmente como minissérie para o fracassado streaming Quibi (cuja proposta girava em torno de conteúdos curtos) Tempestade teve seus doze episódios de cerca de sete minutos remontados em um longa metragem provavelmente para tentar alcançar um público maior do que o de um streaming que fechou depois de seis meses. A proposta parece ser a de uma trama de sobrevivência e superação, mas é tão igual a outras narrativas similares e tão atrapalhado na construção da mensagem, que sobra pouco para aproveitar.

A trama é protagonizada por Jane (Sophie Turner), uma jovem depressiva internada em uma clínica que planeja se suicidar assim que sair da instituição para uma visita de Natal à família. A ideia é fazer isso no voo para casa, mas o avião cai numa região montanhosa tendo ela e outro passageiro, Paul (Corey Hawkins), como sobreviventes. Agora os dois precisam trabalhar junto para encontrarem um meio de serem resgatados.

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Rapsódias Revisitadas – As Pontes de Madison

 

Análise Crítica – As Pontes de Madison

Review – As Pontes de Madison
Lançado em 1995 e adaptando um romance escrito por Robert James Waller, As Pontes de Madison é uma narrativa sobre busca e desejo. Não necessariamente desejo sexual, mas o desejo por conexões humanas, por uma existência com significado e um senso de pertencimento. Um sentimento que quando encontrado por nos arrebatar e modificar para sempre, independente de uma curta duração.

A trama é protagonizada por Francesca (Meryl Streep) uma dona de casa do interior de Iowa na década de 60 que fica com quatro dias só para si quando o marido e os filhos viajam para uma feira agrícola. É aí que ela conhece o fotógrafo Robert Kincaid (Clint Eastwood) que está na região para fotografar as pontes cobertas da área para a revista National Geographic. Ambos se conectam e vivem um caso de amor nesses quatro dias que muda a trajetória deles para sempre.

A narrativa vai aos poucos construindo a conexão entre os dois personagens, que começa a partir de uma troca amistosa e de uma curiosidade genuína sobre o outro, aos poucos se desenvolvendo em uma forte conexão afetiva conforme eles vão se reconhecendo um no outro. São duas pessoas marcadas por seus fortes anseios por significado em suas relações, ambos se sentindo à deriva em suas vidas e, cada um ao seu modo, isolados. Considerando o curto período de tempo em que a narrativa se passa, dar a sensação de um caso assim poderia ter um impacto tão grande na vida dessas pessoas poderia ser difícil de tornar convincente, mas a trama é eficiente em fazer o espectador entender o peso disso para os dois personagens.

quarta-feira, 31 de maio de 2023

Lixo Extraordinário – Super Mario Bros (1993)

 

Crítica – Super Mario Bros

Resenha Crítica – Super Mario Bros
A Nintendo conseguiu fazer uma boa adaptação de seus games com a animação Super Mario Bros: O Filme, mas essa não foi a primeira tentativa de levar as aventuras do encanador bigodudo para as telonas. A honra pertence a Super Mario Bros, lançado em 1993 e que ao invés de animação era feito com atores. O resultado foi tão atroz que a Nintendo levou décadas sem querer levar suas propriedades ao cinema até que a recente animação finalmente quebrou a resistência da empresa e fez um grande sucesso.

O filme teve uma produção conturbada, sendo dirigido por um casal (Annabel Jenkel e Rocky Morton) em seu primeiro longa-metragem e que não tinham muita noção do material ou controle da situação. O fracasso retumbante do filme, por sinal, fez que os dois não voltassem a dirigir outro filme em Hollywood. Ao longo dos anos os atores Bob Hoskins e John Leguizamo falaram inúmeras vezes da relação ruim que tinham com os diretores e que para suportar o péssimo ambiente de trabalho bebiam bastante e estavam constantemente bêbados no set. Isso inclusive levou Hoskins a se machucar durante a gravação de uma das cenas de ação.

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Drops – Kill Boksoon

Análise Crítica – Kill Boksoon

 

Review – Kill Boksoon
Começando com uma intensa cena de ação em seus primeiros minutos, a impressão que a produção coreana Kill Boksoon dá a seus espectadores é de assistiremos uma trama focada na pancadaria entre os membros de seu universo de assassinos. O produto final, porém, tenta equilibrar a ação, os dramas pessoais de sua protagonista e construir seu universo de organizações criminosas, mas nem tudo se sai bem.

Na trama, Gil Bok-soon (Jeon Do-Yeon) é uma renomada assassina do submundo criminoso da Coreia do Sul. Em sua vida privada ela é mãe solo de uma adolescente e luta para conseguir equilibrar sua profissão com a maternidade. É uma ideia divertida, de se concentrar nas ações mundanas dessa assassina extraordinária, observando ela como mais uma mulher tentando manejar carreira e filhos. O filme é mais sobre a relação dela com a filha do que sobre ação explosiva.

sexta-feira, 26 de maio de 2023

Crítica – Império da Luz

 

Análise Crítica – Império da Luz

Review – Império da Luz
Dirigido por Sam Mendes, Império da Luz tenta falar sobre solidão, nostalgia e o poder do cinema, mas nem sempre consegue costurar todas as suas ideias em um conjunto coeso. O cenário na Inglaterra da década de 80 parece evocar experiências pessoais do diretor, embora não seja um filme calcado na relação dele próprio com o cinema como aconteceu em produções como Belfast (2021) ou Os Fabelmans (2022).

A narrativa se passa em uma pequena cidade litorânea da Inglaterra. Hilary (Olivia Colman) é uma mulher solitária de meia idade que parece ter perdido o ânimo, fazendo tudo mecanicamente, inclusive sexo com o dono (Colin Firth) do cinema no qual trabalha, muito por causa da pesada medicação que ela toma depois de um período internada por problemas mentais. As coisas mudam quando ela tem que treinar o novo funcionário, Stephen (Micheal Ward), um jovem negro cheio de energia. Aos poucos eles se aproximam e aprendem mais sobre o outro.

Olivia Colman é ótima em nos fazer perceber as várias camadas e variações bruscas de humor de Hilary. Com um olhar que evoca fragilidade e solidão, mas também uma quantidade enorme de frustração por uma que ela vem deixando passar diante dela embora ainda guarde uma fração de esperança de encontrar felicidade. Sentimos a dor que ela carrega, inclusive por afastar as pessoas ao seu redor com seu jeito abrasivo, e o desejo de transformar a vida. Colman nos faz embarcar na jornada de Hilary mesmo quando o roteiro não desenvolve bem seus caminhos.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Crítica – Campeões

 

Análise Crítica – Campeões

Review – Campeões
Responsáveis por várias comédias nos anos 90 e início dos anos 2000, os irmãos Farrely vem se dedicando a empreitadas solo na direção. Enquanto Peter conduziu produções problemáticas como Green Book (2018) e Operação Cerveja (2022), Bobby Farrely dirigiu Campeões, remake da produção espanhola Campeones (2018). Trata-se de uma história bem típica de esporte e superação, mas que envolve pelo carisma e afeto de seus personagens.

Na trama Marcus (Woody Harrelson) é um irascível técnico de basquete cujo descontrole impediu o progresso da carreira. Depois de ser preso por dirigir embriagado e colidir com uma viatura de polícia, Marcus é condenado a prestar serviço comunitário treinando um time local de atletas paraolímpicos. Logicamente o jeito esquentado de Marcus entra em atrito com as personalidades dos jogadores com Síndrome de Down, mas aos poucos ele vai entendendo como se relacionar com eles, inclusive com a ajuda da irmã de um dos jogadores, Alex (Kaitlin Olson, a Dee de It’s Always Sunny in Philadelphia).